‘BORAT’ e ‘BELA VINGANÇA’ VENCEM o PRÊMIO do SINDICATO de ROTEIRISTAS

SEQUÊNCIA DE COMÉDIA SUPERA UMA NOITE EM MIAMI E A VOZ SUPREMA DO BLUES

A 73ª edição do Writers Guild of America aconteceu neste último domingo (21) numa cerimônia virtual e mais curta apresentada por Kal Penn. Embora tenha sua importância no extenso calendário de premiações, este prêmio apresenta inúmeras ressalvas quando se trata de previsão do Oscar.

Décadas atrás, o WGA apontava com bastante precisão quais roteiros iriam vencer o Oscar nas categorias de Roteiro Original e Roteiro Adaptado selecionando os mesmos filmes, mas nos últimos anos, devido ao seu regulamento altamente restritivo, o prêmio tem se tornado cada vez mais ultrapassado. Uma de suas regras é proibir a participação de filmes em língua estrangeira, o que inviabiliza a ascensão de filmes globais como o oscarizado Parasita, e este ano, Minari.

Mas talvez a regra que mais prejudica a projeção do WGA seja a obrigatoriedade dos roteiristas serem filiados ao sindicato. Outros prêmios de sindicato indicam e premiam mesmo aqueles que não são filiados, mas o de Roteiristas tenta ser bem mais protetivo, mas acaba causando o efeito contrário. Este ano, Chloé Zhao, que adaptou o livro para o road movie Nomadland, não pôde concorrer por não ser um membro do sindicato, mas mesmo com a vitória de Borat no WGA, ainda tem as melhores chances de conquistar o Oscar. Aí perguntamos: “Será que essa regra tem mais aumentado ou diminuído o número de filiados nos últimos anos?”

Apesar de ter sido indicado ao Oscar de Roteiro Adaptado, a vitória de Borat: Fita de Cinema Seguinte foi surpreendente, já que havia concorrentes de peso como A Voz Suprema do Blues, Relatos do Mundo, O Tigre Branco e principalmente Uma Noite em Miami, que parecia o favorito. No Oscar, a história tende a ser diferente, pois o roteiro da comédia de Sacha Baron Cohen enfrenta o roteiro de Meu Pai e do já citado Nomadland. Em seu discurso, Cohen agradeceu sua equipe composto por mais oito escritores e ao político e aliado de Trump: “Rudolph Giuliani, who did everything we hoped for”. (Rudolph Giuliani, que fez tudo o que esperávamos).

Vencedora na categoria de Roteiro Original, Emerald Fennell fez o típico discurso que é tão benéfico para o WGA que parece encomendado: “It’s such a big deal to me that I’m a member of this organization.” (É de extrema importância pra mim que eu seja membro desta organização). Mas claro, ela está fazendo o jogo estratégico para encaminhar a estatueta do Oscar de Roteiro Original por Bela Vingança, porque suas chances na Direção são irrisórias diante do extremo favoritismo de Chloé Zhao. E com isso, o segundo Oscar para Aaron Sorkin (Os 7 de Chicago) tem se tornado cada vez mais distante de acontecer, felizmente, porque em pouco tempo será um filme esquecido.

Mais uma vez, nenhum dos indicados na categoria de Roteiro de Documentário vingou no Oscar, tornando irrelevante o vencedor da categoria.

CONFIRA LISTA DOS VENCEDORES DO WGA:

ROTEIRO ORIGINAL
Emerald Fennell (Bela Vingança)

ROTEIRO ADAPTADO
Sacha Baron Cohen, Anthony Hines, Dan Swimer, Peter Baynham, Erica Rivinoja, Dan Mazer, Jena Friedman, Lee Kern, Nina Pedrad (Borat: Fita de Cinema Seguinte)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
Mark Monroe e Bryan Fogel (The Dissident)

Veja tabela comparativa do WGA em relação ao Oscar nos últimos 10 anos (vencedores que coincidiram em negrito)

ANOWGA ORIGINALOSCAR ORIGINALWGA ADAPTADOOSCAR ADAPTADO
2020ParasitaParasitaJojo RabbitJojo Rabbit
2019Oitava SérieGreen BookPoderia Me Perdoar?Infiltrado na Klan
2018Corra!Corra!Me Chame Pelo seu NomeMe Chame Pelo seu Nome
2017MoonlightManchester à Beira-MarA ChegadaMoonlight
2016SpotlightSpotlightA Grande ApostaA Grande Aposta
2015O Grande Hotel BudapesteBirdmanO Jogo da ImitaçãoO Jogo da Imitação
2014ElaElaCapitão Phillips12 Anos de Escravidão
2013A Hora Mais EscuraDjango LivreArgoArgo
2012Meia-Noite em ParisMeia-Noite em ParisOs DescendentesOs Descendentes
2011A OrigemO Discurso do ReiA Rede SocialA Rede Social

A 93ª cerimônia do Oscar será no dia 25 de Abril, com transmissão da TNT.

SINDICATO de ROTEIRISTAS DIVULGA sua SELEÇÃO com ‘BELA VINGANÇA’ e ‘UMA NOITE EM MIAMI…’

PRA VARIAR, SINDICATO VAI NA CONTRAMÃO DOS DEMAIS PRÊMIOS E DEIXA MUITOS DE FORA

O Sindicato de Roteiristas (Writers Guild of America) anunciou sua seleção nas três categorias: Roteiro Original, Roteiro Adaptado e Roteiro de Documentário. Pra quem acompanha a temporada de premiações há algum tempo sabe que o WGA é considerado o mais chato, no sentido rígido, de todos os prêmios. Dentre as várias regras de regulamento, algumas se destacam: NÃO pode concorrer quem não for filiado ao sindicato, NÃO podem concorrer animações e NÃO podem concorrer filmes estrangeiros.

Claro que se trata de uma medida preventiva para tentar proteger a indústria americana e seus filiados, o que justificaria a primeira e a terceira regras citadas acima. Em relação às animações, é um absurdo enorme excluir os roteiristas de animações. Já estão falando que vão criar uma categoria específica há anos e até agora nada.

Como de costume, vários filmes são desqualificados. Na disputa de Roteiro Original temos:
Ammonite (Francis Lee)
The Assistant (Kitty Green)
Jack Fincher (Mank)
Minari (Lee Isaac Chung)
Soul (Pete Docter, Mike Jones, Kemp Powers)

Em Roteiro Adaptado, os excluídos foram:
Meu Pai (Christopher Hampton, Florian Zeller)
The Life Ahead (Edoardo Ponti)
Nomadland (Chloé Zhao)
A História Pessoal de David Copperfield (Simon Blackwell, Armando Iannucci)
Pieces of a Woman (Kata Wéber)

Só com os excluídos já daria pra montar uma lista de indicados nas duas categorias. Claro que em termos de reconhecimento para filmes que não vinham recebendo atenção, como Palm Springs, isso é ótimo, mas nesse caso, parece deixar o WGA cada vez mais isolado em relação aos demais prêmios. Parece sair mais perdendo do que ganhando, ainda mais quando um roteirista que não é membro como Quentin Tarantino ganha o Oscar sem passar nessa lista.

Também destacamos que dos 31 roteiristas indicados nesta edição, apenas 4 são mulheres, um número muito baixo para um ano com várias produções com mulheres por trás das câmeras. Poderiam ter incluído os roteiros elegíveis que se destacaram nesta temporada: First Cow, de Kelly Reichardt e Jonathan Reymond, Nunca Raramente Às Vezes Sempre, de Eliza Hittman (venceu o NYFCC de roteiro), e The Forty-Year-Old-Version, de Radha Blank.

SEGUEM OS INDICADOS AO 73º WGA AWARDS:

ROTEIRO ORIGINAL

  • JUDAS E O MESSIAS NEGRO (Judas and the Black Messiah) – Roteiro de Will Berson & Shaka King, História por Will Berson & Shaka King and Kenny Lucas & Keith Lucas
  • PALM SPRINGS –  Roteiro de Andy Siara, História por Andy Siara & Max Barbakow
  • BELA VINGANÇA (Promising Young Woman) – Roteiro de Emerald Fennell
  • O SOM DO SILÊNCIO (Sound of Metal) – Roteiro de Darius Marder & Abraham Marder, História por Darius Marder & Derek Cianfrance
  • OS 7 DE CHICAGO (The Trial of the Chicago 7) – Written by Aaron Sorkin

ROTEIRO ADAPTADO

  • BORAT: FITA DE CINEMA SEGUINTE (Borat Subsequent Moviefilm) – Roteiro de Sacha Baron Cohen & Anthony Hines & Dan Swimer & Peter Baynham & Erica Rivinoja & Dan Mazer & Jena Friedman & Lee Kern, História por Sacha Baron Cohen & Anthony Hines & Dan Swimer & Nina Pedrad, Baseado nos personagens criados por Sacha Baron Cohen
  • A VOZ SUPREMA DO BLUES (Ma Rainey’s Black Bottom) – Roteiro de Ruben Santiago-Hudson, Baseado na peça escrita por August Wilson
  • RELATOS DO MUNDO (News of the World) – Roteiro de Paul Greengrass e Luke Davies, Baseado no romance de Paulette Jiles
  • UMA NOITE EM MIAMI… (One Night in Miami) – Roteiro de Kemp Powers, Baseado na peça “One Night in Miami” de Kemp Powers
  • O TIGRE BRANCO (The White Tiger) – Roteiro de Ramin Bahrani, Baseado no livro “The White Tiger” de Aravind Adiga

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

  • ATÉ O FIM: A LUTA PELA DEMOCRACIA (All In: The Fight for Democracy) – Escrito por Jack Youngelson
  • THE DISSIDENT – Escrito por Mark Monroe e Bryan Fogel
  • HERB ALPERT IS… – Escrito por John Scheinfeld; Abramorama
  • RED PENGUINS – Escrito por Gabe Polsky
  • TOTALLY UNDER CONTROL – Escrito por Alex Gibney

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O 73º WGA está marcado para o dia 21 de Março, e a cerimônia do Oscar para o dia 25 de Abril.

ROTEIROS de ‘PARASITA’ e ‘JOJO RABBIT’ SÃO os VENCEDORES do WGA

 

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Taika Waititi e Bong Joon Ho com seus prêmios do WGA (pic by @neonrated)

FILMES GANHAM PRÊMIOS COM ASTERISCOS

Na noite deste sábado, dia 1º de fevereiro, o sindicato de roteiristas (WGA) entregou seus prêmios de Cinema e de TV.

Seguem os vencedores destacados na cor azul:

ROTEIRO ORIGINAL

  • 1917, de Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns
  • Fora de Série (Booksmart), de Emily Halpern, Sarah Haskins, Susanna Fogel e Katie Silberman
  • Entre Facas e Segredos (Knives Out), de Rian Johnson
  • História de um Casamento (Marriage Story), de Noah Baumbach
  • Parasita (Parasite), de Bong Joon Ho e Han Jin Won

ROTEIRO ADAPTADO

  • Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood), de Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster – inspirado no artigo “Can You Say… Hero?”, por Tom Junod
  • O Irlandês (The Irishman), de Steven Zaillian – baseado no livro “I Heard You Paint Houses”, de Charles Brandt
  • Jojo Rabbit, de Taika Waititi – baseado no livro “Caging Skies”, de Christine Leunens
  • Coringa (Joker), de Todd Phillips e Scott Silver – baseado nos personagens da DC Comics
  • Adoráveis Mulheres (Little Women), de Greta Gerwig – baseado no romance de Louisa May Alcott

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

  • Citizen K, de Alex Gibney
  • Foster, de Mark Jonathan Harris
  • The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley, de Alex Gibney
  • Joseph Pulitzer: Voice of the People, de Robert Seidman e Oren Rudavsky
  • The Kingmaker, de Lauren Greenfield

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Cenas de Parasita e Jojo Rabbit, que venceram os prêmios de roteiro

A vitória de Taika Waititi dá um novo fôlego para seu Jojo Rabbit, já que bateu três dos seus quatro concorrentes ao Oscar, faltando apenas Anthony McCarten de Dois Papas. Vencedor do prêmio do público no último Festival de Toronto, a sátira do Nazismo também levou os prêmios dos sindicatos de Montagem (Comédia ou Musical) e Figurino (de Época). Com essa campanha vitoriosa, é provável que Jojo Rabbit saia do Oscar com pelo menos uma estatueta… mas qual?

Até antes desta premiação, Greta Gerwig era a favorita por sua adaptação de Adoráveis Mulheres, mas Taika Waititi pode se tornar uma ameaça com o WGA vencido. Lembrando que a votação do Oscar se encerra apenas no dia 04 de Fevereiro (terça-feira), o que permite mudanças de escolhas de última hora.

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Cena de Adoráveis Mulheres, de Greta Gerwig (pic by IMDb)

Já na categoria de Roteiro Original, embora a premiação de Bong Joon Ho e Han Jin Won por Parasita ajude a manter o filme na mente dos votantes, é preciso se ater ao fato de que Quentin Tarantino não concorria com Era Uma Vez em… Hollywood, já que ele não é membro do sindicato. E mais importante: Tarantino já ganhou o Oscar (por Django Livre) mesmo nem concorrendo ao WGA. Será que a história de 2013 vai se repetir aqui? E se for o caso, Bong Joon Ho vai levar apenas o Oscar de Melhor Filme Internacional? Porque o DGA praticamente sacramentou a vitória de Sam Mendes como Melhor Diretor…

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Cena de Era Uma Vez em… Hollywood (pic by IMDb)

Em seu discurso de agradecimento, o diretor e roteirista sul-coreano disse: “Vocês entenderam a estrutura e nossa história e as nuances de nossos diálogos. É surpreendente!”, e depois fechou com uma declaração anti-Trump: “Algumas pessoas constroem barreiras mais altas. Nós, escritores, nós amamos destrui-las.”

A categoria de Documentário acaba não interferindo na corrida pelo Oscar, pois nenhum dos indicados aqui estão na lista final da Academia. Mas vale lembrar que o vencedor Alex Gibney, já venceu o Oscar por Táxi Para a Escuridão em 2008.

Pra quem ficou curioso, segue a tabela dos últimos dez anos comparando o WGA e o Oscar:

ANO WGA ORIGINAL OSCAR ORIGINAL WGA ADAPTADO OSCAR ADAPTADO
2019 Oitava Série Green Book Poderia Me Perdoar? Infiltrado na Klan
2018 Corra! Corra! Me Chame Pelo seu Nome Me Chame Pelo seu Nome
2017 Moonlight Manchester à Beira-Mar A Chegada Moonlight
2016 Spotlight Spotlight A Grande Aposta A Grande Aposta
2015 O Grande Hotel Budapeste Birdman O Jogo da Imitação O Jogo da Imitação
2014 Ela Ela Capitão Phillips 12 Anos de Escravidão
2013 A Hora Mais Escura Django Livre Argo Argo
2012 Meia-Noite em Paris Meia-Noite em Paris Os Descendentes Os Descendentes
2011 A Origem O Discurso do Rei A Rede Social A Rede Social
2010 Guerra ao Terror Guerra ao Terror Amor Sem Escalas Preciosa

Normalmente, o WGA acerta pelo menos um dos vencedores do Oscar de Roteiro, mas por exemplo, no ano passado, tivemos duas divergências, algo que foi raro nos anos anteriores.

No final das contas, o resultado do WGA não ajuda em nada nas previsões, pois Era Uma Vez em… Hollywood não estava concorrendo, e na categoria de Roteiro Adaptado, é provável que muitos votantes (especialmente as mulheres) optem por Greta Gerwig como forma de protesto pela ausência de mulheres na categoria de Direção.

Succession

Cena da série Succession, da HBO (pic by IMDb)

Confira os vencedores das categorias de TV:

TELEVISION

Drama series
“Succession” (HBO)

Comedy series
“Barry,” written by Alec Berg, Duffy Boudreau, Bill Hader, Emily Heller, Jason Kim, Taofik Kolade, Elizabeth Sarnoff (HBO)

New Series
“Watchmen” (HBO)

Long Form Original
“Chernobyl,” written by Craig Mazin (HBO)

Long Form Adapted
“Fosse/Verdon” (FX)

Short Form New Media
“Special,” written by Ryan O’Connell (Netflix)

Animation
“Thanksgiving of Horror” (“The Simpsons”) (FOX)

Episodic Drama
“Tern Haven” (“Succession”), written by Will Tracy (HBO)

Episodic Comedy
“Pilot” (“Dead to Me”), written by Liz Feldman (Netflix)

Comedy/Variety Talk Series
“Last Week Tonight with John Oliver” (HBO)

Comedy/Variety Sketch Series
“Full Frontal with Samantha Bee Presents: Not the White House Correspondents’ Dinner Part 2” (TBS)

Comedy/Variety Specials
“I Think You Should Leave with Tim Robinson” (Netflix)

Daytime
“The Young and the Restless,” written by Amanda L. Beall, Jeff Beldner, Sara Bibel, Matt Clifford, Annie Compton, Christopher Dunn, Sara Endsley, Janice Ferri Esser, Mellinda Hensley, LynnMartin, Anne Schoettle, Natalie Minardi Slater, Teresa Zimmerman (CBS) WINNER

Documentary Script — Other than Current Events
“Right to Fail” (Frontline), written by Tom Jennings (PBS)

Documentary Script — Current Events
“Trump’s Trade War” (Frontline), written by Rick Young (PBS)

News Script — Analysis, Feature or Commentary
“Fly Like An Eagle” (60 Minutes), written by Katie Kerbstat Jacobson, Scott Pelley, Nicole Young (CBS)

News Script — Regularly Scheduled, Bulletin or Breaking Report
“Terror in America: The Massacres in El Paso and Dayton” (Special Edition of the CBS Evening News with Norah O’Donnell), written by Jerry Cipriano, Joe Clines, Bob Meyer (CBS)

Quiz and Audience Participation
“Are You Smarter Than a 5th Grader?,” head writer Bret Calvert, writers Seth Harrington, Rosemarie DiSalvo (Nickelodeon)

Children’s Episodic, Longform and Specials
“Remember Black Elvis?” (Family Reunion), written by Howard Jordan, Jr. (Netflix)


A 92ª cerimônia do Oscar acontece no dia 09 de Fevereiro. Não esqueça de participar de nosso Bolão do Oscar.

‘ADORÁVEIS MULHERES, ‘1917’ e ‘PARASITA’ são INDICADOS pelo WGA

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Roteiro Original

REGULAMENTO EXCLUI TARANTINO, MAS REPÕE COM UMA BOA SURPRESA

O Sindicato de Roteiristas anunciou nesta segunda-feira, dia 06, os seus indicados para as três categorias de cinema: Roteiro Original, Roteiro Adaptado e Roteiro de Documentário.

Para quem ainda não está familiarizado, o Writers Guild of America (WGA) é aquele sindicato mais chatinho e inflexível de todos, pois tem uma bíblia de restrições no regulamento. Então, sempre existe uma lista de produções que são desqualificadas da disputa, que este ano incluem: The Farewell, Clemency, Waves, Dor e Glória, Era Uma Vez em… Hollywood e Toy Story 4.

Mas aí você vai perguntar: “Por que excluir todo esse povo?” Bom, até onde sabemos, o sindicato não reconhece roteiros de animações. Pois é, ridículo. É como se o sindicato considerasse animações desenhos animados para crianças e que não precisam de qualquer esforço para escrever. E ele também têm a regra de disputar apenas quem é filiado ao sindicato, ou seja, o roteirista deverá pagar taxas e cumprir uma série de regras. Nesse quesito, sabemos que Quentin Tarantino definitivamente não é um membro do sindicato, MAS mesmo assim, continua sendo indicado ao Oscar, como deve ser este ano também, e isso não o impede de ganhar o prêmio da Academia. Isso acaba desestimulando outros roteiristas a fazerem o mesmo.

Claro, o sindicato procura valorizar sua própria instituição, mas se continuar nesse ritmo, muitas produções vão ficar de fora dessa competição e a tendência é que o o prêmio perca seu peso na temporada. Sei lá, poderiam ceder um pouco e conciliar com os roteiristas que não são membros e, claro, criar uma categoria específica para Animações! Quantos bons roteiros não estão recebendo o devido reconhecimento? Este ano mesmo foi um ano péssimo para a criatividade nas animações com uma série de sequências e remakes. Se houvesse a categoria, e os filmes da Disney e Pixar ficassem de fora, seria um belo puxão de orelha.

Bom, sem mais delongas, os indicados deste ano:

ROTEIRO ORIGINAL

  • 1917, de Sam Mendes e Krysty Wilson-Cairns
  • Fora de Série (Booksmart), de Emily Halpern, Sarah Haskins, Susanna Fogel e Katie Silberman
  • Entre Facas e Segredos (Knives Out), de Rian Johnson
  • História de um Casamento (Marriage Story), de Noah Baumbach
  • Parasita (Parasite), de Bong Joon Ho e Han Jin Won

ROTEIRO ADAPTADO

  • Um Lindo Dia na Vizinhança (A Beautiful Day in the Neighborhood), de Micah Fitzerman-Blue e Noah Harpster – inspirado no artigo “Can You Say… Hero?”, por Tom Junod
  • O Irlandês (The Irishman), de Steven Zaillian – baseado no livro “I Heard You Paint Houses”, de Charles Brandt
  • Jojo Rabbit, de Taika Waititi – baseado no livro “Caging Skies”, de Christine Leunens
  • Coringa (Joker), de Todd Phillips e Scott Silver – baseado nos personagens da DC Comics
  • Adoráveis Mulheres (Little Women), de Greta Gerwig – baseado no romance de Louisa May Alcott

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

  • Citizen K, de Alex Gibney
  • Foster, de Mark Jonathan Harris
  • The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley, de Alex Gibney
  • Joseph Pulitzer: Voice of the People, de Robert Seidman e Oren Rudavsky
  • The Kingmaker, de Lauren Greenfield

Um dia após faturar dois Globos de Ouro, incluindo de Melhor Filme, 1917 recebe outro importante reconhecimento através de seu roteiro inspirado na vida do avô de Sam Mendes, que foi à Primeira Guerra Mundial. Caso, o roteiro também seja indicado ao Oscar no próximo dia 13, o filme de guerra se torna um franco-favorito para Melhor Filme, já que são bem raros os filmes que ganham sem indicação ao Oscar de roteiro.

Honestamente, acreditávamos que Noah Baumbach levaria o Globo de Ouro de roteiro por História de um Casamento (ainda mais que não foi indicado a Melhor Diretor), mas tanto ele quanto Bong Joon Ho e Han Jin Won (Parasita) devem estar na lista de indicados ao Oscar. As chances também são muito boas para Rian Johnson, que entregou uma comédia deliciosa de mistério com Entre Facas e Segredos (que provavelmente será a única indicação ao Oscar do filme). E temos a ótima surpresa de Fora de Série, uma comédia adolescente que valoriza a amizade enquanto reflete bem a juventude de hoje com suas próprias incertezas. Sua diretora Olivia Wilde não deve ser indicada ao Oscar, mas deve estar na lista do DGA como diretora estreante merecidamente. Dentre os roteiros elegíveis que foram esnobados está o de Anthony McCarten por Dois Papas.

Não sabemos se era elegível (provavelmente sim), mas sentimos falta do roteiro de Jóias Brutas (Uncut Gems) e de Nós (Us).

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Roteiro Adaptado

Na categoria de Roteiro Adaptado, pelas campanhas que fizeram, O Irlandês, Jojo Rabbit e Coringa eram apostas certas. Já Adoráveis Mulheres sofreu para engrenar porque teve um lançamento meio tardio, porém a diretora Greta Gerwig, que também fez a adaptação, vem crescendo na temporada. Considerada o principal nome feminino na Direção, caso a Academia não a indique como diretora, ele deve ser compensada na categoria de Roteiro Adaptado. E o azarão dessa disputa é Um Lindo Dia na Vizinhança, que tem em Tom Hanks sua melhor chance na temporada.

Pela categoria de Roteiro de Documentário, Alex Gibney foi indicado por dois trabalhos distintos, o que é uma honra dupla na hora, mas depois pode ser uma maldição caso os votos se dividam. Vale lembrar que Gibney já ganhou o Oscar de Melhor Documentário por Um Táxi Para a Escuridão em 2008.


A 73ª cerimônia do WGA acontece no dia 1º de Fevereiro.

‘PODERIA ME PERDOAR?’ e ‘OITAVA SÉRIE’ VENCEM no WGA

2019 Writers Guild Awards L.A. Ceremony - Inside

O jovem diretor e roteirista Bo Burnham vence o WGA de Roteiro Original por Oitava Série (pic by Metrópoles)

ÚLTIMO GRANDE PRÊMIO DE SINDICATOS ANTES DO OSCAR REVELA POSSÍVEL DIVERGÊNCIA

Nesse último domingo, o Sindicato de Roteiristas (Writers Guild of America) divulgou seus vencedores, e revelou uma divergência certa e outra possível com o Oscar.

Pela categoria de Roteiro Original, o vencedor foi Bo Burnham, roteirista e diretor estreante do ainda inédito no Brasil Oitava Série (Eighth Grade), que apesar de ter levado o DGA de Diretor Estreante, sequer foi indicado ao Oscar de Roteiro Original.

“Para os outros indicados da categoria, divirtam-se no Oscar, perdedores!”, abriu Burnham seu discurso de agradecimento. “Não, eu não preparei nada. Isto pertence à Elsie Fisher que interpretou o roteiro. Ninguém ligaria para o roteiro se ela não tivesse feito o filme”, continuou.

O filme sobre a última semana da oitava série bateu os indicados ao Oscar: Roma (Alfonso Cuarón), Vice (Adam McKay) e Green Book: O Guia (Nick Vallelonga, Brian Currie e Peter Farrelly), e o esnobado Um Lugar Silencioso (Bryan Woods, Scott Bleck e John Krasinski). No lugar de Oitava  Série e Um Lugar Silencioso no Oscar, estão Paul Schrader (No Coração da Escuridão) e a dupla Deborah Davis e Tony McNamara (A Favorita).

Apesar das regras rígidas do WGA, Oitava Série é o primeiro roteiro a ganhar o WGA sem sequer ter recebido uma indicação ao Oscar desde Michael Moore em 2003 por Tiros em Columbine.

Já pela categoria de Roteiro Adaptado, deu Poderia Me Perdoar? sobre o então favorito Infiltrado na Klan. Embora o filme tenha se sobressaído na temporada graças aos seus atores Melissa McCarthy e Richard E. Grant, a força do roteiro foi primordial para transmitir as dores artísticas da escritora Lee Israel, falecida em 2014. Para quem trabalha com qualquer forma de Arte, especialmente aqui no Brasil, será fácil se identificar com a trajetória da protagonista.

2019 Writers Guild Awards, Show, The Beverly Hilton, Los Angeles, USA - 17 Feb 2019

Nicole Holofcener e Jeff Whitty vencem o WGA de Roteiro Adaptado por Poderia Me Perdoar? (pic by IndieWire)

“Quero agradecer a Lee,” disse Holofcener. “Ela provavelmente estaria sentada em sua sala julgando todos nós. Ela pensava que era a pessoa mais esperta e provavelmente era.”

As estatísticas do WGA em relação ao Oscar não são das melhores (seis vencedores levaram o Oscar dos últimos dez), mas no ano passado, os dois vencedores aqui se consagraram também no prêmio da Academia. Jordan Peele levou o Oscar de Roteiro Original por Corra!, e James Ivory levou Roteiro Adaptado por Me Chame Pelo Seu Nome. Já este ano, com a não-indicação para Oitava Série, não será possível um novo feito duplo.

VENCEDORES DO 71º WGA AWARDS:

ROTEIRO ORIGINAL
Bo Burnham (Oitava Série)

ROTEIRO ADAPTADO
Nicole Holofcener e Jeff Whitty, Based no livro de Lee Israel (Poderia Me Perdoar?)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
Ozzy Inguanzo e Dava Whisenant (Bathtubs Over Broadway)

***

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Lukasz Zal em set de filmagem de Guerra Fria. Ele não pôde comparecer ao evento. (pic by Indiewire)

GUERRA FRIA TIRA O ASC DAS MÃOS DE ALFONSO CUARÓN

Aproveitando a deixa do WGA, esqueci de postar o vencedor do ASC (American Society of Cinematographers Awards), prêmio do sindicato de diretores de fotografia que, aliás, sofreram um baque e tanto com o anúncio de que a categoria não seria apresentada ao vivo na transmissão do Oscar, levando vários membros a criticar a Academia até ela voltar atrás em sua decisão.

O diretor de fotografia polonês Łukasz Żal foi o grande vencedor por Guerra Fria. Sua belíssima fotografia em preto-e-branco já havia cativado os colegas de profissão por Ida (2013), já que venceu o Spotlight Award daquela edição de 2014, e recebeu uma indicação ao Oscar. Apesar da qualidade inegável de seu trabalho, essa vitória não deixa de ser surpreendente, já que Alfonso Cuarón estava ganhando todos os prêmios de fotografia da temporada por Roma. Será que ele consegue tirar uma das estatuetas de Cuarón no Oscar?

Já o Spotlight Award deste ano foi para Giorgi Shvelidze pelo singelo filme Namme, da Georgia.

Nos últimos cinco anos, houve apenas uma divergência entre ASC e Oscar, em 2017. Enquanto o sindicato premiou Greg Frasier por Lion: Uma Jornada Para Casa, a Academia preferiu Linus Sandgren por La La Land.

VENCEDORES DO ASC AWARDS:

MELHOR FOTOGRAFIA
Alfonso Cuarón (Roma)
Matthew Libatique (Nasce uma Estrela)
Robbie Ryan (A Favorita)
Linus Sandgren (O Primeiro Homem)
Łukasz Żal (Guerra Fria)

SPOTLIGHT AWARD
Joshua James Richards (Domando o Destino)
Giorgi Shvelidze (Namme)
Frank van den Eeden (Girl)

***

A 91ª cerimônia está marcada para o próximo domingo, dia 24.

 

 

 

 

 

 

 

‘NASCE UMA ESTRELA’ é o DESTAQUE do DGA, WGA, ASC e EDDIE AWARDS

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Indicado ao WGA: cena de Um Lugar Silencioso com John Krasinski (pic by outnow.ch)

Mal o ano começou, já tivemos as surpresas do Globo de Ouro, e agora temos o anúncios de três prêmios de sindicatos relevantes para a temporada e para a corrida do Oscar.

Vamos começar pelo mais chato e rígido de todos, o Writers Guild of America (WGA), do sindicato dos roteiristas. Pra quem está embarcando agora, o WGA é o mais complicado porque ele exige uma série de cumprimento de regras como filiação ao sindicato, e não reconhece roteiros de animações (com isso, quem sai perdendo é o próprio sindicato).

Os roteiros ausentes na lista do WGA não perdem muito, mas se forem lembrados, suas campanhas encorpam para o Oscar. Ano passado, os vencedores Corra! e Me Chame Pelo Seu Nome repetiram suas vitórias no Oscar. Apesar de serem rígidos, na última década, 2/3 dos indicados do WGA foram indicados ao Oscar também.

Este ano, entre as ausências mais notáveis que foram desqualificadas pelas toneladas de regras estão: A Favorita, Não Deixe Rastros, Domando o Destino, A Morte de Stalin, Hereditário e Sorry to Bother You, além dos estrangeiros Guerra Fria e Capernaum, e as animações Os Incríveis 2 e Ilha dos Cachorros. Já os esnobados foram Paul Schrader (No Coração da Escuridão) e Josh Singer (O Primeiro Homem).

Entre os indicados, destaque para os sucessos comerciais de Um Lugar Silencioso, Nasce uma Estrela e Pantera Negra, que pode repetir o feito de Logan (2017), que foi indicado no WGA e Oscar, tornando-se o primeiro roteiro indicado ao Oscar baseado em quadrinhos de super-heróis.

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Indicado ao WGA: Cena de Pantera Negra (pic by outnow.ch)

Pela categoria de Documentário, o curioso foi a total ausência de trabalhos reconhecidos em premiações anteriores como Won’t You Be My Neighbor, Free Solo e RBG, mas dá notoriedade para outros como o de Michael Moore, Fahrenheit 11/09.

ROTEIRO ORIGINAL
* Bo Burnham (Oitava Série)
* Nick Vallelonga, Brian Currie e Peter Farrelly (Green Book: O Guia)
* Bryan Woods, Scott Beck e John Krasinski, história de Bryan Woods e Scott Beck (Um Lugar Silencioso)
* Alfonso Cuarón (Roma)
* Adam McKay (Vice)

ROTEIRO ADAPTADO
Charlie Wachtel, David Rabinowitz, Kevin Willmott e Spike Lee – Baseado no livro de Ron Stallworth (Infiltrado na Klan)
* Ryan Coogler, Joe Robert Cole – Baseado nos quadrinhos da Marvel Comics de Stan Lee e Jack Kirby (Pantera Negra)
* Nicole Holofcener e Jeff Whitty – Baseado no livro de Lee Israel (Poderia Me Perdoar?)
* Barry Jenkins – Baseado no romance de James Baldwin (Se a Rua Beale Falasse)
* Eric Roth, Bradley Cooper e Will Fetters – Baseado no roteiro de 1954 de Moss Hart, no roteiro de 1976 de John Gregory Dunne, Joan Didion e Frank Pierson, baseado na história William Wellman e Robert Carson (Nasce uma Estrela)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
Ozzy Inguanzo & Dava Whisenant (Bathtubs Over Broadway)
* Michael Moore (Fahrenheit 11/9)
* Lauren Greenfield (Generation Wealth)
* Gabe Polsky (In Search of Greatness)

***

O anúncio dos vencedores do WGA ocorre no dia 17 de fevereiro.

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Cena dentro do cinema em Roma, de Alfonso Cuarón (pic by IMDb)

A Associação Americana de Diretores de Fotografia (ASC) também divulgou suas seleções de trabalhos. A lista demonstra diversidade técnica que vai da película de 65 mm de Roma, passando pela exploração das luzes de velas em A Favorita, até o multi-formato de O Primeiro Homem.

Felizmente, é daqueles ano em que podemos dizer “Qualquer um que ganhar merece”. Até o momento, o trabalho mais premiado foi de Alfonso Cuarón por Roma, aliás, ele se tornou o primeiro DP (director of photography) a ser indicado na categoria principal fotografando o próprio filme que dirigiu. Em 2016, Cary Joji Fukunaga conseguiu o mesmo feito por Beasts of No Nation, mas pela categoria  Spotlight Award.

Pelas estatísticas, 80% dos trabalhos nas listas do ASC vão parar na categoria de Fotografia do Oscar. Normalmente, quatro estão em ambas as listas, e um é substituído. À princípio, nessa dança das cadeiras, Matthew Libatique por Nasce uma Estrela pode perder seu lugar para um dos ausentes mais comentados: Rachel Morrison (que se tornou a primeira DP mulher indicada ao ASC e ao Oscar por Mudbound) por Pantera Negra, ou James Laxton por Se a Rua Beale Falasse.

MELHOR FOTOGRAFIA
* Alfonso Cuarón (Roma)
* Matthew Libatique (Nasce uma Estrela)
* Robbie Ryan (A Favorita)
* Linus Sandgren (O Primeiro Homem)
* Łukasz Żal (Guerra Fria)

PRÊMIO SPOTLIGHT
* Joshua James Richards (Domando o Destino)
* Giorgi Shvelidze (Namme)
* Frank van den Eeden (Girl)

THE RIDER

Joshua James Richards conseguiu explorar o melhor no singelo Domando o Destino (pic by IMDb)

Pela categoria do prêmio Spotlight para filmes menos conhecidos, Joshua James Richards merece o destaque por explorar a beleza natural do cenário, identificando sua luz no protagonista e seu paixão pelo cavalo em Domando o Destino, que faturou o prêmio de Melhor Filme no último Gotham Award.

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A cerimônia do 33º ASC Awards está marcado para o dia 09 de fevereiro.

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John David Washington e Laura Harrier em cena de Infiltrado na Klan (pic by outnow.ch)

Com cerca de 1.000 membros, o sindicato de Montadores também anunciou seus indicados na última segunda. Aqui a porcentagem de acerto é um pouco melhor do que a de Fotografia com 88% considerando os últimos 25 anos.

Aqui, como no Globo de Ouro, o Eddie é dividido em duas categorias: Drama e Comédia, além das de Animação e Documentário, o que dificulta no esquecimento de alguns trabalhos mais fortes. No ano passado, Dunkirk levou Montagem – Drama e acabou ficando com o Oscar também. Normalmente, os filmes de ação e guerra têm boa vantagem em relação aos demais gêneros. E o prêmio costuma revelar o Melhor Filme. Dificilmente o filme que levar Melhor Filme não vai estar indicado ao Oscar de Montagem.

Achei curiosa a indicação de Infiltrado na Klan como Drama. Apesar do tema sério do racismo, fica nítido que Spike Lee dirigiu uma comédia. O resultado pode ser catastrófico como no Globo de Ouro, de onde saiu de mãos abanando.

MELHOR MONTAGEM (DRAMA)
* Barry Alexander Brown (Infiltrado na Klan)
* John Ottman (Bohemian Rhapsody)
* Tom Cross (O Primeiro Homem)
* Alfonso Cuarón & Adam Gough (Roma)
* Jay Cassidy (Nasce uma Estrela)

MELHOR MONTAGEM (COMÉDIA)
* Myron Kerstein (Podres de Ricos)
* Craig Alpert, Elísabet Ronaldsdóttir, Dirk Westervelt (Deadpool 2)
* Yorgos Mavropsaridis (A Favorita)
* Patrick J. Don Vito (Green Book: O Guia)
* Hank Corwin (Vice)

MELHOR MONTAGEM DE ANIMAÇÃO
* Stephen Schaffer (Os Incríveis 2)
* Andrew Weisblum, Ralph Foster, Edward Bursch (Ilha dos Cachorros)
* Robert Fisher, Jr. (Homem-Aranha no Aranhaverso)

MELHOR MONTAGEM DE DOCUMENTÁRIO
* Bob Eisenhardt (Free Solo)
* Carla Gutierrez (RBG)
* Michael Harte (Três Estranhos Idênticos)
* Jeff Malmberg, Aaron Wickenden (Won’t You Be My Neighbor?)

MELHOR MONTAGEM DE DOCUMENTÁRIO (FEITO PARA TV)
* Martin Singer (A Final Cut for Orson: 40 Years in the Making)
* Greg Finton, Poppy Das (Robin Williams: Come Inside My Mind)
* Neil Meiklejohn (Wild Wild Country, Part 3)
* Joe Beshenkovsky (The Zen Diaries of Garry Shandling)

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A cerimônia do 69º Eddie Awards acontecerá no dia 1º de fevereiro.

'A Star Is Born' Film - 2018

Bradley Cooper explica cena para diretor de fotografia Matthew Libatique para Nasce uma Estrela (pic by Variety)

Entre todos os prêmios de sindicato, o Directors Guild of America (DGA) é o mais importante pelo seu histórico de ter apenas sete divergências entre ele e o Oscar, sendo a última em 2013, naquele episódio fatídico do Ben Affleck ficar de fora da categoria por Argo. As estatísticas, como citei, são as maiores: 90% de acerto em relação ao Oscar, ou seja, quem ganhar aqui, está com uma das mãos na estatueta dourada.

MELHOR DIREÇÃO

  • Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
  • Alfonso Cuarón (Roma)
  • Peter Farrelly (Green Book: O Guia)
  • Spike Lee (Infiltrado na Klan)
  • Adam McKay (Vice)

Apesar da vasta filmografia, Spike Lee é apenas o quinto diretor negro indicado ao DGA. O primeiro foi Lee Daniels (Preciosa) em 2010, Steve McQueen (12 Anos de Escravidão) em 2014, Barry Jenkins (Moonlight) em 2017 e Jordan Peele (Corra!) ano passado. Na verdade, esse é um dado estatístico que não costumo dar muita importância, porque parece que estou pedindo mais diretores negros indicados APENAS pela cor da pele. Gostaria de ver diretores negros mais reconhecidos apenas por seus trabalhos, assim como queria que Spike Lee tivesse sido indicado lá atrás em 1990 por Faça a Coisa Certa.

Ainda na temática politicamente correta, houve bons trabalhos de diretoras mulheres em 2018 como Poderia Me Perdoar?, da Marielle Heller, e Mais uma Chance, da Tamara Jenkins, mas particularmente, se fosse defender campanha feminina seria apenas da Chloé Zhao no independente Domando o Destino.

Voltando à lista do DGA, a inclusão de Peter Farrelly foi uma surpresa. Apesar da recente vitória de seu Green Book no Globo de Ouro ter ajudado bastante, o diretor nunca gozou de uma boa reputação como diretor em Hollywood, porque suas comédias escrachadas e politicamente incorretas sempre sofreram preconceito. Por isso, se alguém da lista não conseguir espaço no Oscar, acredito que será ele.

Por outro lado, se alguém conseguir surpreender, temos alguns nomes na fila de espera como o de Barry Jenkins (Se a Rua Beale Falasse), Damien Chazelle (O Primeiro Homem), Yorgos Lanthimos (A Favorita) e até Ryan Coogler (Pantera Negra).

MELHOR DIRETOR ESTREANTE

  • Bo Burnham (Oitava Série)
  • Bradley Cooper (Nasce uma Estrela)
  • Carlos Lopez Estrada (Ponto Cego)
  • Matthew Heineman (A Private War)
  • Boots Riley (Sorry to Bother You)

Na categoria de estreantes, Bradley Cooper aparece novamente e é o que mais tem chances de vitória, a menos que ganhe Direção e o prêmio de estreante vá para outro. Se for para Bo Burnham, seria um prêmio bem justo, pois ele trouxe muita energia e vibração desta nova geração de adolescentes em Oitava Série.

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Bo Burnham dirige Elsie Fisher em cena de Oitava Série (pic by Vanity Fair)

Não vi os demais diretores indicados aqui, mas sem querer menosprezar esses trabalhos, ressalto aqui a estréia corajosa de Ari Aster em Hereditário, que mostrou muita personalidade na criação de atmosfera de terror psicológico, e Aneesh Chaganti por Buscando…, que teve ótimas sacadas para seu filme se apoiar exclusivamente de telas de celular, computador e TV.

Sobre Matthew Heineman, um fato curioso: ele foi indicado como estreante, mas já ganhou dois prêmios do DGA por Cartel Land e City Ghosts, mas como se tratam de documentários, eles consideram estréia na ficção.

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A 71ª cerimônia de premiação do DGA está agendada para o dia 02 de fevereiro. 

Com VITÓRIAS no WGA, ‘CORRA!’ e ‘ME CHAME PELO SEU NOME’ SAEM FORTALECIDOS na RETA FINAL do OSCAR

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Jordan Peele discursa por sua vitória no WGA por Corra! (pic by David Buchan/Variety/REX/Shutterstock)

FILMES, QUE COMEÇARAM BEM A TEMPORADA, GANHAM NOVO GÁS A POUCAS SEMANAS DO OSCAR

Quando postei sobre os indicados ao WGA no início de janeiro, eu escrevi: “De todos esses prêmios de sindicatos, o mais chato, rígido e insignificante é o dos roteiristas”. Sim, é verdade: o WGA é o mais chato e rígido, mas errei ao dizer que era “insignificante”.

As coisas mudaram a favor do prêmio do sindicato dos roteiristas. Ano passado, ele foi uma espécie de divisor de águas no caso de La La Land e Moonlight. O musical franco-favorito estava levando todos os prêmios, mas assistiu ao drama racial levar a estatueta de Roteiro e ganhar novo fôlego na reta final do Oscar, e deu no que deu.

Claro que isso não significa necessariamente que o WGA continuará como o elixir da temporada, mas que devemos subestimá-lo. É importante ressaltar também que o último filme que venceu o Oscar de Melhor Filme que não levou o WGA (quando elegível) foi Menina de Ouro, lá no longínquo ano de 2005. No caso, o filme de Clint Eastwood conseguiu um impulso enorme nas últimas semanas diante de favoritos O Aviador e Sideways.

A relevância do roteiro no Oscar permanece praticamente intocável. Tanto que o último filme a vencer o Oscar de Melhor Filme sem sequer ter indicação de Roteiro, seja Original ou Adaptado, continua sendo Titanic, em 1998.

Mas voltando ao WGA, os vencedores ganharam não apenas mais um prêmio na temporada, mas um grande impulso que podem garantir uma estatueta na cerimônia e ganhar pontos na categoria de Melhor Filme. No momento, o grande favorito é A Forma da Água por causa dos prêmios que levou até agora como o PGA e DGA, e logo em seguida, vem Três Anúncios Para um Crime que, por não contar com uma indicação para seu diretor, pode perder o posto para Lady Bird (como o maior representante do movimento feminista) ou para os vencedores do WGA: Corra! e Me Chame Pelo Seu Nome.

Particularmente, acredito no potencial de Corra! no Oscar e na possibilidade de maiores surpresas. Nesse último domingo, dia 11, Jordan Peele subiu ao palco e declarou: “Este era um projeto passional. Foi algo que trabalhei com amor, com alma, então ser reconhecido aqui significa muito,” lembrando que começou a escrever o roteiro em 2008.

Embora Corra! tenha batido fortes concorrentes que também estão indicados ao Oscar: Lady Bird, A Forma da Água e Doentes de Amor, vale lembrar que não superou Martin McDonagh e seu Três Anúncios Para um Crime, que não estava concorrendo no WGA por ser inelegível, portanto a briga estará bem mais acirrada no Oscar.

Pela categoria de Roteiro Adaptado, o cineasta veterano James Ivory subiu ao palco emocionado para discursar por Me Chame Pelo Seu Nome“Estou atônito com tudo isso! Eu só queria fazer um filme na Itália novamente”. Curiosamente esta foi a primeira indicação dele ao WGA aos 89 anos de idade.

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O cineasta britânico James Ivory aceita o prêmio de Roteiro Adaptado por Me Chame Pelo Seu Nome no WGA. (pic by abc news)

Se antes dessa vitória, ele já era o franco-favorito, agora o filme de Luca Guadagnino praticamente garante uma estatueta no Oscar. A Academia também se sentirá na obrigação de reconhecer Ivory, já que ele tem três indicações como Diretor e nunca venceu por Uma Janela Para o Amor (1985), Retorno a Howards End (1992) e Vestígios do Dia (1993).

Pela categoria de documentário, o roteirista Brett Morgen levou o prêmio por Jane. “Escrever ‘Jane’ foi estimulante porque me permitiu viver no mágico mundo de Jane Goodall por surpreendentes três anos”. Infelizmente, Jane não conseguiu indicação como Melhor Documentário no Oscar.

 

Seguem os vencedores (em laranja) da 70ª edição do WGA Awards:

ROTEIRO ORIGINAL
* Emily V. Gordon & Kumail Nanjiani (Doentes de Amor)
* Jordan Peele (Corra!)
* Steven Rogers (Eu, Tonya)
* Greta Gerwig (Lady Bird)
* Guillermo del Toro e Vanessa Taylor (A Forma da Água)

ROTEIRO ADAPTADO
* James Ivory; Baseado no romance de André Aciman (Me Chame Pelo Seu Nome)
* Scott Neustadter e Michael H. Weber; Baseado no livro “The Disaster Artist: My Life Inside the Room, the Greatest Bad Movie Ever Made” de Greg Sestero e Tom Bissell (O Artista do Desastre)
* Scott Frank, James Mangold e Michael Green; Baseado nos personagens dos quadrinhos de X-Men (Logan)
* Aaron Sorkin; Baseado no livro de Molly Bloom (A Grande Jogada)
* Virgil Williams e Dee Rees; Baseado no romance de Hillary Jordan (Mudbound)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
* Theodore Braun (Betting on Zero)
* Brett Morgen (Jane)
* Alex Gibney (No Stone Unturned)
* Barak Goodman (Oklahoma City)

A 90ª cerimônia do Oscar acontece no dia 04 de março.

2018 começando com EDDIE AWARDS, PGA e WGA

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Corra!, de Jordan Peele, presente nas três listas citadas: Eddie, PGA e WGA (pic by imdb.com)

PRÊMIOS DE SINDICATO VÃO REVELANDO SEUS CANDIDATOS NUM ANO BEM DIVERSIFICADO

Hello, pessoal! Feliz Ano Novo! Espero que todos tenham passado bem a virada e que este ano de 2018 seja de recuperação econômica (que o termo “crise” fique no passado) e que a eleição de novembro passe a limpo esta tão corrupta política brasileira.

Como de costume, o primeiro post do ano serve para revelar os indicados ao Eddie Awards, que é o prêmio do sindicato de montadores, mas com o PGA (Producers Guild of America) se antecipando, e o Writers Guild na cola, matarei TRÊS coelhos com uma só cajadada.

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EDDIE AWARDS

Como já citei aqui em outras ocasiões, a montagem costuma ser mais valorizada em filmes de ação como Mad Max: Estrada da Fúria, ou em narrativas não-lineares como o vencedor do ano passado A Chegada.

Assim como no Globo de Ouro, o Eddie tem duas categorias: Drama e Comédia ou Musical. Na teoria, essa divisão possibilita que as comédias não caiam no esquecimento da temporada de premiações, mas na prática, montagem de qualidade não tem gêneros. Particularmente, considero essa divisão muito prejudicial para os filmes de terror, que têm a obrigação de apresentar uma boa montagem, pois não são comédias ou musicais, e têm dificuldade de bater os dramas.

Enfim, neste ano, a categoria de drama tem como destaque Blade Runner 2049, montado pelo último vencedor Joe Walker, e Dunkirk que tem como méritos as sequências de bombardeio e o fato de ser o primeiro filme de Christopher Nolan com duração abaixo de duas horas desde Insônia (2002). Ambos competem com as montagens de The Post: A Guerra Secreta, A Grande Jogada e A Forma da Água.

Já pela categoria de comédia, a surpresa ficou por conta da inclusão de Três Anúncios Para um Crime, que vinha competindo como drama em outras premiações, inclusive no Globo de Ouro. Claro que, para quem conhece a filmografia, o diretor Martin McDonagh tem um forte apelo para comédias de humor negro, por isso seu trabalho pode ser interpretado de formas diferentes nessa questão de gênero.

Porém, o favorito desta categoria continua sendo Eu, Tonya, que tem colecionado prêmios e indicações importantes, seguido bem de perto por Em Ritmo de Fuga e Corra!, uma vez que apresentam boas cenas de ação e tensão. Curiosamente, Lady Bird, o mais legítimo representante da verve da comédia corre por fora.

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Margot Robbie em cena de Eu, Tonya, que concorre como montagem – comédia ou musical (pic by imdb.com)

Em animação, o novo trabalho da Pixar, Viva: A Vida é uma Festa deve ser premiado, enquanto na ala dos documentários, já que um dos favoritos Faces Places (Visages, Villages) da Agnès Varda não está na lista, talvez o filme sobre protestos de Los Angeles, LA 92, fature o prêmio.

Pelas categorias televisivas, destaque para Better Call Saul e Fargo em Drama, e Curb Your Enthusiasm em Comédia.

INDICADOS AO EDDIE AWARDS:

MELHOR MONTAGEM – DRAMA
* Joe Walker (Blade Runner 2049)
* Lee Smith (Dunkirk)
* Alan Baumgarten, Josh Schaeffer, Elliot Graham (A Grande Jogada)
* Michael Kahn, Sarah Broshar (The Post: A Guerra Secreta)
* Sidney Wolinsky (A Forma da Água)

MELHOR MONTAGEM – COMÉDIA OU MUSICAL
* Jonathan Amos, Paul Machliss (Em Ritmo de Fuga)
* Gregory Plotkin (Corra!)
* Tatiana S. Riegel (Eu, Tonya)
* Nick Houy (Lady Bird: É Hora de Voar)
* Jon Gregory (Três Anúncios Para um Crime)

MELHOR MONTAGEM – ANIMAÇÃO
* Steve Bloom (Viva: A Vida é uma Festa)
* Clair Dodgson (Meu Malvado Favorito 3)
* David Burrows, Matt Villa, John Venzon (LEGO Batman: O Filme)

MELHOR MONTAGEM – DOCUMENTÁRIO
* Aaron I. Butler (Cries From Syria)
* Joe Beshenkovsky, Will Znidaric, Brett Morgen (Jane)
* Ann Collins (Joan Didion: The Center Will Not Hold)
* TJ Martin, Scott Stevenson, Dan Lindsay (LA 92)

 

MELHOR MONTAGEM – DOCUMENTÁRIO DE TV
* Lasse Järvi, Doug Pray (The Defiant Ones — Ep: Part 1)
* Will Znidaric (Five Came Back — Ep: The Price of Victory)
* Inbal Lessner (The Nineties” — Ep: Can We All Get Along?)
* Ben Sozanski, ACE, Geeta Gandbhir; Andy Grieve (Rolling Stone: Stories from the Edge — Ep: 01)

Best Edited Comedy Series for Commercial Television
* John Peter Bernardo, Jamie Pedroza (Black-ish — Ep: Lemons)
* Kabir Akhtar, Kyla Plewes (Crazy Ex-Girlfriend — Ep: Josh’s Ex-Girlfriend Wants Revenge)
* Heather Capps, Ali Greer, Jordan Kim (Portlandia — Ep: Amore)
* Peter Beyt (Will & Grace — Ep: Grandpa Jack)

Best Edited Comedy Series for Non-Commercial Television
MELHOR MONTAGEM DE SÉRIES DE COMÉDIA DE EPISÓDIOS DE MEIA-HORA

* Steven Rasch (Curb Your Enthusiasm — Ep: Fatwa!)
* Jonathan Corn (Curb Your Enthusiasm — Ep: The Shucker)
* William Turro (Glow — Ep: Pilot)
* Roger Nygard, Gennady Fridman (Veep — Ep: Chicklet)

MELHOR MONTAGEM DE SÉRIES DRAMÁTICAS DE EPISÓDIOS DE UMA HORA – COM COMERCIAL
* Skip Macdonald (Better Call Saul — Ep: Chicanery)
* Kelley Dixon, Skip Macdonald (Better Call Saul — Ep: Witness)
* Henk Van Eeghen (Fargo — Ep: Aporia)
* Andrew Seklir (Fargo — Ep: Who Rules the Land of Denial)

MELHOR MONTAGEM DE SÉRIES DRAMÁTICAS DE EPISÓDIOS DE UMA HORA – SEM COMERCIAL
* David Berman (Big Little Lies — Ep: You Get What You Need)
* Tim Porter (Game of Thrones — Ep: Beyond the Wall)
* Julian Clarke, Wendy Hallam Martin (The Handmaid’s Tale — Ep: Offred)
* Kevin D. Ross (Stranger Things — Ep: The Gate)

MELHOR MONTAGEM DE MINISSÉRIES OU FILMES PARA TV
* Adam Penn, Ken Ramos (Feud — Ep: Pilot)
* James D. Wilcox (Genius: Einstein — Ep: Chapter One)
* Ron Patane (The Wizard of Lies)

MELHOR MONTAGEM – SÉRIES NÃO-ROTEIRIZADAS
* Rob Butler, Ben Bulatao (Deadliest Catch — Ep: Lost at Sea)
* Reggie Spangler, Ben Simoff, Kevin Hibbard, Vince Oresman (Leah Remini: Scientology and the Aftermath — Ep: The Perfect Scientology Family)
* Tim Clancy, Cameron Dennis, John Chimples, Denny Thomas (VICE News Tonight — Ep: Charlottesville: Race & Terror)

A cerimônia do Eddie Awards acontece no dia 26 de janeiro.

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PGA

PRODUCERS GUILD OF AMERICA (PGA)

Normalmente o filme que está na lista do PGA já tem um pé na categoria de Melhor Filme no Oscar, mas obviamente um ou outro filme deve ficar de fora. Ano passado, dos 10 indicados ao PGA, apenas Deadpool não conseguiu chegar ao tapete vermelho. Não que Deadpool precise de indicações ao Oscar, mas seria bacana ver um trabalho mais ousado e para adultos como candidato.

Seguindo a lógica e tradição, dessa nova lista, aliás, de ONZE filmes, Mulher-Maravilha deve ser o excluído da vez, mesmo num ano considerado das mulheres após os escândalos sexuais de Hollywood. Particularmente, não gosto do filme da Patty Jenkins e considero todos esses elogios e prêmios “overlooked”, mas de novo: Mulher-Maravilha não precisa de indicação ao Oscar, ainda mais depois desse sucesso estrondoso nas bilheterias.

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Chris Pine, Gal Gadot e Lucy Davis em cena de Mulher-Maravilha (pic by imdb.com)

Bom, antes de analisar à fundo, melhor revelar os onze candidatos primeiro. Aqui vão:

MELHOR PRODUÇÃO FÍLMICA:

DOENTES DE AMOR (The Big Sick)
Produtores: Judd Apatow, Barry Mendel

ME CHAME PELO SEU NOME (Call Me By Your Name)
Produtores: Peter Spears, Luca Guadagnino, Emilie Georges, Marco Morabito

DUNKIRK (Dunkirk)
Produtores: Emma Thomas, Christopher Nolan

CORRA! (Get Out)
Produtores: Sean McKittrick, Edward H. Hamm Jr., Jason Blum, Jordan Peele

EU, TONYA (I, Tonya)
Produtores: Bryan Unkeless, Steven Rogers, Margot Robbie, Tom Ackerley

LADY BIRD: É HORA DE VOAR (Lady Bird)
Produtores: Scott Rudin, Eli Bush, Evelyn O’Neill

A GRANDE JOGADA (Molly’s Game)
Producers: Mark Gordon, Amy Pascal, Matt Jackson

THE POST: A GUERRA SECRETA (The Post)
Produtores: Amy Pascal, Steven Spielberg, Kristie Macosko Krieger

A FORMA DA ÁGUA (The Shape Of Water)
Produtores: Guillermo del Toro, J. Miles Dale

TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri)
Produtores: Graham Broadbent, Pete Czernin, Martin McDonagh

MULHER-MARAVILHA (Wonder Woman)
Produtores: Charles Roven, Richard Suckle, Zack Snyder e Deborah Snyder

OK, vamos falar mal! Não, já falei de Mulher-Maravilha… haha
Bom, a lista não tem lá grandes surpresas. Temos os filmes que não podiam faltar devido ao seu bom histórico na temporada de premiações como The Post, A Forma da Água, Três Anúncios Para um Crime, Dunkirk, Lady Bird e Corra!.

Em termos de surpresas esperadas estão a inclusão de Me Chame Pelo Seu Nome e Doentes de Amor. O primeiro por duas questões: primeiro, o filme tem decaído um pouco desde seu início arrasador com os prêmios dos críticos de Los Angeles e do Independent Spirit Awards, e segundo porque ainda é um filme LGBT que precisa quebrar a barreira do conservadorismo desses prêmios. Já o segundo teve seu melhor momento quando foi lembrado em categorias principais no Critics’ Choice Awards, mas falhou miseravelmente para estar entre os indicados a Melhor Filme – Comédia ou Musical no Globo de Ouro.

Agora, de surpresa-surpresa mesmo foi a inclusão de A Grande Jogada, que vinha sendo lembrado apenas por sua atriz Jessica Chastain e um ou outro prêmio de roteiro, que foi escrito por um dos mestres do fast dialogue Aaron Sorkin. Se esse feito se repetir no Oscar, Chastain terá grandes chances de conquistar sua terceira indicação, mesmo tendo fortes candidatas pela frente como Meryl Streep, Frances McDormand, Saoirse Ronan e Sally Hawkins. E, claro, o já citado Mulher-Maravilha, cuja inclusão mais me soa como uma atitude de “fazer a média”, ainda mais por ser o 11º filme da lista ou plus one.

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Kevin Costner contracena com Jessica Chastain em A Grande Jogada (pic by imdb.com)

DOS EXCLUÍDOS

que mais senti falta foi Projeto Flórida, de Sean Baker. Tudo bem que o filme não é uma unanimidade como os favoritos, mas não li nenhuma crítica negativa que pudesse desqualificá-lo… E se formos levar em conta o contexto atual, o filme dialoga com a questão das minorias e imigrantes. Não dava pra entrar nessa lista?

Tem outro filme que supostamente era pra estar aqui, porque parece que filmes de guerra são feitos pra ganhar prêmios, que é O Destino de uma Nação. Antes de começar a temporada, todo mundo falava que esse filme ganharia o Oscar e daria finalmente o Oscar para Gary Oldman. Quando começaram os prêmios da crítica, o filme sumiu do radar, e aí as pessoas se questionavam: “Será que nem o Oscar pro Gary, vai??”. Eu sei que o ator merece há tempos uma estatueta, mas começo a ter minhas dúvidas também se ele tem mesmo toda essa chance.

E também vale citar o Mudbound, que de mais relevante conquistou uma indicação ao SAG de Melhor Elenco. Tem elementos da questão racial que estão no topic trend de Hollywood, e dirigido por uma mulher negra. Pode ser o filme a roubar a cadeira de Mulher-Maravilha no Oscar.

MELHOR PRODUÇÃO DE ANIMAÇÃO:

O PODEROSO CHEFINHO (The Boss Baby)
Producer: Ramsey Naito

VIVA: A VIDA É UMA FESTA (Coco)
Producer: Darla K. Anderson

MEU MALVADO FAVORITO 3 (Despicable Me 3)
Producers: Chris Meledandri, Janet Healy

O TOURO FERDINANDO (Ferdinand)
Producers: Lori Forte, Bruce Anderson

LEGO BATMAN: O FILME (The Lego Batman Movie)
Producers: Dan Lin, Phil Lord e Christopher Miller

Na categoria de animação, não tem muito o que falar. A Pixar deve conquistar mais um PGA com este belo exemplar de inclusão de imigrantes que é Viva: A Vida é uma Festa. Sem um possível estraga-festa que poderia ser Com Amor, Van Gogh, o caminho parece bem livre para o estúdio da Disney rumo a mais um PGA.

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Viva: A Vida é uma Festa concorre no PGA (pic by imdb.com)

MELHOR PRODUÇÃO DE DOCUMENTÁRIO:

CHASING CORAL

CITY OF GHOSTS

CRIES FROM SYRIA

EARTH: ONE AMAZING DAY

JANE

JOSHUA: TEENAGER VS. SUPERPOWER

THE NEWSPAPERMAN: THE LIFE AND TIMES OF BEN BRADLEE

Entre os documentários, o mais frequente nas premiações tem sido o novo filme de Agnès Varda, Visage, Villages, mas com ele ausente aqui, Jane, o filme sobre a especialista em primatas Jane Goodall pode se sobressair.

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Imagem de arquivo do documentário Jane, estrelado por Jane Goodall (pic by imdb.com)

Os vencedores serão anunciados no próximo dia 20 no Hotel Beverly Hilton.

***

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WRITERS GUILD AWARDS (WGA)

De todos esses prêmios de sindicatos, o mais chato, rígido e insignificante é o dos roteiristas. Além de ter uma série de regras desqualificatórias que acabam eliminando todos os anos importantes concorrentes, não aceitam roteiros de animações na competição. Sim, como se os roteiros de animações fossem coisa de criança.

Não à toa, roteiristas consagrados como Quentin Tarantino torcem o nariz, não é membro desse sindicato e mesmo assim, consegue ser indicado e ganhar Oscar como o fez em 2013 por Django Livre. Bom, claro que cada sindicato com seus estatutos, mas acho que poderiam pelo menos incluir uma categoria para animações. Se até o Oscar criou um prêmio para os longas de animação desde 2002, por que não o Writers Guild também?

Este ano, talvez o roteiro mais premiado até o momento foi um dos desclassificados: Três Anúncios Para um Crime, de Martin McDonagh. Com isso, teria menos chances no Oscar? Não. Além do já citado Tarantino, em 2015, o roteiro de Birdman venceu como Original depois de ter sido inelegível pelo WGA.

Felizmente, a safra de roteiros originais de 2017 pode suprir a ausência de Três Anúncios. O roteiro de Jordan Peele por Corra! compete com fortes concorrentes como Lady Bird, de Greta Gerwig, A Forma da Água, de Guillermo del Toro e Vanessa Taylor, além de Doentes de Amor, de Kumail Nanjiani, e Eu, Tonya, de Steven Rogers. Ainda dá pra citar o roteiro de Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson, que vinha recebendo prêmios, mas foi preterido aqui.

Já na categoria de Adaptações, curiosamente, roteiros que eram considerados certos como The Post: A Guerra Secreta e até Extraordinário ficaram de fora por motivo de escolha mesmo. Como no ano passado, quando o roteiro de Deadpool concorreu, temos outro roteiro adaptado dos quadrinhos dos X-Men na lista: Logan, escrito por Scott Frank, James Mangold e Michael Green. Não tem a originalidade e ousadia de seu antecessor, mas vale a lembrança de outro bem-sucedido filme para o público mais adulto.

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Dafne Keen, Patrick Stewart e Hugh Jackman em cena de Logan, que concorre como Roteiro Adaptado no WGA (pic by imdb.com)

Entre as adaptações, os favoritos O Artista do Desastre, de Scott Neustadter e Michael H. Weber, e A Grande Jogada, de Aaron Sorkin estão concorrendo com Me Chame Pelo Seu Nome, de James Ivory (que aos 89 anos conquista sua primeira indicação ao WGA), Mudbound, de Virgil Williams e Dee Rees, além do já citado Logan.

Na categoria de documentários, temos o veterano Alex Gibney concorrendo com No Stone Unturned, além de Jane, citado nos parágrafos de PGA acima, que está pré-selecionado para o Oscar.

ROTEIRO ORIGINAL
* Emily V. Gordon & Kumail Nanjiani (Doentes de Amor)
* Jordan Peele (Corra!)
* Steven Rogers (Eu, Tonya)
* Greta Gerwig (Lady Bird)
* Guillermo del Toro e Vanessa Taylor (A Forma da Água)

ROTEIRO ADAPTADO
* James Ivory; Baseado no romance de André Aciman (Me Chame Pelo Seu Nome)
* Scott Neustadter e Michael H. Weber; Baseado no livro “The Disaster Artist: My Life Inside the Room, the Greatest Bad Movie Ever Made” de Greg Sestero e Tom Bissell (O Artista do Desastre)
* Scott Frank, James Mangold e Michael Green; Baseado nos personagens dos quadrinhos de X-Men (Logan)
* Aaron Sorkin; Baseado no livro de Molly Bloom (A Grande Jogada)
* Virgil Williams e Dee Rees; Baseado no romance de Hillary Jordan (Mudbound)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
* Theodore Braun (Betting on Zero)
* Brett Morgen (Jane)
* Alex Gibney (No Stone Unturned)
* Barak Goodman (Oklahoma City)

A 70ª edição do WGA está marcada para o dia 11 de fevereiro.

‘MOONLIGHT’ e ‘A CHEGADA’conquistam o WGA Awards

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O diretor e roteirista Barry Jenkins recebe o WGA de Roteiro Original por Moonlight (pic by Mirror)

BARRY JENKINS BATE FAVORITOS DA CATEGORIA VIZINHA

Estamos chegando na reta final para o Oscar! Sim, após várias noites viradas no blog desde novembro, vou conseguir um break! Depois de acompanharmos os vencedores dos prêmios dos sindicatos de Diretores e Atores, chegou a vez dos Roteiristas. Moonlight e A Chegada, que concorrem a oito Oscars cada, foram os vencedores de Roteiro Original e Adaptado, respectivamente.

Para quem não conhece, de todos os sindicatos, o mais chatinho é dos roteiristas, porque impõe uma série de regras para seu roteiro ser elegível, começando com a sua carteirinha de membro. Se não tiver esse documento, você é automaticamente desqualificado. Quentin Tarantino, que é um dos mais relevantes excluídos desse clube (talvez porque o povo de lá seja quadrado demais ou talvez porque queira economizar seu dinheirinho não pagando taxas de membros), consegue ganhar Oscars mesmo assim, então isso acaba enfraquecendo o próprio sindicato.

Entre outras disparidades do WGA (Writers Guild of America), está as classificações do material: se é original ou adaptação. Por exemplo, em 2015, o roteiro de Whiplash: Em Busca da Perfeição foi classificado como original pelo WGA, enquanto no Oscar concorria como adaptado, uma vez que entendiam que se tratava de uma adaptação do próprio curta-metragem homônimo de Damien Chazelle.

Este ano, o roteiro de Moonlight passou pela mesma indecisão. No WGA, concorria como original, enquanto no Oscar concorre como adaptado. A polêmica aqui reside no fato do roteiro ter como base uma peça não-produzida de Tarell Alvin McCraney intitulada “In Moonlight Black Boys Look Blue”. Mesmo assim, a Academia considera como um material prévio existente, que serviu de inspiração para o roteiro de Barry Jenkins.

O QUE OS RESULTADOS DIZEM

O fato de Barry Jenkins ter conquistado o WGA significa muito para o filme, já que bateu os favoritos ao Oscar La La Land e Manchester à Beira-Mar. E o que muda na corrida para o Oscar? Bom, a concorrência muda. Com Moonlight migrando para a categoria de Roteiro Adaptado, o caminho ficou mais fácil. Deixará de concorrer o Oscar com pesos-pesados como La La Land, Manchester à Beira-Mar e A Qualquer Custo, que ganharam diversos prêmios na temporada, para pegar filmes menos expressivos como Estrelas Além do Tempo e Lion. Em resumo: se Moonlight já bateu os favoritos da categoria mais forte que é Original, o que dirá da categoria de Roteiro Adaptado? Com isso, acredito que Moonlight deva sair da 89ª cerimônia do Oscar com duas estatuetas: Roteiro Adaptado e Ator Coadjuvante (Mahershala Ali).

Já a vitória de Eric Heisserer por A Chegada como Roteiro Adaptado pode significar um dos últimos respiros da ótima ficção científica na temporada. Apesar de ter sido indicado em oito categorias no Oscar, o fato de sua atriz principal (Amy Adams) ter ficado de fora, já havia enfraquecido a campanha do filme, portanto, se sobrar estatuetas para A Chegada, acredito que será nas categorias de Som e Efeitos Sonoros. Torcerei até o final para que conquiste o Oscar de Montagem para Joe Walker, que consegue se utilizar muito bem de flash-forwards para contar a história de Heisserer.

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Eric Heisserer aceita o prêmio de Roteiro Adaptado por A Chegada (pic by YouTube)

Felizmente, mesmo com a rigidez das regras do sindicato, as estatísticas do WGA não são ruins em relação ao Oscar. São 16 acertos em 22 anos na categoria de Roteiro Adaptado, e 14 na categoria de Roteiro Original. No ano passado, os vencedores do WGA, Spotlight e A Grande Aposta, saíram com as estatuetas de Roteiro Original e Adaptado, respectivamente, no Oscar.

SOBRE A CERIMÔNIA

Os vencedores foram anunciados em cerimônias simultâneas realizadas em Nova York e em Beverly Hills, já que são sindicatos da costa leste e da costa oeste. O ator e comediante Patton Oswalt foi o host do evento de Beverly Hills e obviamente, não poupou o presidente eleito Donald Trump com tiradas do tipo: “I feel bad for Trump…his life before this was golf and hookers and jets.” (Sinto-me mal por Trump… a vida dele antes disso era golfe, prostitutas e jatinhos).

Além do anúncio dos vencedores, houve prêmios especiais para Aaron Sorkin, que foi homenageado com o prêmio Paddy Chayefsky Laurel Award for Television Writing Achievement, já que escreveu séries imponentes como The West Wing e The Newsroom, e também para Oliver Stone, que recebeu o WGA’s Screen Laurel Award.

No tapete vermelho, Barry Jenkins fez um breve relato importante: “Todos esses filmes foram feitos sob uma administração muito diferente da atual. Havia um espaço seguro, então espero que agora que esse espaço não mais seguro, façamos histórias ainda mais passionais e verdadeiras.”

VENCEDORES DO 69º WGA AWARDS:

ROTEIRO ORIGINAL
Barry Jenkins, história de Tarell McCraney (Moonlight)

ROTEIRO ADAPTADO
Eric Heisserer; Baseado na história de “Story of Your Life” de Ted Chiang (A Chegada)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO
Robert Kenner e Eric Schlosser, história de Brian Pearle e Kim Roberts; Baseado no livro ‘Command and Control’ de Eric Schlosser (Command and Control)

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A 89ª cerimônia do Oscar está marcada para o próximo domingo, dia 26 de fevereiro. Não, não dependa da Globo e seu Carnaval. Veja na TNT (e não, não estou ganhando nada da TNT).

 

‘Deadpool’ disputa o WGA com ‘A Chegada’ e ‘Animais Noturnos’

Brianna Hildebrand e Ryan Reynolds em cena de Deadpool (pic by moviepilot.de)

Brianna Hildebrand e Ryan Reynolds em cena de Deadpool (pic by moviepilot.de)

PRÊMIO DO SINDICATO DE ROTEIRISTAS RECONHECE OUTRA ADAPTAÇÃO DE QUADRINHOS

Para quem acompanha cinema, sabe que os maiores sucessos comerciais nos últimos anos têm sido as adaptações de histórias em quadrinhos, seja da Marvel, ou seja da DC. É um filão extremamente rentável, porque ao mesmo tempo em que entretém o público mais jovem (que é a grande maioria dos espectadores dos cinemas hoje), consegue atrair os adultos que leram os quadrinhos décadas atrás. Entre os maiores sucessos comerciais de 2016, estavam as adaptações de HQ: Esquadrão Suicida, Batman vs. Superman: A Origem da Justiça e Capitão América: Guerra Civil, contudo, o único ousado foi Deadpool, que manteve as piadas de humor negro, o sexo e a violência (sim, tem sangue na tela), e a censura para maiores de 16 anos (reduzindo consideravelmente a renda nas bilheterias) em prol de qualidade.

Essa coragem em peitar a censura por acreditarem no material tem sido recompensada nas premiações. Venceu o Critics’ Choice Awards de Melhor Comédia e Melhor Ator em Comédia (Ryan Reynolds), foi indicado ao Globo de Ouro nas mesmas categorias, e agora foi lembrado pelo Writers Guild Awards. Será que sobra uma indicaçãozinha no Oscar? Deadpool concorre com pesos-pesados como A Chegada e Animais Noturnos.

Amy Adams em cena de Animais Noturnos (pic by moviepilot.de)

Amy Adams em cena de Animais Noturnos (pic by moviepilot.de)

Embora, o WGA seja bem rígido quanto ao regulamento, eliminado alguns concorrentes importantes anualmente, também apresenta uma boa estatística de acerto em relação ao Oscar. São 16 acertos em 22 anos na categoria de Roteiro Adaptado, e 14 na categoria de Roteiro Original. No ano passado, Spotlight – Segredos Revelados e A Grande Aposta levaram o prêmio do sindicato e levaram as estatuetas da Academia. Vale ressaltar também que Deadpool é a segunda adaptação de quadrinhos indicada. A anterior havia sido Guardiões da Galáxia em 2015.

Entre as exclusões devido ao regulamento estão as de LionMogli: O Menino Lobo e O Lagosta (que levou o LAFCA) na categoria de Roteiro Original, e de Florence: Quem é Essa Mulher? e Zootopia na categoria de Roteiro Adaptado. A maioria dessas ausências se deve aos próprios roteiristas, que decidiram não se filiar ao sindicato. Claro que há alguns casos em que o vencedor do Oscar de Roteiro nem era filiado ao WGA como Quentin Tarantino (por Django Livre) e Alejandro González Iñárritu e sua trupe (por Birdman), mas são mais raros de acontecer.

Já entre os ausentes que os membros do WGA simplesmente não gostaram estão Silêncio (o filme de Scorsese realmente não está agradando), Até o Último Homem, Capitão Fantástico e Jackie (que levou o prêmio no Festival de Veneza).

Só uma última curiosidade: os dramas Loving e Moonlight, aqui concorrentes como Roteiro Original, tiveram sua classificação alterada para Roteiro Adaptado perante a Academia. Enquanto o primeiro teria sido baseado num documentário de 2011, o segundo teria como base uma história biográfica pré-existente.

Seguem os indicados do Writers Guild Awards:

ROTEIRO ORIGINAL

  • Taylor Sheridan (A Qualquer Custo)
  • Damien Chazelle (La La Land)
  • Jeff Nichols (Loving)
  • Kenneth Lonergan (Manchester à Beira-Mar)
  • Barry Jenkins, Story by Tarell McCraney (Moonlight)

ROTEIRO ADAPTADO

  • Eric Heisserer (A Chegada); Baseado na história “História da sua Vida” de Ted Chiang
  • Rhett Reese & Paul Wernick (Deadpool); Baseado nos quadrinhos dos X-Men
  • August Wilson (Cercas); Baseado em sua peça
  • Allison Schroeder e Theodore Melfi (Estrelas Além do Tempo); Baseado no livro de Margot Lee Shetterly
  • Tom Ford (Animais Noturnos); Baseado no romance “Tony and Susan”, de Austin Wright

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

  • Jeff Feuerzeig (Author: The JT LeRoy Story)
  • Robert Kenner e Eric Schlosser, história por Brian Pearle e Kim Roberts (Command and Control); Baseado no livro “Command and Control”, de Eric Schlosser
  • Alex Gibney (Zero Days)

Cena do documentário Zero Days, de Alex Gibney (pic by moviepilot.de)

Cena do documentário Zero Days, de Alex Gibney (pic by moviepilot.de)

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O WGA (Writers Guild of America) anunciará seus vencedores em 19 de fevereiro em Beverly Hills. E as indicações ao Oscar saem no dia 24 de janeiro.