IMBATÍVEL,’TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO’ CONQUISTA 7 OSCARS

FILME DO MULTIVERSO DA A24 ACUMULA MAIOR NÚMERO DE ESTATUETAS DESDE 2009 QUANDO ‘QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?’ LEVOU 8

Se a 95ª cerimônia do Oscar, que aconteceu na noite do dia 12 de Março, pudesse ser resumida em uma palavra, esta seria REDENÇÃO. Em 95 anos de História, a Academia sempre ficou marcada por algumas características como evitar premiar comédias, filmes de ação, filmes de artes marciais, terror, e elenco predominado por atores não-brancos. Isso tudo foi para os ares com a vitória de TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, já que contém todos esses elementos sempre esnobados.

Os vencedores nas categorias de atuação também demonstram essa redenção. Brendan Fraser foi uma estrela muito promissora nos anos 90 e início dos anos 2000, com um carisma inigualável na franquia A MÚMIA e nas comédias GEORGE, O REI DA FLORESTA e ENDIABRADO. Chegou a receber ótimas críticas pela atuação no drama DEUSES E MONSTROS ao lado de Ian McKellen e Lynn Redgrave, mas talvez por ser tão associado às comédias e filmes de ação, foi esnobado pelo Oscar. Em 2003, sofreu um assédio do então presidente da HFPA (Globo de Ouro), e quando teve a coragem de denunciar, ninguém acreditou nele e ainda passou a não ser chamado para novos projetos, mergulhando em depressão por anos.

Jamie Lee Curtis, filha dos atores Tony Curtis e Janet Leigh, ficou muito marcada por ser a scream queen HALLOWEEN , além de outros filmes de terror como A BRUMA ASSASSINA e BAILE DE FORMATURA. Nos anos 80 e 90, dedicou-se às comédias como TROCANDO AS BOLAS, UM PEIXE CHAMADO WANDA, MEU PRIMEIRO AMOR e TRUE LIES, mas como a Academia enxerga com desdém ambos os gêneros, a atriz nunca foi considerada a nenhuma indicação sequer até agora. Em seu discurso, ela agradece a todos os fãs dos filmes de gênero, especialmente terror, e diz: “Nós ganhamos um Oscar juntos!”. Foi um dos pontos altos da cerimônia.

Ke Huy Quan, aquele ator infantil eternamente marcado por ser Short Round em INDIANA JONES E O TEMPLO DA PERDIÇÃO e o criativo Dado em OS GOONIES, tem a história mais bonita de todas. Em seu discurso, ele lembra que passou um ano em campo de refugiados da Guerra do Vietnã antes de parar nos EUA. No Globo de Ouro, arrancou rios de lágrimas ao dizer: “Depois do sucesso como ator infantil, fiquei me perguntando se era só sorte que tive. Se eu não tinha mais nada a oferecer”. Dali em diante, sua campanha só cresceu, e na base da humildade, ele conquistou todos os votos possíveis de inúmeras celebridades. Você pode ir no Instagram do ator e verá zilhões de fotos que ele tirou com essas celebridades, com uma expressão maravilhosa de “não acredito nisso!”, mas com os pés no chão, ciente de que esse auge pode nunca mais acontecer. Torço pra que ele se mantenha na lista A de Hollywood por um bom tempo!

E Michelle Yeoh… quem diria, hein? Atriz de filmes de artes marciais que já contracenou com Jackie Chan e Pierce Brosnan como 007 (aliás, uma ex-Bond Girl!). Sua imagem mudou bastante quando ela atuou como a guerreira Shu Lien de amor reprimido em O TIGRE E O DRAGÃO. Lá, ela demonstrou ser muito mais do que uma lutadora, mas uma personagem que lutou contra seus desejos mais íntimos. E 18 anos depois, ela volta a chamar a atenção na comédia PODRES DE RICO, na qual ela interpreta a sogra rica e exigente Eleanor Young, que merecia uma indicação de Coadjuvante, mas não aconteceu. Em TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, ela interpreta uma mãe que não aceita a orientação sexual da filha por ter sido repreendida pelo pai ultra conservador, mas ela passa por uma experiência que lhe abre a mente e se liberta dessas amarras de forma muito bonita e poética. E mesmo com tanta cena de ação, Yeoh consegue extrair momentos de ternura genuína. Pode não ter sido “melhor” do que Cate Blanchett em TÁR, mas sua vitória no Oscar representa muito mais do que a coroação por uma atuação, principalmente porque ela se tornou a segunda atriz não-branca a ganhar o Oscar de Melhor Atriz, 22 anos depois de Halle Berry por A ÚLTIMA CEIA.

NÚMEROS DO OSCAR 2023

7 Oscars costumava ser um número recorrente para vencedores de Melhor Filme, mas isso mudou drasticamente na última década. A última vez que algo semelhante aconteceu foi lá em 2009, quando QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO? acumulou 8 estatuetas. E é preciso ressaltar aqui que TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO se iguala a REDE DE INTRIGAS (1976) e UMA RUA CHAMADA PECADO (1951) ao conquistar 3 Oscars para seus atores. O curioso é que os dois filmes falharam em conquistar o Oscar de Melhor Filme, perdendo para ROCKY, UM LUTADOR e O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA, respectivamente.

Em 2º lugar, ficou o filme alemão NADA DE NOVO NO FRONT com 4 estatuetas: Filme Internacional, Fotografia, Design de Produção e Trilha Original, comprovando que o cinema alemão não está atrás do de Hollywood. E vou além: se a Netflix tivesse apostado desde o início no filme bélico em campanhas para o Oscar, ouso dizer que poderia ter conquistado a ala conservadora com facilidade e poderia ter sido o favorito a ser batido.

Em 3º lugar, com 2 Oscars, ficou o drama A BALEIA, que eu já previa que ganharia essa tradicional “dobradinha” de Atuação e Maquiagem. Muitas vezes, os votantes da Academia associam a transformação de um ator (também pela maquiagem prostética) como um elemento de qualidade, o que resultou em nessa dupla premiação como Meryl Streep em A DAMA DE FERRO, e ano passado, Jessica Chastain em OS OLHOS DE TAMMY FAYE. Mas voltando ao filme de Darren Aronofsky, a mescla entre Brendan Fraser e a maquiagem funcionou com perfeição, pois a atuação foi elevada (o ator sentiu literalmente o peso e a transformação para Charlie aconteceu) e sempre que preciso, a maquiagem foi mostrada sem tirar o foco da história (coisa que aconteceu com aquela maquiagem ruim de ELVIS em Tom Hanks, que graças a Deus não ganhou o Oscar).

ZERO foi o número de Oscars que filmes badalados recebeu: ELVIS (indicado em 8 categorias), OS FABELMANS (7) e TÁR (6). Particularmente, só fico triste pela total esnobada para o filme de Todd Field, melhor filme indicado nesta edição em minha opinião, mas de certa forma, é compreensível que não tenha ganhado nada por se tratar de um filme atípico, denso e reflexivo, características que muitos interpretam como “presunçoso” ou “pretensioso”.

Na contagem por estúdio/distribuidora, os maiores vencedores foram a A24 com 9 Oscars (foi o 2º Oscar de Melhor Filme depois de MOONLIGHT) e a Netflix com 6.

Ainda sobre números, é importante ressaltar que houve um aumento de 13% de audiência em relação à edição anterior, resultando em 18 milhões de espectadores pelo mundo. Esse público seria ainda maior se a Academia não ficasse restrita aos canais de TV (ABC nos EUA, e TNT aqui no Brasil) e HBO Max. Poderiam fazer uma live pelo YouTube, exibindo todos os patrocinadores, claro, e deixando a festa muito mais acessível. E esse aumento de público vem diretamente do sucesso do filme dos Daniels, especialmente na internet, onde foi carregado desde o 1º semestre de 2022, além de TOP GUN: MAVERICK e AVATAR. Obviamente, sou contra o tal Oscar de Filme Popular que tentaram criar, mas acredito que se a Academia der um pouco mais de atenção a alguns filmes do gosto popular e premiá-los, o Oscar teria muito mais audiência e credibilidade. Por exemplo, se tivessem dado o Oscar de Melhor Filme para MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA ou CORRA!. Não concordam?

HOUVE SURPRESAS?

Apesar de toda previsibilidade do Oscar para quem acompanha toda a temporada de premiações e sindicatos, a cerimônia sempre reserva algum tipo de surpresa nas vitórias, mas esta edição não teve nenhum grande. Se fosse para eleger uma, eu diria a vitória de Design de Produção de NADA DE NOVO NO FRONT, porque os prêmios precursores indicavam favoritismo para BABILÔNIA.

Claro que houve disputas bem acirradas como na categoria de Atriz Coadjuvante. Jamie Lee Curtis poderia ter perdido para Angela Bassett (visivelmente decepcionada com a derrota) ou Kerry Condon, mas como ela ganhou o SAG que é justamente o prêmio que mais fala alto, sua vitória não pode ser considerada uma surpresa.

Acho que o mais chocante, que só fui me dar conta depois, foi esse monte de filme cheio de indicações e nenhum vitória. Por exemplo, ELVIS eu tinha quase certeza de que ganharia pelo menos Figurino. E OS BANSHEES DE INISHERIN, por ter sido indicado em 9 categorias, esperava que seria reconhecido em pelo menos uma categoria, e esta seria Roteiro Original, mesmo com o favoritismo dos Daniels. Mas é difícil prever 100%, porque essa distribuição não segue uma lógica, mas a média geral de 10 mil membros da Academia, que cada um pensa e vota de um jeito.

Mas no geral, gostei das vitórias (normalmente sou contra esse acúmulo de estatuetas para um filme só), gostei que os vencedores souberam sintetizar seus discursos (especialmente a turma alemã de NADA DE NOVO NO FRONT), gostei da dinâmica da cerimônia (apresentou um clipe rápido de cada indicado a Melhor Filme sempre na volta dos intervalos comerciais), adorei a sobriedade do momento In Memoriam com a bela apresentação de Lenny Kravitz, gostei das apresentações das canções (embora um pouco decepcionado com a performance intencionalmente “improvisada e pobre” de Lady Gaga, cuja canção “Hold My Hand” poderia ter levantado o Dolby Theater) e gostei do retorno de um único host. Jimmy Kimmel não ter sido minha escolha (adoraria Ricky Gervais, Jim Carrey ou Jon Stewart), mas ele fez o feijão com arroz com altos como a presença da burrinha Jenny e a piada sobre personagens segurarem agressores na porrada case alguém desse uma de Will Smith, e baixos como sua interação sem graça com os convidados na plateia.

Por mim, a equipe de diretores do Oscar 2023 continua para o ano que vem, mas eu trocaria por um host mais ousado. E sei que a Academia tem esse longo contrato de transmissão com a ABC (Disney), mas sonho um dia ver o Oscar rodando no YouTube pra todo mundo poder acompanhar a premiação.

VENCEDORES DO OSCAR 2023:

MELHOR FILME
● TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO (Everything Everywhere All At Once)

MELHOR DIREÇÃO
● Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATOR
● Brendan Fraser (A Baleia)

MELHOR ATRIZ
● Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
● Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
● Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
● Daniel Kwan e Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR ADAPTADO
● Sarah Polley (Entre Mulheres)

MELHOR FOTOGRAFIA
● James Friend (Nada de Novo no Front)

MELHOR MONTAGEM
● Paul Rogers (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
● Christian M. Goldbeck, Ernestine Hipper (Nada de Novo no Front)

MELHOR FIGURINO
● Ruth E. Carter (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO
● Adrien Morot, Judy Chin, Annemarie Bradley-Sherron (A Baleia)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL
● Volker Bertelmann (Nada de Novo no Front)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
● “Naatu Naatu”, de M.M. Keeravani, Chandrabose (RRR: Revolta, Rebelião, Revolução)

MELHOR SOM
● Mark Weingarten, James Mather, Al Nelson, Chris Burdon, Mark Taylor (Top Gun: Maverick)

MELHORES EFEITOS VISUAIS
● Joe Letteri, Richard Baneham, Eric Saindon, Daniel Barrett (Avatar: O Caminho da Água)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
● Pinóquio por Guillermo del Toro

MELHOR FILME INTERNACIONAL
● Nada de Novo no Front (Alemanha)

MELHOR DOCUMENTÁRIO
● Navalny

MELHOR DOCUMENTÁRIO CURTA
● Como Cuidar de um Bebê Elefante

MELHOR CURTA LIVE ACTION
● An Irish Goodbye

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
● O Menino, a Toupeira, a Raposa e o Cavalo

*** Por motivos óbvios, o blog do WordPress acabou ficando de escanteio com a ascensão das redes sociais, especialmente o Instagram, cujos números falam mais alto do que qualquer tipo de conteúdo. Nos últimos anos, fiquei mais engajado nas outras plataformas, mas sempre que puder, vou continuar alimentando alguns textos por aqui, principalmente quando o assunto pede por maior número de caracteres que o Instagram permite. Agradeço aos seguidores do WordPress que ainda leem o conteúdo e peço perdão por não criar tanto conteúdo aqui como antes, mas peço para que sigam a gente no Facebook ou Instagram porque sempre tentamos valorizar o conteúdo de cinema mesmo num formato mais limitado, como no recente post sobre o aniversário do diretor David Cronenberg:

‘TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO’ LIDERA o OSCAR com 11 INDICAÇÕES

FILME ALEMÃO ‘NADA DE NOVO NO FRONT’ SURPREENDE COM 9 INDICAÇÕES

Na manhã desta terça (24), os atores Alisson Williams e Riz Ahmed anunciaram os indicados da 95ª edição do Oscar através de lives em canais oficiais, com a apresentação dividida em duas partes.

Para quem não conseguiu acompanhar a live, segue o link do YouTube abaixo:

NÚMEROS DO OSCAR

Como esperado, TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO lideraria as indicações, mas mesmo assim, houve surpresas como os reconhecimentos de Trilha Original e Canção Original.

Logo atrás, empatados com 9 indicações, vêm NADA DE NOVO NO FRONT, filme bélico alemão sobre a Primeira Guerra Mundial, e OS BANSHEES DE INISHERIN, comédia de humor negro sobre uma amizade desfeita.

Com 8 indicações, ELVIS acumulou indicações em categorias estéticas como Fotografia, Design de Produção e Figurino, além claro de Austin Butler como Ator. Logo atrás, com 7 indicações, OS FABELMANS conseguiu se recuperar de ausências importantes no BAFTA e assegurou o reconhecimento de Steven Spielberg em três categorias: Filme, Direção e Roteiro Original. Embora tenha acumulado 6 indicações, TOP GUN: MAVERICK surpreendeu duplamente ao não ser indicado para Fotografia (que era algo 99% certo) e por ter sido indicado a Roteiro Adaptado (algo que ninguém esperava).

O drama sobre música e Cultura do Cancelamento TÁR também conquistou 6 indicações, com destaque para Fotografia, Montagem e claro, Atriz para Cate Blanchett. E com 5 indicações, PANTERA NEGRA: WAKANDA PARA SEMPRE mostra força nas categorias técnicas e favoritismo em Atriz Coadjuvante para Angela Bassett.

POLÊMICAS À VISTA?

Antes mesmo das indicações serem anunciadas, havia um forte indício de que não haveria nenhuma diretora mulher indicada na categoria de Direção, o que acabou se comprovando. Dentre as diretoras que poderiam ter alguma chances estavam Sarah Polley (Entre Mulheres), Gina Prince-Bythewood (A Mulher Rei) e a nossa favorita Charlotte Wells (Aftersun), mas apesar disso, os diretores indicados já eram considerados quase certezas pelo histórico da temporada de premiações.

E nas categorias de atuação, embora muitos atores não-brancos tenham sido indicados como Brian Tyree Henry, Ke Huy Quan, Angela Bassett, Hong Chau e Stephanie Hsu, já começam reclamações da ausência deles na categoria de Melhor Atriz, porque até então Viola Davis (A Mulher Rei) e Danielle Deadwyler (Till) estavam muito bem cotadas.

SURPRESAS

Com certeza, houve muitas surpresas que vou citar por categoria abaixo, mas sem dúvidas, a maior delas foi a indicação de ANDREA RISEBOROUGH para Melhor Atriz por TO LESLIE, um filme pequeno e independente sobre uma mãe que abandonou seu filho após seu prêmio da loteria acabar com seu vício no álcool. A atriz havia sido apenas indicada basicamente para o Independent Spirit Award e havia sido esnobada por completo no Globo de Ouro, Critics’ Choice, BAFTA e SAG, mas com uma campanha totalmente sem recursos, amadora, mas que atingiu vários famosos como Edward Norton, Gwyneth Paltrow, Liam Neeson, Geena Davis, Susan Sarandon, Laura Dern, Helen Hunt, Zooey Deschanel, Melanie Lynskey, Mira Sorvino, Rosie O’Donnell, Minnie Driver, Alan Cumming, Rosanna Arquette, Debra Winger, Patricia Clarkson e Howard Stern, que postaram elogios à atriz em redes sociais, principalmente no Twitter. Funcionou e agora Riseborough está entre as 5 melhores do ano.

Sobre o filme, claro, é um drama daqueles típicos de protagonista vivendo no fundo do poço mas que bsuca redenção, mas a performance da atriz realmente eleva o material para algo muito mais humano e verdadeiro. Riseborough evita aquela personagem chorona e coitadinha, para ser alguém que assume e vive suas falhas como mãe e alcóolatra. Certamente, vai adicionar muito tempero na briga entre Cate Blanchett e Michelle Yeoh.

CONFIRA TODOS OS INDICADOS AO OSCAR 2023 COM ESNOBES E COMENTÁRIOS:

MELHOR FILME

  • Nada de Novo no Front (All Quiet on the Western Front)
  • Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water)
  • Os Banshees de Inisherin (The Banshees of Inisherin)
  • Elvis (Elvis)
  • Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (Everything Everywhere All at Once)
  • Os Fabelmans (The Fabelmans)
  • Tár (Tár)
  • Top Gun: Maverick (Top Gun: Maverick)
  • Triângulo da Tristeza (Triangle of Sadness)
  • A Baleia (The Whale)

Nesta categoria, não há nenhum estranho no ninho. Claro que muita gente jamais imaginou ver a sátira TRIÂNGULO DA TRISTEZA entre os 10 filmes, mas por outro lado, tem muita gente que adorou o filme, que ganhou a Palma de Ouro no último Festival de Cannes. Eu teria trocado o filme de Ruben Östlund pelo drama intimista AFTERSUN, mas sem uma indicação de Direção ou Roteiro para Charlotte Wells, seria bastante difícil.

Hoje quem ganha esse prêmio é TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, mas tem chão até o dia 12 de Março.

MELHOR DIREÇÃO

  • Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
  • Daniel Kwan & Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
  • Steven Spielberg (Os Fabelmans)
  • Todd Field (Tár)
  • Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza)

Mais amor para Ruben Östlund, que ocupa a chamada vaga para um diretor estrangeiro. Primeiramente, achei muito estranho NADA DE NOVO NO FRONT ter 9 indicações e terem esnobado EDWARD BERGER, mas se fosse para eleger um estrangeiro eu colocaria PARK CHAN-WOOK por DECISÃO DE PARTIR, porém sequer foi indicado a Filme Internacional… Trocaria Spielberg ou McDonagh por CHARLOTTE WELLS.

Hoje quem ganha são os DANIELS, mas SPIELBERG tem muuuuuuito prestígio entre os membros da Academia. Mas se o terceiro Oscar de Spielberg acontecer, corre sério risco de ser o único Oscar para OS FABELMANS. Já pensou nisso? Um novo Ataque dos Cães.

MELHOR ATOR

  • Austin Butler (Elvis)
  • Colin Farrell (Os Banshees de Inisherin)
  • Brendan Fraser (A Baleia)
  • Paul Mescal (Aftersun)
  • Bill Nighy (Living)

Com Butler, Fraser, Farrell e Nighy garantidos há tempos, restava saber quem ficaria com a última vaga, e esta ficou com o jovem queridinho PAUL MESCAL. Ele ganhou muito impulso na campanha com a indicação ao BAFTA, e ultrapassou os incertos Tom Cruise, Adam Sandler, Tom Hanks e Jeremy Pope. Com certeza, uma das indicações mais comemoradas do ano.

A disputa está acirradíssima, e acredito num embate maior entre Austin Butler e Brendan Fraser. O primeiro conta com a benção da esposa e filha (recém-falecida) de Elvis Presley, mas Brendan Fraser, além de contar com a ajuda formidável da maquiagem prostética transformadora, tem sua história pessoal de comeback que ressoa muito forte entre inúmeros atores votantes da Academia, portanto BRENDAN FRASER deve levar esse Oscar.

MELHOR ATRIZ

  • Cate Blanchett (TÁR)
  • Ana de Armas (Blonde)
  • Andrea Riseborough (To Leslie)
  • Michelle Williams (Os Fabelmans)
  • Michelle Yeoh (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

A ausência de VIOLA DAVIS não me surpreende muito. Embora haja o esforço valioso da transformação física da personagem que comanda o exército africano, o filme nunca empolga e sua performance ficou mais esquecida dentre tantos personagens na aventura. Já DANIELLE DEADWYLER foi uma surpresa grande, porque sua atuação é forte e a Academia dificilmente ignoraria um drama familiar de racismo, ainda mais hoje. Sem sombra de dúvidas, eu a incluiria no lugar de MICHELLE WILLIAMS que, na minha opinião, nem deveria estar concorrendo, pois considero uma performance batida e até clichê da mulher desiludida com ares de loucura, sem falar que sua personagem é coadjuvante, não protagonista. Dentre outras ausentes estão MARGOT ROBBIE (Babilônia), OLIVIA COLMAN (Império da Luz) e EMMA THOMPSON (Boa Sorte, Leo Grande).

ANDREA RISEBOROUGH, como disse acima, é a maior surpresa desta edição do Oscar. Já era uma atriz que merecia mais reconhecimento. Já trabalhou com Mike Leigh em Simplesmente Feliz, com Alejandro González Iñárritu em Birdman, com Jonathan Dayton e Valerie Farris em A Guerra dos Sexos, e tem se destacado em filmes de terror psicológicos como Mandy, Nancy e Possessor. Sua performance em TO LESLIE só foi reconhecida graças às campanhas de atores famosos que viram o filme e espalharam que ela merecia uma indicação. Não sei se o filme terá dinheiro para promovê-la, mas com certeza arrecadarão mais bilheteria com essa indicação.

Agora quem ganha? Há pouco tempo, eu dizia que CATE BLANCHETT era a favorita para ganhar seu 3º Oscar, e se ganhar, será merecido, sem dúvida, mas estamos num cenário de diversidade em que atores não-brancos têm chances reais. E não estou defendendo MICHELLE YEOH só porque é asiática, mas sua performance tem uma essência muito humana mesmo com tantas cenas de ação e lutas. Não seria lindo premiar uma atuação diferente como essa? Yeoh pode nunca ter sido indicada, mas já merecia indicação por O Tigre e o Dragão e Podres de Ricos, e pode nunca mais ter chances e ser indicada novamente, diferente de Cate Blanchett. Mas enfim, se tudo der certo, Yeoh leva essa estatueta.

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Brendan Gleeson (Os Banshees de Inisherin)
  • Brian Tyree Henry (Passagem)
  • Judd Hirsch (Os Fabelmans)
  • Barry Keoghan (Os Banshees de Inisherin)
  • Ke Huy Quan (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

BRENDAN GLEESON e BARRY KEOGHAN eram certezas assim como KE HUY QUAN, restava saber se alguém de OS FABELMANS entraria na disputa. Eu teria indicado PAUL DANO, por apresentar uma atuação discreta porém muito eficiente, mas preferiram JUDD HIRSCH, que tem apenas uma cena no filme, o que achei um exagero. BRIAN TYREE HENRY está bem em PASSAGEM e sua indicação reconhece sua atuação despojada e introvertida de um mecânico marcado por um acidente de carro. Dentre as ausências sentidas estão EDDIE REDMAYNE (O Enfermeiro da Noite), BRAD PITT (Babilônia) e BEN WISHAW (Entre Mulheres).

Das categorias de atuação, esta é a mais fácil de prever a vitória: KE HUY QUAN. Além de performance aclamada, tem feito discursos belíssimos e tem o comeback como fator determinante.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Angela Bassett (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
  • Hong Chau (A Baleia)
  • Kerry Condon (Os Banshees de Inisherin)
  • Jamie Lee Curtis (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
  • Stephanie Hsu (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Das categorias de atuação, Atriz Coadjuvante era a mais nebulosa de todas. Havia fortes dúvidas até de quem seria indicada, já que havia muitas candidatas fortes. Há pouco tempo, ANGELA BASSETT, KERRY CONDON e JAMIE LEE CURTIS se tornaram mais sólidas na corrida, enquanto as outras duas vagas eram uma incógnita. HONG CHAU ganhou forças com suas recentes indicações ao SAG e ao BAFTA e finalmente foi reconhecida pela Academia. E a última vaga ficou com a jovem STEPHANIE HSU, que está ótima em TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO como a filha Joy e a vilã Jobu Tupaki.

Por ter vencido Globo de Ouro e Critics’ Choice, ANGELA BASSETT tem boa vantagem sobre as demais indicadas e deve levar o Oscar, 29 anos depois de sua primeira indicação por Tina – A Verdadeiro História de Tina Turner.

DOLLY DE LEON (Triângulo da Tristeza), CAREY MULLIGAN (Ela Disse), JANELLE MONÀE (Glass Onion) e JESSIE BUCKLEY (Entre Mulheres) estão entre as atrizes esnobadas na categoria, sem contar MICHELLE WILLIAMS, que poderia ter concorrido aqui por Os Fabelmans.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Martin McDonagh (Os Banshees de Inisherin)
  • Daniel Kwan, Daniel Scheinert (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
  • Steven Spielberg, Tony Kushner (Os Fabelmans)
  • Todd Field (Tár)
  • Ruben Östlund (Triângulo da Tristeza)

O roteiro original de JORDAN PEELE por NÃO! NÃO OLHE! merecia muito mais a vaga do que Ruben Östlund. Apesar da sátira de TRIÂNGULO DA TRISTEZA ter bons momentos na ilha, há muitas cenas de pura obviedade, passando longe de qualquer tipo de sutileza. O filme de terror de Jordan Peele continha muitos elementos frescos e surpreendentes que nenhum outro roteiro de 2022 apresentou. Academia cagou nessa.

MARTIN MCDONAGH tem ótimas chances de levar o Oscar como uma espécie de prêmio de consolação se TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO levar as principais categorias, mas não duvido dos DANIELS levarem esse prêmio também.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • Edward Berger, Lesley Paterson, Ian Stokell (Nada de Novo no Front)
  • Rian Johnson (Glass Onion: Um Mistério Knives Out)
  • Kazuo Ishiguro (Living)
  • Ehren Kruger, Eric Warren Singer, Christopher McQuarrie (Top Gun: Maverick)
  • Sarah Polley (Entre Mulheres)

TOP GUN: MAVERICK ser indicado a Roteiro Adaptado comprova que a disputa estava abaixo da média. Não que o roteiro da sequência estrelada por Tom Cruise seja ruim, mas faz o arroz com feijão, contornando bem os possíveis buracos dos 36 anos de intervalo. Havia a possibilidade de A BALEIA estar aqui, por ser adaptação de uma peça de teatro, mas acabou de fora.

Por não terem indicado nenhuma mulher, SARAH POLLEY ganha certo favoritismo nesta categoria por ENTRE MULHERES. Se o trabalho de direção dela não foi tão elogiado, seu roteiro sempre esteve entre os mais comentados da temporada, e também está indicado a Melhor Filme, por isso, meu voto para vitória vai para POLLEY.

MELHOR FOTOGRAFIA

  • James Friend (Nada de Novo no Front)
  • Darius Khondji (Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades)
  • Mandy Walker (Elvis)
  • Roger Deakins (Império da Luz)
  • Florian Hoffmeister (Tár)

É difícil entender a ausência de CLAUDIO MIRANDA por TOP GUN: MAVERICK, especialmente porque os indicados são escolhidos por vários diretores de fotografia, que certamente entenderam as dificuldades de se filmar essa aventura com aeronaves reais. Miranda já havia ganhado um Oscar por AS AVENTURAS DE PI, que embora considere bonita a fotografia, acho bastante artificial, mas merecia este reconhecimento.

Até o momento, ele era considerado o favorito para ganhar esse Oscar, mas agora com sua ausência, fica difícil de prever quem leva essa estatueta. ROGER DEAKINS seria uma excelente alternativa, mas seu IMPÉRIO DA LUZ foi esnobado em todas as outras categorias, o que enfraquece sua campanha. Se MANDY WALKER vencer por ELVIS, ela se tornará a primeira mulher a ganhar nesta categoria, o que seria um marco histórico fácil de apoiar, mas… por enquanto, fico com a vitória de JAMES FRIEND por NADA DE NOVO NO FRONT.

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • Volker Bertelmann (Nada de Novo no Front)
  • Justin Hurwitz (Babilônia)
  • Carter Burwell (Os Banshees de Inisherin)
  • Son Lux (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
  • John Williams (Os Fabelmans)

Nesta categoria, duas surpresas: VOLKER BERTELMANN por NADA DE NOVO NO FRONT e SON LUX por TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO, mas a briga deve ficar entre JUSTIN HURWITZ por BABILÔNIA, que venceu o Globo de Ouro, CARTER BURWELL por OS BANSHEES DE INISHERIN. Claro que JOHN WILLIAMS pode surpreender por OS FABELMANS por se tratar de um compositor extremamente prestigiado, mas sua trilha não tem o perfil para vencer. Dentre as ausências mais sentidas estão ALEXANDRE DESPLAT por PINÓQUIO, e HILDUR GUÐNADÓTTIR por ENTRE MULHERES.

Mesmo já tendo vencido por LA LA LAND, minha aposta vai para JUSTIN HURWITZ, cuja trilha musical faz uma baita diferença em BABILÔNIA.

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “Applause” (Tell it Like a Woman)
  • “Hold My Hand” (Top Gun: Maverick)
  • “Lift Me Up” (Pantera Negra: Wakanda Para Sempre)
  • “Naatu Naatu” (RRR: Revolta, Rebelião, Revolução)
  • “This is a Life” (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)

Primeiramente, DIANE WARREN. O que dizer dessa compositora que conquistou sua 14ª indicação ao Oscar? Tudo bem que ela ainda não ganhou o Oscar competitivo, mas em 2022, já foi homenageada com o Oscar Honorário, o que tira a pressão pela primeira vitória. Quer que seu filme receba uma indicação ao Oscar? Contrate Diane Warren para escrever uma canção. Entre as ausências, a mais citada certamente é “CIAO PAPA” da animação stop motion PINÓQUIO, enquanto a grande surpresa vai para “‘THIS IS A LIFE”, que considero um pouco estranha, mas combina com TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO.

Após apostar tanto em “HOLD MY HAND” e perder, vou ter que apostar em “NAATU NAATU”. Não apenas essa canção impulsiona o filme indiano, mas como também é a única indicação de RRR. Aliás, se a direção da Academia souber trabalhar bem os números musicais na cerimônia, a audiência pode melhorar bastante com Lady Gaga e Rihanna.

MELHOR MONTAGEM

  • Mikkel E.G. Nielsen (Os Banshees de Inisherin)
  • Jonathan Redmond, Matt Villa (Elvis)
  • Paul Rogers (Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo)
  • Monika Willi (Tár)
  • Eddie Hamilton (Top Gun: Maverick)

Com exceção de ELVIS, considero todas as outras edições muito bem feitas e merecem indicação. Pela fluência narrativa, sem dúvida TOP GUN MAVERICK merece o prêmio, enquanto TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO merece por sua montagem fragmentada que consegue englobar todos os universos sem ser cansativo. Por enquanto, aposto em PAUL ROGERS, o que será um prêmio essencial para o filme de multiverso ganhar MELHOR FILME.

Substituiria facilmente a montagem de ELVIS pela frenética de RRR. Não dá pra entender.

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água
  • Babilônia
  • Elvis
  • Os Fabelmans

Ser indicado ao Oscar por ter reproduzido a casa de infância da família de Spielberg em OS FABELMANS? Não teria sido mais justo se indicassem o design de PANTERA NEGRA: WAKANDA PARA SEMPRE? Por mais que haja uma repetição de Wakanda, existe todo um universo novo aquático de Namor. Poderiam ter indicado o restaurante a ilha de O MENU ou todo o universo de PINÓQUIO também.

AVATAR é um dos grandes candidatos a esse prêmio, principalmente por todo o universo aquático, mas o primeiro filme já levou esse prêmio lá em 2010, o que pode e deve favorecer BABILÔNIA e sua recriação da Hollywood dos anos 1920.

MELHOR FIGURINO

  • Babilônia
  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Elvis
  • Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
  • Sra. Harris Vai à Paris

Embora eu não tenha gostado de A MULHER REI, achava que os figurino de Gersha Phillips mereciam ser reconhecidos aqui, até mesmo porque quando temos chance de ver figurinos da África dos séculos XVIII e XIX? Retiraria a indicação de TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO aqui para abrigar esses figurinos diferentes.

A briga deve ficar entre RUTH CARTER por PANTERA NEGRA e CATHERINE MARTIN por ELVIS. Tenho a impressão de que Martin não sairá de mãos abanando (também está indicada em Design de Produção), e Ruth Carter já levou o mesmo Oscar pelo primeiro PANTERA NEGRA. E agora? Por enquanto, vou de Catherine Martin.

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO

  • Nada de Novo no Front
  • Batman
  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Elvis
  • A Baleia

É estranho ver Ana de Armas se transformando bem em Marilyn Monroe e a equipe de maquiagem não ser indicada, mas BLONDE foi odiado por muita gente, taí as 8 indicações ao Framboesa de Ouro. Melhor para BATMAN, ELVIS e A BALEIA, que disputam esse Oscar. Acredito que a maquiagem que transforma Brendan Fraser num homem bem obeso vai chamar mais a atenção e deve levar essa estatueta.

MELHOR SOM

  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água
  • Batman
  • Elvis
  • Top Gun: Maverick

Retiraria a indicação de figurino de TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO para ser indicado a Som, mas tá bom, não dá pra reclamar de nenhum dos cinco indicados aqui. Poderiam ter indicado BABILÔNIA também que não seria um reconhecimento criticado.

Pra vencer, sem dúvida, o som maravilhoso de TOP GUN: MAVERICK. Impecável.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Nada de Novo no Front
  • Avatar: O Caminho da Água
  • Batman
  • Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
  • Top Gun: Maverick

TOP GUN: MAVERICK poderia ter sido feito com um monte de efeitos de computação gráfica com aviões feitos por computadores, mas graças às exigências de Tom Cruise, tivemos aeronaves reais e isso contribuiu enormemente para o aspecto visual mais orgânico e real do filme. Os efeitos aqui são praticamente imperceptíveis e, como essa é o novo selo de qualidade da Academia nesta categoria, deveria levar o Oscar.

Ainda no campo discreto, NADA DE NOVO NO FRONT também seria uma boa opção para premiar, mas os votantes premiariam efeitos de um filme alemão? Ainda acho difícil.

MELHOR FILME INTERNACIONAL

  • Nada de Novo no Front (Alemanha)
  • Argentina, 1985 (Argentina)
  • Close (Bélgica)
  • EO (Polônia)
  • The Quiet Girl (Irlanda)

Nesta categoria está uma das maiores surpresa desta edição: a ausência de DECISÃO DE PARTIR, da Coreia do Sul. Havia inclusive, boas chances de seu diretor Park Chan-wook ser indicada à Direção, mas tudo foi por água abaixo. Os filmes EO e THE QUIET GIRL cresceram bastante na reta final e foram indicados.

Com 9 indicações, muitos vão apostar na vitória de NADA DE NOVO NO FRONT, mas a competição aqui está acirrada com ARGENTINA, 1985 e CLOSE logo atrás.

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • All that Breathes
  • All theBeauty and the Bloodshed
  • Fire of Love
  • A House Made of Splinters
  • Navalny

Embora bastante popular, o documentário MOONAGE DAYDREAM sobre o saudoso DAVID BOWIE estava entre os favoritos, mas nem sempre isso significa que vá ser indicado. Enquanto isso, A HOUSE MADE OF SPLINTERS conquistou sua vaga ao retratar uma instituição que serve de abrigo para crianças que aguardam decisão judicial sobre sua guarda. Uma pena que O TERRITÓRIO, que fala sobre ataques às reservas indígenas, não tenha sido indicado também.

A briga deve ficar entre ALL THAT BREATHS e ALL THE BEAUTY AND THE BLOODSHED, com ligeira vantagem para o segundo, que levou o Leão de Ouro no último Festival de Veneza. Sua diretora Laura Poitras já ganhou o Oscar por CIDADÃOQUATRO em 2015.

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Pinóquio por Guillermo del Toro
  • Marcel the Shell With Shoes On
  • Gato de Botas: O Último Pedido
  • A Fera do Mar
  • Red: Crescer é uma Fera

Dos cinco indicados, apenas uma vaga estava incerta. A maioria apontava para WENDELL & WILD por ser de Henry Sellick, contar com Jordan Peele, e ainda ser da Netflix, mas a Netflix acabou sendo reconhecida por A FERA DO MAR.

Até agora PINÓQUIO POR GUILLERMO DEL TORO era o grande favorito, e ainda continua, mas como não foi reconhecido nas outras categorias de Trilha Musical, Canção Original, Design de Produção e Efeitos Visuais, seu favoritismo abaixou um pouco, e nisso GATO DE BOTAS 2: O ÚLTIMO PEDIDO tem crescido no gosto popular.

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • The Boy, the Mole, the Fox, and the Horse
  • The Flying Sailor
  • Ice Merchants
  • My Year of Dicks
  • An Ostrich Told Me the World is Fake and I Think O Believe It

Não vi nenhum ainda, mas chama a atenção o nome dos curtas de animação que, inclusive, fizeram Riz Ahmed e Allison Williams rirem no anúncio. Sem nenhum curta da Disney ou Pixar no páreo, as chances devem ser mais igualitárias, mas The Boy, the Mole, the Fox, and the Horse sai com uma ligeira vantagem por contar com a grana da Apple.

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • Como Cuidar de um Bebê Elefante
  • Haulout
  • How Do You Measure a Year
  • The Matha Mitchell Effect
  • Stranger at the Gate

Nos últimos anos, a Netflix tem dominado as categorias de curta, portanto, nada mais natural considerar COMO CUIDAR UM BEBÊ ELEFANTE como o favorito da categoria. Além disso, a Academia tem adorado premiar filmes sobre natureza como o recente O PROFESSOR POLVO.

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • An Irish Goodbye
  • Ivalu
  • Le Pupille
  • Night Ride
  • The Red Suitcase

Uma pena que o curta brasileiro SIDERAL não terminou entre os indicados, mas não deve ter sido fácil competir com diretores renomados Alfonso Cuarón e Alice Roahwacher, cujo LE PUPILLE deve levar o Oscar.

OSCAR SHORTLISTS: ‘NADA DE NOVO NO FRONT’ SE DESTACA e ‘MARTE UM’ FICA de FORA da DISPUTA

CONTUDO, CURTA E DOCUMENTÁRIO BRASILEIROS CONTINUAM NA BRIGA

Nesta quarta-feira (21), foram divulgadas as pré-listas do Oscar 2023 em 10 categorias: Filme Internacional, Trilha Original, Canção Original, Maquiagem e Penteado, Som, Efeitos Visuais, Documentário, Documentário-Curta, Curta-Metragem e Curta de Animação.

Havia uma expectativa, mesmo que baixa, do filme brasileiro MARTE UM estar entre os 15 filmes, mas acredito que o processo seletivo junto à Academia Brasileira de Cinema precisa ser mais rápido e eficiente. Não basta selecionar o filme numa votação antecipada, mas é preciso selecionar filmes que já estão com uma distribuição garantida nos EUA e com data de lançamento marcada, senão o representante brasileiro pode ser votado com chances baixas.

Pelo menos, o Brasil está representado em duas categorias. Embora MARTE UM, que fala sobre o sonho de um menino brasileiro ser astronauta, não ter avançado, o curta-metragem SIDERAL, de Carlos Segundo, também tem uma família acompanhando o lançamento de um foguete tripulado em Natal. Além de passagens pelos festivais de Berlim e Cannes, o curta ganhou um prêmio no festival de curtas internacionais Clermont-Ferrant, considerado essencial na briga pelo Oscar.

Já na categoria de Melhor Documentário, O TERRITÓRIO, co-produzido com os EUA e a Dinamarca, narra a luta de um jovem indígena e seu mentor para proteger suas terras na Amazônia contra um grupo de fazendeiros. Seu diretor, Alex Pritz, é americano, e ele conta com um nome importante como produtor: o diretor Darren Aronofsky. Existem boas chances de ser indicado ao Oscar, já que foi indicado ao Gotham Awards, PGA e no festival de Sundance.

Dentre os 15 filmes internacionais, a grande maioria já era prevista pelas premiações que já aconteceram até agora. O alemão NADA DE NOVO NO FRONT, o sul-coreano DECISÃO DE PARTIR, o francês SAINT OMER, o argentino ARGENTINA, 1985 e o polonês EO apenas confirmaram o que todos já esperavam (aliás, essas são nossas 5 apostas para serem os indicados da categoria), mas houve algumas surpresas como o filme marroquino THE BLUE CAFTAN, e o indiano LAST FILM SHOW. Como o comitê da Índia não selecionou o filme indiano de maior evidência na temporada, RRR: REVOLTA, REBELIÃO, REVOLUÇÃO (disponível na Netflix), poucos esperavam que seu substituto chegaria longe.

Neste anúncio das pré-listas, talvez a surpresa mais bacana tenha sido de CRIMES DO FUTURO na categoria de MAQUIAGEM E PENTEADO, já que apresenta corpos transformados e em mutação, com orelhas costuradas no rosto, por exemplo. Provavelmente não estará entre os 5 finalistas, mas já nos remete aos tempos áureos em que um filme de David Cronenberg estaria no Oscar como quando ganhou Melhor Maquiagem por A MOSCA. Ainda na mesma categoria, é estranha a ausência de TUDO EM TODO LUGAR AO MESMO TEMPO aqui, já que há inúmeras transformações dos personagens ao longo da trama.

Aliás, uma das ausências mais marcantes é a do filmes dos Daniels na categoria de Efeitos Visuais. Por serem inventivos, os efeitos sequer estarem na pré-lista foi algo inesperado. Por outro lado, se NADA DE NOVO NO FRONT for indicado nesta categoria, será a primeira vez na história que um filme em língua estrangeira a ser indicado. Falando nele, o filme de guerra foi o grande destaque desse anúncio, marcando presença em 5 categorias, o que nos faz pensar que terá ótimas chances de conseguir uma das 10 vagas na categoria de Melhor Filme. Outra ausência bastante criticada foi da trilha de Michael Giacchino em BATMAN.

Pra fechar, na categoria de Documentário, as ausências mais sentidas são de BOA NOITE OPPY (sobre o robô que explora Marte há 15 anos) e SR. (sobre a carreira do cineasta Robert Downey Sr., pai do intérprete de Tony Stark).

Confira as pré-listas abaixo. Destacamos em negrito os filmes que devem ser indicados.

Documentário

Dos 144 filmes elegíveis, seguem os 15 filmes que avançarão na disputa, em ordem alfabética:

All That Breathes
All the Beauty and the Bloodshed
Bad Axe
Children of the Mist
Descendant
Fire of Love
Hallelujah: Leonard Cohen, a Journey, a Song
Hidden Letters
A House Made of Splinters
The Janes
Last Flight Home
Moonage Daydream
Navalny
Retrograde
The Territory

Documentário-curta

Dos 98 filmes elegíveis, seguem os 15 filmes que avançarão na disputa, em ordem alfabética:


American Justice on Trial: People v. Newton
Anastasia
Angola Do You Hear Us? Voices from a Plantation Prison
As Far as They Can Run
The Elephant Whisperers
The Flagmakers
Happiness Is £4 Million
Haulout
Holding Moses
How Do You Measure a Year?
The Martha Mitchell Effect
Nuisance Bear
Shut Up and Paint
Stranger at the Gate
38 at the Garden

Filme Internacional

Dos 92 filmes elegíveis, seguem os 15 filmes que avançarão na disputa, em ordem alfabética. Para votar nesta categoria, o membro da Academia precisa assistir a um número mínimo de filmes. Este número não é divulgado, mas acredito que seja pelo menos 1/3 ou no caso, cerca de 30 filmes.

Argentina, Argentina, 1985
Áustria, Corsage
Bélgica, Close
Camboja, Return to Seoul
Dinmarca, Holy Spider
França, Saint Omer
Alemanha, Nada de Novo no Front
Índia, Last Film Show
Irlanda, The Quiet Girl
México, Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades
Marrocos, The Blue Caftan
Paquistão, Joyland
Polônia, EO
Coreia do Sul, Decisão de Partir
Suécia, Cairo Conspiracy

Maquiagem e Penteado

Seguem os 10 filmes pré-selecionados em ordem alfabética:

Nada de Novo no Front
Amsterdam
Babilônia
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Blonde

Crimes do Futuro
Elvis
Emancipation
The Whale

Trilha Original

Das 147 trilhas elegíveis, seguem as 15 pré-selecionadas em ordem alafabética:

Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Babilônia
Os Banshees of Inisherin
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Irmãos de Honra
Não se Preocupe, Querida
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Os Fabelmans
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
Pinóquio
Não! Não Olhe
Ela Disse
A Mulher Rei
Women Talking

Canção Original

Das 81 canções elegíveis, seguem as 15 pré-selecionadas em ordem alfabética:

“Time” de Amsterdam
“Nothing Is Lost (You Give Me Strength)” de Avatar: O Caminho da Água
“Lift Me Up” de Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
“This Is A Life” de Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
“Ciao Papa” de Pinóquio
“Til You’re Home” de O Pior Vizinho do Mundo
“Naatu Naatu” de RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
“My Mind & Me” de Selena Gomez: My Mind & Me
“Good Afternoon” de Spirited: Um Conto Natalino
“Applause” de Tell It like a Woman
“Stand Up” de Till
“Hold My Hand” de Top Gun: Maverick
“Dust & Ash” de The Voice of Dust and Ash
“Carolina” de Um Lugar Bem Longe Daqui
“New Body Rhumba” de Ruído Branco

Curta de Animação

Dos 81 filmes elegíveis, seguem os 15 curtas em ordem alfabética:

Black Slide
The Boy, the Mole, the Fox and the Horse
The Debutante
The Flying Sailor
The Garbage Man
Ice Merchants
It’s Nice in Here
More than I Want to Remember
My Year of Dicks
New Moon
An Ostrich Told Me the World Is Fake and I Think I Believe It
Passenger
Save Ralph
Sierra
Steakhouse

Curta-Metragem Live Action

Dos 200 curtas elegíveis, seguem os 15 em ordem alfabética:

All in Favor
Almost Home
An Irish Goodbye
Ivalu
Le Pupille
The Lone Wolf
Nakam
Night Ride
Plastic Killer
The Red Suitcase
The Right Words
Sideral
The Treatment
Tula
Warsha

Som

Seguem os 10 filmes pré-selecionados em ordem alfabética:

Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Babilônia
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Elvis
Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo
Pinóquio
Moonage Daydream
Top Gun: Maverick

Efeitos Visuais

Seguem os 10 filmes pré-selecionados em ordem alfabética:

Nada de Novo no Front
Avatar: O Caminho da Água
Batman
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
Doutor Estranho no Multiverso da Loucura
Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
Jurassic World Domínio
Não! Não Olhe
Treze Vidas
Top Gun: Maverick

‘ATAQUE DOS CÃES’ LIDERA INDICAÇÕES ao OSCAR REPLETO de SURPRESAS

PELA PRIMEIRA VEZ, FILME DA NETFLIX É O RECORDISTA DE INDICAÇÕES DE UMA EDIÇÃO

Há poucos anos atrás, a reclamação mais recorrente em relação ao Oscar era a previsibilidade, principalmente nas categorias principais e de atuação. Em 2020, os quatro atores que ganharam o Oscar: Joaquin Phoenix, Renée Zellweger, Brad Pitt e Laura Dern levaram todos os prêmios de destaque da temporada, impossibilitando qualquer tipo de surpresa para a cerimônia. Este ano, parece que a Academia tomou as devidas providências, reconheceu profissionais que não estavam necessariamente bem cotados, e o resultado foi uma lista de surpresas e ausências.

Dentre as surpresas, as duas maiores foram na categoria de Melhor Atriz: Lady Gaga, que estava praticamente garantida após as indicações ao SAG e BAFTA, foi esnobada por Casa Gucci, para a entrada da quase esquecida Kristen Stewart por Spencer. Ao contrário de Gaga, Stewart passou longe dos prêmios anteriores e perdeu o Globo de Ouro para Nicole Kidman. Existem chances de Stewart levar o Oscar? Improvável, mas não impossível. Basta lembrarmos de casos recentes porém raros semelhantes ao dela como Marcia Gay Harden por Pollock.

Ainda em Melhor Atriz, Penélope Cruz entrou na reta final por Mães Paralelas, comprovando o alto prestígio que Pedro Almodóvar tem junto à Academia. Esta é a quarta indicação dela, e a segunda sob a direção do diretor espanhol. Havia a possibilidade da norueguesa Renate Reinsve conseguir o mesmo feito por A Pior Pessoa do Mundo, mas acho que a cota para estrangeiras parou com Cruz, que aliás foi indicada na mesma edição com seu marido, Javier Bardem, que foi indicado por Apresentando os Ricardos. Honestamente, não considero uma atuação digna de Oscar (seria mais uma questão de carisma), mas é sempre bom ter Bardem lembrado. Na mesma toada, J.K. Simmons é um ótimo ator, mas uma indicação por esta performance parece um pouco exagerada. Na categoria de Coadjuvante, acreditava que não apenas Bradley Cooper seria indicado por Licorice Pizza, mas também ganharia… principalmente sem Alana Haim no páreo.

Falando em casais indicados, outro reconhecido neste ano foi Jesse Plemons e Kirsten Dunst, que inclusive formam um casal em Ataque dos Cães. É a primeira vez que ambos são indicados ao Oscar, mas ambos têm poucas chances de vitória. Ele por dividir votos com Kodi Smit-McPhee, e ela por estar distante do favoritismo de Ariana DeBose como Coadjuvante. Aliás, muito me surpreendeu a ausência de Caitriona Balfe por Belfast, já que ela vinha sendo lembrada em todos os prêmios da temporada. Embora não tenha muitas cenas memoráveis, Balfe está bem no filme de Branagh, mas ela cedeu sua vaga para sua colega de filme, Judi Dench, que tem menos cenas ainda, mas foi lembrada por seu prestígio. É a 8ª indicação da atriz britânica.

Talvez a maior surpresa (mesmo que esperada) tenha sido a indicação de Melhor Filme para um filme japonês de 3 horas de duração: Drive My Car. A adaptação de Haruki Murakami ganhou inúmeros prêmios na temporada, inclusive Melhor Filme nos grupos de críticos de Los Angeles e Nova York, mas mesmo assim, havia dúvidas se os membros da Academia abraçariam um longa estrangeiro tão sutil. Considero a indicação de Direção para Ryûsuke Hamaguchi fenomenal, pois comprova que a categoria de Diretor tem se firmado cada vez mais como uma disputa que preza a ousadia (ao contrário do conservadorismo frequente de Melhor Filme). E nesse quesito, segundo a Academia, faltou ousadia para Denis Villeneuve por sua primeira parte de Duna.

Em termos históricos, vale destacar a tripla indicação inédita de Melhor Filme Internacional, Longa de Animação e Documentário para o dinamarquês Flee (Fuga). É uma pena que esse tipo de situação costuma desfavorecer o filme, que perde votos por se dividirem. Merecia ganhar como Longa de Animação no lugar de algum filme mais batido da Disney ou Pixar, mas por mais que não ganhe nada, merece ser visto e admirado. E claro, vale lembrar aqui a 1ª indicação para o Butão na categoria de Filme Internacional. Lunana: A Yak in the Classroom é aquela típica produção milagrosa que rendeu um filme apesar do baixíssimo orçamento e condições precárias. Deve perder a estatueta para o japonês Drive My Car, mas espero que atraia maiores investimentos para o cinema de lá.

Sobre a categoria de Canção Original, fiquei desapontado por não terem indicado a canção “Beyond the Shore” de No Ritmo do Coração. Além de uma canção bonita, é cantada pela própria atriz Emilia Jones, e tem muito a ver com a história da filha de pais surdos-mudos. Eu amo a compositora Diane Warren, que passa a acumular 13 indicações sem vitória agora, mas essa indicação da canção “Somehow You Do” parece destinada a perder mais uma vez. Apesar da presença icônica de Beyoncé na categoria pela canção de King Richard, acredito em mais uma vitória de uma canção da franquia 007, ainda mais aproveitando a fama global de Billie Eilish.

Tem outras coisas que vale citar aqui referente a Casa Gucci como a exclusão do filme na categoria de Figurino (parecia ser uma indicação mais do que garantida por se tratar de um filme envolvendo moda) e de Jared Leto como Ator Coadjuvante, que aliás foi indicado para o Framboesa de Ouro como Pior Coadjuvante por uma performance carregada pela maquiagem exagerada. Outra ausência bastante comemorada por cinéfilos foi a de Aaron Sorkin (Apresentando os Ricardos) nas categorias de Filme e Roteiro Original. O roteiro de Sorkin consegue ser mais politicamente correto e quadrado do que seu anterior Os 7 de Chicago, e a Academia fez bem em esnobá-lo, senão o homem começa a achar que tudo que ele faz é genial. E o mais legal de Sorkin fora é que ele cedeu lugar para um roteiro filosófico, divertido e despojado: o roteiro do filme norueguês A Pior Pessoa do Mundo, que é lembra as comédias românticas de Truffaut e até Godard.

Ah! Temos a 2ª diretora de fotografia mulher indicada ao Oscar de Melhor Fotografia! Depois de Rachel Morrison ter aberto as portas em 2018 com Mudbound, a australiana Ari Wegner é reconhecida por Ataque dos Cães, muito embora também merecesse pelo independente Zola. Falando em marcas históricas, a diretora Jane Campion se tornou a 1ª diretora a ser indicada duas vezes ao Oscar de Direção. Pra quem não se lembra, ela foi indicada em 1994 por O Piano, e perdeu para Steven Spielberg por A Lista de Schindler. Aliás, Spielberg atinge uma marca impressionante por ter sido o único diretor indicado em todas as últimas décadas desde os anos 70 pra cá. Coincidentemente, parece que Campion deve retribuir a derrota justamente contra Spielberg este ano.

E sobre a liderança de Ataque dos Cães com 12 indicações, é preciso ressaltar o belo trabalho que a Netflix vem fazendo nos últimos anos. Tem investido massivamente em produções de pedigree com diretores-autores, mas sempre tem batido na trave na hora de ganhar o Oscar de Melhor Filme como foi com Roma, O Irlandês e Mank. Será que finalmente chegou a vez da plataforma de streaming se consagrar? Aproveitando, seguem os números dos filmes no Oscar 2022:

12 (Ataque dos Cães); 10 (Duna); 7 (Belfast) (Amor, Sublime Amor); 6 (King Richard); 4 (Drive My Car/ Não Olhe Para Cima/ O Beco do Pesadelo); 3 (Licorice Pizza/ No Ritmo do Coração/ A Tragédia de Macbeth/ Apresentando os Ricardos/ A Filha Perdida/ Encanto/ Flee/ 007 Sem Tempo Para Morrer).

Confira todos os indicados ao Oscar 2022:

MELHOR FILME

  • Belfast (Belfast)
  • No Ritmo do Coração (CODA)
  • Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
  • Drive My Car
  • Duna (Dune)
  • King Richard: Criando Campeãs (King Richard)
  • Licorice Pizza (Licorice Pizza)
  • O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)
  • Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
  • Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR DIREÇÃO

  • Kenneth Branagh (Belfast)
  • Ryûsuke Hamaguchi (Drive My Car)
  • Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
  • Jane Campion (Ataque dos Cães)
  • Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR

  • Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)
  • Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
  • Andrew Garfield (Tick, Tick… Boom!)
  • Will Smith (King Richard)
  • Denzel Washington (A Tragédia de MacBeth)

MELHOR ATRIZ

  • Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
  • Olivia Colman (A Filha Perdida)
  • Kristen Stewart (Spencer)
  • Penélope Cruz (Madres Paralelas)
  • Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Ciarán Hinds (Belfast)
  • Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
  • Jesse Plemons (Ataque dos Cães)
  • J.K. Simmons (Apresentando os Ricardos)
  • Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Jessie Buckley (A Filha Perdida)
  • Ariana Debose (Amor, Sublime Amor)
  • Judi Dench (Belfast)
  • Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
  • Aunjanue Ellis (King Richard)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Belfast
  • Não Olhe para Cima
  • King Richard
  • Licorice Pizza
  • A Pior Pessoa do Mundo

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • No Ritmo do Coração
  • Drive My Car
  • Duna
  • A Filha Perdida
  • Ataque dos Cães

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Greig Fraser (Duna)
  • Dan Lautsen (O Beco do Pesadelo)
  • Ari Wegner (Ataque dos Cães)
  • Bruno Delbonnel (A Tragédia de Macbeth)
  • Janusz Kominski (Amor, Sublime Amor)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • Não Olhe para Cima
  • Duna
  • Encanto
  • Madres Paralelas
  • Ataque dos Cães

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “Be Alive” (King Richard)
  • “Dos Oruguitas” (Encanto)
  • “Down To Joy” (Belfast)
  • “No Time To Die” (007 – Sem Tempo para Morrer)
  • “Somehow You Do” (Four Good Days)

MELHOR MONTAGEM

  • Não Olhe para Cima
  • Duna
  • King Richard
  • Ataque dos Cães
  • Tick, Tick… Boom!

MELHOR FIGURINO

  • Cruella
  • Cyrano
  • Duna
  • O Beco do Pesadelo
  • Amor, Sublime Amor

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO

  • Um Príncipe em Nova York 2
  • Cruella
  • Duna
  • Os Olhos de Tammy Faye
  • Casa Gucci

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

  • Duna
  • Ataque dos Cães
  • O Beco do Pesadelo
  • A Tragédia de MacBeth
  • Amor, Sublime Amor

MELHOR SOM

  • Belfast
  • Duna
  • 007 – Sem Tempo para Morrer
  • Ataque dos Cães
  • Amor, Sublime Amor

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Duna
  • Free Guy: Assumindo o Controle
  • 007 – Sem Tempo para Morrer
  • Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
  • Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

MELHOR FILME INTERNACIONAL

  • Drive My Car (Japão)
  • Flee (Dinamarca)
  • A Mão de Deus (Itália)
  • Lunana (Butão)
  • A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • Ascension
  • Attica
  • Flee
  • Summer of Soul
  • Writing with Fire

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • Audible
  • Lead Me Home
  • The Queen of Basketball
  • Three Songs for Ben Azir
  • When We Were Bullies

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Encanto
  • Luca
  • Flee
  • A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
  • Raya e o Último Dragão

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • Affairs of the Art
  • Bestia
  • Robin Robin
  • Boxballet
  • The Windshield Wiper

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • Ala Kachuu – Take and Run
  • The Dress
  • The Long Goodbye
  • On My Mind
  • Please Hold

ACADEMIA DIVULGA PRÉ-LISTAS SEM ‘TITANE’ e ‘DESERTO PARTICULAR’

PELA PRIMEIRA VEZ, PRÉ-LISTA SE ESTENDE À CATEGORIA DE MELHOR SOM

Nest terça-feira (21/12), a Academia divulgou as pré-listas de dez categorias. Foram 15 pré-selecionados para Melhor Documentário, Filme Internacional, Trilha Musical Original e Canção Original, enquanto foram 10 nas categorias de Maquiagem e Penteado, Efeitos Visuais, Som, Documentário-Curta, Curta-Metragem e Curta de Animação. Apenas os filmes dessas listas poderão seguir adiante na disputa pelas 5 indicações nessas categorias, que serão divulgadas apenas no dia 08 de Fevereiro.

Embora torcida não falte, o representante brasileiro, Deserto Particular, de Aly Muritiba, não avançou na disputa por uma das 5 cobiçadas vagas da categoria Filme Internacional. O Brasil permanece estacionado em 1999, quando Central do Brasil foi indicado, e em 2007, quando O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias chegou na pré-lista. Havia uma expectativa razoável do Cinema Brasileiro voltar ao tapete vermelho caso 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto, tivesse sido selecionado pelo comitê da Academia Brasileira de Cinema, pois o filme já contava com o aporte da Netflix e dos produtores indicados ao Oscar, Fernando Meirelles e Ramin Bahrani, mas agora jamais saberemos como seria. O jeito é continuar apoiando o cinema nacional em tempos difíceis e torcer para que esse comitê selecione com maior preparo, antecipação e embasamento, e não apenas por gostos pessoais.

Se não houve espaço para o Brasil em Filme Internacional, sobrou uma vaguinha para Curta-Metragem para o filme Seiva Bruta, de Gustavo Milan, ou Under the Heavens como ficou conhecido internacionalmente. A história acompanha uma jovem venezuelana que ajuda um casal em dificuldades amamentando a filha deles após imigrar ao Brasil. Se não me engano, o último curta brasileiro indicado ao Oscar foi em 2001 com Uma História de Futebol, de Paulo Machline.

Abaixo, seguem as pré-listas das dez categorias e um breve panorama e comentário.

DOCUMENTÁRIO

  • “Ascension” (MTV Documentary Films) – dir. Jessica Kingdon
  • “Attica” (Showtime) – dir. Stanley Nelson
  • “Billie Eilish: The World’s a Little Blurry” (Apple Original Films) – dir. RJ Cutler
  • “Faya Dayi” (Janus Films) – dir. Jessica Beshir
  • “The First Wave” (National Geographic) – dir. Matthew Heineman
  • “Flee” (Neon) – dir. Jonas Poher Rasmussen
  • “In the Same Breath” (HBO Documentary Films) – dir. Nanfu Wang
  • “Julia” (Sony Pictures Classics) – dir. Julie Cohen, Betsy West
  • “President” (Greenwich Entertainment) – dir. Camilla Nielsson
  • “Procession” (Netflix) – dir. Robert Greene
  • “The Rescue” (National Geographic) – dir. Jimmy Chin, Elizabeth Chai Vasarhelyi
  • “Simple as Water” (HBO Documentary Films) – dir. Megan Mylan
  • “Summer of Soul (…Ou, Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada)” (Searchlight Pictures) – dir. Quest Love
  • “The Velvet Underground” (Apple Original Films) – dir. Todd Haynes
  • “Writing with Fire” (Music Box Films) – dir. Rintu Thomas

Houve um redução considerável do número de documentários inscritos este ano se compararmos ao ano de 2020: de 238 para 138, mas ainda assim há bons documentários que merecem estar no Oscar. O primeiro destaque fica por conta do dinamarquês Flee, que se tornou o primeiro exemplar de filme elegível nas categorias de Documentário, Filme Internacional e Longa de Animação, e é bem possível que possa ser triplamente indicado.

Até o momento, um dos documentários mais bem comentados e elogiados foi Summer of Soul, dirigido pelo DJ Questlove, o mesmo que proveu música para a última cerimônia do Oscar. Ele recupera imagens sagradas de um festival de música e cultura afro no Harlem em 1969, e em tempos pós-Black Lives Matter, está com a passagem praticamente garantida para o Dolby Theater.

Procession, que acompanha um grupo de vítimas de abuso sexual de padres católicos, recentemente foi indicado ao Independent Spirit e ficou em 2º lugar na seleção do LAFCA. E existem as possibilidades da diretora chinesa Nanfu Wang, que foi esnobada pelo ótimo One Child Nation, ser indicada por In the Same Breath, que disseca a ligação da pandemia de Wuhan com o Partido Comunista Chinês; e do aclamado Todd Haynes, diretor de Longe do Paraíso e Carol, ser indicado pelo documentário The Velvet Underground, sobre uma das bandas de rock mais influentes de seu tempo.

FILME INTERNACIONAL

  • “Great Freedom” (Áustria) – dir. Sebastian Meise
  • “Playground” (Bélgica) – dir. Laura Wandel
  • “Lunana: A Yak in the Classroom” (Butão) – dir. Pawo Choyning Dorji
  • “Flee” (Dinamarca) – dir. Jonas Poher Rasmussen
  • “Compartment No. 6” (Finlândia) – dir. Juho Kuosmanen
  • “O Homem Ideal” (Alemanha) – dir. Maria Schrader
  • “Lamb” (Islândia) – dir. Valdimar Jóhannsson
  • “A Hero” (Irã) – dir. Asghar Farhadi
  • “A Mão de Deus” (Itália) – dir. Paolo Sorrentino
  • “Drive My Car” (Japão) – dir. Ryusuke Hamaguchi
  • “Hive” (Kosovo) – dir. Blerta Basholli
  • “Prayers for the Stolen” (México) – dir. Tatiana Huezo
  • “The Worst Person in the World” (Noruega) – dir. Joachim Trier
  • “Plaza Catedral” (Panamá) – dir. Abner Benaim
  • “The Good Boss” (Espanha) – dir. Fernando León de Aranoa

Como no ano anterior, foram 93 filmes inscritos. Desde a última temporada, devido à pandemia, o comitê especial que elegia três dos nove filmes pré-listado foi suspenso, mas por outro lado, os pré-selecionados passaram de nove para quinze filmes. Claro que isso é ótimo para esses filmes, pois podem trabalhar com mais tempo em suas campanhas em solo americano, mas existem chances bem maiores de filmes premiados e aclamados serem esnobados como foi o caso do francês Titane, de Julia Ducournau, que se tornou a segunda mulher a vencer a Palma de Ouro em Cannes. Apesar do prêmio, e do suporte da distribuidora NEON, o filme possui uma característica bastante divisiva (como era dos filmes do início da carreira de David Cronenberg como Crash – Estranhos Prazeres) que acaba prejudicando a média na hora da votação.

Dentre os filmes que praticamente estão dentre da lista final estão o japonês Drive My Car, o iraniano A Hero, o norueguês The Worst Person in the World (também da NEON) que, curiosamente, foram todos premiados no Festival de Cannes. Sob essa perspectiva, o finlandês Compartment No. 6 também estaria garantido, ainda mais por poder contar com a boa campanha da Sony Pictures Classics, que não pôde fazer campanha para o espanhol Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar, pois foi preterido pelo comitê espanhol por The Good Boss, que também está nesta pré-lista.

Para a última vaga, poderíamos apostar as fichas no dinamarquês Flee, mas sendo elegível também nas categorias de Longa de Animação e Documentário, os votos podem se dividir e prejudicá-lo. O italiano A Mão de Deus conta com o prestígio do vencedor do Oscar Paolo Sorrentino e do apoio da Netflix, mas a crítica tem sido bem conturbada, inclusive com frases do tipo “ele pensa que é Fellini”. E existem chances da Academia surpreender como tem feito nos últimos anos e indicar fora da lista dos previsíveis e indicar o austríaco Great Freedom ou o mexicano Prayers for the Stolen, mas não acredito que vá nos inéditos da pré-lista como o filme do Butão, Lunana: A Yak in the Classroom, do Panamá, Plaza Catedral, ou de Kosovo, Hive.

Só para citar alguns excluídos da lista além do Brasil, destaco o colombiano Memoria, de Apichatpong Weerashetakul (estrelado por Tilda Swinton) e o russo Unclenching the Fists, de Kira Kovalenko.

MAQUIAGEM E PENTEADO

  • “Um Príncipe em Nova York 2” (Amazon Studios)
  • “Cruella” (Walt Disney Pictures)
  • “Cyrano” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Os Olhos de Tammy Faye” (Searchlight Pictures)
  • “Casa Gucci” (MGM/United Artists Releasing)
  • “O Beco do Pesadelo” (Searchlight Pictures)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “O Esquadrão Suicida” (Warner Bros)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

Dentre os dez da lista, aquela transformação bisonha de Jared Leto em Casa Gucci chama bastante atenção. Se fosse alguns anos atrás, diríamos sem pestanejar que seria indicado e que ganharia, mas os tempos mudaram e a maquiagem tem sido um pouco como trilha musical, pois quanto mais sutil, melhor para a Academia. De qualquer forma, acreditamos que entra na lista final, porque Leto estampa os pôsteres e fica marcado. O mesmo pode ser dito para Os Olhos de Tammy Faye, já que Jessica Chastain nitidamente se transforma na personagem com o auxílio da maquiagem e penteado.

Duna deve estar entre os indicados e tem as melhores chances de ganhar a estatueta por se tratar da recriação de um universo renomado. Por causa dos penteados de Emma Stone, Cruella tem chances de aparecer na lista final, contando com o aporte da Disney. Já a última vaga poderia ficar entre Cyrano e Amor, Sublime Amor.

Apesar da qualidade da maquiagem transformativa de Um Príncipe em Nova York 2 ser notável, o filme foi muito mal recebido e, se o filme original não ganhou o Oscar em 1989, não é o segundo que vai. Destaque para os três filmes da MGM nessa lista: Casa Gucci, Cyrano e 007 Sem Tempo Para Morrer. Dentre os ausentes mais sentidos estão Apresentando os Ricardos e o mundo colorido de Wes Anderson em A Crônica Francesa.

TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • “Apresentando os Ricardos” (Amazon Studios) – Daniel Pemberton
  • “A Lenda de Candyman” (Universal Pictures) – Robert Aiki Aubrey Lowe
  • “Não Olhe Para Cima” (Netflix) – Nicholas Britell
  • “Duna” (Warner Bros) – Hans Zimmer
  • “Encanto” (Walt Disney Pictures) – Germaine Franco
  • “A Crônica Francesa” (Searchlight Pictures) – Alexandre Desplat
  • “O Cavaleiro Verde” (A24) – Daniel Hart
  • “Vingança e Castigo” (Netflix) – Jeymes Samuel
  • “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros) – Kris Bowers
  • “O Último Duelo” (20th Century Studios) – Harry Gregson-Williams
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing) – Hans Zimmer
  • “Madres Paralelas” (Sony Pictures Classics) – Alberto Iglesias
  • “Ataque dos Cães” (Netflix) – Jonny Greenwood
  • “Spencer” (Neon/Topic Studios) – Jonny Greenwood
  • “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24) – Carter Burwell

Primeiro, gostaríamos de ressaltar a inclusão da trilha de A Lenda de Candyman, de Robert Aiki Aubrey Lowe. Como é tão raro filmes de terror no Oscar, não poderíamos deixar de valorizar. Claro que não podemos nos iludir, pois a Academia adora dar o doce e depois tirá-lo, como foi o caso do ano passado com a inclusão da trilha de O Homem Invisível, que na hora das indicações, foi totalmente esnobado.

Pelas estatísticas, é importante destacar Germaine Franco como a única mulher na lista por Encanto (ela foi indicada ao Globo de Ouro), e Robert Aiki Aubrey Lowe se junta a Kris Bowers (aquele compositor do documentário-curta indicado este ano A Concerto is a Conversation) por King Richard: Criando Campeãs, e Jeymes Samuel por Vingança & Castigo como os três compositores negros da lista.

Dito isso, dois compositores têm a chance de serem duplamente indicados: Hans Zimmer por Duna e 007 Sem Tempo Para Morrer (provavelmente será indicado pelo primeiro) e Jonny Greenwood por Ataque dos Cães e Spencer (também com maiores chances de ser indicado pelo primeiro). Além deles, por enquanto apostamos em indicações para Alberto Iglesias (Madres Paralelas), Germaine Franco (Encanto) e Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima).

CANÇÃO ORIGINAL

  • “So May We Start?” de “Annette” (Amazon Studios) por Ron Mael, Russell Mael (Sparks)
  • “Down To Joy” de “Belfast” (Focus Features) por Van Morrison
  • “Right Where I Belong” de “Brian Wilson: Long Promised Road” (Screen Media Films) por Brian Wilson, Jim James
  • “Automatic Woman” de “Bruised” (Netflix) por H.E.R. (outros compositores a serem determinados)
  • “Dream Girl” de “Cinderela” (Amazon Studios) por Idina Menzel, Laura Veltz
  • “Beyond The Shore” de “No Ritmo do Coração” (Apple Original Films) por Nicholai Baxter, Matt Dahan, Sian Heder, Marius de Vries
  • “The Anonymous Ones” de “Querido Evan Hansen” (Universal Pictures) por Benj Pasek, Justin Paul, Amandla Stenberg
  • “Just Look Up” de “Não Olhe Para Cima” (Netflix) por Nicholas Britell, Ariana Grande, Scott Mescudi, Tara Stinson
  • “Dos Oruguitas” de “Encanto” (Walt Disney Pictures) por Lin-Manuel Miranda
  • “Somehow You Do” de “Four Good Days” (Vertical Entertainment) por Diane Warren
  • “Guns Go Bang” de “Vingança e Castigo” (Netflix) por Jeymes Samuel, Scott Mescudi, Shawn Carter
  • “Be Alive” de “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros) por Beyoncé Knowles-Carter, Dixson
  • “No Time To Die” de “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing) por Billie Eilish, Finneas O’Connell
  • “Here I Am (Singing My Way Home)” de “Respect: A História de Aretha Franklin” (MGM/United Artists Releasing) por Jamie Alexander Hartman, Jennifer Hudson, Carole King
  • “Your Song Saved My Life” de “Sing 2” (Illumination/Universal Pictures) por Bono, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen, Jr.

A maior publicidade desta pré-lista é a possibilidade de marido e mulher serem indicados e competirem entre si pela primeira vez na história da Academia. Sim, Jay-Z (por Vingança & Castigo) disputa uma indicação com sua esposa Beyoncé (por King Richard: Criando Campeãs). As celebridades musicais não param por aí. Ariana Grande (Não Olhe Para Cima), Billie Eilish (007 Sem Tempo Para Morrer), e Van Morrison (Belfast) podem chegar ao tapete vermelho.

Nossa querida Diane Warren novamente aparece na lista com a canção “Somehow You Do’ do drama Four Good Days, estrelado por Glenn Close e Mila Kunis. Será que ela consegue sua 13ª indicação? E o Oscar finalmente vai pra ela? Pro azar dela, a vencedora deste ano que ganhou dela, H.E.R., está de volta com o filme da Netflix Ferida, estrelado e dirigido por Halle Berry. Por enquanto, acreditamos que o Oscar fica entre Beyoncé e Billie Eilish.

EFEITOS VISUAIS

  • “Viúva Negra” (Marvel Studios)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Eternos” (Marvel Studios)
  • “Free Guy: Assumindo o Controle” (20th Century Studios)
  • “Ghostbusters: Mais Além” (Sony Pictures)
  • “Godzilla vs. Kong” (Warner Bros)
  • “Matrix Resurrections” (Warner Bros)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” (Marvel Studios)
  • “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” (Sony Pictures)

Quatro filmes da Marvel Studios estão na lista: Viúva Negra, Eternos, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e o recém-lançado Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Particularmente achamos bem sofríveis os efeitos do dragão na parte final de Shang-Chi, mas pelo visto o lobby fala mais alto. Duna e Eternos são apostas mais seguras, enquanto Free Guy: Assumindo o Controle está quase lá pela sua natureza de efeitos de video-game.

As outras duas vagas devem ser preenchidas por Matrix Ressurections e 007 Sem Tempo Para Morrer, mas pode haver abertura para Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa pelo estrondoso sucesso nas bilheterias.

SOM

  • “Belfast” (Focus Features)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Noite Passada no Soho” (Focus Features)
  • “Matrix Resurrections” (Warner Bros)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Ataque dos Cães” (Netflix)
  • “Um Lugar Silencioso: Parte II” (Paramount Pictures)
  • “Homem-Aranha: Sem Caminho Para Casa” (Sony Pictures)
  • “Tick, Tick … Boom!” (Netflix)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

Pela primeira vez, a Academia decidiu fazer a pré-lista da categoria de Som, que foi unificada desde 2021 e vencida pelo minucioso O Som do Silêncio. A disputa deve ficar entre o barulhento Duna e o musical Amor, Sublime Amor. Falando em musicais, Tick, Tick… BOOM! deve conquistar uma das vagas. Um Lugar Silencioso: Parte II deve ser lembrado pelo uso criativo e chamativo do som, e um filme mais barulhento deve ficar com a última vaga como Matrix, 007 ou Homem-Aranha. A presença de Noite Passada em Soho é surpreendente aqui, mas bem-vinda.

CURTA DE ANIMAÇÃO

  • “Affairs of the Art”
  • “Angakusajaujuq: The Shaman’s Apprentice”
  • “Bad Seeds”
  • “Bestia”
  • “Boxballet”
  • “Flowing Home”
  • “Mum Is Pouring Rain”
  • “The Musician”
  • “Namoo”
  • “Only a Child”
  • “Robin Robin”
  • “Souvenir Souvenir”
  • “Step into the River”
  • “Us Again”
  • “The Windshield Wiper”

DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • “Águilas”
  • “Audible”
  • “A Broken House”
  • “Camp Confidential: America’s Secret Nazis”
  • “Coded: The Hidden Love of J. C. Leyendecker”
  • “Day of Rage”
  • “The Facility”
  • “Lead Me Home”
  • “Lynching Postcards: “Token of a Great Day”
  • “The Queen of Basketball”
  • “Sophie & the Baron”
  • “Takeover”
  • “Terror Contagion”
  • “Three Songs for Benazir”
  • “When We Were Bullies”

CURTA-METRAGEM

  • “Ala Kachuu – Take and Run”
  • “Censor of Dreams”
  • “The Criminals”
  • “Distances”
  • “The Dress”
  • “Frimas”
  • “Les Grandes Claques”
  • “The Long Goodbye”
  • “On My Mind”
  • “Please Hold”
  • “Stenofonen”
  • “Tala’vision”
  • “Seiva Bruta” (Under the Heavens)
  • “When the Sun Sets”
  • “You’re Dead Helen”

______________________________________________________________________________________
O anúncio dos indicados ao Oscar 2022 será no dia 08 de Fevereiro.

ACADEMIA ANUNCIA LISTA de ELEGÍVEIS para LONGA DE ANIMAÇÃO, DOCUMENTÁRIO e FILME INTERNACIONAL

APESAR DA CONTINUIDADE DA PANDEMIA, EDIÇÃO DE 2022 DEVE SER NOVAMENTE COMPETITIVA

Nessa última segunda-feira (07), a Academia anunciou sua lista de elegíveis nas categorias de Melhor Longa de Animação, Documentário e Filme Internacional. Você pode conferir a lista completa dos 93 filmes em língua estrangeira e palpites neste link. Vale lembrar que embora as listas tenham fechado, ainda pode haver candidatos desqualificados de acordo com o regulamento como o desrespeito à porcentagem mínima de diálogos em língua estrangeira, por exemplo.

LONGA DE ANIMAÇÃO

São 26 inscritos, um a menos do que a edição anterior, apresentando um bom equilíbrio entre filmes de grandes estúdios como Luca, da Pixar, Encanto, e Raya e o Dragão, ambos da Disney, com produções mais modestas como a tcheca My Sunny Maad. Aliás, a animação brasileira volta a garantir um espaço na lista com a inclusão de Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente, dirigido por Cesar Cabral. Esta animação stop-motion mistura documentário, comédia e road-movie, e acompanha a história do velho punk Bob Cuspe tentando escapar de um deserto pós-apocalíptico que é na verdade um purgatório dentro da mente de seu criador, Angeli, um cartunista passando por uma crise criativa.

Bob Cuspe

Segue a lista com as 26 animações que disputam uma indicação:

  • A Família Addams 2 (The Addams Family 2)
  • The Ape Star
  • Próxima Parada: Lar Doce Lar (Back to the Outback)
  • Belle
  • Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente (Bob Spit – We Do Not Like People)
  • O Poderoso Chefinho 2: Negócios da Família (The Boss Baby: Family Business)
  • Cryptozoo
  • Encanto (Encanto)
  • Fuga (Flee)
  • Fortune Favors Lady Nikuko
  • Josee, the Tiger and the Fish
  • The Laws of the Universe – The Age of Elohim
  • Luca (Luca)
  • A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs. the Machines)
  • My Sunny Maad
  • Patrulha Canina: O Filme (Paw Patrol The Movie)
  • Pompo the Cinephile
  • Poupelle of Chimney Town
  • Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)
  • Ron Bugado (Ron’s Gone Wrong)
  • Sing 2
  • The Spine of Night
  • Spirit: O Indomável (Spirit Untamed)
  • Viagem ao Topo da Terra (The Summit of the Gods)
  • A Jornada de Vivo (Vivo)
  • Din e o Dragão Genial (Wish Dragon)

É difícil dar palpites certeiros sem termos visto todos os trabalhos nesta lista, mas seguindo o histórico da categoria criada em 2001, dá pra garantir uma ou duas vagas para filmes da Disney/Pixar, outra para Dreamworks, outra para Sony e pelo menos uma para produção em língua estrangeira, concretizando uma característica bastante eclética na seleção das animações. Portanto, aí vão nossas apostas:

NOSSAS APOSTAS PARA O OSCAR
★ Encanto (Encanto)
★ A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs. the Machines)
★ Fuga (Flee)
★ Luca (Luca)
★ Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)

Gostaríamos de incluir Belle, nova animação do japonês Mamoru Hosoda, que foi indicado por Mirai em 2019, mas a vaga dos estrangeiros parece ter sido preenchida pelo dinamarquês Fuga. Em 2021, acertamos quatro de cinco palpites, errando apenas na indicação de Croods 2, que cedeu sua vaga para Shaun, o Carneiro: O Filme – A Fazenda Contra-Ataca.

DOCUMENTÁRIO

Houve uma queda vertiginosa do número de inscritos em relação ao ano passado, mais precisamente 100 a menos. De 238 documentários, temos 138 concorrendo para a edição 2022. Assim como a categoria de Filme Internacional, haverá uma pré-seleção com 15 documentários a ser divulgada no próximo dia 21 de Dezembro.

Segue a lista completa dos 138 documentários inscritos:

Ailey
All about My Sisters
All Light, Everywhere
The Alpinist
American 965
Ascension
Attica
Aulcie
Aware: Glimpses of Consciousness
Barbara Lee: Speaking Truth to Power
Becoming Cousteau
Beijing Spring
Bill Traylor: Chasing Ghosts
Billie Eilish: The World’s a Little Blurry
Boris Karloff: The Man behind the Monster
Brian Wilson: Long Promised Road
Bring Your Own Brigade
Can You Bring It: Bill T. Jones and D-Man in the Waters
The Capote Tapes
Captains of Za’atari
Children of the Enemy
Citizen Ashe
Convergence: Courage in a Crisis
A Cop Movie
Courage
A Crime on the Bayou
Cusp
Dave Chappelle Live in Real Life
The Deadliest Disease in America
Dying to Divorce
Enemies of the State
Ennio
The Faithful: The King, the Pope, the Princess
Far Eastern Golgotha
Fathom
Faya Dayi
Ferguson Rises
Final Account
Finding Kendrick Johnson
Fire Music
The First Wave
Five Years North
Fuga (Flee)
45 Days: The Fight for a Nation
Found
Francesco
Hell or High Seas
Homeroom
In the Same Breath
Introducing, Selma Blair
Iron Temple
Jacinta
The Jesus Music
Julia
The Jump
Karen Dalton: In My Own Time
Kill the Indian Save the Child
Kurt Vonnegut: Unstuck in Time
LFG
The Last Forest
The Last Shelter
Like a Rolling Stone: The Life & Times of Ben Fong-Torres
Lily Topples the World
Little Girl
The Loneliest Whale: The Search for 52
Los Hermanos/ The Brothers
The Lost Leonardo
Love It Was Not
Magaluf Ghost Town
Man in the Field: The Life and Art of Jim Denevan
Marx Can Wait
Mayor Pete
The Meaning of Hitler
Minnesota! The Modern Day Selma
Misha and the Wolves
Missing in Brooks County
Mr. Bachmann and His Class
Moby Doc
The Most Beautiful Boy in the World
The Mustangs: America’s Wild Horses
My Childhood, My Country: 20 Years in Afghanistan
My Name Is Pauli Murray
The Neutral Ground
A New Dawn
No Ordinary Man
No Straight Lines: The Rise of Queer Comics
Not Going Quietly
Nothing but the Sun
On Broadway
Operation Varsity Blues
Ostrov – Lost Island
Paper & Glue
The Paradigm of Money
The People vs. Agent Orange
The Phantom
Playing with Sharks
Pray Away
President
Procession
Qazaq History of the Golden Man
Quiet Explosions: Healing the Brain
The Race to Save the World
Radiograph of a Family
The Real Charlie Chaplin
Rebel Hearts
The Repentants
The Rescue
Revolution of Our Times
Rita Moreno: Just a Girl Who Decided to Go for It
Roadrunner: A Film about Anthony Bourdain
Ruth – Justice Ginsburg in Her Own Words
Sabaya
Seyran Ates: Sex, Revolution and Islam
Simple as Water
Sisters on Track
So Late So Soon
The Sparks Brothers
Speer Goes to Hollywood
Storm Lake
Street Gang: How We Got to Sesame Street
Summer Nights
Summer of Soul (…Or, When the Revolution Could Not Be Televised)
Tigre Gente
Tina
Torn
Truman & Tennessee: An Intimate Conversation
Truth to Power
Try Harder!
2020: The Dumpster Fire
Two Gods
Val
The Velvet Queen
The Velvet Underground
Whirlybird
Who We Are: A Chronicle of Racism in America
Wojnarowicz
Writing with Fire
Wuhan Wuhan

Se já é complicado dar palpites entre 26 animações, o que dirá de 138 documentários? Mas temos alguns palpites mais concretos e outros na base do chute. Ano passado, acertamos 3 de 5, até que não fomos mal. É preciso destacar uma estratégia que tem se tornado mais recorrente nos últimos anos: os comitês internacionais selecionam documentários e animações para disputar uma vaga na categoria de Filme Internacional, mas já mirando na disputa automática nas categorias de Documentário e Longa de Animação. Nos últimos anos, o romeno Collective foi duplamente indicado nas categorias de Filme Internacional e Documentário, o mesmo ocorreu com Honeyland, da Macedônia do Norte.

NOSSAS APOSTAS PARA DOCUMENTÁRIO:
★ Attica
★ Fuga (Flee)
★ The Most Beautiful Boy in the World
★ Summer of Soul (…Or, When the Revolution Could Not Be Televised)
★ Val

93 FILMES DISPUTAM o OSCAR 2022 de MELHOR FILME INTERNACIONAL

FILMES SELECIONADOS EM FESTIVAIS INTERNACIONAIS SÃO FAVORITOS. BRASIL TEM CHANCES REMOTAS COM DESERTO PARTICULAR

Embora o prazo de inscrição tenha terminado no último dia 1º de Novembro, alguns países não confirmaram seus filmes representantes como a Costa do Marfim e Guatemala. Outros países ausentes como Sudão não devem ter representantes para a próxima edição. Por enquanto, são 93 produções para disputar 5 vagas da categoria.

É preciso destacar a escolha da Espanha, que optou pela comédia The Good Boss, de Fernando León de Aranoa, no lugar do favorito Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar, que recentemente venceu o Volpi Cup de Melhor Atriz para Penélope Cruz no Festival de Veneza. Ainda não vimos o filme de Aranoa (estrelado por Javier Bardem), mas nos parece uma escolha equivocada. Curiosamente, o mesmo aconteceu em 2002: Segunda-Feira ao Sol, do mesmo Aranoa, estrelado por Bardem, foi escolhido pela Espanha, mas foi Fale com Ela, de Pedro Almodóvar, que conquistou um Oscar de Roteiro Original e uma indicação a Melhor Direção para Almodóvar. Essa troca pode voltar a acontecer nesta temporada, e Penélope Cruz tem ótimas chances de receber nova indicação como Melhor Atriz.

E mais um pequeno parêntese: três países inscreveram o mesmo filme do ano anterior alegando que a exibição no país não foi possível devido à pandemia. Heliópolis foi novamente selecionado pelo comitê da Argélia. O filme de Djafar Gracem retrata um massacre ocorrido numa pequena cidade argelina no final da Segunda Guerra Mundial. O país africano já foi indicado 5 vezes na categoria (sendo 3 filmes dirigidos por Rachid Bouchareb) e levou um Oscar em 1970 com o formidável Z, de Costa-Gavras. Butão novamente inscreveu Lunana: A Yak in the Classroom, e Chade, Lingui. Ambos os países buscam a primeira indicação ao Oscar.

CALENDÁRIO DO OSCAR 2022

Para inscrição ser aprovada, o filme selecionado deve ter estreado no país de origem entre os dias 1º de Janeiro de 2021 e 31 de Dezembro de 2021, respeitando o prazo de inscrição no site da Academia até o dia 1º de Novembro.

Assim como na última edição, a pré-lista contará com 15 filmes votados por membros da Academia, que têm acesso aos filmes através da plataforma de streaming exclusiva. Essa lista será divulgada no dia 21 de Dezembro, enquanto os 5 finalistas apenas no dia 08 de Fevereiro de 2022, dia do anúncio dos indicados. Até antes da pandemia, a pré-lista era composta por 6 filmes selecionados por membros da Academia que viram os filmes, e 3 filmes selecionados por um comitê especial que garantia que filmes bem reconhecidos, elogiados e premiados na temporada fizessem parte da seleção final. Resta sabermos se esse sistema retornará após o término da pandemia.

COMO ESTÁ A DISPUTA ATÉ O MOMENTO?

É difícil a gente falar sobre filmes que não vimos, apenas dar impressões com base em críticas internacionais, passagens em festivais e histórico de diretores em relação ao Oscar. Nos últimos anos, filmes selecionados e premiados em Cannes, Berlim e Veneza têm garantido um certo favoritismo. Se pegarmos os últimos 5 vencedores do Oscar dessa categoria, temos: três filmes com passagem em Cannes: Druk, Parasita e O Apartamento (tendo Parasita levando a Palma de Ouro), um vencedor do Leão de Ouro em Veneza (Roma) e o vencedor de Melhor Roteiro em Berlim (Uma Mulher Fantástica).

Seguindo essa lógica, temos alguns favoritos:

TITANE (França)
Dir: Julia Ducournau

O segundo longa de Ducournau foi uma sensação no último Festival de Cannes, levando a Palma de Ouro do júri presidido por Spike Lee. A cineasta se tornou apenas a segunda mulher a ganhar a Palma de Ouro na história, que tinha apenas Jane Campion por O Piano. Na trama, acompanhamos um pai em busca de seu filho que sumira há 10 anos, mas o grande destaque é a questão transgênero e do body horror, consagrada por David Cronenberg. Se fosse alguns anos atrás, esse tipo de filme jamais teria lugar no Oscar, mas com os esforços de repaginação da Academia, Titane tem boas chances de figurar entre os cinco indicados. O filme foi exibido recentemente no Brasil pela Mostra de São Paulo, mas tem estreia prevista para Janeiro na plataforma da MUBI.

A HERO (Irã)
Dir: Asghar Farhadi

Vencedor do Grande Prêmio do Júri (espécie de 2º lugar) em Cannes, este novo trabalho do diretor Asghar Farhadi automaticamente se tornou um favorito após uma repercussão bastante positiva na crítica internacional. Já houve especulações de que sua distribuidora nos EUA, Amazon Studios, tentará também indicações em outras categorias como Filme, Direção e Roteiro Original. Na história, Rahim está preso por causa de uma dívida. Durante uma condicional de dois dias, tenta convencer seu credor a retirar a queixa se pagar parte do que deve, mas seu plano não dá muito certo. Farhadi já tem dois Oscars de Melhor Filme em Língua Estrangeira por A Separação (2011) e O Apartamento (2016).

DRIVE MY CAR (Japão)
Dir: Ryusuke Hamaguchi

Segundo a crítica internacional, esta adaptação de conto de Haruki Murakami foi um dos melhores filmes presentes na seleção oficial de Cannes. Embora tenha levado o prêmio de Roteiro, muitos acreditavam que o filme japonês merecia a Palma de Ouro. Na trama, um diretor teatral que perdeu sua esposa dramaturga está de luto há dois anos, mas aceita dirigir uma peça em Hiroshima. No caminho, ele vai conhecendo melhor sua motorista e seu passado. Hamaguchi se mostrou um ótimo diretor no recente Asako I & II, lançado em 2018, e essa possível indicação ao Oscar deve alavancar ainda mais sua curta carreira.

COMPARTMENT No. 6 (Finlândia)
Dir: Juho Kuosmanen

Também presente no Festival de Cannes, de onde saiu com o Grande Prêmio do Júri (dividido com A Hero), este filme finalndês nos apresenta uma viagem de trem rumo ao Ártico, na qual dois estranhos compartilham uma jornada que mudará suas perspectivas de vida. Recentemente, foi indicado a Melhor Filme, Ator e Atriz no European Film Awards e isso deve impulsionar a campanha rumo à pré-lista.

THE WORST PERSON IN THE WORLD (Noruega)
Dir: Joachim Trier

Indicado à Palma de Ouro e vencedor do prêmio de Melhor Atriz para Renate Reinsve no Festival de Cannes, este filme norueguês apresenta uma protagonista feminina que se reavalia em busca de respostas pessoais e profissionais após um longo relacionamento de 4 anos com seu ex. A direção de Joachim Trier parece proporcionar uma boa dose de lirismo e romantismo, dando um frescor ao gênero. Com a NEON na distribuição, as chances do filme certamente aumentam.

THE HAND OF GOD (Itália)
Dir: Paolo Sorrentino

Vencedor do Oscar em 2014 pelo poético A Grande Beleza, o diretor Paolo Sorrentino pode retornar ao Oscar com este filme mais pessoal, já que faz um retrato dos anos 80 inspirado em sua própria juventude em Nápoles e sua paixão por futebol (especialmente Diego Maradona) e cinema. Vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Veneza, The Hand of God pode ser a primeira indicação da Itália desde o próprio A Grande Beleza.

OUTROS DESTAQUES

MEMORIA (Colômbia)
Dir: Apichatpong Weerasethakul

Quando foi selecionado para o Festival de Cannes, este novo trabalho do diretor tailandês logo criou expectativas, ainda mais por contar com a versátil Tilda Swinton no elenco. Vencedor da Palma de Ouro em 2010 por Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, Weerasethakul nos apresenta uma história sobre uma mulher escocesa que passa a ouvir sons estranhos durante uma viagem à Colômbia. Não parece ser um material que a Academia vá amar ou elogiar, mas o filme conta com a sabedoria da distribuidora NEON (que foi responsável pela campanha avassaladora de Parasita) e, claro, com a fama de Swinton.

FLEE (Dinamarca)
Dir: Jonas Poher Rasmussen

Esta animação/documentário já vem chamando a atenção desde que foi premiada no Festival de Sundance, ganhando o Grande Prêmio do Júri de Documentário. Acompanhamos a história real de um homem chamado Amin, que à beira de seu casamento com o namorado na Dinamarca, precisa revelar seu passado oculto no Afeganistão pela primeira vez. Misturando imagens de arquivo com animação, Flee narra uma história de sobrevivência que certamente dialogará com as tristes imagens que presenciamos no Afeganistão este ano. Embora tenha chances em Filme Internacional, deve garantir uma indicação em Longa de Animação, que costuma abraçar trabalhos alternativos, criativos e em língua estrangeira.

A METAMORFOSE DOS PÁSSAROS (Portugal)
Dir: Catarina Vasconcelos

Embora já tenha inscrito diretores consagrados como o saudoso Manoel de Oliveira e o jovem Miguel Gomes, Portugal não recebeu uma indicação sequer desde que começou a selecionar representantes em 1980. Por se tratar de um documentário, A Metamorfose dos Pássaros pode concorrer também na categoria de Melhor Documentário, assim como fez a Romênia este ano com Collective. Com passagem no Festival de Berlim de 2020, levou um prêmio técnico da FIPRESCI e pode surpreender nesta temporada.

LEAVE NO TRACES (Polônia)
Dir: Jan P. Matuszynski

Em 1983, na Polônia comunista, o estudante Grzegorz Przemyk foi espancado até a morte pela polícia, o que torna a única testemunha ocular inimigo do Estado. Filmes poloneses costumam frequentar esta categoria, mas em sua grande maioria, pelas temáticas relacionadas ao Holocausto ou cultura judaica. Baseado num caso verídico, este segundo longa do Matuszynski estava entre os indicados ao Leão de Ouro no último Festival de Veneza.

MÁ SORTE NO SEXO OU PORNÔ AMADOR (Romênia)
Dir: Radu Jude

No último Festival de Berlim, o novo filme de Radu Jude conquistou o Urso de Ouro. Além desse feito, sua temática que explora a cultura de cancelamento vem chamando a atenção do público e da crítica, especialmente pela abordagem cômica do diretor. Na trama, a professora Emi tem sua reputação e carreira ameaçadas quando um vídeo de sexo seu vaza na internet, causando a ira dos pais dos alunos que desejam sua demissão.

E O BRASIL?

Como muitos já sabem, Deserto Particular foi selecionado pelo comitê da Academia Brasileira de Cinema. Embora não houvesse nenhum grande favorito como um Cidade de Deus ou O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, 7 Prisioneiros era considerada a melhor aposta do Brasil. Numa análise fria, alguns motivos facilmente defenderiam sua escolha: 1. NETFLIX: Sem uma boa distribuidora e uma boa campanha publicitária, nenhum filme ganha o Oscar. 7 Prisioneiros já contava com data de lançamento na plataforma de streaming mundial. 2. FERNANDO MEIRELLES e RAMIN BAHRANI: Dois cineastas indicados ao Oscar na produção (Meirelles por Cidade de Deus, e Bahrani por O Tigre Branco) certamente trariam maior visibilidade ao longa. 3. ALEXANDRE MORATTO: Embora pouco conhecido do grande público, Moratto já teve carreira internacional com seu filme anterior Sócrates (2018), que foi indicado ao Independent Spirit Awards. 4. VENEZA: 7 Prisioneiros teve uma boa passagem pelo festival italiano na mostra Orizzonti.

Pelas primeiras críticas que lemos, Deserto Particular se mostra um bom candidato também, principalmente por dialogar com essa polarização brasileira tão contemporânea. Contudo, sem uma boa distribuidora nos EUA que garanta visibilidade, as chances do filme de Aly Muritiba parecem remotas neste momento. O orçamento que o governo brasileiro disponibiliza para campanha publicitária é uma piada, portanto é preciso um milagre. Aproveitamos para criticar a Academia Brasileira de Cinema, que deveria antecipar essa seleção e exigir uma análise mais fria dos membros do comitê se realmente queremos que o Brasil retorne ao Oscar. Central do Brasil continua sendo o último filme nacional indicado na categoria em 1999, há longos 22 anos.

CONFIRA OS FILMES SELECIONADOS POR SEUS PAÍSES PARA DISPUTAR VAGA NO OSCAR 2022 (ATÉ O MOMENTO):

PAÍSFILMEDIRETOR (A) (ES)
África do SulBarakatAmy Jephta
AlbâniaTwo Lions Headig to VeniceJonid Jorgji
AlemanhaO Homem Ideal (I’m Your Man)Maria Shrader
Arábia SauditaThe Tambour of RetributionAbdulaziz Alshlahei
ArgéliaHéliopolisDjafar Gacem
ArgentinaThe IntruderNatalia Meta
ArmêniaShould the Wind DropNora Martirosyan
AustráliaO Uivo das Romãs (When Pomegranates Howl)Granaz Moussavi
ÁustriaGreat FreedomSebastian Meise
AzerbaijãoThe Island WithinRu Hasanov
BangladeshRehanaAbdullah Mohammad Saad
BélgicaPlaygroundLaura Wandel
BolíviaThe Great MovementKiro Russo
Bósnia HerzegovinaThe White FortressIgor Drljaca
BrasilDeserto ParticularAly Muritiba
BulgáriaMedo (Fear)Milko Lazarov
ButãoLunana: A Yak in the ClassroomPawo Choyning Dorji
CamarõesHidden DreamsNgang Romanus
CambojaWhite BuildingIvaylo Hristov
CanadáDrunken BirdsIvan Grbovic
CazaquistãoYellow CatAdilkhan Yerzhanov
ChadeLinguiMahamat-Saleh Haroun
ChileWhite on WhiteTheo Court
ChinaCliff WalkersZhang Yimou
ColômbiaMemóriaApichatpong Weerasethakul
Coréia do SulEscape from MogadishuRyoo Seung-wan
Costa RicaClara SolaNathalie Álvarez Mesén
CroáciaTereza37Danilo Serbedzija
DinamarcaFuga (Flee)Jonas Poher Rasmussen
EgitoSouadAyten Amin
EquadorSumergibleAlfredo León León
Eslováquia107 MothersPeter Kerekes
EslovêniaSanremoMiroslav Mandic
EspanhaThe Good BossFernando León Aranoa
EstôniaOn the WaterPeeter Simm
FinlândiaCompartment No. 6Juho Kuosmanen
FrançaTitaneJulia Ducournau
GeórgiaBrighton 4thLevan Koguashvili
GréciaDiggerGeorgis Grigorakis
HaitiFredaGessica Généus
HolandaDo Not HesitateShariff Korver
Hong KongRetrato de um Campão (Zero to Hero)Jimmy Wan
HungriaPost MortemPéter Bergendy
ÍndiaPedregulhos (Pebbles)P.S. Vinothraj
IndonésiaYuniKamila Andini
IrãA HeroAsghar Farhadi
IraqueEuropaHaider Rashid
IrlandaFoscadhSeán Breathnach
IslândiaLambValdimar Jóhannsson
IsraelLet There Be MorningEran Kolirin
ItáliaThe Hand of GodPaolo Sorrentino
JapãoDrive My CarRyusuke Hamaguchi
JordâniaAmiraMohamed Diab
KosovoHiveBlerta Basholli
LetôniaThe PitDace Puce
LíbanoCosta Brava, LíbanoMounia Akl
LituâniaThe JumpGiedre Zickyte
LuxemburgoIo Sto BeneDonato Rotunno
Macedônia do NorteSisterhoodDina Duma
MalásiaHail, Driver!Muzzamer Rahman
MalawiFatsani: A Tale of SurvivalGift Sukez Sukali
MaltaEntre Águas (Luzzu)Alex Camilleri
MarrocosCasablanca BeatsNabil Ayouch
MéxicoA Noite do Fogo (Prayers for the Stolen)Tatiana Huezo
MontenegroAfter the WinterIvan Bakrac
NoruegaThe Worst Person in the WorldJoachim Trier
PalestinaThe StrangerAmeer Fakher Eldin
PanamáPlaza CatedralAbner Benaim
ParaguaiApenas o SolArami Ullón
PeruPowerful ChiefHenry Vallejo
PolôniaLeave No TracesJan P. Matuszynski
PortugalA Metamorfose dos PássarosCatarina Vasconcelos
QuêniaMission to RescueGilbert Lukalia
QuirguistãoShambalaArtykpai Suyundukov
Reino UnidoDying to DivorceChloe Fairweather
República DominicanaHoly BeastsLaura Amelia Guzmán, Israel Cárdenas
República TchecaZátopekDavid Ondricek
RomêniaMá Sorte no Sexo ou Pornô AmadorRadu Jude
RússiaUnclenching the FistsKira Kovalenko
SérviaOasisIvan Ikic
SingapuraPrecious is the NightWayne Peng
SomáliaThe Gravedigger’s WifeKhadar Ayderus Ahmed
SuéciaTigersRonnie Sandahl
SuíçaOlgaElie Grappe
TailândiaThe MediumBanjong Pisanthanakun
TaiwanThe FallsMong-Hong Chung
TunísiaGolden ButterflyAbdelhamid Bouchnak
TurquiaCommitment HasanSemih Kaplanoglu
UcrâniaBad RoadsNataliia Vorozhbit
UruguaiThe Broken Glass TheoryDiego Fernández
Uzbequistão2000 Songs of FaridaYalkin Tuychiev
VenezuelaThe Inner GlowLuis Rodríguez, Andrés Rodríguez
VietnãDad, I’m SorryTrâ n Thành

‘NOMADLAND’ CONQUISTA os OSCARS de MELHOR FILME, DIREÇÃO e ATRIZ!

CERIMÔNIA MAIS CONTIDA PELA PANDEMIA FUNCIONA, MAS DISCURSOS LONGOS NÃO AJUDAM

Havia uma expectativa enorme em torna desta 93ª cerimônia do Oscar, afinal existia um sério risco do evento sequer acontecer por causa da pandemia. Apesar da vacinação nos EUA estar bem avançada, seria necessário respeitar uma série de protocolos sanitários para garantir o bem estar de todos os envolvidos. A organização do Oscar não queria uma cerimônia como as demais premiações anteriores, formada por reuniões virtuais de Zoom, por isso fizeram todo o possível para criar um ambiente seguro para os convidados. Apesar do capricho do evento, nem todos os indicados puderam comparecer, mas montaram toda uma estrutura profissional em várias localidades no mundo como Londres, Paris e Roma para que houvesse a participação de todos.

A Union Station, que também fica em Los Angeles, ofereceu um clima aconchegante para a cerimônia. Os convidados presentes pareciam bem confortáveis em seus assentos. Quando subiam ao palco, não havia sequer a pessoa encarregada de entregar o prêmio para evitar contato, então puseram a estatueta numa espécie de pódio para o vencedor retirar. Aliás, era sempre uma única estatueta no pódio, independente do número de vencedores da categoria. Particularmente, senti falta de uma orquestra que sempre torna tudo muito marcante e glorioso, mas é compreensível a presença do DJ Questlove.

Falando em música, todas as cinco canções indicadas foram pré-gravadas e exibidas antes do início da cerimônia, mais precisamente durante as entrevistas no tapete vermelho. Já que reclamam sempre do excesso de tempo, resolveram antecipar as performances musicais. Foi uma ótima ideia que permitiu a gravação de “Husavik” direto da Islândia. Contudo, esse ganho de tempo não se converteu bem nos discursos de agradecimento que foram quase todos muito longos. Como não havia a tradicional orquestra para cortar os discursos, os vencedores abraçavam o microfone e não queriam largar mais! Aliás, de uma forma geral, os discursos foram muito politicamente corretos, protocolares e até meio robóticos, passando longe daqueles discursos super animados que extravasam a alegria do momento.

Fiquei na maior expectativa do discurso da Frances McDormand porque o último dela em 2018 foi fenomenal, mas ela foi bem mais contida, muito provavelmente porque já havia discursado poucos minutos antes com a vitória de Melhor Filme. Então, o melhor da noite foi da Yuh-Jung Youn, que venceu Atriz Coadjuvante por Minari. Conhecida por ser bem sincera, ela passou a autenticidade que a cerimônia precisava. Apesar de longo, dá pra incluir o lado emotivo do discurso de THOMAS VINTERBERG ao mencionar a morte prematura de sua filha num atropelamento causado por um motorista usando celular ao volante. E o melhor momento da noite foi quando GLENN CLOSE, 74 anos, levantou-se para rebolar ao vivo ao som de um hip hop.

NÚMEROS DO OSCAR

Em termos de estúdio, a NETFLIX foi a grande vencedora da edição com 7 estatuetas: 2 para MANK, 2 para A VOZ SUPREMA DO BLUES, 1 para PROFESSOR POLVO, 1 para COLETTE e 1 para SE ALGO ACONTECER… TE AMO. Bem mais atrás ficou a WARNER, que levou 3 prêmios: 2 por JUDAS E O MESSIAS NEGRO e 1 por TENET. Empatados com 2 vitórias cada, tivemos a AMAZON (2 por O SOM DO SILÊNCIO), DISNEY (2 por SOUL) e SONY PICTURES CLASSICS (2 por MEU PAI).

Em termos de filme, NOMADLAND ficou em 1º lugar com 3 estatuetas (Filme, Direção e Atriz), seguido por 6 filmes que levaram 2 estatuetas cada: Meu Pai (Ator e Roteiro Adaptado), MANK (Fotografia e Design de Produção), JUDAS E O MESSIAS NEGRO (Ator Coadjuvante e Canção Original), A VOZ SUPREMA DO BLUES (Figurino e Maquiagem), O SOM DO SILÊNCIO (Montagem e Som), SOUL (Longa de Animação e Trilha Original), mostrando-se um Oscar melhor distribuído.

Claro que mesmo assim, houve alguns filmes que saíram de mãos vazias. O maior perdedor da noite foi OS 7 DE CHICAGO, o único entre os oito indicados a Melhor Filme que não ganhou nenhum prêmio. Vale destacar também as campanhas sem vitória de RELATOS DO MUNDO (4 indicações) e UMA NOITE EM MIAMI (3 indicações).

SURPRESAS

Talvez a maior surpresa da noite tenha sido a ordem de apresentação das categorias. A intenção dos produtores do evento era assemelhar o Oscar com a produção de um filme, então começaram com a entrega dos dois Oscars de Roteiro. Até aí, tudo ok. Inclusive, no ano de Spotlight aconteceu a mesma coisa. Mas duas trocas foram estranhas: Oscar de Direção foi o sétimo prêmio, e principalmente o Oscar de Melhor Filme sendo o antepenúltimo da noite. A intenção dos organizadores era ter um grand finale com a possível vitória de Chadwick Boseman com uma salva de palmas acompanhadas de lágrimas, mas a vitória de Anthony Hopkins frustrou esses planos, não tanto pela troca de vencedor em si, mas porque Hopkins não compareceu ao evento.

Sobre os resultados, é impossível falar de surpresas sem mencionar os dois Oscars de MEU PAI. Alguns já esperavam que levasse Roteiro Adaptado muito em função do BAFTA que conquistou há duas semanas, mas pouquíssimos não imaginaram que a Academia não homenagearia Chadwick Boseman postumamente com um Oscar. Felizmente, a qualidade da atuação de ANTHONY HOPKINS foi primordial para que o britânico levasse sua segunda estatueta de Melhor Ator. Desde que ele ganhou o BAFTA, acreditei nessa virada contra Boseman. Muitos acreditaram que ele só havia ganhado porque era britânico e o BAFTA o teria reconhecido somente por esse motivo, mas eu acreditava que todos que viram Meu Pai se convenceriam da qualidade da atuação dele. É realmente uma pena que o ator não tenha comparecido à cerimônia… Preferiu ficar resguardado em sua casa no País de Gales.

Ainda sobre atuação, a vitória de FRANCES MCDORMAND também acabou com o bolão de muita gente, que estava entre Carey Mulligan e Viola Davis. Particularmente, achei que o Oscar como produtora de Nomadland seria o suficiente para a atriz, mas sua performance cativou muitos votantes, além, claro, de toda sua figura emblemática nessa Hollywood em metamorfose após os movimentos feministas. A verdade é que McDormand é uma das melhores atrizes do momento, ganhando suas terceira estatueta de Melhor Atriz, aliás a única com essa estatística atualmente. Meryl Streep e Ingrid Bergman têm dois Oscars de Melhor Atriz e um de Coadjuvante. E ela está a apenas um Oscar da lendária Katherine Hepburn com 4 Oscars de Melhor Atriz. Num ano bastante disputado, em que não havia uma favorita, a divisão de votos beneficiou McDormand, mas poderia ter beneficiado qualquer outra, dadas as qualidades de suas atuações.

Ainda das surpresas da noite, destaco o Oscar de Canção Original para “Fight for You” de JUDAS E O MESSIAS NEGRO, já que todos estavam entre as canções de Uma Noite em Miami e Rosa e Momo. Inicialmente a canção não tinha me cativado, mas confesso que ouvindo na apresentação, a música me pegou melhor e me fez lembrar de toda a essência do filme de Shaka King. E a vitória de COLETTE como Documentário-curta não chega a ser aqueeeeeela surpresa, mas a maioria apostava em Uma Canção Para Latasha. Não sei se dá pra defender que o Oscar de Fotografia de MANK foi surpresa, porque tinha levado o prêmio do sindicato, mas é inegável que foi um reconhecimento merecido.

DESTAQUES

Como dito inúmeras vezes, CHLOÉ ZHAO se tornou a segunda diretora mulher a ganhar o Oscar de Direção por Nomadland, 11 anos após Kathryn Bigelow por Guerra ao Terror. Como citado acima, FRANCES MCDORMAND se torna a única a vencer 3 vezes o Oscar de Melhor Atriz. Ela havia vencido anteriormente por Fargo e Três Anúncios Para um Crime. MIA NEAL e JAMIKA WILSON se tornaram as primeiras negras a ganhar o Oscar de Maquiagem e Penteado por A Voz Suprema do Blues. YUH-JUNG YOUN obviamente se tornou a primeira atriz sul-coreana a vencer um Oscar por Minari.

Por Bela Vingança, EMERALD FENNELL foi a primeira roteirista feminina a levar um Oscar de Roteiro desde 2008, quando Diablo Cody levou por Juno. Aos 89 anos, a figurinista ANN ROTH se iguala ao roteirista James Ivory (por Me Chame Pelo Seu Nome) ao se tornar a pessoa mais idosa a ganhar um Oscar por A Voz Suprema do Blues.

OPINIÕES PESSOAIS

De uma forma geral, dá pra dizer que o Oscar 2021 mais acertou do que errou, partindo do princípio que não dá pra agradar a gregos e troianos. Por um lado não gostei do Oscar de Documentário para Professor Polvo (que teria dado para Crip Camp ou Collective), mas por outro, aplaudi os Oscars para Anthony Hopkins, para o Roteiro de Meu Pai e Yuh-Jung Youn. Gostaria que Meu Pai tivesse sido indicado à Direção e até levado Melhor Filme, mas ao mesmo tempo, entendo a vitória de Nomadland e ressalto que adoraria rever esse filme numa tela de cinema, porque acredito que a experiência seria infinitamente mais transcendental do que numa tela de notebook em casa.

Sobre a cerimônia, primeiramente foi uma vitória da Academia ter conseguido realizar um evento dessa proporção sem nenhum problema técnico em plena pandemia. Claro que não dá pra cobrar coisa muito melhor devido às circunstâncias, mas eu queria ter visto mais clipes dos filmes e atuações ao invés daquele monte de falatório sobre as curiosidades dos indicados, gostaria de ter visto mais humor de forma geral, seja através de uma brincadeira ou de um comediante no palco, e claro, discursos mais empolgantes e emocionantes. Parece que os vencedores estavam com receio de se soltarem e serem julgados pela mídia por “furar a quarentena”. Enfim, houve aquele momento de descontração no final com o comediante Lil Rel Howery fazendo um quizz sobre canções com convidados, culminando na rebolada de Glenn Close, mas aquele momento deveria ter ocorrido no início para quebrar o gelo e proporcionar um clima mais leve à premiação…

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DO 93º ACADEMY AWARDS:

FILME
NOMADLAND (Nomadland)

DIREÇÃO
* CHLOÉ ZHAO (Nomadland)

ATOR
* ANTHONY HOPKINS (Meu Pai)

ATRIZ
* FRANCES MCDORMAND (Nomadland)

ATOR COADJUVANTE
DANIEL KALUUYA (Judas e o Messias Negro)

ATRIZ COADJUVANTE
* YUH-JUNG YOUN (Minari)

ROTEIRO ORIGINAL
* BELA VINGANÇA – Emerald Fennell

ROTEIRO ADAPTADO
* MEU PAI – Christopher Hampton, Florian Zeller

FOTOGRAFIA
* MANK – Erik Messerschmidt

MONTAGEM
* O SOM DO SILÊNCIO – Mikkel E.G. Nielsen

DESENHO DE PRODUÇÃO 
* MANK – Donald Graham Burt, Jan Pascale

FIGURINO
* A VOZ SUPREMA DO BLUES – Ann Roth

MAQUIAGEM E PENTEADO
* A VOZ SUPREMA DO BLUES – Matiki Anoff, Mia Neal, Larry M. Cherry

TRILHA MUSICAL ORIGINAL
* SOUL – Trent Reznor, Atticus Ross, Jon Batiste

CANÇÃO ORIGINAL
* “Fight for You” – JUDAS E O MESSIAS NEGRO
Música por H.E.R. and Dernst Emile II; Letra por H.E.R. e Tiara Thomas

SOM
* O SOM DO SILÊNCIO – Phillip Bladh, Nicolas Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés, Carolina Santana

EFEITOS VISUAIS
* TENET – Andrew Jackson, Andrew Lockley, Scott R. Fisher, Mike Chambers 

LONGA DE ANIMAÇÃO
* SOUL

DOCUMENTÁRIO
* PROFESSOR POLVO

FILME INTERNACIONAL
* DRUK – MAIS UMA RODADA – Dinamarca

CURTA-METRAGEM
* DOIS ESTRANHOS (TWO DISTANT STRANGERS)

CURTA DE ANIMAÇÃO
* SE ALGO ACONTECER… TE AMO (IF ANYTHING HAPPENS… I LOVE YOU)

DOCUMENTÁRIO-CURTA
* COLETTE

PODCAST CINEMA OSCAR e AFINS – EPISÓDIO 5: APOSTAS do OSCAR 2021

No último dia 21/04, lançamos mais um episódio do nosso podcast para fazer uma breve análise das 23 categorias e concedermos nossas apostas. Não se esqueça de votar no bolão do Oscar, seguindo o nosso perfil do Instagram @cinemaoscareafins e clicando no link abaixo:

Lançaremos o próximo episódio depois do Oscar para fazer comentários sobre a cerimônia e os vencedores.

Não votou no Bolão? Ainda dá tempo de fazer suas apostas até às 16h. Basta seguir o nosso perfil no Instagram @cinemaoscareafins e clicar no link abaixo para votar.

https://forms.gle/cPnqoDrEYiZfhAkD7


Confira o episódio 5 pelos links abaixo.

Pelo SPOTIFY:

Pelo ANCHOR:

https://anchor.fm/cinemaoscareafins/episodes/Episdio-5-Apostas-para-o-Oscar-2021-evaasd

Pelo Google Podcasts:

https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy81MTQ1NTFiOC9wb2RjYXN0L3Jzcw==?fbclid=IwAR3BHacbx2sQeCkPnEdn02nQOKTt4XvGEEaycOjQtbnZijlE2w1z9_Xy9ak

PODCAST CINEMA OSCAR e AFINS – EPISÓDIO 4: INDICADOS ao OSCAR 2021

Neste dia 20/03, lançamos mais um episódio do nosso podcast, agora em nova hospedagem da Anchor, e disponível no Spotify. Na companhia de Hugo Cancela, discutimos sobre as indicações da Academia, dando destaque para algumas surpresas como LaKeith Stanfield, Thomas Vinterberg e Steven Yeun.

Confira o episódio 4 pelos links abaixo.

Pelo SPOTIFY:

E pelo nosso novo serviço de hospedagem ANCHOR:

A 93ª cerimônia do Oscar está agendada para o dia 25 de Abril, e será transmitida pelo canal pago TNT.