SELEÇÃO OFICIAL do RETORNO do FESTIVAL DE CANNES!

FESTIVAL INTERNACIONAL RETORNA APÓS HIATO PANDÊMICO

Dentre todos os festivais mais famosos, Cannes foi o mais prejudicado pela pandemia, pois foi o único que teve que cancelar sua edição anterior. Por esse motivo, o diretor artístico Thierry Frémaux caprichou na seleção desta edição e se mostrou bastante animado para revelá-la.

Além de nomes consagrados como Wes Anderson, Leos Carax, Sean Baker, Asghar Farhadi e Paul Verhoeven, temos o retorno de vencedores da Palma de Ouro: Jacques Audiard, Nanni Moretti e Apichatpong Weerasethakul. Além disso, novamente temos presença de quatro diretoras na competição, recorde igual a de 2019: a húngara Ildikó Enyedi, as francesas Julia Ducornau, Mia Hansen-Løve e Catherine Corsini.

Apesar do retorno gradual do público aos cinemas nos EUA devido à vacinação avançada, a Europa ainda vive uma incerteza em relação ao Covid com a chegada de novas variantes, por isso Fremaux teve de adiar o festival em dois meses (de Maio para Julho), organizar tudo de acordo com medidas sanitárias e convencer os cineastas consagrados a cederem seus filmes para exibição.

É possível que muitos atores de Hollywood (como o elenco do novo filme de Wes Anderson, The French Dispatch) marquem presença na França, pois muitos já devem ter se vacinado, então é bem possível que tenhamos Tilda Swinton, Timothée Chalamet e Bill Murray no tapete vermelho de Cannes. Nesta edição, além das tradicionais mostras Un Certain Regard, Fora de Competição e Midnight Screenings, Fremaux também criou uma nova seção intitulada Cannes Premiere, que seria um espaço para que outros autores tenham um local seguro para exibirem seus novos filmes fora da competição, aproveitando projetos que ficaram na fila por causa da pandemia.

Cannes deve estar muito excitada com o retorno do festival, pois seus organizadores apoiam o tradicional sistema de salas de cinema e a ampla janela de 90 dias para a chegada dos filmes via streaming ou locação, algo completamente oposto ao sistema da Netflix e companhia que lançou novos filmes diretamente na plataforma digital e normalizaram seu método durante a pandemia. Melhor para o Festival de Veneza, que recebe os filmes da Netflix e Amazon de braços abertos e tem se tornado novo parâmetro dos filmes do Oscar seguinte, como tem acontecido com os vencedores do Leão de Ouro: A Forma da Água, Coringa e Nomadland.

Sobre a competição, os filmes selecionados são bastante promissores como os novos filmes de Sean Baker e Leos Carax. Seria bacana uma das quatro diretoras ganhar, pois seria o segundo filme dirigido por uma mulher a vencer a Palma de Ouro depois de O Piano em 1993. Mas particularmente, gostaria muito que o holandês Paul Verhoeven saísse com o prêmio pelo filme com freiras, e aumentasse suas chances de finalmente levar um Oscar, principalmente depois daquele absurdo de Elle sequer ter sido indicado ao Oscar de Filme em Língua Estrangeira em 2017. MAS… o presidente do júri será o diretor Spike Lee, que deve valorizar questões raciais nas produções.

Destaque para o único brasileiro nesta edição: Karim Aïnouz, que venceu o prêmio Un Certain Regard em 2019 por A Vida Invisível. Ele retorna com O Marinheiro das Montanhas, um diário de viagem da primeira visita do diretor à Argélia, país que seu pai nasceu. O filme será exibido na mostra de Sessões Especiais.

COMPETIÇÃO OFICIAL (PALMA DE OURO)

“Ahed’s Knee” OR “Ha’berech,” Nadav Lapid (Israel)

“Annette,” Leos Carax (França) — FILME DE ABERTURA

“Benedetta,” Paul Verhoeven (Holanda)

“Bergman Island,” Mia Hansen-Løve (França)

“Casablanca Beats,” Nabil Ayouch (Marrocos)

“Compartment No. 6” OR “Hytti Nro 6,” Juho Kuosmanen (Finlândia)

“Drive My Car,” Ryûsuke Hamaguchi (França)

“Everything Went Fine” OR “Tout s’est bien passé,” Francois Ozon (França)

“Flag Day,” Sean Penn (EUA)

“France,” Bruno Dumont (França)

“The French Dispatch,” Wes Anderson (EUA)

“A Hero,” Asghar Farhadi (Irã)

“La fracture,” Catherine Corsini (França)

“Lingui,” Mahamat-Saleh Haroun (Chad)

“Memoria,” Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)

“Nitram,” Justin Kurzel (Austrália)

“Paris, 13th District” OR “Les Olympiades,” Jacques Audiard (França)

“Petrov’s Flu,” Kirill Serebrennikov (Rússia)

“Red Rocket,” Sean Baker (EUA)

“The Restless” OR “Les Intranquilles,” Joachim Lafosse (Bélgica)

“The Story of My Wife,” Ildikó Enyedi (Hungria)

“Three Floors” OR “Tre Piani,” Nanni Moretti (Itália)

“Titane,” Julia Ducournau (França)

“The Worst Person in the World,” Joachim Trier (Noruega)

UN CERTAIN REGARD

“After Yang,” Kogonada (EUA)

“Blue Bayou,” Justin Chon (EUA)

“Bonne Mère,” Hafsia Herzi (França)

“Commitment Hasan,” Hasan Semih Kaplanoglu (Turquia)

“Freda,” Gessica Généus (Haiti)

“Gaey Wa’r,” Na Jiazuo (China)

“Great Freedom,” Sebastian Meise (Áustria)

“House Arrest” OR “Delo,” Alexey German Jr. (Rússia)

“The Innocents,” Eskil Vogt (Noruega)

“La Civil,” Teodora Ana Mihai (Romênia-Bélgica)

“Lamb,” Valdimar Jóhansson (Islândia)

“Let There Be Morning,” Eran Kolirin (Israel)

“Moneyboys,“ C.B. Yi (Áustria)

“Noche de Fuego,” Tatiana Huezo (México)

“Rehana Maryam Noor,” Abdullah Mohammad Saad (Bangladesh)

“Unclenching the Fists,” Kira Kovalenko (Rússia)

“Un Monde,” Laura Wandel (Bélgica)

“Women Do Cry,” Mina Mileva and Vesela Kazakova (Bulgária)

FORA DE COMPETIÇÃO

“Aline, the Voice of Love,” Valerie Lemercier (França)

“Bac Nord,” Cédric Jimenez (França)

“Emergency Declaration,” Han Jae-Rim (Coréia do Sul)

“Peaceful” OR “De son vivant,” Emmanuelle Bercot (França)

“Stillwater,” Tom McCarthy (EUA)

“The Velvet Underground,” Todd Haynes (EUA)

MIDNIGHT SCREENINGS

“Bloody Oranges,” Jean-Christophe Meurisse (França)

SPECIAL SCREENINGS

“Babi Yar. Context,” Sergei Loznitsa (Ucrânia)

“Black Notebooks,” Shlomi Elkabetz (Israel)

“H6,” Yé Yé (França)

“Mariner of the mountains” OR “O Marinheiro das Montanhas,” Karim Aïnouz (Brasil)

“The Year of the Everlasting Storm,” Jafar Panahi (Irã), Anthony Chen (Singapura), Malik Vitthal (EUA), Laura Poitras (EUA), Dominga Sotomayor (Chile), David Lowery (EUA) and Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)

CANNES PREMIERE

“Cow,” Andrea Arnold (Reino Unido)

“Deception” OR “Tromperie,” Arnaud Desplechin (França)

“Evolution,” Kornél Mundruczo (Hungria)

“Hold Me Tight,” Mathieu Almaric (França)

“In Front of Your Face,” Hong Sang-soo (Coréia do Sul)

“Jane by Charlotte,” Charlotte Gainsbourg (França)

“JFK Revisted: Through the Looking Glass,” Oliver Stone (EUA)

“Mothering Sunday,” Eva Husson (França)

“This Music Is Playing for No One,” Samuel Benchetrit (França)

“Val,” Ting Poo e Leo Scott (EUA)

SELEÇÃO OFICIAL DE CANNES 2020!

France Cannes Film Festival Lineup

Vídeo dos presidentes de Cannes divulgando os selecionados (pic by Fairfield Citizen)

COM EVENTO CANCELADO, ORGANIZAÇÃO ANUNCIA SELEÇÃO COM 56 FILMES COM SELO OFICIAL DE CANNES

Nessa altura do campeonato, já saberíamos o vencedor da Palma de Ouro de 2020, mas como todos sabem, a pandemia da COVID jogou água no chopp francês. Após semanas aguardando algum desfecho feliz, o presidente do festival, Thierry Frémaux, viu-se obrigado a declarar derrota e o cancelamento desta edição.

Os boatos iniciais seriam de uma mescla de Cannes com o Festival de Veneza, que por enquanto, está confirmado para setembro, contudo isso foi desmentido. Como a exibição de filmes com a presença das equipes foi suspensa no tapete vermelho, restaram duas atividades. A primeira seria manter o mercado de vendas dos direitos dos filmes via streaming para compradores, e a segunda seria filtrar os filmes selecionados, vendo com os realizadores desses filmes se eles preferem aguardar um ano e serem exibidos na edição de 2021, ou se aceitam receber o selo oficial de Cannes para valorizá-los ainda nesta temporada.

Dentre os que decidiram aguardar, estaria o novo filme de Paul Verhoeven, Benedetta. Não sabemos como esse acordo teria sido firmado, mas não duvidamos que alguns  possam “trair” o festival de Cannes e arranjar uma sessão em Veneza. Já outras produções que já tinham um planejamento todo desenhado, decidiram manter o curso e aceitaram o selo de Cannes, como foi o caso do novo filme de Wes Anderson, The French Dispatch, que havia lançado trailer oficial. Embora seja uma incógnita saber qual filme levaria a Palma de Ouro, dificilmente Anderson levaria, já que não se trata de um filme com cara de prêmio de Cannes, ainda mais com o politizado Spike Lee como presidente do júri.

The French Dispatch

Cena de The French Dispatch, de Wes Anderson, com Elisabeth Moss, Owen Wilson, Tilda Swinton, Fisher Stevens e Griffin Dunne

Normalmente, a seleção oficial é dividida em mostras: a Competição, Un Certain Regard, Fora de Competição, Special Screenings e Midnight Screenings, entretanto, sem premiações, a divulgação dos filmes foram divididas de outra forma: The Faithful (Os Fiéis), com diretores que já passaram por Cannes; The Newcomers (os recém-chegados); An Omnibus Film (filme co-dirigido por vários autores); The First Features (os estreantes); 3 Documentary Films (3 documentários); 5 Comedy Films (5 comédias); e 4 Animated Films (4 animações).

SOBRE A SELEÇÃO

Segundo Frémaux, 2.067 filmes foram avaliados para chegar aos 56 finalistas. Como de costume, essas produções serão convidadas a passar em vários festivais internacionais como Locarno, Telluride, Toronto, Deauville, San Sebastian, Pusan, Angoulême, Morelia, New York, Lyon, Rome, Rio, Tokyo, Mumbai ou Mar del Plata, e Sundance.

É difícil prever quais filmes poderiam ser premiados sem assisti-los antes, ainda mais nessa situação de pandemia, mas a japonesa Naomi Kawase, que apresenta um drama sobre uma mulher que adotou uma criança e é contatada pela mãe biológica dela em True Mothers, certamente seria uma das favoritas à Palma de Ouro, também considerando seu histórico em Cannes com 5 indicações à Palma e com uma vitória do Grande Prêmio do Júri, podendo ter se tornado a segunda mulher a vencer o prêmio máximo.

No caso da dupla seleção do diretor Steve McQueen, conhecido por 12 Anos de Escravidão, ainda há dúvidas sobre o formato dos trabalhos, pois no IMDb consta que se tratam de episódios de uma minissérie de TV intitulada Small Axe, sobre a comunidade indiana em Londres entre 1969 e 1982, porém segundo a BBC Films, seriam dois filmes que fazem parte de uma série de antologia. Ao saber da seleção, o diretor logo declarou:  “Dedico estes filmes a George Floyd e todas as outras pessoas negras que foram assassinadas, com ou sem testemunhas, por quem vocês são, nos EUA, no Reino Unido ou qualquer outro lugar”, e em seguida citou um provérbio de Bob Marley: ‘If you are the big tree, we are the small axe.’ Black Lives Matter.”

Design sem nome (3)

Letitia Wright (à esquerda) em Mangrove, e à direita Lovers Rock, ambos de Steve McQueen

Uma excelente notícia para o Cinema Brasileiro é a inclusão do filme de estréia de João Paulo Miranda Maria, Casa de Antiguidades. No filme, o ator Antônio Pitanga interpreta um personagem que enfrenta o racismo de um vilarejo, ao mesmo tempo em que lida com encarnações passadas. Apesar de ser a estréia de João em longas, ele já havia vencido um prêmio em Cannes com o curta A Moça que Dançou com o Diabo. A temática racial certamente ganharia pontos com o então presidente do júri Spike Lee. Uma pena…

Casa de Antiguidades

Antônio Pitanga em cena de Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria

Já para a temporada de premiações, que teoricamente vai ocorrer, além do filme de Wes Anderson que está com cara de que vai dominar as categorias técnicas como Design de Produção, Fotografia, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical, temos Kate Winslet e Saoirse Ronan dando vida a um casal homossexual no século XIX na Inglaterra em Ammonite, e as animações Aya and the Witch do Studio Ghibli, e a nova animação da Pixar, Soul, que têm chances reais no Oscar.

CONFIRA A SELEÇÃO DOS 56 FILMES DE CANNES 2020:

OS FIÉIS

  • THE FRENCH DISPATCH by Wes Anderson (USA) – 1h43
  • SUMMER 85 by François Ozon (France) – 1h40
  • ASA GA KURU (True Mothers) by Naomi Kawase (Japan) – 2h20
  • LOVERS ROCK by Steve McQueen (England) – 1h08
  • MANGROVE by Steve McQueen (England) – 2h04
  • DRUK (Another Round) by Thomas Vinterberg (Denmark) – 1h55
  • Maïwenn’s DNA (DNA) (Algeria / France) – 1h30
  • LAST WORDS by Jonathan Nossiter (USA) – 2h06
  • HEAVEN: TO THE LAND OF HAPPINESS by IM Sang-Soo (Korea) – 1h40
  • EL OLVIDO QUE SEREMOS (Forgotten we’ll be) by Fernando Trueba (Spain) – 2h16
  • PENINSULA by YEON Sang-Ho (Korea) – 1h54
  • IN THE DUSK (At dusk) by Sharunas BARTAS (Lithuania) – 2h06
  • DES HOMMES (Home Front) by Lucas BELVAUX (Belgium) – 1h40
  • THE REAL THING by Kôji Fukada (Japan) – 3h48

Peninsula

A sequência do filme sul-coreano Invasão Zumbi está entre os selecionados.

OS RECÉM-CHEGADOS

  • PASSION SIMPLE by Danielle Arbid – (Lebanon) – 1h36
  • A GOOD MAN by Marie Castille Mention-Schaar (France) – 1h47
  • THE THINGS YOU SAY, THE THINGS YOU DO by Emmanuel Mouret (France) – 2h
  • SOUAD by Ayten Amin (Egypt) 1h30
  • LIMBO by Ben Sharrock (England) – 1h53
  • ROUGE (Red Soil) by Farid Bentoumi (France) – 1h26
  • SWEAT by Magnus Von Horn (Sweden) – 1h40
  • TEDDY by Ludovic and Zoran Boukherma (France) – 1h28
  • FEBRUARY (February) by Kamen Kalev (Bulgaria) – 2h05
  • AMMONITE by Francis Lee (England) – 2h
  • A NIGHT DOCTOR by Elie Wajeman (France) – 1h40
  • ENFANT TERRIBLE by Oskar Roehler (Germany) – 2h14
  • NADIA, BUTTERFLY by Pascal Plante (Canada) – 1h46
  • HERE WE ARE by Nir Bergman (Israel) – 1h34

AMMONITE

Kate Winslet e Saoirse Ronan em Ammonite, de Francis Lee 

AN OMNIBUS FILM

  • SEPTET: THE STORY OF HONG KONG by Ann Hui, Johnnie TO, Tsui Hark, Sammo Hung, Yuen Woo-Ping and Patrick Tam (Hong Kong) – 1h53

OS ESTREANTES

  • FALLING by Viggo Mortensen (USA) – 1h52
  • PLEASURE by Ninja Thyberg (Sweden) – 1h45
  • SLALOM by Charlène Favier (France) – 1h32
  • CASA DE ANTIGUIDADES (Memory House) by Joao Paulo Miranda Maria (Brazil) – 1h27
  • BROKEN KEYS (False note) by Jimmy Keyrouz (Lebanon) – 1h30
  • IBRAHIM by Samir Guesmi (France) – 1h20
  • BEGINNING (In the beginning) by Déa Kulumbegashvili (Georgia) – 2h10
  • GAGARINE by Fanny Liatard and Jérémy Trouilh (France) – 1h35
  • 16 SPRING by Suzanne Lindon (France) – 1h13
  • VAURIEN by Peter Dourountzis (France) – 1h35
  • GARÇON CHIFFON by Nicolas Maury (France) – 1h48
  • SI LE VENT TOMBE ( Should the Wind Fall ) by Nora Martirosyan (Armenia) – 1h40
  • JOHN AND THE HOLE by Pascual Sisto (USA) – 1h38
  • INTO THE WIND ( Running with the Wind ) Shujun WEI (China) – 2:36
  • THE DEATH OF CINEMA AND MY FATHER TOO ( The film Death and my father too ) Dani Rosenberg (Israel) – 1:40

3 DOCUMENTÁRIOS

  • ON THE ROUTE FOR THE BILLION ( The Billion Road ) by Dieudo Hamadi (Democratic Republic of the Congo) – 1h30
  • THE TRUFFLE HUNTERS by Michael Dweck and Gregory Kershaw (USA) – 1h24
  • 9 DAYS AT RAQQA by Xavier de Lauzanne (France) – 1h30

5 COMÉDIAS

  • ANTOINETTE IN THE CÉVÈNNES by Caroline Vignal (France) – 1h35
  • LES DEUX ALFRED by Bruno Podalydès (France) – 1h30
  • UN TRIOMPHE ( The big hit ) by Emmanuel Courcol (France) – 1h40
  • THE ORIGIN OF THE WORLD by Laurent Lafitte ( France) – 1st film
  • THE SPEECH by Laurent Tirard (France) – 1h27

4 ANIMAÇÕES

  • AYA TO MAJO (Earwig and the Witch) by Gorô Miyazaki (Japan) – 1h22
  • FLEE by Jonas Poher Rasmussen (Denmark) – 1h30
  • JOSEP by Aurel (France) – 1h20 – 1st film
  • SOUL by Pete Docter (USA) – 1h30

Soul

Cena da nova animação da Pixar, Soul, de Pete Docter, com as vozes de Jamie Foxx e Angela Bassett.

‘A FAVORITA’ e ‘PANTERA NEGRA’ VENCEM no ADG

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Recriando o mundo de Wakanda dos quadrinhos para a tela de cinema em Pantera Negra (pic by OutNow.CH)

A 23ª edição do Art Directors Guild Awards (ADG) aconteceu no último sábado, dia 02, e premiou justamente os favoritos de cada uma de suas quatro categorias de cinema.

Vencedora do prêmio de Direção de Arte de Fantasia por Pantera Negra, a designer Hannah Beachler agradeceu ao diretor Ryan Coogler. “Esta jornada começou há seis anos com ‘Fruitvale Station’ e uma entrevista muito estranha pelo Skype. Esta jornada mudou minha vida… Estou aprendendo quem sou e o que quero que este filme seja, e realmente incitando a idéia que design não é apenas tijolo e argamassa. Não é apenas cera, não é apenas tinta. É seu coração, sua alma, é tudo o que fazemos todos os dias.” Vale lembrar que Hannah Beachler se tornou a primeira diretora de arte negra a concorrer ao Oscar.

Pela categoria de Direção de Arte de Filme de Época, deu A Favorita. Não tem jeito, os cenários de nobreza européia são muito mais vistosos do que os de outras épocas. Claro que o trabalho de Fiona Crombie tem tudo para ganhar o Oscar, mas ainda não descartaria Pantera Negra, lembrando que o palácio utilizado nas filmagens de A Favorita é o real, e não um reconstruído em estúdio.

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O quarto da rainha Anne em A Favorita (pic by OutNow.CH)

Já pela Arte Contemporânea, o reconhecimento foi para o sucesso comercial de Podres de Ricos, que ficou de fora do Oscar. Só a decoração de interiores da mansão dos Young com aquele tigre empalhado já são dignos de nota, sem contar os cenários de casamento e festas.

E o vencedor da Direção de Arte de Animação poderia facilmente concorrer ao Oscar da categoria, pois é tudo muito caprichado em Ilha dos Cachorros. Desde a primeira cena até a última, vemos todo o cuidado nos detalhes na arte de Adam Stockhausen, colaborador de Wes Anderson, e que já venceu o Oscar por O Grande Hotel Budapeste. Particularmente, considero um trabalho melhor do que de Roma, que está indicado na categoria.

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Bastidores da animação Ilha dos Cachorros. A recriação de um Japão fictício é exuberante. (pic by OutNow.CH)

VENCEDORES DO 23º ADG AWARDS:

FILME DE ÉPOCA
A FAVORITA Fiona Crombie

FILME DE FANTASIA
PANTERA NEGRA Hannah Beachler

FILME CONTEMPORÂNEO
PODRES DE RICOS Nelson Coates

FILME DE ANIMAÇÃO
ILHA DOS CACHORROS Adam Stockhausen, Paul Harrod

***

O Oscar 2019 está marcado para o próximo dia 24.

RETROSPECTIVA 2018: O ANO da NETFLIX?

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Normalmente, eu posto um vídeo promocional da próxima edição do Oscar que o futuro host publica na internet, mas depois da confusão e demissão de Kevin Hart…

Olá, pessoal! Mais um ano se foi! Foi um ano bom ou ruim pra você?
Queria agradecer a todos que acompanharam o blog e a página do Facebook. Se comentaram, se leram, ou se apenas deram aquela passadinha, obrigado por seu apoio! Estou realizando este trabalho por puro prazer há 7 anos e sendo recompensado pelos seus views e participações. Agradeço bastante ao meu colaborador assíduo Hugo Cancela, aos amigos Bruna Martins, Flávia Fernandes, Antonio Lopes, Karoline Alves e Alice Ayres, e frequentadores assíduos como a rainha do Oscar Frame, Elisieli Rodrigues, Cristiano Filiciano, Miriam Moldes, Henrique Cereja, Fummanation Bonsucesso, Berto Leno, Tiago Bistaffa, Elza Vieira, Amélia Cassis, Yuri Dias, Lília Ricardo, Kátia Nunes e Verinha Dau, enfim, são tantos nomes que daria uma lista extensa! Peço desculpas por não poder incluir todos aqui!

Queria aproveitar para agradecer ao crítico Chico Fireman por me possibilitar trabalhar com as cabines de lançamentos de filmes, e pela sua generosidade e atenção!

META DE 2018

Continuando minha meta de 2017, procurei assistir mais àqueles filmes clássicos ou cults pra reduzir um pouco minha watchlist. Um que tenho orgulho de finalmente ter conferido é o clássico italiano , de Federico Fellini. Sério, eu não estava aguentando mais ver esse filme no topo da minha lista me olhando e perguntando: “E aí? Quando você vai me ver?” Eu lembro a última vez que viajei pra fora do país em 2014, eu jurava: “Antes de pegar esse avião, eu vou ver o filme do Fellini. Vai que eu morro…” Enfim, tomei coragem e assisti. Eu achava que o filme me daria uma dor de cabeça enorme, mas vi uma belíssima homenagem do diretor às mulheres que amou na vida. Ainda tenho vários do Fellini pra ver como Julieta dos Espíritos e A Doce Vida, mas quem sabe em 2019?

Falando em mestres do cinema, estou satisfeito por ter acrescido mais três obras do sueco Ingmar Bergman. Finalmente assisti a Através de um EspelhoSonata de Outono e Gritos e Sussurros. Depois de assistir aos filmes dele, é inevitável não parar pra refletir sobre a vida e a família, que são temas bem fortes na filmografia dele. O quanto realmente nos importamos com familiares diante de situações difíceis. Além do diretor levantar esses questionamentos, ainda cria obras visuais extremamente poderosas com a ajuda inestimável de atrizes do calibre de Ingrid Bergman, Liv Ullmann e Harriet Andersson.

Também consegui assistir pela primeira vez a A Mulher Faz o Homem (1939). Nunca fui muito fã do Frank Capra porque ele entrega uma visão demasiada otimista. Não que isso seja um defeito, mas sempre tive preferência por um cinema que expõe defeitos e falhas humanas, seja para o bem ou para o mal. É louvável acompanhar a luta de um jovem senador idealista contra um sistema corrupto, ainda mais hoje num Brasil que revela um novo caso de corrupção a cada dia, mas alguns personagens se tornam bidimensionais nessa visão, mesmo James Stewart.

8 Autumn Mr Smith

8½, Sonata de Outono e A Mulher Faz o Homem

Revisitei alguns diretores renomados como François Truffaut com Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois (1962), Wim Wenders com Asas do Desejo (1987), Billy Wilder com Testemunha de Acusação (1957), e Dario Argento com Suspiria (1977), que fiz questão de conferir antes de assistir à refilmagem, que nunca estréia aqui no Brasil! E vi uma obra-prima pouco conhecida aqui intitulada O Segundo Rosto (1966), de John Frankenheimer, que apresenta uma trama de ficção científica na qual uma organização secreta oferece uma segunda chance aos ricos, alterando suas aparências e encenando a morte das pessoas que foram. Rock Hudson, que sempre teve imagem de cowboy machão mas era homossexual, caiu como uma luva no papel principal e entrega a performance de sua vida.

PIORES DO ANO

Eu tinha o costume de comentar uns dois ou três filmes que foram decepcionantes, mas a partir deste ano, já dá pra formar uma lista dos 5 piores. Reparem que todos os filmes da lista são parte de uma franquia (considerando que Venom faz parte do universo do Homem-Aranha) ou é uma refilmagem. Quando Hollywood só pensa nos números lucrativos, o Cinema perde.

Por pouco Jogador Nº 1 não entra na lista. Depois de me desapontar muito com The Post: A Guerra Secreta, vejo que Steven Spielberg deveria dar um break na carreira, sei lá, tirar um ano sabático, pra refletir sobre o que cinema representa pra ele, porque parece que ele tem feito mais filmes com cabeça de produtor ultimamente… E pior é que dos três projetos futuros dele, um é a sequência de Indiana Jones com Harrison Ford (taí outro que precisa de uma pausa longa) e o outro é a refilmagem (totalmente desnecessária) do clássico musical Amor Sublime Amor (1961). Claro que posso queimar minha língua, mas Spielberg, cadê sua criatividade?

E apesar de querer assistir de tudo, sempre dou mais prioridade aos filmes que acho que podem ser bons, afinal, se tenho pouco tempo pra ver filmes, por que gastar as horinhas preciosas com filmes que tenho quase certeza de que serão meia-boca? Nesse quesito, deixei de assistir aos possíveis candidatos desta lista: Han Solo: Uma História Star Wars (que pelo histórico de produção conturbado, só pode ser um resultado desastroso) e o Fenda no Tempo, a mega produção politicamente correta da Disney.

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Venom (Venom)
Dir: Ruben Fleischer

4. Halloween (Halloween)
Dir: David Gordon Green

3. Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider)
Dir: Roar Uthaug

2. A Freira (The Nun)
Dir: Corin Hardy

1. Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom)
Dir: J.A. Bayona

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Chris Pratt em cena da desastrosa sequência Jurassic World: O Reino Ameaçado (pic by OutNow.CH)

OSCAR 2018: POLITICAMENTE CORRETO NUMA CERIMÔNIA MORNA

Os produtores da cerimônia resolveram dar uma colher de chá para Jimmy Kimmel e o convidaram novamente para ser host após aquela lambança do envelope errado no ano passado. Apesar de ter acertado naquela premiação do jet ski para o discurso mais curto, ainda cometeu equívocos como aquela chocha invasão à sala de cinema do outro lado da rua, na vã tentativa de aproximar o público comum das estrelas de Hollywood.

Contudo, não dá pra culpá-lo. Os próprios organizadores resolveram baixar o tom da festa e correr risco zero para evitar erros e polêmicas. Desde o monólogo politicamente correto de Kimmel, até os números musicais bastante contidos no palco comprovaram a postura que a Academia impôs ao evento.

Quanto aos resultados, chegamos ao limite do previsível, principalmente em relação aos atores. Com Gary Oldman, Frances McDormand, Sam Rockwell e Allison Janney ganhando todos os prêmios importantes anteriores, ficou difícil surpreender o público com algum resultado inesperado. Por isso mesmo, a partir da próxima cerimônia, a data será adiantada para o mês de fevereiro com o intuito de reduzir o impacto dos prêmios que o antecedem.

Sobre os resultados, torci bastante para Corra! levar Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original, que felizmente Jordan Peele acabou levando. Gostei das premiações de James Ivory pelo Roteiro Adaptado de Me Chame Pelo Seu Nome, de Roger Deakins finalmente levando seu Oscar por Blade Runner 2049, e de Sebastián Lelio levando o primeiro Oscar de Filme em Língua Estrangeira para o Chile por Uma Mulher Fantástica.

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Da esquerda para a direita: Jordan Peele leva o Oscar de Roteiro Original por Corra!, Roger Deakins de Fotografia por Blade Runner 2049, e Sebastián Lelio de Filme em Língua Estrangeira por Uma Mulher Fantástica.

Em relação às categorias de atuação, os votantes da Academia deveriam repensar melhor seu modo de avaliar as interpretações. Este ano, tivemos duas performances clichês e rotuladas levando o Oscar mais por causa dos efeitos de maquiagem transformativa: Gary Oldman com próteses esbravejando como um cachorro, e Allison Janney como a mãe amarga e envelhecida pela maquiagem. Timothée Chalamet e Lesley Manville trabalharam muito mais as nuances de seus personagens, e com pouco esforço, superaram os vencedores.

NETFLIX NOS FESTIVAIS E NO OSCAR

Claro que ainda não é oficial, mas Roma pode se tornar o primeiro filme da NETFLIX indicado ao Oscar de Melhor Filme, e por que não o primeiro a ganhar a estatueta? É inevitável o espaço e a importância que a Netflix e outras plataformas de streaming como a Amazon e a Hulu estão conquistando no mercado. Já é uma realidade de trabalho para inúmeros profissionais, assim como de alto consumo.

Diante desse cenário, eu faço a seguinte indagação: “Até quando vão ficar de birra, distribuidores franceses e organizadores do Festival de Cannes?”. Enquanto essa turma ficar discutindo a permanência de um sistema ultrapassado e a linguagem cinematográfica da Netflix, a empresa está dando risada, lucrando e ainda ganhando prêmios em outros festivais! Roma ganhou o Leão de Ouro em Veneza.

Obviamente, preferi assistir ao filme de Alfonso Cuarón numa sala de cinema com projeção em tela grande e som de qualidade, mas se não pudesse, assistiria na TV de casa mesmo (com um volume que meus vizinhos reclamariam), mas assistiria! A Netflix veio para suprir um tipo de cinema que os produtores de Hollywood já não querem mais fazer, pois estão visando apenas os lucros sem margem para erros ou riscos, por isso só temos blockbusters e adaptações de best-sellers nas salas de cinema.

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Foto que tirei na sessão especial de Roma no Kinoplex Itaim

Eu gostaria apenas que a Netflix e outras plataformas fizessem um esforço para colocar filmes selecionados para salas de cinema. Tipo, não faço questão de ver Para Todos os Garotos que Já Amei no cinema, mas Roma é outro nível de cinema que merece uma boa projeção. Isso certamente valorizaria ainda mais os profissionais e acabaria atraindo outros a trabalhar para a empresa.

TWITTER DESTRUINDO CARREIRAS

Sabe aquele ditado “O passado não perdoa”? Graças ao Twitter, o passado voltou para atormentar e destruir as carreiras profissionais de algumas personalidades. A mais comentada foi do diretor e roteirista James Gunn, que foi demitido pela Disney de Guardiões da Galáxia Vol. 3. Quando seus tuítes de vários anos atrás voltaram à tona, viram que ele não batia muito bem. Quer dizer, as piadas de humor negro eram chocantes demais para qualquer executivo da Disney que quer preservar a imagem família feliz da empresa global. Eu entendo o lado da Disney, que seria atacada pela imprensa se não demitisse Gunn e correria sério risco de ter suas ações em queda, mas demitir por piada estúpida de Twitter de 10 anos atrás? Não poderiam dar uma chance do diretor se retratar publicamente? O cara ganhou bilhões de dólares com os dois Guardiões da Galáxia!

Twitter

Tweets antigos de James Gunn e Kevin Hart que ocasionaram em suas demissões

E no início de dezembro, o Twitter fez uma nova vítima: o ator e comediante Kevin Hart, que foi convidado pela Academia para ser host do Oscar 2019. No dia seguinte, porém, tuítes antigos dele, que denotavam uma figura pública homofóbica, foram descobertos. Certos de que ele seria crucificado, principalmente pela comunidade LGBT, os organizadores da Academia lançaram um ultimato para ele se desculpar, o que acabou não acontecendo. E dois dias depois do anúncio, Hart desistiu do cargo.

Sou totalmente contra qualquer tipo de censura. Mas os tempos são outros. Hoje, as empresas demitem por qualquer comportamento impróprio. Qualquer um. Não existe perdão de declarações do passado também, por isso, no caso do Twitter, onde os tuítes são “deletáveis”, melhor apagá-los. Evitaria desgastes como esse que a Academia passou agora.

Esses acontecimentos reabrem a velha discussão da separação entre pessoa e artista. Por exemplo, com o escândalo de Woody Allen que foi acusado de abusar da filha, inúmeras pessoas passaram a avaliar seus filmes de forma negativa por causa da acusação. Inclusive, achei patético a declaração da atriz Mira Sorvino, que alegou arrependimento de ter trabalhado com Allen no filme Poderosa Afrodite (1995), que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante e lançou seu nome em Hollywood. Cuspir no prato que comeu é fácil. Não aprova o comportamento dele? Basta não trabalhar mais com ele.

CRÍTICAS

Apesar da lista coroar os meus 5 favoritos do ano, obviamente é preciso mencionar outras produções que se destacaram de alguma forma. Dos blockbusters, vale citar Vingadores: Guerra Infinita, que foi a maior bilheteria do ano. Deixando meu lado de fã de quadrinhos, é preciso reconhecer esse trabalho estratégico e paciente de dez anos da Marvel Studios que culmina nesta produção, que soube contar com vários personagens sem ser maçante, e ainda apresenta com propriedade um vilão de alto nível como Thanos.

Ainda destacaria Missão: Impossível – Efeito Fallout, que pode não apresentar nada inovador, mas sem sombra de dúvida foi o melhor filme de ação do ano. É notável a entrega de Tom Cruise à franquia e como ele luta para se superar a cada filme. Falando em notabilidade, preciso mencionar o trabalho minucioso de stop motion da animação nova de Wes Anderson, Ilha dos Cachorros. Além da técnica impecável, trata-se de um design de personagens sublime. Só acho que carece um pouco mais de alma, mas talvez a Academia recompense Anderson pelas derrotas anteriores com este Oscar de Animação…

Também gostei do singelo Poderia Me Perdoar?. A história verídica me pegou pelo identificação com a protagonista: uma escritora em decadência que falsifica cartas de autores para pagar suas contas básicas. A dupla formada por Melissa McCarthy e Richard E. Grant é a melhor do ano. Espero que ambos estejam indicados no próximo Oscar. E ainda no campo do singelo, destaco também o drama Mais Uma Chance, que é da Netflix. É basicamente sobre um casal na casa dos 40 que luta para ter filho, chegando a recorrer aos ovários da sobrinha. Todos os três atores estão bem: Paul Giamatti, Kathryn Hahn e Kayli Carter.

Uma boa surpresa foi a ficção científica Upgrade. Jamais imaginei que o roteirista Leigh Whannel, de Sobrenatural e Jogos Mortais, criaria esse universo futurista onde a tecnologia seria debatida de forma divertida mas também incisiva. Infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil, mas de qualquer forma, tem tudo para se tornar um cult movie.

E, por último, gostei de ver a nova loucura de Lars von Trier no cinema. A Casa que Jack Construiu tem um tema interessantíssimo que questiona a inteligência humana através da filosofia de um serial killer inescrupuloso. Só faço dois adendos: deveria ter abusado mais do humor negro da primeira metade, e apesar de entender os motivos do diretor, cortaria a sequência em que ele insere imagens dos filmes anteriores dele, pois não colabora com a trama e ainda abre brecha para críticas de auto-indulgência depois daquele episódio de Persona Non Grata no Festival de Cannes.

TOP 5 MELHORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Hereditário (Hereditary/ 2018)
Dir: Ari Aster

4. Oitava Série (Eighth Grade/ 2018)
Dir: Bo Burnham

3. Roma (Roma/ 2018)
Dir: Alfonso Cuarón

2. Asako I & II (Netemo Sametemo/ 2018)
Dir: Ryûsuke Hamaguchi

1. Em Chamas (Beoning/ 2018)
Dir: Chang-dong Lee

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1º LUGAR: EM CHAMAS (Beoning), de Lee Chang-dong

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. O Silêncio do Lago (Spoorloos/ 1988)
Dir: George Sluizer

4. Através de um Espelho (Såsom i en spegel/ 1961)
Dir: Ingmar Bergman

3. 8½ (8½/ 1963)
Dir: Federico Fellini

2. O Parque Macabro (Carnival of Souls/ 1962)
Dir: Herk Harvey

1. O Segundo Rosto (Seconds/ 1966)
Dir: John Frankenheimer

seconds

1º LUGAR: O SEGUNDO ROSTO (Seconds), de John Frankenheimer

IN MEMORIAN

Este ano, perdemos diretores icônicos e vencedores do Oscar. Milos Forman (venceu por Um Estranho no Ninho e Amadeus) e Bernardo Bertolucci (venceu por O Último Imperador), mas no caso dele, ficou mais famoso por filmes polêmicos como O Conformista, O Último Tango em Paris e Os Sonhadores. Outro diretor que entregou importantes filmes foi Nicolas Roeg, que destaco Inverno de Sangue em Veneza, O Homem que Caiu na Terra e Bad Timing. E agora no dia 17, a diretora Penny Marshall, mais conhecida pelas comédias Quero Ser Grande e Uma Equipe Muito Especial nos deixou.

Entre os atores, indicados ao Oscar nos deixaram: Burt Reynolds (que mais chama a atenção por uma vida repleta de arrependimentos por recusa de papéis importantes), Sondra Locke (ex-mulher de Clint Eastwood), Barbara Harris e a vencedora do Oscar de Coadjuvante em 1957 por Palavras ao Vento, Dorothy Malone. Também vale citar Margot Kidder, a eterna Lois Lane do Superman do saudoso Christopher Reeve.

Dos profissionais brasileiros, demos adeus às lendas Nelson Pereira dos Santos (diretor de Vidas Secas e Rio 40 Graus), Roberto Farias (diretor de Assalto ao Trem Pagador e dos filmes do cantor Roberto Carlos como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura), e as atrizes Beatriz Segall (a eterna Odete Roitman da novela Vale Tudo) e Tônia Carrero, que brilhou nos filmes do extinto estúdio da Vera Cruz como Tico-Tico no Fubá.

Vale lembrar a perda das cantoras Aretha Franklin, cujas músicas sempre estarão em trilhas sonoras de vários filmes, e pra mim, em especial, Dolores O’Riordan, vocalista do grupo The Cranberries. A morte dela aos 46 anos (!) por afogamento após uma intoxicação alcóolica me deixou abatido por uns dias.

Demos adeus aos escritores Neil Simon, que apesar de ter sido indicado ao Oscar quatro vezes sem nenhuma vitória, tinha carreira consolidada e venerada no teatro como dramaturgo; e o roteirista William Goldman, vencedor de duas estatuetas do Oscar por Butch Cassidy e Todos os Homens do Presidente.

E não poderia falar de escritores sem mencionar Stan Lee. Embora os filmes da Marvel Studios sejam um sucesso pela estratégia de mesclar universos do produtor Kevin Feige, nada seria possível sem a inestimável contribuição criativa de Lee. Ele foi o pioneiro nos quadrinhos que enxergou a humanidade nos personagens de super-heróis, que eles poderiam ser falhos também e assim, facilitar a identificação com os leitores. Foi essa chave que até hoje gera essa conexão dos filmes com o grande público.

Stan Lee

VOTOS PARA 2019

Acho que o grande assunto no Brasil este ano foram as eleições para presidente. E o que mais fiquei chocado foi a defesa ferrenha que muitos faziam para candidatos que sequer mereciam o mínimo de confiança. Acho que depois de acompanhar tanto tempo a política brasileira, só defendo uma coisa: Nenhum político merece nossa confiança. Talvez o político em si seja até uma pessoa honesta, mas o sistema é muito corrupto e parece enraizado. Não vou nem entrar na questão das propostas, porque tem cada absurdo… Acho que o Brasil só vai pra frente com uma Reforma na Educação contando com um alto investimento.

Enfim, torço para que algo dê certo neste próximo governo. Que, de alguma forma, consigam afastar o país dessa crise, gerando mais emprego, renda e segurança, que é um problema crônico, mas sem esquecer da educação e da nossa cultura!

Apoio a diversidade de autores brasileiros, especialmente no cinema. Este ano, contamos com filmes bem distintos e alternativos como Café com Canela, As Boas Maneiras, O Animal Cordial, Arábia e Benzinho. O Cinema Brasileiro deixou de ser aquele recluso de favelas e seca no Nordeste. Se vamos ganhar o Oscar? Se dependesse apenas dos filmes, não teria dúvidas de que vai chegar a hora do Brasil, mas se a política continuar interferindo… vamos ver o cinema do Camboja, Cazaquistão e Paraguai ganhar antes da gente.

Desejo Feliz Ano Novo para todos que acompanham o blog e a página do Facebook! Que seja um ano repleto de alegrias, conquistas, saúde e paz!

Compartilhe seus melhores e/ou piores filmes que viu em 2018 nos comentários!

‘OS INCRÍVEIS 2’ e ‘WiFi RALPH: QUEBRANDO A INTERNET’ são os RECORDISTAS de INDICAÇÕES no ANNIE AWARDS

Design sem nome

Da esquerda pra direita: O Homem das Cavernas, Os Incríveis 2, Wifi Ralph: Quebrando a Internet, Ilha dos Cachorros e Homem-Aranha no Aranhaverso concorrem como Melhor Longa de Animação no Annie Awards

PRA VARIAR, PIXAR E DISNEY DOMINAM A PREMIAÇÃO DAS ANIMAÇÕES. LONGA BRASILEIRO CONCORRE COMO ANIMAÇÃO INDEPENDENTE

Depois de 7 anos da existência deste blog, vamos postar pela primeira vez sobre o Annie Awards, que é o prêmio norte-americano dedicado às animações. Como são ao todo 32 categorias (!), teremos que excluir os prêmios dos trabalhos televisivos. Além das animações, existem categorias de efeitos de animações em filmes live-action, que podem indicar algum favoritismo futuro para o Oscar de Efeitos Visuais.

Em relação às estatísticas do Annie Awards, que está em sua 46ª edição, dos últimos dez anos, SEIS que venceram o prêmio de Melhor Longa de Animação, acabaram repetindo suas vitórias no Oscar. Das quatro diferenças, duas escolhas do Annie são praticamente imperdoáveis: Como Treinar Seu Dragão batendo Toy Story 3, e Kung Fu Panda vencendo Wall-E. Não que a Pixar seja uma unanimidade, mas quando ela acerta, é difícil não entregar obras-primas do gênero.

Falando em Pixar, neste ano, Os Incríveis 2 se tornou o recordista de indicações com 11 no total, seguido de perto por Wifi Ralph: Quebrando a Internet com 10. Ambas as produções estão concorrendo como Melhor Longa de Animação com Ilha de Cachorros, Homem-Aranha no Aranhaverso e O Homem das Cavernas. Aliás, o blog do Cinema Oscar e Afins também apostou nessas cinco animações para concorrer ao Oscar no post com as 25 animações inscritas. Talvez o stop motion de O Homem das Cavernas dê seu lugar para o sucesso comercial de O Grinch, ou uma animação estrangeira que a Academia (felizmente) adora reconhecer todos os anos.

Aproveitando o assunto, dentre as animações estrangeiras, temos um trabalho brasileiro concorrendo na categoria de Melhor Longa de Animação Independente. Trata-se de Tito e os Pássaros, dirigido pelo trio Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg. Com uma trama meio futurista, a animação conta com uma mistura de técnicas como a pintura, que costuma ser bem recebida na Academia (vide Com Amor, Van Gogh indicado este ano). Caso conquiste uma das cobiçadas vagas na categoria, a animação se tornaria a segunda brasileira indicada ao Oscar ao lado de O Menino e o Mundo, de Alê Abreu.

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Cena da animação brasileira Tito e os Pássaros (pic by outnow.ch)

Tito e o Pássaros concorre com Ce Magnifique Gâteau!, de Emma De Swaef e Marc James Roels; MFKZ, de Shôjirô Nishimi e Guillaume Renard; Mirai, de Mamoru Hosoda; e Ruben Brandt, Collector, de Milorad Krstic.

Vale ressaltar também a ilustre presença no Annie Awards do compositor brasileiro Heitor Pereira, que concorre pela Trilha Musical da animação PéPequeno, que chegou aos cinemas nacionais em setembro.

Smallfoot

Cena da animação PéPequeno, que conta com a trilha musical de Heitor Pereira (pic by outnow.ch)

Já na categoria de Direção, o destaque vai para Genndy Tartakovsky, que conseguiu reconhecimento por Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas. O que não dá pra entender foi a exclusão de Wes Anderson por Ilha de Cachorros, uma animação impecável de stop motion com 100% do DNA do diretor. Seria esta exclusão um sinal negativo para o filme durante a temporada de premiações?

E um dos principais motivos do post do Annie Awards foi pra citar a dublagem, que tem sua própria categoria. Dos cinco atores indicados, o blog conferiu três, que são dublagens espetaculares: Eddie Redmayne em O Homem das Cavernas, Holly Hunter em Os Incríveis 2 e Bryan Cranston em Ilha dos Cachorros. Todos vencedores ou indicados ao Oscar, com um incrível talento vocal pra elevar qualquer personagem animado. Incluiria ainda Tom Hiddleston também pelo O Homem das Cavernas. Ele desenvolve uma espécie de dialeto francês para seu personagem Lord Nooth que vale a pena conferir.

Design sem nome (1)

Holly Hunter, Eddie Redmayne e Bryan Cranston estão entre os indicados a Melhor Dublagem no Annie Awards

Confira lista dos indicados de cinema ao 46º Annie Awards:

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

  • O Homem das Cavernas (Early Man), Aardman Animations
  • Os Incríveis 2 (Incredibles 2), Pixar Animation Studios
  • Ilha dos Cachorros (Isle of Dogs), Fox Searchlight Pictures/Indian Paintbrush/American Empirical Pictures
  • Wifi Ralph: Quebrando a Internet (Ralph Breaks the Internet), Walt Disney Animation Studios
  • Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse), Sony Pictures Animation

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO INDEPENDENTE

  • Ce Magnifique Gâteau!, Beast Animation, Vivement Lundi!, Pedri Animation
  • MFKZ, Ankama/Studio 4ºC
  • Mirai, Studio Chizu
  • Ruben Brandt, Collector, Hungarian National Film Fund
  • Tito e os Pássros, Bits Productions, Split Studio

MELHOR PRODUÇÃO ANIMADA ESPECIAL

  • Back to the Moon
  • O Retorno de Mary Poppins
  • The Emperor’s Newest Clothes
  • The Highway Rat

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • Grandpa Walrus
  • Lost & Found
  • SOLAR WALK
  • Untravel
  • Weekends

MELHORES EFEITOS ANIMADOS EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Howard Jones, Dave Alex Riddett, Grant Hewlett, Pat Andrew, Elena Vitanza Chiarani (O Homem das Cavernas)
  • Patrick Witting, Kiel Gnebba, Spencer Lueders, Joe Pepper, Sam Rickles (Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas)
  • Greg Gladstone, Tolga Göktekin, Jason Johnston, Eric Lacroix, Krzysztof Rost (Os Incríveis 2)
  • So Ishigaki, Graham Wiebe (Next Gen)
  • Cesar Velazquez, Marie Tollec, Alexander Moaveni, Peter DeMund, Ian J. Coony (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)

MELHOR ANIMAÇÃO DE PERSONAGEM EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Laurie Sitzia (O Homem das Cavernas), Personagens: Goona, Dug, Chief Bobnar, the Tribe, the rabbit e Lord Nooth
  • Lance Fite (Os Incríveis), Personagens: todos
  • Jason Stalman (Ilha dos Cachorros), Personagens: Chief e Nutmeg
  • Vitor Vilela (Wifi Ralph: Quebrando a Internet), Personagens: Ralph, Fix-It Felix, Double Dan, Vanellope Von Schweetz, Ralphzilla, Yesss, Root Beer Tapper Patrons, Pancake Bunny, Milkshake Kitty, Baby Mo, Mo’s Mom
  • David Han (Homem-Aranha no Aranhaverso), Personagens: múltiplos

MELHOR ANIMAÇÃO DE PERSONAGEM EM FILME LIVE ACTION

  • Paul Story, Sidney Kombo Kintombo, Eteuati Tema, Jacob Luamanuvae Su’a, Sam Sharplin (Vingadores: Guerra Infinita)
  • Arslan Elver, Laurent Laban, Kayn Garcia, Claire Blustin, Marc-André Coulombe (Christopher Robin)
  • Chris Sauve, James Baxter, Sandro Cleuzo (O Retorno de Mary Poppins)
  • Pablo Grillo, Laurent Laban, Kyle Dunlevy, Stuart Ellis, Liam Russell (Paddington 2)
  • Richard Oey, Adrien Annesley, Allison Orr, Wei Liang Yap, Shan Hao (O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos)

MELHOR DESIGN DE PERSONAGENS EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Matt Nolte (Os Incríveis 2) Personagem: Todos
  • James Woods (O Retorno de Mary Poppins) Personagem: os animados
  • Marceline Tanguay (Next Gen) Personagem: múltiplos
  • Ami Thompson (Wifi Ralph: Quebrando a Internet) Personagens: Ralph, Vanellope Von Schweetz, Yesss, Maybe, Shank, Spamley, Gord, The eboy, ebay Elaine, Netuser, Netizens, Internet Troll, Slaughter Race Crew, princesas da Disney, Ralphzilla, Jimmy, Tiffany, Baby Calhoun, Pancake Bunny, Milkshake Kitty, KnowsMo
  • Shiyoon Kim (Homem-Aranha no Aranhaverso) Personagens: Uncle Aaron, Rio, Peter, Miles, King Pin, Gwen, Aunt May, Goblin, Jefferson

MELHOR DIREÇÃO DE LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Nick Park (O Homem das Cavernas)
  • Genndy Tartakovsky (Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas)
  • Brad Bird (Os Incríveis 2)
  • Rich Moore e Phil Johnston (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)
  • Bob Persichetti, Rodney Rothman e Peter Ramsey (Homem-Aranha no Aranhaverso)

MELHOR TRILHA MUSICAL EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Danny Elfman e Tyler The Creator (O Grinch)
  • Harry Gregson-Williams e Tom Howe (O Homem das Cavernas)
  • Michael Giacchino (Os Incríveis 2)
  • Henry Jackman, Alan Menken, Phil Johnston, Tom MacDougall e Dan Reynolds (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)
  • Heitor Pereira, Karey Kirkpratick e Wayne Kirkpatrick (Pé Pequeno)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Richard Edmunds (O Homem das Cavernas)
  • Scott Wills (Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas)
  • Adam Stockhausen, Paul Harrod (Ilha de Cachorros)
  • Jeff Turley (O Retorno de Mary Poppins)
  • Justin K. Thompson (Homem-Aranha no Aranhaverso)

MELHOR STORYBOARD EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Habib Louati (O Grinch)
  • Dean Kelly (Os Incríveis 2)
  • Bobby Alcid Rubio (Os Incríveis 2)
  • Ovi Nedelcu (O Retorno de Mary Poppins)
  • Michael Herrera (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)

MELHOR DUBLAGEM EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Eddie Redmayne (O Homem das Cavernas) Personagem: Dug
  • Holly Hunter (Os Incríveis 2) Personagem: Helen Parr / Elastigirl
  • Bryan Cranston (Ilha de Cachorros) Personagem: Chief
  • Charlyne Yi (Next Gen) Personagem: Mai
  • Sarah Silverman (Wifi Ralph: Quebrando a Internet) Personagem: Vanellope Von Schweetz

MELHOR ROTEIRO EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Brad Bird (Os Incríveis 2)
  • Mamoru Hosoda e Stephanie Sheh (Mirai)
  • Phil Johnston e Pamela Ribon (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)
  • Phil Lord e Rodney Rothman (Homem-Aranha no Aranhaverso)
  • Michael Jelenic e Aaron Horvath (Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas)

MELHOR MONTAGEM EM LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Chris Cartagen (O Grinch)
  • Stephen Schaffer, Anthony J. Greenberg, Katie Schaefer Bishop (Os Incríveis 2)
  • Jeremy Milton, Fabienne Rawley, Jesse Averna, John Wheeler, Pace Paulsen (Wifi Ralph: Quebrando a Internet)
  • Milorad Krstic, Marcell Laszlo, Laszlo Wimmer, Danijel Daka Milosevic (Ruben Brandt, Collector)
  • Bob Fisher, Andrew Levinton, Vivek Sharma (Homem-Aranha no Aranhaverso)

***

A cerimônia acontece no dia 02 de fevereiro no Royce Hall no campus da UCLA.

NATIONAL BOARD OF REVIEW premia ‘GREEN BOOK: O GUIA’ como MELHOR FILME

 

Film Title: Green Book

Viggo Mortensen contracena com Mahershala Ali em cena de Green Book: O Guia

FILME-FÓRMULA SOBRE RELAÇÃO INTER-RACIAL CONQUISTA O NBR

O National Board of Review divulgou sua seleção de 2018 hoje, dia 27 de novembro. De todos os prêmios da crítica, o NBR é o que mais perdeu credibilidade nos últimos anos. Não somente por não prever os filmes do Oscar, mas por reconhecer produções de qualidade meio duvidosa.

Em 2017, a organização composta por cineastas, profissionais e acadêmicos concedeu o prêmio de Melhor Filme para The Post: A Guerra Secreta. Fala sério! Até o Spielberg sabe que este foi um de seus piores trabalhos! Em 2015, deram os prêmios de Ator para Matt Damon e Diretor para Ridley Scott por Perdido em Marte. E em 2014, premiaram O Ano Mais Violento como Melhor Filme e seus atores Oscar Isaac e Jessica Chastain.

Este ano, o NBR premiou Green Book: O Guia como Melhor Filme, e reconheceram Viggo Mortensen como Melhor Ator. Até então, o filme dirigido por Peter Farrelly tinha como maior reconhecimento em seu currículo o prêmio do People’s Choice Award no Festival de Toronto. Pode ser um ótimo filme? Sim, claro. Mas pelas críticas até o momento, o filme seria uma versão masculina da fórmula batida de Estrelas Além do Tempo e Histórias Cruzadas, ambos indicados ao Oscar de Melhor Filme. A questão racial continua em alta em Hollywood e Green Book certamente fará a alegria da ideologia do politicamente correto.

A Star is Born

Vencedores do NBR, Lady Gaga e Bradley Cooper em cena de Nasce uma Estrela (pic by OutNow.CH)

Pelas categorias de atuação, o histórico dos últimos cinco anos não é nada bom. Três acertos em 20 possíveis em relação ao Oscar, ou seja, Viggo Mortensen, Lady Gaga, Sam Elliott e Regina King não se animem muito! Com exceção de Elliott, acredito que os outros três vencedores estarão entre os futuros indicados pela Academia, mas mesmo assim, as chances de vitória ainda são relativamente baixas.

Pelas categorias de Roteiro, tanto Paul Schrader, que acabou de levar o Gotham Awards por First Reformed, como Barry Jenkins por Se a Rua Beale Falasse, devem ser figuras presentes durante toda esta temporada. Por se tratar de um filme meio pesado pela temática e até filosófico demais para o Oscar, acreditava que Schrader morreria na praia, mas com esses prêmios recentes, sua campanha pode deslanchar de vez. Já Jenkins, já premiado por Moonlight, não deve encontrar dificuldades de ser indicado novamente.

Honestamente, fiquei um pouco surpreso com a vitória de Bradley Cooper como Diretor por Nasce uma Estrela. Não que não mereça tal honraria, mas por se tratar de uma estréia na direção, poderiam tê-lo premiado como Diretor Estreante, que foi para Bo Burnham, merecidamente, por Oitava Série.

Dentre os filmes totalmente ignorados pelo NBR estão A Favorita, do Yorgos Lanthimos (nenhuma das três atrizes deu as caras por aqui), O Primeiro Homem, de Damien Chazelle, o Vice, de Adam McKay, e o Infiltrado na Klan, de Spike Lee.

Por preferência pessoal, votaria em Ilha dos Cachorros no lugar de Os Incríveis 2 como Melhor Longa de Animação, e votaria no sul-coreano Em Chamas no lugar do polonês Guerra Fria como Filme em Língua Estrangeira. Aliás, foi uma surpresa Roma, de Alfonso Cuarón, não ter sido o premiado aqui, mas ficou entre os cinco melhores.

Cold War 2

Joanna Kulig e Tomasz Kot em cena de Guerra Fria (pic by OutNow.CH)

Apesar da lista de vencedores já ter sido divulgada, a cerimônia de entrega dos prêmios só acontecerá no dia 08 de janeiro em Nova York.

Vencedores do National Board of Review 2018:

FILME
Green Book: O Guia (Green Book)

DIREÇÃO
Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)

ATOR
Viggo Mortensen (Green Book: O Guia)

ATRIZ
Lady Gaga (Nasce uma Estrela)

ATOR COADJUVANTE
Sam Elliott (Nasce uma Estrela)

ATRIZ COADJUVANTE
Regina King (Se a Rua Beale Falasse)

ROTEIRO ORIGINAL
Paul Schrader (First Reformed)

ROTEIRO ADAPTADO
Barry Jenkins (Se a Rua Beale Falasse)

LONGA DE ANIMAÇÃO
Os Incríveis 2 (Incredibles 2)

REVELAÇÃO
Thomasin McKenzie (Não Deixe Rastros)

DIRETOR ESTREANTE
Bo Burnham (Oitava Série)

FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Guerra Fria (Zimna wojna), de Pawel Pawlikowski

DOCUMENTÁRIO
RBG, de Julie Cohen e Betsy West

ELENCO
Podres de Ricos (Crazy Rich Asians)

WILLIAM K. EVERSON FILM HISTORY AWARD
O Outro Lado do Vento (The Other Side of the Wind), de Orson Welles

Serei Amado Quando Morrer (They’ll Love Me When I’m Dead), de Morgan Neville

NBR FREEDOM OF EXPRESSION AWARD
22 de Julho (22 July), de Paul Greengrass
On Her Shoulders, de Alexandria Bombach

TOP 10 FILMES (em ordem alfabética)
The Ballad of Buster Scruggs
Pantera Negra (Black Panther)
Poderia me Perdoar? (Can You Ever Forgive Me?)
Oitava Série (Eighth Grade)
First Reformed
Se a Rua Beale Falasse (If Beale Street Could Talk)
O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns)
Um Lugar Silencioso (A Quiet Place)
Roma
Nasce uma Estrela (A Star Is Born)

TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (in alphabetical order)
Em Chamas (Beoning)
Custódia (Jusqu’à la garde)
A Culpa (Den skyldige)
Happy as Lazzaro (Lazzaro Felice)
Assunto de Família (Manbiki kazoku)

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS (in alphabetical order)
Crime + Punishment
Free Solo
Minding the Gap
Three Identical Strangers
Won’t You Be My Neighbor?

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES (in alphabetical order)
A Morte de Stalin (The Death of Stalin)
A Rota Selvagem (Lean on Pete)
Não Deixe Rastros (Leave No Trace)
Mid90s
The Old Man & the Gun
Domando o Destino (The Rider)
Buscando… (Searching)
Sorry to Bother You
We the Animals
Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here)

25 ANIMAÇÕES INSCRITAS DISPUTAM as INDICAÇÕES ao OSCAR 2019

Isle of Dogs

Atari e seus novos amigos caninos em Ilha de Cachorros (pic by IMDb)

WES ANDERSON PODE CONQUISTAR SUA 2ª INDICAÇÃO NA CATEGORIA E SUA 7ª NO TOTAL

Nesta quarta, dia 24, a Academia anunciou 25 produções inscritas oficialmente que concorrerão às 5 indicações na categoria de Melhor Longa de Animação. Embora as animações ainda precisem preencher todos os pré-requisitos para avançar, a tendência é que pelo menos 16 sejam aprovadas para que haja 5 indicados.

Na lista, chama a atenção a quantidade de animações vindas do oriente, principalmente as japonesas que totalizam sete, além de uma co-produção com a França. Contudo, ao contrário dos anos anteriores, não há nenhum forte candidato nipônico. Mesmo contando com os demais estrangeiros vindos do México, Hungria e Brasil, podemos ver um ano apenas com animações no idioma Inglês, algo que não acontece há vários anos.

Sim, temos novamente uma animação brasileira no páreo e isso é ótimo para o nosso cinema! Tito e os Pássaros, dirigida pelo trio Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg, acompanha um menino e seu pai que buscam a cura de uma doença que é contraída depois que a pessoa leva um susto. Embora tenha boa técnica de animação, ainda é um azarão nas apostas pela carreira internacional ainda no início. Pode se tornar a segunda animação brasileira indicada após O Menino e o Mundo, de Alê Abreu.

Tito e os Pássaros cena

Cena da animação brasileira Tito e os Pássaros (pic by IMDb)

O favoritismo deste ano, por incrível que pareça, não é da Pixar/Disney, que aposta em Os Incríveis 2. O franco-favorito é Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson. Com um visual arrebatador e uma técnica de stop motion afiadíssima, o longa conta a história de Atari, filho do prefeito de uma cidade japonesa, que busca seu cachorro numa ilha do lixo habitada apenas por cães banidos. A maioria dos personagens são cachorros dublados por um elenco estelar: Bryan Cranston, Scarlett Johansson, Edward Norton, Jeff Goldblum, Bill Murray, Tilda Swinton, F. Murray Abraham, além de participações de Frances McDormand e Greta Gerwig, que dubla uma ativista.

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O Criador e suas crias: Wes Anderson posa com sua galeria de personagens de Ilha de Cachorros (pic by Comunidade Cultura e Arte)

Além da própria qualidade do material, Ilha dos Cachorros carrega um histórico recente de Wes Anderson no Oscar. Indicado 6 vezes sem nenhuma vitória, inclusive pela animação O Fantástico Sr. Raposo (2009), esta pode e deve ser a oportunidade de ouro para a Academia premiar um dos diretores mais prolixos da atualidade, que perdeu injustamente o Oscar de Roteiro Original por O Grande Hotel Budapeste em 2015.

As apostas mais certeiras para serem indicadas ao Oscar são: Ilha dos Cachorros, Os Incríveis 2 e Wifi Ralph: Quebrando a Internet. Fica difícil fazer uma previsão sem ter assistido a todos os concorrentes, mas vamos lá.

Pela lógica de premiações, O Homem das Cavernas pode dar as caras por se tratar do novo filme de Nick Park, diretor consagrado de stop motion, que já conquistou 4 Oscars, incluindo Longa de Animação por Wallace & Gromit: A Batalha dos Vegetais. E outra possibilidade seria  a indicação de Homem-Aranha no Aranhaverso. Já que a Academia não dá estatuetas para os longas live-action da Marvel Studios, por que não reconhecer a animação? A adaptação dos quadrinhos possui uma identidade visual muito própria que não faria feio na premiação. Quem assistiu aquela draga chamada Venom, já conferiu um trecho da animação no pós-créditos finais. Pra quem não viu, veja pelo link que vale a pena:

Seguem os 25 inscritos (as apostas estão assinaladas em laranja):

  • Ana y Bruno
    Dir: Carlos Carrera
  • O Grinch (The Grinch)
    Dir: Yarrow Cheney e Scott Mosier
  • O Homem das Cavernas (Early Man)
    Dir: Nick Park
  • Fireworks (Uchiage hanabi, shita kara miru ka? Yoko kara miru ka?)
    Dir: Akiyuki Shinbo e Nobuyuki Takeuchi
  • Have a Nice Day (Hao jile)
    Dir: Jian Liu
  • Hotel Transilvânia 3: Férias Monstruosas (Hotel Transylvania 3: Summer Vacation)
    Dir: Genndy Tartakovsky
  • Os Incríveis 2 (The Incredibles 2)
    Dir: Brad Bird
  • Ilha de Cachorros (Isle of Dogs)
    Dir: Wes Anderson
  • The Laws of the Universe – Part I
    Dir: Isamu Imakake
  • Liz and the Blue Bird (Rizu to Aoi tori)
    Dir: Naoko Yamada
  • Lu Está Livre (Yoake Tsugeru Rû no uta)
    Dir: Masaaki Yuasa
  • MFKZ (Mutafukaz)
    Dir: Shôjirô Nishimi e Guillaume Renard
  • Maquia: When the Promised Flower Blooms (Sayonara no asa ni yakusoku no hana o kazarô)
    Dir: Mari Okada
  • Mirai (Mirai no Mirai)
    Dir: Mamoru Hosoda
  • The Night Is Short, Walk on Girl (Yoru wa mijikashi aruke yo otome)
    Dir: Masaaki Yuasa
  • On Happiness Road (Hsing fu lu shang)
    Dir: Hsin Yin Sung
  • Wifi Ralph: Quebrando a Internet (Ralph Breaks the Internet)
    Dir: Phil Johnston, Rich Moore
  • Ruben Brandt, Collector
    Dir: Milorad Krstic
  • Sgt. Stubby: An American Hero
    Dir: Richard Lanni
  • Gnomeu e Julieta: O Mistério do Jardim (Sherlock Gnomes)
    Dir: John Stevenson
  • PéPequeno (Smallfoot)
    Dir: Karey Kirkpatrick e Jason Reisig
  • Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse)
    Dir: Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
  • Tall Tales (Drôles de petites bêtes)
    Dir: Arnaud Bouron e Antoon Krings
  • Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas (Teen Titans Go! To the Movies)
    Dir: Aaron Horvath e Peter Rida Michail
  • Tito e os Pássaros (Tito and the Birds)
    Dir: Gabriel Bitar, André Catoto e Gustavo Steinberg

***

As indicações ao Oscar 2019 serão anunciadas no dia 22 de janeiro. E a cerimônia ocorrerá no dia 24 de fevereiro.

FILME ROMENO de ESTREANTE, ‘TOUCH ME NOT’, VENCE o URSO DE OURO em BERLIM

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A diretora romena Adina Pintilie posa com seu Urso de Ouro no Festival de Berlim (pic by Veja)

PRODUÇÃO ROMENA SOBRE INTIMIDADE E SEXUALIDADE BATE FAVORITOS

Considerado o mais político dos festivais de cinema, Berlim, em sua 68ª edição, buscou abraçar a causa feminista do #MeToo, lançado na época do Globo de Ouro. O presidente do júri, o cineasta alemão Tom Tykwer, premiou o filme que mais dialoga com o momento conturbado de assédios.

Touch Me Not, que em tradução livre significa Não Me Toque, é resultado de uma pesquisa feita pela diretora Adina Pintilie sobre as fobias e obsessões das pessoas em relação ao contato físico, tanto que possui uma mistura de linguagens de ficção e documental. Com um elenco composto por não-atores, a jovem diretora retrata cenas de nudez e masturbação e busca desafiar o público a entender esse comportamento do ser humano que é pouco discutido no cinema. Dos poucos e raros exemplares recentes que vi desse tópico foram os dois volumes de Ninfomaníaca, de Lars von Trier, mas de um ponto de vista mais patológico do que “normal”.

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Cena de Touch Me Not (Nu ma atinge-ma), de Adina Pintilie (pic by critic.de)

“O que o filme propõe é: abra-se para o diálogo que o mundo a sua volta está oferecendo”, declarou a diretora em seu discurso de agradecimento, quando levou todos os participantes do filme ao palco.

A produção romena da diretora estreante ganhou o principal prêmio da noite, batendo favoritos de diretores consagrados como o americano Gus Van Sant, que veio à Alemanha com o filme Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot, que tem Joaquin Phoenix como personagem que fica paraplégico após acidente e redescobre sua vida desenhando cartoons polêmicos e controversos.

Aliás, talvez o nome mais famoso em competição era o de Wes Anderson, que estava entre os 19 filmes indicados ao Urso de Ouro com seu segundo trabalho no gênero da animação Ilha de Cachorros, que assim como a primeira animação O Fantástico Sr. Raposo, utiliza-se da técnica do stop-motion. Já me adiantando um pouco, certamente o filme estará entre os indicados ao Oscar 2019 de Melhor Longa de Animação, podendo finalmente render a primeira estatueta ao diretor. Isso, claro, se não houver nenhum mega-sucesso da Pixar no caminho…

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Cena da animação Ilha de Cachorros, de Wes Anderson (pic by imdb.com)

Entre os vencedores, destaque para o primeiro filme do Paraguai a competir oficialmente em Berlim, Las Herederas (The Heiress), de Marcelo Martinessi, que acompanha a trajetória de uma senhora de idade homossexual buscando um recomeço. A produção latina conquistou o prêmio Alfred Bauer (uma espécie de Un Certain Regard do Festival de Cannes que premia um olhar diferenciado) e o de Melhor Atriz para Ana Brun.

O Brasil estava participando com três produções. Duas delas saíram premiadas com o Teddy Bear, que reconhece filmes com temática LGBT: Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, levou como Melhor Filme; enquanto Bixa Travesty, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, ficou como Melhor Documentário. Já o documentário O Processo, de Maria Augusta Ramos, sobre o impechament da ex-presidente Dilma Roussef, terminou em 3º lugar na competição Panorama, votado pelo público.

BREVE NOTA

Claro que é sempre bacana acompanhar um festival internacional que não visa apenas a temporada do Oscar, como tem se tornado festivais como o de Veneza e de Toronto, e que ainda prestigiam a vertente mais política dos filmes autorais, contudo, como sempre aponto aqui no blog, os organizadores do evento deveriam transferir a data para, sei lá, o mês de março ou abril, justamente para não ficar de escanteio enquanto todos os olhos ficam em Hollywood e na festa do Oscar.

Seguem os vencedores da 68ª edição do Festival de Berlim:

URSO DE OURO
Touch Me Not
Dir: Adina Pintilie

URSO DE PRATA – GRANDE PRÊMIO DO JÚRI
Twarz (Mug)
Dir: Małgorzata Szumowska

URSO DE PRATA – PRÊMIO ALFRED BAUER
The Heiress
Dir: Marcelo Martinessi

URSO DE PRATA – MELHOR DIRETOR
Wes Anderson (Ilha de Cachorros)

URSO DE PRATA – MELHOR ATRIZ
Ana Brun (The Heiress)

URSO DE PRATA – MELHOR ATOR
Anthony Bajon (The Prayer)

URSO DE PRATA – MELHOR ROTEIRO
Manuel Alcalá e Alonso Ruizpalacios (Museum)

URSO DE PRATA – CONTRIBUIÇÃO ARTÍSTICA, FIGURINO OU DIREÇÃO DE ARTE
Elena Okopnaya (Dovlatov)

PRÊMIO AUDI CURTA-METRAGEM
Solar Walk
Dir: Réka Bucsi

CURTA-METRAGEM – PRÊMIO DO JÚRI
Imfura
Dir: Samuel Ishimwe

URSO DE OURO – MELHOR CURTA-METRAGEM
The Men Behind the Wall
Dir: Ines Moldavsky

MELHOR FILME DE ESTREANTE
Touch Me Not
Dir: Adina Pintilie

MELHOR DOCUMENTÁRIO
The Waldheim Waltz
Dir: Ruth Beckermann

16 animações disputam vaga no Oscar 2016

Cena de Hotel Transilvânia 2, uma das 16 animações inscritas para o Oscar de Melhor Longa de Animação (photo by cine.gr)

Cena de Hotel Transilvânia 2, uma das 16 animações inscritas para o Oscar de Melhor Longa de Animação (photo by cine.gr)

SE TODOS SE QUALIFICAREM, TEREMOS 5 INDICADOS NA CATEGORIA

As animações inscritas são:
  • Anomalisa
    Dir: Charlie Kaufman, Duke Johnson
  • The Boy and the Beast (Bakemono no ko)
    Dir: Mamoru Hosoda
  • O Menino e o Mundo
    Dir: Alê Abreu
  • O Bom Dinossauro (The Good Dinossaur)
    Dir: Peter Sohn
  • Cada um na Sua Casa (Home)
    Dir: Tim Johnson
  • Hotel Transilvânia 2 (Hotel Transylvania 2)
    Dir: Genndy Tartakovsky
  • Divertida Mente (Inside Out)
    Dir: Pete Docter
  • Kahlil Gibran’s The Prophet
    Dir: Roger Allers
  • The Laws of the Universe – Part 0 (UFO Gakuen no Himitsu)
    Dir: Isamu Imakake
  • Minions
    Dir: Kyle Balda, Pierre Coffin
  • Moomins on the Riviera (Muumit Rivieralla)
    Dir: Xavier Picard, Hanna Hemilä
  • Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (The Peanuts Movie)
    Dir: Steve Martino
  • Apenas um Show: O Filme (Regular Show: The Movie)
    Dir: J.G. Quintel
  • Shaun: O Carneiro (Shaun the Sheep Movie)
    Dir: Mark Burton, Richard Starzak
  • Bob Esponja: Um Herói Fora d’Água (The SpongeBob Movie: Sponge out of Water)
    Dir: Paul Tibbitt, Mike Mitchell
  • Quando Estou com Marnie (Omoide no Mânî) 
    Dir: Hiromasa Yonebayashi

Dentre os trabalhos, certamente um dos mais interessantes é a primeira animação do diretor e roteirista Charlie Kaufman, conhecido por suas histórias criativas de Quero Ser John Malkovich e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças. Neste trabalho de stop-motion, acompanhamos a vida de um homem aleijado por sua própria vida mundana. Pela sinopse, não se trata de um filme destinado ao público infantil, o que pode reduzir consideravelmente suas chances de vitória, mas sua indicação é dada como certa pela maioria dos críticos, afinal, tem a assinatura de Kaufman (que já ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2005) e a categoria sempre apresenta nomes de diretores mais autorais como Tim Burton (A Noiva-Cadáver), Hayao Miyazaki (A Viagem de Chihiro) e Wes Anderson (O Fantástico Sr. Raposo). E é o único inscrito que concorreu ao Leão de Ouro em Veneza.

Cena de Anomalisa, de Charlie Kaufman e Duke Johnson (photo by trailer.apple.com)

Cena de Anomalisa, de Charlie Kaufman e Duke Johnson (photo by trailer.apple.com)

Este ano, temos uma curiosidade inédita. É a primeira vez que dois trabalhos da Pixar estão competindo: Divertida Mente e O Bom Dinossauro. Após um hiato raro de dois anos sem aparecer na categoria com filmes menos expressivos como Carros 2 e Universidade Monstros, a Pixar resolveu lançar dois filmes no mesmo ano para não ter erro. Entre os dois, Divertida Mente larga na frente por seu nível de criatividade ao criar personagens que representam as emoções, mas peca pela história fraca. Já O Bom Dinossauro tem uma premissa interessante de “E se o asteróide que extinguiu os dinossauros não tivesse acertado a Terra?”, possibilitando a convivência entre os dinossauros e os humanos.

As emoções Tristeza, Raiva, Medo, Nojinho e Alegria em cena de Divertida Mente (photo by outnow,ch)

As emoções Tristeza, Raiva, Medo, Nojinho e Alegria em cena de Divertida Mente (photo by outnow,ch)

Aproveitando o assunto da Pixar, o futuro da companhia preocupa um pouco. Outrora berço de filmes super criativos, o planejamento dos próximos anos inclui inúmeras sequências como Procurando Dory, Os Incríveis 2, Carros 3 e Toy Story 4! Claro que essas continuações devem ter suas qualidades e devem render rios de dinheiro, mas pra um estúdio que cresceu através de sua criatividade, o reinado pode estar ameaçado.

Cena de O Bom Dinossauro, de Peter Sohn (photo by outnow.ch)

Cena de O Bom Dinossauro, de Peter Sohn (photo by outnow.ch)

Vale ressaltar que todo ano, a Academia gosta de deixar pelo menos uma vaga para uma produção estrangeira. Parece até cota estrangeira, mas convenhamos que existem tantos trabalhos impecáveis fora do circuito americano que se fosse fazer justiça, teria pelo menos 3 animações estrangeiras todo ano na categoria! Então, nessa lógica, a animação japonesa Quando Estou com Marnie (Omoide no Mânî), de Hiromasa Yonebayashi, deve preencher a vaga praticamente cativa nipônica de Hayao Miyazaki e Isao Takahata. Trata-se de uma história bem emotiva de uma garota que se muda para uma casa no interior, onde fica obcecada por uma menina que vive numa mansão ao lado que pode ou não existir. E tem o selo de qualidade do Studio Ghibli, de Miyazaki.

Cena de Quando Estou com Marnie, de Hiromasa Yonebayashi (photo by cine.gr)

Cena de Quando Estou com Marnie, de Hiromasa Yonebayashi (photo by cine.gr)

Claro que a vaga estrangeira também pode ser ocupada por uma animação brasileira. Sim, brasileira! O Menino e o Mundo (The Boy and the World), de Alê Abreu, é a segunda animação nacional inscrita para o Oscar. Em 2014, Uma História de Amor e Fúria, de Luiz Bolognesi, estava entre os inscritos, mas não conseguiu conquistar a indicação. Quem sabe não é desta vez? O trabalho de Alê Abreu possui um estilo bastante gráfico que remete ao traço de lápis de cor para retratar a busca de um menino pelo pai.

Cena de O Menino e o Mundo, de Alê Abreu (photo by cine.gr)

Cena de O Menino e o Mundo, de Alê Abreu (photo by cine.gr)

E a Academia sempre gosta de reservar uma vaga para produções mais destinadas ao público infantil que foi bem nas bilheterias como Minions, Hotel Transilvânia 2 e Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme (sim, com este título nacional apelativo!), afinal, animações assim garantem maior audiência para a Academia. Lembrando que o filme anterior da série Minions, Meu Malvado Favorito 2, foi indicado ao Oscar de Longa de Animação e de Melhor Canção Original por ‘Happy’.

Cena de Minions, de Kyle Balda e Pierre Coffin (photo by cine.gr)

Cena de Minions, de Kyle Balda e Pierre Coffin (photo by cine.gr)

Não querendo ser pessimista, nem julgar trabalhos sem conferir, acredito que um ou outro trabalho inscrito será desqualificado, o que acarretaria num total de 3 indicados em 2016 que, na minha opinião, seriam:

  • Divertida Mente (Inside Out)
  • Anomalisa
  • Quando Estou com Marnie (Omoide no Mânî)

As indicações ao Oscar 2016 serão anunciadas no dia 14 de janeiro.

‘Birdman’ conquista o Oscar 2015 com 4 prêmios

Michael Keaton (centro) agradece o Oscar de Melhor Filme à frente da equipe do filme (photo: John Shearer/Invision/AP)

Michael Keaton (centro) agradece o Oscar de Melhor Filme à frente da equipe do filme (photo: John Shearer/Invision/AP)

‘BIRDMAN’ É O GRANDE VENCEDOR DA NOITE COM 4 OSCARS: MELHOR FILME, DIRETOR, ROTEIRO E FOTOGRAFIA. ‘O GRANDE HOTEL BUDAPESTE’ TAMBÉM LEVA 4, MAS EM CATEGORIAS MENORES.

Depois de uma crescente nos prêmios de sindicatos como PGA e DGA, deu Birdman no Oscar!  E apesar de ter ganhado um Oscar por Atriz Coadjuvante, o grande perdedor acabou sendo Boyhood, que estava cotado para ganhar filme, montagem, atriz coadjuvante e até diretor, dependendo do curso da premiação.

Particularmente, acho que o Oscar de direção e de fotografia já reconheceria os méritos de Birdman, mas como li num site: “Dentre os 6 mil votantes da Academia, a maioria é formada por atores, então nada mais natural do que eles votarem num filme sobre atores”. Curiosamente, nenhum dos três atores indicados acabou ganhando de fato o Oscar. Michael Keaton, Edward Norton e Emma Stone só subiram ao palco de forma coletiva para agradecer ao Oscar de Melhor Filme.

Bom, e aquela minha visão que tive de Boyhood sendo coroado Melhor Filme não se concretizou. Eu já imaginava até aqueles longos clipes dos filmes vencedores de Melhor Filme com uma breve cena do filme de Richard Linklater! Aliás, Linklater, que estava indicado em três categorias, acabou não levando NADA! Perdeu Filme, Diretor e Roteiro Original… Ao longo das semanas que antecederam o Oscar, li muitos comentários de críticos e até de simples cinéfilos defendendo que o circo em torno de Boyhood era meramente por causa do projeto inovador de 12 anos de filmagem. Confesso que me peguei pensando nessa possibilidade, mas ainda acredito que é um dos melhores filmes de 2014. Agora resta aguardar se o filme passará pelo teste do tempo.

A seguir a artwork utilizada pelo Oscar para cada um dos filmes indicados a Melhor Filme. Foi um desperdício a Academia não utilizar suas duas vagas restantes da categoria para indicar mais filmes como Foxcatcher, por exemplo…

NÚMEROS

O Grande Hotel Budapeste (Direção de Arte, Figurino, Maquiagem e Trilha Musical Original) e Birdman (Filme, Diretor, Roteiro Original e Fotografia) empataram com 4 Oscars cada. Em seguida, vem Whiplash, com 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Montagem e Som.

Os demais filmes conquistaram apenas uma estatueta cada. A Teoria de Tudo (Ator – Eddie Redmayne), Para Sempre Alice (Atriz – Julianne Moore), Boyhood (Atriz Coadjuvante – Patricia Arquette), O Jogo da Imitação (Roteiro Adaptado), Operação Big Hero (Longa de Animação), Ida (Filme em Língua Estrangeira), Selma (Canção Original), Sniper Americano (Efeitos Sonoros), Interestelar (Efeitos Visuais) e Citizenfour (Documentário), denotando uma alto nivelamento entre a maioria.

SURPRESAS

Embora fosse esperado que O Grande Hotel Budapeste ganharia muitos dos prêmios “técnicos” como Direção de Arte, Figurino e Maquiagem, honestamente, esperava que Wes Anderson seria reconhecido com Melhor Roteiro Original, já que Alejandro González Iñárritu muito provavelmente venceria como diretor. Assim como no Globo de Ouro, Birdman levou o prêmio de roteiro. Foi triste ver Wes Anderson apenas aplaudindo seus colegas. Better luck next time, Wes!

Wes Anderson ficou muito feliz pelos 4 Oscars que O Grande Hotel Budapeste recebeu. Mas infelizmente, ficou sentado a noite toda. (photo by billhaderismycriterioncollection.tumblr.com)

Wes Anderson ficou muito feliz pelos 4 Oscars que O Grande Hotel Budapeste recebeu. Mas infelizmente, ficou sentado a noite toda. (photo by billhaderismycriterioncollection.tumblr.com)

Quando postei sobre a liberdade que a Academia tinha de eleger um longa de animação fora dos padrões tridimensionais, torcia contra o favoritismo de Como Treinar o Seu Dragão 2, então teoricamente fiquei feliz por ter perdido, MAS não queria que perdesse para outro 3D! Gostaria que o Oscar fosse para uma animação mais alternativa, mas como um amigo meu lembrou, o Oscar é um prêmio de indústria, então nada mais natural do que um filme da indústria ganhe. Curiosamente, em 14 anos de existência da categoria de Longa de Animação, apenas um filme de língua estrangeira foi premiado: A Viagem de Chihiro, de Hayao Miyazaki, em 2002. Uma pena…

Agora, duas surpresas que mais gostei. A primeira foi a premiação do compositor francês Alexandre Desplat por O Grande Hotel Budapeste. Apesar de ter sido duplamente indicado (também por O Jogo da Imitação), havia uma grande chance de ele perder duplamente como já aconteceu com John Williams. Desplat bateu o favoritismo de Jóhann Jóhannssonn (A Teoria de Tudo) e finalmente conquistou seu primeiro Oscar depois de oito indicações. Trata-se de um dos melhores compositores da atualidade, que sabe compor para filmes de todos os gêneros. Oscar merecido!

E a outra boa surpresa foi o Oscar de Montagem para Whiplash! Fenomenal! Tom Cross realizou um trabalho formidável ao sincronizar todo aquele jazz com os cortes, criando um ritmo único e fresco. O filme conquistou merecidos 3 Oscars: Ator Coadjuvante (J.K. Simmons), Som e Montagem. Se O Jogo da Imitação não fosse tão favorito, o filme poderia ganhar também Melhor Roteiro Adaptado. Pena que o filme não tinha chances reais de ganhar Melhor Filme, senão poderia ter conquistado mais prêmios…

SOBRE A CERIMÔNIA

Os fãs de A Noviça Rebelde que me perdoem, mas aquela homenagem feita pela cantora Lady Gaga foi desnecessário. Ok, bonito, mas desnecessário. Se queriam fazer uma homenagem aos musicais, que trouxessem mais atores que participaram dessa época de ouro do musical americano como a atriz Debbie Reynolds, por exemplo. Por mim, que curto assistir ao Oscar, não vejo problemas com homenagens, mas é no mínimo incoerente ver que eles apressam tanto as coisas pra tudo, mas tem tempo sobrando para essas homenagens que poderiam passar batido.

Lady Gaga abraça Dame Julie Andrews depois de homenagem de A Noviça Rebelde (photo by psychoticmusichead.tumblr.com)

Lady Gaga abraça Dame Julie Andrews depois de homenagem de A Noviça Rebelde (photo by psychoticmusichead.tumblr.com)

Quanto ao host, Neil Patrick Harris, tirando o momento de cueca no palco, fazendo uma alusão ao Birdman, achei sua participação meio comportada. Aliás, ele é uma versão meio Billy Crystal, meio Hugh Jackman, mas não canta tão bem como Crystal, nem dança tão bem quanto Jackman. E suas piadas politicamente incorretas não chegam aos pés de um Jon Stewart ou de Chris Rock. E aquela piada dos “Oscars predictions” na mala bem guardada foi muita firula pra pouca graça. Acho que os produtores do evento estão se guiando demais por audiência do que qualidade de fato. O host seguiu os protocolos e foi completamente apropriado e inofensivo, e esse tom pode ser muito ruim a longo prazo para a imagem do Oscar. Nem a participação “surpresa” de Jack Black ajudou na introdução musical de Neil Patrick Harris, ou seja, a coisa tava feia…

Teve alguns discursos que honestamente nem prestei atenção, então me perdoem caso tenha passado algo desapercebido aqui. Mas gostei de alguns como o do J.K. Simmons. Quando ele começou a falar e agradecer a mulher e os filhos “above average”, já estava desapontado por que ele estava repetindo o mesmo discurso de todos os prêmios anteriores que ele havia ganhado. Mas felizmente, ele deu uma guinada e soltou um “Ligue para sua mãe. Eu falei isso para um bilhão de pessoas. Ligue para sua mãe, seu pai. Se você tem sorte e tem pais vivos, ligue. Não mande mensagem, não mande e-mail. Ligue por telefone. Diga que você os ama e os agradeça, e os ouça o quanto eles quiserem falar com você.” – Por mais que ele tenha deixado o filme de lado, foi um momento bonito da noite.

Da esquerda para a direita: J.K. Simmons, Patricia Arquette, Julianne Moore e Eddie Redmayne com seus respectivos Oscars (photo by kinginthenorths.tumblr.com)

Da esquerda para a direita: J.K. Simmons, Patricia Arquette, Julianne Moore e Eddie Redmayne com seus respectivos Oscars (photo by kinginthenorths.tumblr.com)

Já o discurso de Patricia Arquette foi mais inflamado. Depois de agradecer a equipe e sua família, ela puxa um “Está na hora de ter igualdade de salário e igualdade de direitos para as mulheres nos EUA!” – que logo foi endossado por um entusiasmado “Yes! Yes! Yes!” de Meryl Streep, que estava sentada na fileira da frente. Claro que ainda vivemos num mundo machista que paga menos para mulheres que ocupam o mesmo cargo de homens, e apoio essa mudança. Agora, se ela se refere ao salário das atrizes em Hollywood, acho que muito depende das bilheterias. O público em geral prefere filmes estrelados por homens. Não se trata de uma opinião, mas de um dado estatístico. Então, de acordo com a lei de mercado, os grandes estúdios acabam pagando menos para as atrizes. E isso reflete também numa reclamação recorrente das atrizes que é a escassez de papéis bons femininos. Com certeza, existem ótimos roteiros com excelentes protagonistas femininas por aí, mas se os estúdios não fornecerem a verba, o projeto não sai do papel. Sei que é uma realidade cruel, mas enquanto o público não der resposta nos números, pouca coisa vai mudar nesse sentido. Os homens vão continuar na lista dos atores mais bem pagos de Hollywood.

Bem mais tranquila, Julianne Moore preferiu evitar polêmicas e soltou uma pérola: “Eu li um artigo que dizia que ganhar um Oscar poderia render 5 anos de vida a mais. Se isso for verdade, gostaria de agradecer a Academia porque meu marido é mais novo do que eu”. Acho que quem escreveu esse artigo não lembrou de alguns casos como o de Haing S. Ngor que morreu assassinado, Robin Williams ou de seu colega de set em Jogos Vorazes, Philip Seymour Hoffman, que morreu em fevereiro do ano passado, oito anos depois de ganhar o Oscar por Capote. Mas deixando de lado o tom fúnebre, Oscar merecido para Julianne Moore, que pode não ter vencido por sua melhor performance, mas certamente era uma das melhores que estavam concorrendo sem sombra de dúvida. Espero sinceramente que este Oscar não prejudique sua escolha de projetos e lhe cause algum tipo de maldição e consequente decadência.

Julianne Moore com seu primeiro Oscar por Para Sempre Alice (photo by  morejulianne.tumblr.com)

Julianne Moore com seu primeiro Oscar por Para Sempre Alice (photo by morejulianne.tumblr.com)

O discurso mais politicamente correto da noite foi para a dupla John Legend e Common pela canção “Glory”. Depois de uma apresentação comovente, eles subiram ao palco ligando a liberdade de Selma com a nossa atualidade: as marchas pela democracia da China, e em nome da liberdade de expressão em Paris – lembrando da tragédia de Charlie Hebdo.

Common e John Legend durante apresentação da canção "Glory" de Selma (photo by robertdeniro.tumblr.com)

Common e John Legend durante apresentação da canção “Glory” de Selma (photo by robertdeniro.tumblr.com)

No discurso de Melhor Diretor de Alejandro González Iñárritu, ele mencionou que no DGA Awards ele estava usando o cachecol de Raymond Chandler e a gravata de Billy Wilder para dar sorte e tinha funcionado. No Oscar, ele confessou que estava usando a cueca branca de Michael Keaton (usada em Birdman). “É apertada, cheira a bolas, mas funciona. E estou aqui!” – a platéia adorou. Embora minha torcida para Melhor Ator tenha sido para Benedict Cumberbatch, fiquei chateado que Keaton não levou seu Oscar. Teria sido uma ótima história, já que ele interpretou um ator que buscava reabilitação depois de vários anos no ostracismo, assim como ele ficou depois dos dois filmes do Batman, de Tim Burton.

Alejandro González Iñárritu ocupa as duas mãos com as 3 estatuetas do Oscar por Birdman

Alejandro González Iñárritu ocupa as duas mãos com as 3 estatuetas do Oscar por Birdman

No ano passado, John Travolta tinha tomado um chá de cogumelo antes de introduzir a apresentação da cantora Idina Menzel da música “Let it Go”, de Frozen, chamando-a pelo nome bizarro de “Adele Nazim”. De onde raios eles tirou esse nome se estava escrito direitinho no teleprompter?? Fumou crack, só pode! Então, como uma espécie de vingança engraçada, Idina o introduziu como “Glom Gazingo”! Travolta e Menzel deram a volta por cima de uma gafe com classe.

Idina Menzel com John Travolta no Oscar

Idina Menzel com John Travolta no Oscar

Seguem os vencedores do Oscar 2015:

MELHOR FILME
* Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) (Birdman)

MELHOR DIRETOR
* Alejandro González Iñárritu (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR ATOR
* Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)

Eddie Redmayne ainda bastante extasiado com seu Oscar por A Teoria de Tudo (photo by mcavoys.tumblr.com)

Eddie Redmayne ainda bastante extasiado com seu Oscar por A Teoria de Tudo (photo by mcavoys.tumblr.com)

MELHOR ATRIZ
* Julianne Moore (Para Sempre Alice)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
* J.K. Simmons (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
* Patricia Arquette (Boyhood: Da Infância à Juventude)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
* Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris, Armando Bo (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
* Graham Moore (O Jogo da Imitação)

MELHOR FOTOGRAFIA
* Emmanuel Lubezki (Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância))

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
* Adam Stockhausen e Anna Pinnock (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR MONTAGEM
* Tom Cross (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHOR FIGURINO
* Milena Canonero (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR MAQUIAGEM E CABELO
* Frances Hannon e Mark Coulier (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* Alexandre Desplat (O Grande Hotel Budapeste)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
* “Glory”, de John Stephens e Lonnie Lynn (Selma)

MELHOR SOM
* Craig Mann, Ben Wilkins e Thomas Curley (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

MELHORES EFEITOS SONOROS
* Alan Robert Murray e Bub Asman (Sniper Americano)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
* Paul J. Franklin, Andrew Lockley, Ian Hunter, Scott R. Fisher (Interestelar)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
* Ida, de Pawel Pawlikowski (POLÔNIA)

MELHOR ANIMAÇÃO
* Operação Big Hero

MELHOR DOCUMENTÁRIO
* CitizenFour

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA
* Crisis Hotline: Veterans Press 1

MELHOR CURTA-METRAGEM
* The Phone Call

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
* O Banquete (Feast)

Jessica Chastain nem estava indicada ao Oscar, mas o que seria do Oscar sem Jessica Chastain?

Jessica Chastain nem estava indicada ao Oscar, mas o que seria do Oscar sem Jessica Chastain???