‘O Som ao Redor’ representará o Brasil no Oscar 2014! Confira representantes de outros países

Cena de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho

Cena de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho

Nesta sexta-feira, dia 20 de setembro, o Ministério da Cultura anunciou a escolha de O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho como representante do Brasil para concorrer a uma das 5 cobiçadas vagas do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A seleção do filme representa mais do que uma vitória para o diretor, uma vez que, no início do ano, ele abriu uma discussão contra o diretor-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues, com a seguinte declaração: “A Globo Filmes faz mal à idéia de cultura no Brasil, atrofia o conceito de diversidade no cinema brasileiro e adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema institucional e morto”. Entre os 13 derrotados, estavam três produções da Globo Filmes: Faroeste Caboclo, Gonzaga: De Pai para Filho e O Tempo e o Vento.

Confira os 14 filmes que participaram da votação:

Faroeste Caboclo, de Rene Sampaio: a melhor aposta da Globo Filmes perdeu

Faroeste Caboclo, de René Sampaio: a melhor aposta da Globo Filmes perdeu

1) Cine Holliúdy
2) Colegas
3) Cores
4) Elena
5) Faroeste Caboclo
6) Gonzaga: De Pai para Filho
7) Meu Pé de Laranja Lima
8) O Dia que Durou 21 Anos
9) O Que se Move
10) O Som ao Redor
11) O Tempo e o Vento
12) Porto dos Mortos
13) Uma História de Amor e Fúria
14) Xico Stokinger

Existe uma espécie de abismo entre produções caras da Globo Filmes e as várias independentes, que costumam ficar em cartaz de uma a duas semanas em São Paulo, tanto em relação ao orçamento e divulgação, quanto à qualidade fílmica. Apesar da declaração de Kléber, um crítico de cinema que estreou como diretor, ser um pouco radical, tem sua pertinência no cenário cultural do país. Como boa parte dos filmes da Globo se assemelham a telefilmes ou até novelas (tecnicamente inferior e roteiros ralos), ele quis fazer um apelo para que haja mais diversidade.

Embora não tenha uma bilheteria de sucesso, O Som ao Redor (ou Neighbouring Sounds, como é conhecido fora do país) tinha um trunfo na manga: a crítica internacional. Foi premiado na Mostra Internacional de São Paulo de 2012, no Festival de Nova York 2013, no Festival de Roterdã de 2012 e foi considerado um dos 10 melhores filmes de 2012 pelo jornal The New York Times.

Pôster internacional de O Som ao Redor (photo by www.diversita.blog.br)

Pôster internacional de O Som ao Redor (photo by http://www.diversita.blog.br)

Segundo a distribuidora, Vitrine Filmes, o longa foi lançado em onze países até o momento. No Brasil, entrou em cartaz no dia 4 de janeiro deste ano e foi assistido por 100 mil pessoas nos cinemas, número que pode se multiplicar se resolverem relançar o filme.

Além disso, trata-se de uma produção pernambucana que foge da ponte Rio-São Paulo e discute a questão da insegurança numa comunidade em Recife com a contratação de uma empresa de segurança privada. Vale a pena dar uma olhada e ver que o Cinema nacional pode surpreender com uma perspectiva diferenciada sem perder seu poder de crítica social. Confira o trailer abaixo:

“Essa indicação sempre traz mais visibilidade ao filme. É muito cedo para dizer se vai ganhar ou se chegará a ser escolhido [como um dos finalistas da categoria de melhor filme de língua estrangeira]. Eu nunca fico esperando um prêmio, mas muita coisa boa aconteceu com esse filme. Eu não descartaria essa possibilidade [de vencer o Oscar]”, disse Kleber Mendonça Filho ao jornal Folha de S. Paulo.

“Acho que ‘O Som ao Redor’ é um filme muito pessoal, relativamente pequeno, que teve uma repercussão muito grande aqui e também fora do Brasil, então eu fico tranquilo. Se acontecer, beleza. Eu achava que fosse um filme quase paroquial, local, mas foi a partir de Roterdã [o filme ganhou o prêmio da crítica internacional no festival, em 2012] que entendi que o filme parecia ter um caráter universal.”

O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho (photo by www.posfacio.com.br)

O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho (photo by http://www.posfacio.com.br)

Se O Som ao Redor se tornar um dos 5 finalistas, esta será a quinta indicação do Brasil na categoria de Filme Estrangeiro. As outras quatro foram em: 1999 com Central do Brasil, 1998 com O Que é Isso, Companheiro?, 1996 com O Quatrilho e em 1963 com O Pagador de Promessas.

O Brasil esteve entre os indicados também quando Cidade de Deus conquistou 4 nomeações: Melhor Diretor, Roteiro Adaptado, Montagem e Fotografia em 2004. Mesmo não se tratando de produções brasileiras, vale lembrar também o Oscar de Canção Original para Diários de Motocicleta, de Walter Salles, e Oscar de Melhor Ator para William Hurt por O Beijo da Mulher Aranha em 1986, do diretor argentino radicado no Brasil Hector Babenco.

Mas quais as chances de O Som ao Redor conquistar essa vaga? Claro que isso não dependerá apenas da qualidade do filme, mas da divulgação e da promoção em solo americano. Como já ganhou alguns prêmios, pode haver um pouco mais de facilidade para atrair o público e os votantes da Academia. Porém, vale a pena ressaltar que a concorrência está crescendo e se formando.

O representante romeno, Child’s Pose, venceu o Urso de Ouro, e o chileno Gloria foi reconhecido por alguns prêmios no último Festival de Berlim e sua atriz, Paulina García recebeu o prêmio de performance feminina. Já o mexicano Heli, rendeu o prêmio de Direção para Amat Escalante no Festival de Cannes, que também indicou o holandês Borgman para a Palma de Ouro. Aliás, uma pena: Blue is the Warmest Color, de Abdellatif Kechiche, que ganhou a Palma de Ouro esse ano não poderá representar a França por uma bobagem de data de estréia permitida no regulamento da Academia…

Outro país que perde muito devido ao regulamento arcaico da Academia de escolher apenas um representante por nação é a Espanha. Tudo bem que a comédia Amantes Passageiros teria poucas chances de figurar na lista de indicados, mas por Almodóvar ter muito prestígio na Academia (ele venceu dois Oscars), alguns consideraram sua ausência um ultraje. Além disso, ele já foi preterido na seleção pelo ótimo A Pele que Habito em 2011.

Nomes consagrados do Cinema merecem destaque: o chinês Wong Kar-Wai representará Taiwan por The Grandmaster, que abriu o Festival de Berlim. Trata-se de uma excelente oportunidade da Academia poder premiar um dos maiores diretores da atualidade (claro que levando em consideração que o filme seja bom também, e não apenas pela “grife”); o mestre polonês Andrzej Wajda volta a concorrer o prêmio por Walesa (lembrando que os votantes judeus adoram filmes poloneses); Vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro por Terra de Ninguém em 2002, Danis Tanovic pode voltar ao tapete vermelho por An Episode in the Life of an Iron Picker; Outro diretor que tem grandes chances de retornar é o iraniano Asghar Farhadi (vencedor do Oscar por A Separação) com o filme The Past, que rendeu o prêmio de atriz para a bela Bérénice Bejo.

Meu favorito da lista até o momento é o representante da Dinamarca: A Caça (Jagten), de Thomas Vinterberg. A trama gira em torno de um professor de uma creche, que se torna vítima de uma acusação de abuso sexual infantil e tem sua vida destruída. A produção já possui um dos melhores históricos em premiações: foi indicado ao BAFTA de Melhor Filme em Língua Estrangeira, à Palma de Ouro em Cannes, de onde saiu com o prêmio de melhor ator para Mads Mikkelsen (em ótima performance).

Confira os representantes do países:

AFEGANISTÃO: Wajma (An Afghan Love Story), de Barmak Akram
ÁFRICA DO SUL: Four Corners, de Ian Gabriel
ALBÂNIA: Agon, de Robert Budina
ALEMANHA: Two Lives, de Georg Maas
ARÁBIA SAUDITA: O Sonho de Wadjda, de Haifaa Al Mansour
ARGENTINA: Wakolda, de Lucía Puenzo
AUSTRÁLIA: The Rocket, de Kim Mordaunt
ÁUSTRIA: The Wall, de Julian Polsler
AZERBAIJÃO: Steppe Man, de Shamil Aliyev
BANGLADESH: Television, de Mostofa Sarwar Farooki
BÉLGICA: Broken Circle Breakdown, de Felix Van Groeningen
BÓSNIA E HERZEGOVINA: An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic
BRASIL: O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho
BULGÁRIA: The Colour of the Chameleon, de Emil Hristov
CAMBOJA: The Missing Picture, de Rithy Panh
CANADÁ: Gabrielle, de Louise Archambault
CAZAQUISTÃO: The Old Man, de Ermek Tursunov
CHADE: GriGris, de Mahamat-Saleh Haroun
CHILE: Gloria, de Sebastián Lelio
CHINA: Back to 1942, de Feng Xiaogang
COLÔMBIA: La Playa DC, de Juan Andrés Arango Garcia
CORÉIA DO SUL: Juvenile Offender, de Kang Yi-kwan
CROÁCIA: Halima’s Path, de Arsen A. Ostojic
DINAMARCA: A Caça (Jagten), de Thomas Vinterberg
EGITO: Winter of Discontent, de Ibrahim El-Batout
EQUADOR: Porcelain Horse, Javier Andrade
ESLOVÁQUIA: My Dog Killer, de Mira Fornay
ESLOVÊNIA: Class Enemy, de Rok Biček
ESPANHA: 15 Years Plus a Day, de Gracia Querejeta
ESTÔNIA: Free Range, de Veiko Õunpuu
FRANÇA: Renoir, de Gilles Bourdos
FILIPINAS: Transit, de Hannah Espia
FINLÂNDIA: Disciple, de Ulrika Bengts
GEÓRGIA: In Bloom, de Nana Ekvtimishvili e Simon Gros
GRÃ-BRETANHA: Metro Manila, de Sean Ellis
GRÉCIA: Boy Eating the Bird’s Food, de Ektoras Lygizos
HOLANDA: Borgman, de Alex van Warmerdam
HONG KONG: The Grandmaster, de Wong Kar-wai
HUNGÁRIA: The Notebook, de Janosz Szasz
ÍNDIA: The Good Road, de Gyan Correa
INDONÉSIA: Sang Kiai, de Rako Prijanto
IRÃ: The Past, de Asghar Farhadi
ISLÂNDIA: Of Horses and Men, de Benedikt Erlingsson
ISRAEL: Bethlehem, de Yuval Adler
ITÁLIA: The Great Beauty, de Paolo Sorrentino
JAPÃO: The Great Passage, de Ishii Yûya
LETÔNIA: Mother I Love You, de Janis Nords
LÍBANO: Ghadi, de Amin Dora
LITUÂNIA: Conversations on Serious Topics, de Giedre Beinoriute
LUXEMBURGO: Blind Spot, de Christophe Wagner
MARROCOS: God’s Horses, de Nabil Ayouch
MÉXICO: Heli, de Amat Escalante
MOLDÁVIA: All God’s Children, de Adrian Popovici
MONTENEGRO: Bad Destiny, de Draska Djurovic
NEPAL: Soongava: Dance of the Orchids, de Subarna Thapa
NORUEGA: I Am Yours, de Iram Haq
NOVA ZELÂNDIA: White Lies, de Dana Rotberg
PALESTINA: Omar, de Hany Abu-Assad
PAQUISTÃO: Zinda Bhaag, de Meenu Gaur e Farjad Nabi
PERU: The Cleaner, de Adrian Saba
POLÔNIA: Walesa, de Andrzej Wajda
PORTUGAL: Lines of Wellington, de Valeria Sarmiento
REINO UNIDO: Metro Manila, de Sean Ellis
REPÚBLICA DOMINICANA: Who’s the Boss?, de Ronni Castillo
REPÚBLICA TCHECA: Burning Bush, de Agnieszka Holland
ROMÊNIA: Child’s Pose, de Calin Peter Netzer
RÚSSIA: Stalingrad, de Fedor Bondarchuk
SÉRVIA: Circles, de Srdan Golubovic
SINGAPURA: Ilo Ilo, de Anthony Chen
SUÉCIA: Eat Sleep Die, de Gabriela Pichler
SUÍÇA: More Than Honey, de Markus Imhoof
TAILÂNDIA: Countdown, de Nattawut Poonpiriya
TAIWAN: Soul, de Chung Mong-Hong
TURQUIA: The Butterfly’s Dream, de Yilmaz Erdogan
UCRÂNIA: Paradjanov, de Serge Avedikian e Olena Fetisova
URUGUAI: Anina, de Alfredo Soderguit
VENEZUELA: Breach in the Silence, de Luis Rodríguez e Andrés Rodríguez

O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2013 foi o austríaco Amor, de Michael Haneke. As indicações ao Oscar 2014 serão divulgadas no dia 16 de janeiro.

Cena do representante holandês Borgman (photo by www.OutNow.CH)

Cena do representante holandês Borgman (photo by http://www.OutNow.CH)

69º Festival de Veneza (2012) – Venice Film Festival

69º Festival de Veneza

Enquanto o vencedor do Leão de Ouro 2011, Fausto, de Aleksandr Sokurov, está atualmente em cartaz em São Paulo, o Festival de Veneza anuncia os indicados para esta 69ª edição, que ocorrerá entre os dias 29 de agosto a 8 de setembro.

Como em toda edição, a imprensa já destacou os considerados “favoritos”. A lista é encabeçada pelo polêmico diretor americano Terrence Malick, uma vez que ganhou a Palma de Ouro em Cannes 2011 com A Árvore da Vida. Seu mais novo filme, To the Wonder, oferece um romance estrelado por Ben Affleck, Rachel Weisz e Rachel McAdams. Talvez pela presença de atores com cara e jeito de comédia romântica boba, o filme não seja levado tão à sério, mas para quem conhece a filmografia de Malick, sabe que ele tem olho clínico para sentimentos com um pano de fundo caótico como Terra de Ninguém (1973), Dias de Paraíso (1978) e O Novo Mundo (2005). O fato do filme de Malick ter sua estréia em Veneza é dado como uma vitória para a direção do evento, pois tem buscado resgatar a importância do festival no cenário internacional.

Ben Affleck e Rachel McAdams em To the Wonder, de Terrence Malick

Na lista de competição oficial, outro norte-americano figura entre os favoritos. The Master, de Paul Thomas Anderson, ganha destaque ao tratar dos primórdios da polêmica religião da Cientologia, cujos adeptos incluem Tom Cruise e John Travolta. Além do tema e do diretor, o filme tem boas chances na conquista do Volpi Cup de Melhor Ator para Philip Seymour Hoffman ou Joaquin Phoenix, ou ambos, o que acredito que vai acontecer. Ganhando ou não um prêmio em Veneza, The Master já caminha como favorito também para o Oscar 2013.

Representando a prata da casa, o conterrâneo Marco Bellocchio também figura nessa lista. Já fora indicado duas vezes para o Leão de Ouro e ano passado, foi homenageado com o Career Golden Lion pelo conjunto da obra. Teve seis oportunidades para vencer a Palma de Ouro em Cannes, mas nunca levou. Um de seus últimos filmes, Vincere (2009), foi bastante ovacionado e conquistou inúmeros prêmios internacionais. Sua mais nova empreitada, Bella Addormentata (Bela Adormecida, em tradução livre para o português), conta com a experiência da atriz Isabelle Huppert para contar uma história verídica e e considerada forte tabu em terras católicas: a eutanásia. Independente da recepção do público e mídia, certamente deverá provocar intensas discussões, aumentando suas chances de sair premiado.

Um dos nomes que despertou a curiosidade do público foi o americano Brian De Palma que, em 2007, ganhou o Leão de Prata de melhor diretor com o drama bélico Guerra Sem Cortes, inédito nos cinemas brasileiros. Ele retorna ao festival cinco anos depois com Passion, uma história de suspense com pitadas de homossexualismo. Apesar do diretor já ter trabalhado com esses temperos em Femme Fatale (2002) e Dália Negra (2006), o sexo aliado à tensão sempre esteve presente em sua filmografia, tendo como ponto alto Dublê de Corpo (1984) e Vestida Para Matar (1980). Em Passion, Brian De Palma conta com uma estrela sueca em ascensão: Noomi Rapace, que protagonizou a trilogia Millennium, baseada na obra de Stieg Larsson e recentemente trabalhou com Ridley Scott em Prometheus.

Rachel McAdams e Noomi Rapace num momento tórrido em Passion, de Brian De Palma

Tornando o caldo cultural mais consistente, a presença do cineasta ascendente francês Olivier Assayas contribui bastante para uma competição mais acirrada. Depois de se aventurar no universo da minissérie televisiva com o aclamado Carlos, sobre o revolucionário venezuelano Ilich Ramírez Sánchez que fundou uma organização terrorista internacional, o diretor resolveu trabalhar num drama sobre uma jovem reagindo às mudanças sociais na década de 60 na Europa em Après mai (Something in the Air). As expectativas para o novo trabalho de Assayas são altas pela sua visão mais crua e fria da França (como no ótimo drama familiar Horas de Verão (2008)).

Something in the Air, novo filme de Olivier Assayas

Também vale a pena ressaltar a presença de dois asiáticos, considerados figurinhas carimbadas em festivais: o japonês Takeshi Kitano e o sul-coreano Kim Ki-Duk. Enquanto o primeiro, caracterizado pela violência extrema de seus filmes, traz Outrage Beyond sobre a máfia Yakuza, o segundo, que busca espiritualidade em seus personagens e sua história, vem à Veneza com Pietà. O filme coreano acompanha a vida de um jovem que trabalha ameaçando devedores. Sem parentes vivos, um dia, ele recebe a visita de uma mulher de meia-idade que se diz sua mãe. Takeshi Kitano já levou o Leão de Ouro em 2003 por Zatoichi, e Kim Ki-Duk levou o prêmio de direção por Casa Vazia em 2004.

Pieta, de Kim Ki-Duk. Se depender do cartaz, sai premiado de Veneza.

O diretor filipino Brillante Mendoza no Festival de Veneza de 2009, quando concorria por Lola.

Apesar de pouco conhecido do grande público, não devemos esquecer do filipino Brillante Mendoza, que conquistou melhor diretor em Cannes por Kinatay (2009). Curiosamente, seu novo filme, Thy Womb, que fala sobre infertilidade e pobreza, falhou na tentativa de entrar no festival de Metro Manila Film Festival (nas Filipinas), mas foi selecionado pela comissão de Veneza. Depois disso, Mendoza com certeza nem se importou com a não-inclusão de seu filme no evento filipino. Em alta no cenário internacional, Brillante Mendoza adotou como linguagem um estilo documental que lembra o Neo-realismo italiano do pós-Guerra, utilizando atores não-profissionais também, mas com toques violentos típicos de sua terra natal.

Mesmo que estejam fora de competição, existem produções assinadas por diretores consagrados como Michael Mann, Mira Nair, Susanne Bier, Jonathan Demme, Spike Lee, Robert Redford e o promissor Kyoshi Kurosawa.

Spike Lee e seu documentário sobre os 25 anos do lançamento do álbum Bad, de Michael Jackson. Está na seleção Fora de Competição de Veneza.

Infelizmente, não há nenhuma produção brasileira em Veneza. A minha atual impressão é de que o cinema nacional deu uma estagnada ao ficar mais preocupado com os números da bilheteria, predominando comédias de humor escrachado típicos da Globo Filmes. Tem horas que nem Walter Salles e Fernando Meirelles resolvem a parada.

Seguem a lista de indicados ao Leão de Ouro 2012; dos filmes que serão exibidos fora de competição; e da Mostra Orizzonti, que busca novas tendências internacionais.

INDICADOS AO LEÃO DE OURO

The Master, de Paul Thomas Anderson – EUA
Après Mai (“Something in the Air”), de Olivier Assayas – França
At Any Price, de Ramin Bahrani – EUA/Reino Unido
Bella Addormentata, de Marco Bellocchio – Itália/França
La cinquième saison, de Peter Brosens and Jessica Woodworth – Bélgica/Holanda/França
Lemale Et Ha’Chalal (Fill the Void), de Rama Burshtein – Israel
È stato il figlio, de Daniele Ciprì – Itália
Un Giorno Speciale, de Francesca Comencini – Itália
Passion, de Brian De Palma – França/Alemanha
Superstar, de Xavier Giannoli – Bélgica/França
Pieta, de Ki-Duk Kim – Coréia do Sul
Outrage Beyond, de Takeshi Kitano – Japão
Spring Breakers, de Harmony Korine – EUA
To The Wonder, de Terrence Malick – EUA
Sinapupunan (Thy Womb), de Brillante Mendoza – Filipinas
Linhas De Wellington, deValeria Sarmiento – França/Portugal
Paradise: Faith, de Ulrich Seidl – Alemanha/ Áustria/ França
Betrayal, de Kirill Serebrennikov – Rússia

FORA DE COMPETIÇÃO

L’Homme Qui Rit, de Jean-Pierre Ameris

Na seleção Fora de Competição: Pôster dinamarquês de Love is All you Need, de Susanne Bier, estrelado por Pierce Brosnan.

Anton’s Right Here, de Lyubov Arkus
Love Is All You Need, de Susanne Bier
Cherchez Hortense, de Pascal Bonitzer
It Was Better Tomorrow, de Hinde Boujemaa
Sur Un Fil…, de Simon Brook
Clarisse, de Liliana Cavani
Enzo Avitable Music Life, de Jonathan Demme
Tai Chi 0, de Stephen Fung
Sfiorando Il Muro, de Silvia Giralucci and Luca Ricciardi
Carmel, de Amos Gitai
Lullaby To My Father, de Amos Gitai
El Imenetrable, de Daniele Incalcaterra and Fausta Quattrini
Penance, de Kiyoshi Kurosawa
Bad 25, de Spike Lee
Witness: Libya, de Michael Mann
Medici Con L’Africa, de Carlo Mazzacurati
The Reluctant Fundamentalist, de Mira Nair
O Gebo E A Sombra, de Manoel De Oliveria
The Company You Keep, de Robert Redford
Shark (Bait 3D), de Kimble Rendall
Disconnect, de Henry-Alex Rubin
La Nave Dolce, de Daniele Vicari
The Iceman, de Ariel Vromen

MOSTRA ORIZZONTI
Wadjda, de Haifaa Al Mansour
Khaneh Pedari (The Paternal House), de Kianoosh Ayari
Ja Tozhe Mochu (I Also Want It), de Alexey Balabanov
Gli Equilibristi, de Ivano De Matteo
L’Intervallo, de Leonardo Di Costanzo
El Sheita Elli Fat (Winter of Discontent), de Ibrahim El Batout
Tango Libre, de Frederic Fonteyne
Menatek Ha-Maim (The Cutoff Man), de Idan Hubel
Gaosu Tamen, Wo Cheng Baihe Qu Le (Fly With the Crane), de Ruijun Li
Kapringen (A Hijacking), de Tobias Lindholm
Leones, de Jazmin Lopez
Bellas Mariposas, de Salvatore Mereu
Low Tide, de Roberto Minervini
Boxing Day, de Bernard Rose
Yema, de Djamila Sahraoui
Araf (Araf, Somewhere in Between), de Yesim Ustaoglu
Sennen No Yuraku (The Millennial Rapture), de Koji Makamatsu
Zan Zi Mei (Three Sisters), de Bing Wang