‘ATAQUE DOS CÃES’ LIDERA INDICAÇÕES ao OSCAR REPLETO de SURPRESAS

PELA PRIMEIRA VEZ, FILME DA NETFLIX É O RECORDISTA DE INDICAÇÕES DE UMA EDIÇÃO

Há poucos anos atrás, a reclamação mais recorrente em relação ao Oscar era a previsibilidade, principalmente nas categorias principais e de atuação. Em 2020, os quatro atores que ganharam o Oscar: Joaquin Phoenix, Renée Zellweger, Brad Pitt e Laura Dern levaram todos os prêmios de destaque da temporada, impossibilitando qualquer tipo de surpresa para a cerimônia. Este ano, parece que a Academia tomou as devidas providências, reconheceu profissionais que não estavam necessariamente bem cotados, e o resultado foi uma lista de surpresas e ausências.

Dentre as surpresas, as duas maiores foram na categoria de Melhor Atriz: Lady Gaga, que estava praticamente garantida após as indicações ao SAG e BAFTA, foi esnobada por Casa Gucci, para a entrada da quase esquecida Kristen Stewart por Spencer. Ao contrário de Gaga, Stewart passou longe dos prêmios anteriores e perdeu o Globo de Ouro para Nicole Kidman. Existem chances de Stewart levar o Oscar? Improvável, mas não impossível. Basta lembrarmos de casos recentes porém raros semelhantes ao dela como Marcia Gay Harden por Pollock.

Ainda em Melhor Atriz, Penélope Cruz entrou na reta final por Mães Paralelas, comprovando o alto prestígio que Pedro Almodóvar tem junto à Academia. Esta é a quarta indicação dela, e a segunda sob a direção do diretor espanhol. Havia a possibilidade da norueguesa Renate Reinsve conseguir o mesmo feito por A Pior Pessoa do Mundo, mas acho que a cota para estrangeiras parou com Cruz, que aliás foi indicada na mesma edição com seu marido, Javier Bardem, que foi indicado por Apresentando os Ricardos. Honestamente, não considero uma atuação digna de Oscar (seria mais uma questão de carisma), mas é sempre bom ter Bardem lembrado. Na mesma toada, J.K. Simmons é um ótimo ator, mas uma indicação por esta performance parece um pouco exagerada. Na categoria de Coadjuvante, acreditava que não apenas Bradley Cooper seria indicado por Licorice Pizza, mas também ganharia… principalmente sem Alana Haim no páreo.

Falando em casais indicados, outro reconhecido neste ano foi Jesse Plemons e Kirsten Dunst, que inclusive formam um casal em Ataque dos Cães. É a primeira vez que ambos são indicados ao Oscar, mas ambos têm poucas chances de vitória. Ele por dividir votos com Kodi Smit-McPhee, e ela por estar distante do favoritismo de Ariana DeBose como Coadjuvante. Aliás, muito me surpreendeu a ausência de Caitriona Balfe por Belfast, já que ela vinha sendo lembrada em todos os prêmios da temporada. Embora não tenha muitas cenas memoráveis, Balfe está bem no filme de Branagh, mas ela cedeu sua vaga para sua colega de filme, Judi Dench, que tem menos cenas ainda, mas foi lembrada por seu prestígio. É a 8ª indicação da atriz britânica.

Talvez a maior surpresa (mesmo que esperada) tenha sido a indicação de Melhor Filme para um filme japonês de 3 horas de duração: Drive My Car. A adaptação de Haruki Murakami ganhou inúmeros prêmios na temporada, inclusive Melhor Filme nos grupos de críticos de Los Angeles e Nova York, mas mesmo assim, havia dúvidas se os membros da Academia abraçariam um longa estrangeiro tão sutil. Considero a indicação de Direção para Ryûsuke Hamaguchi fenomenal, pois comprova que a categoria de Diretor tem se firmado cada vez mais como uma disputa que preza a ousadia (ao contrário do conservadorismo frequente de Melhor Filme). E nesse quesito, segundo a Academia, faltou ousadia para Denis Villeneuve por sua primeira parte de Duna.

Em termos históricos, vale destacar a tripla indicação inédita de Melhor Filme Internacional, Longa de Animação e Documentário para o dinamarquês Flee (Fuga). É uma pena que esse tipo de situação costuma desfavorecer o filme, que perde votos por se dividirem. Merecia ganhar como Longa de Animação no lugar de algum filme mais batido da Disney ou Pixar, mas por mais que não ganhe nada, merece ser visto e admirado. E claro, vale lembrar aqui a 1ª indicação para o Butão na categoria de Filme Internacional. Lunana: A Yak in the Classroom é aquela típica produção milagrosa que rendeu um filme apesar do baixíssimo orçamento e condições precárias. Deve perder a estatueta para o japonês Drive My Car, mas espero que atraia maiores investimentos para o cinema de lá.

Sobre a categoria de Canção Original, fiquei desapontado por não terem indicado a canção “Beyond the Shore” de No Ritmo do Coração. Além de uma canção bonita, é cantada pela própria atriz Emilia Jones, e tem muito a ver com a história da filha de pais surdos-mudos. Eu amo a compositora Diane Warren, que passa a acumular 13 indicações sem vitória agora, mas essa indicação da canção “Somehow You Do” parece destinada a perder mais uma vez. Apesar da presença icônica de Beyoncé na categoria pela canção de King Richard, acredito em mais uma vitória de uma canção da franquia 007, ainda mais aproveitando a fama global de Billie Eilish.

Tem outras coisas que vale citar aqui referente a Casa Gucci como a exclusão do filme na categoria de Figurino (parecia ser uma indicação mais do que garantida por se tratar de um filme envolvendo moda) e de Jared Leto como Ator Coadjuvante, que aliás foi indicado para o Framboesa de Ouro como Pior Coadjuvante por uma performance carregada pela maquiagem exagerada. Outra ausência bastante comemorada por cinéfilos foi a de Aaron Sorkin (Apresentando os Ricardos) nas categorias de Filme e Roteiro Original. O roteiro de Sorkin consegue ser mais politicamente correto e quadrado do que seu anterior Os 7 de Chicago, e a Academia fez bem em esnobá-lo, senão o homem começa a achar que tudo que ele faz é genial. E o mais legal de Sorkin fora é que ele cedeu lugar para um roteiro filosófico, divertido e despojado: o roteiro do filme norueguês A Pior Pessoa do Mundo, que é lembra as comédias românticas de Truffaut e até Godard.

Ah! Temos a 2ª diretora de fotografia mulher indicada ao Oscar de Melhor Fotografia! Depois de Rachel Morrison ter aberto as portas em 2018 com Mudbound, a australiana Ari Wegner é reconhecida por Ataque dos Cães, muito embora também merecesse pelo independente Zola. Falando em marcas históricas, a diretora Jane Campion se tornou a 1ª diretora a ser indicada duas vezes ao Oscar de Direção. Pra quem não se lembra, ela foi indicada em 1994 por O Piano, e perdeu para Steven Spielberg por A Lista de Schindler. Aliás, Spielberg atinge uma marca impressionante por ter sido o único diretor indicado em todas as últimas décadas desde os anos 70 pra cá. Coincidentemente, parece que Campion deve retribuir a derrota justamente contra Spielberg este ano.

E sobre a liderança de Ataque dos Cães com 12 indicações, é preciso ressaltar o belo trabalho que a Netflix vem fazendo nos últimos anos. Tem investido massivamente em produções de pedigree com diretores-autores, mas sempre tem batido na trave na hora de ganhar o Oscar de Melhor Filme como foi com Roma, O Irlandês e Mank. Será que finalmente chegou a vez da plataforma de streaming se consagrar? Aproveitando, seguem os números dos filmes no Oscar 2022:

12 (Ataque dos Cães); 10 (Duna); 7 (Belfast) (Amor, Sublime Amor); 6 (King Richard); 4 (Drive My Car/ Não Olhe Para Cima/ O Beco do Pesadelo); 3 (Licorice Pizza/ No Ritmo do Coração/ A Tragédia de Macbeth/ Apresentando os Ricardos/ A Filha Perdida/ Encanto/ Flee/ 007 Sem Tempo Para Morrer).

Confira todos os indicados ao Oscar 2022:

MELHOR FILME

  • Belfast (Belfast)
  • No Ritmo do Coração (CODA)
  • Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
  • Drive My Car
  • Duna (Dune)
  • King Richard: Criando Campeãs (King Richard)
  • Licorice Pizza (Licorice Pizza)
  • O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)
  • Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
  • Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR DIREÇÃO

  • Kenneth Branagh (Belfast)
  • Ryûsuke Hamaguchi (Drive My Car)
  • Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
  • Jane Campion (Ataque dos Cães)
  • Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR

  • Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)
  • Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
  • Andrew Garfield (Tick, Tick… Boom!)
  • Will Smith (King Richard)
  • Denzel Washington (A Tragédia de MacBeth)

MELHOR ATRIZ

  • Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
  • Olivia Colman (A Filha Perdida)
  • Kristen Stewart (Spencer)
  • Penélope Cruz (Madres Paralelas)
  • Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Ciarán Hinds (Belfast)
  • Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
  • Jesse Plemons (Ataque dos Cães)
  • J.K. Simmons (Apresentando os Ricardos)
  • Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

  • Jessie Buckley (A Filha Perdida)
  • Ariana Debose (Amor, Sublime Amor)
  • Judi Dench (Belfast)
  • Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
  • Aunjanue Ellis (King Richard)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Belfast
  • Não Olhe para Cima
  • King Richard
  • Licorice Pizza
  • A Pior Pessoa do Mundo

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • No Ritmo do Coração
  • Drive My Car
  • Duna
  • A Filha Perdida
  • Ataque dos Cães

MELHOR FOTOGRAFIA

  • Greig Fraser (Duna)
  • Dan Lautsen (O Beco do Pesadelo)
  • Ari Wegner (Ataque dos Cães)
  • Bruno Delbonnel (A Tragédia de Macbeth)
  • Janusz Kominski (Amor, Sublime Amor)

MELHOR TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • Não Olhe para Cima
  • Duna
  • Encanto
  • Madres Paralelas
  • Ataque dos Cães

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “Be Alive” (King Richard)
  • “Dos Oruguitas” (Encanto)
  • “Down To Joy” (Belfast)
  • “No Time To Die” (007 – Sem Tempo para Morrer)
  • “Somehow You Do” (Four Good Days)

MELHOR MONTAGEM

  • Não Olhe para Cima
  • Duna
  • King Richard
  • Ataque dos Cães
  • Tick, Tick… Boom!

MELHOR FIGURINO

  • Cruella
  • Cyrano
  • Duna
  • O Beco do Pesadelo
  • Amor, Sublime Amor

MELHOR MAQUIAGEM E PENTEADO

  • Um Príncipe em Nova York 2
  • Cruella
  • Duna
  • Os Olhos de Tammy Faye
  • Casa Gucci

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

  • Duna
  • Ataque dos Cães
  • O Beco do Pesadelo
  • A Tragédia de MacBeth
  • Amor, Sublime Amor

MELHOR SOM

  • Belfast
  • Duna
  • 007 – Sem Tempo para Morrer
  • Ataque dos Cães
  • Amor, Sublime Amor

MELHORES EFEITOS VISUAIS

  • Duna
  • Free Guy: Assumindo o Controle
  • 007 – Sem Tempo para Morrer
  • Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
  • Homem-Aranha: Sem Volta para Casa

MELHOR FILME INTERNACIONAL

  • Drive My Car (Japão)
  • Flee (Dinamarca)
  • A Mão de Deus (Itália)
  • Lunana (Butão)
  • A Pior Pessoa do Mundo (Noruega)

MELHOR DOCUMENTÁRIO

  • Ascension
  • Attica
  • Flee
  • Summer of Soul
  • Writing with Fire

MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • Audible
  • Lead Me Home
  • The Queen of Basketball
  • Three Songs for Ben Azir
  • When We Were Bullies

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO

  • Encanto
  • Luca
  • Flee
  • A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas
  • Raya e o Último Dragão

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO

  • Affairs of the Art
  • Bestia
  • Robin Robin
  • Boxballet
  • The Windshield Wiper

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • Ala Kachuu – Take and Run
  • The Dress
  • The Long Goodbye
  • On My Mind
  • Please Hold

JENNIFER HUDSON, CATE BLANCHETT e BRADLEY COOPER SÃO INDICADOS ao SAG AWARDS. SÉRIE ‘ROUND 6’ FAZ HISTÓRIA.

PRÊMIO DO SINDICATO DOS ATORES SUBSTITUI NOMES CERTOS DA TEMPORADA

Ao meio-dia, horário de Brasília, desta quarta-feira (12), as atrizes Rosario Dawson e Vanessa Hudgens se juntaram numa live do Instagram para fazer o anúncio dos indicados ao SAG Awards. Esta mesma live foi gravada e está disponível em forma de post no Instagram.

Pra quem gosta de confirmações que elevem os patamares dos favoritos, o SAG esquentou a cabeça de muitos que seguem a temporada de premiações, pois tirou do páreo nomes que até então eram quase certos para uma indicação ao Oscar. Já para aqueles que preferem a imprevisibilidade e um reconhecimento mais diversificado, o SAG reservou algumas surpresas (não necessariamente) agradáveis.

Primeiramente, vamos às confirmações Benedict Cumberbatch, Andrew Garfield, Will Smith e Denzel Washington na categoria de Ator; Jessica Chastain, Lady Gaga, Olivia Colman, Nicole Kidman na categoria de Atriz; Troy Kotsur, Kodi Smit-McPhee e Jared Leto na de Ator Coadjuvante; Caitríona Balfe, Ariana DeBose e Kirsten Dunst em Atriz Coadjuvante. Em sua grande maioria, são nomes que estiveram mais presentes em listas anteriores de críticos e no Globo de Ouro.

Já as surpresas são Javier Bardem tomando um possível lugar de Peter Dinklage (por Cyrano); Jennifer Hudson tomando o lugar de Kristen Stewart (Spencer) – que até pouco tempo atrás era uma franco-favorita; Bradley Cooper e Ben Affleck tomando os lugares de Jamie Dornan e Ciarán Hinds (ambos de Belfast); e Cate Blanchett e Ruth Negga nos lugares de Anjanue Ellis e Marlee Matlin (ou Ann Dowd). Quem estava contando com Kristen Stewart certamente se decepcionou com a entrada de Hudson (cujo filme sobre Aretha Franklin não foi bem recebido por público ou crítica), mas esse tipo de abertura gera uma temporada de premiações menos fechada e possibilita um reconhecimento mais abrangente de performances e filmes diferentes.

Falando em possibilidades, a categoria principal do SAG, que coroa o Melhor Elenco, costuma ser equiparada ao Oscar de Melhor Filme. Algumas vezes, o filme vencedor desse prêmio realmente acaba levando o Oscar principal da noite como no caso de Parasita, mas as estatísticas não estão muito favoráveis nos últimos cinco anos, pois em quatro deles, o vencedor do SAG não levou o Oscar: Os 7 de Chicago, Pantera Negra, Três Anúncios Para um Crime e Estrelas Além do Tempo. Se levarmos isso em consideração, a não-indicação de Ataque dos Cães e Amor, Sublime Amor (ambos favoritos ao Oscar) não interfere demais numa possível campanha vencedora, assim como não eleva tanto para os indicados Casa Gucci ou King Richard.

Apesar do elenco estelar de Não Olhe Para Cima, composto por Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Jonah Hill, Timothée Chalamet e Meryl Streep, o SAG deve ficar com Belfast ou No Ritmo do Coração, que curiosamente são elencos de famílias, e o SAG adora esse senso de unidade familiar e as atuações em conjunto para selecionar o vencedor de Elenco. O filme de Kenneth Branagh sobre a cidade irlandesa leva uma ligeira vantagem pois a participação dos atores está mais bem distribuída e alinhada. Particularmente, concordo com a não-indicação de Dornan e Hinds como Coadjuvantes, pois são atuações menos significantes. Já pelo drama da família surda, Marlee Matlin está bem, mas é realmente Troy Kotsur que rouba a cena como o pai Frank.

Sem querer dar uma de bola de cristal (até mesmo porque a cerimônia só será no dia 27 de Fevereiro), seguem meus palpites dos vencedores para as categorias de cinema:
ELENCO: Belfast
ATOR: Will Smith (King Richard)
ATRIZ: Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
ATOR COADJUVANTE: Bradley Cooper (Licorice Pizza)
ATRIZ COADJUVANTE: Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
DUBLÊS: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

Nas categorias televisivas, o destaque ficou por conta de Round 6 (ou Squid Game), que se tornou a primeira série em língua-estrangeira indicada ao SAG na história de 28 anos. A série sul-coreana foi líder de views na plataforma da Netflix em mais de 90 países e foi a mais assistida na história da plataforma de streaming, praticamente obrigando os prêmios a quebrarem seus paradigmas de ficarem isolados em séries domésticas. Na semana passada, a série ganhou o Globo de Ouro de Ator Coadjuvante para Oh Yeong-su (o velhinho participante Nº 001), mas ele não foi reconhecido com uma indicação individual no SAG, que preferiu indicar o protagonista Lee Jung-jae como Ator de Série Dramática, e a jovem Jung Heyon como Melhor Atriz de Série Dramática.

Confira todos os indicados do SAG Awards:

CINEMA

MELHOR ELENCO – FILME

Belfast (Focus Features)  
No Ritmo do Coração (Apple Original Films) 
Não Olhe Para Cima (Netflix)  
Casa Gucci (MGM/United Artists Releasing)  
King Richard: Criando Campeãs (Warner Bros) 

MELHOR ATOR

Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)  
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães) 
Andrew Garfield (Tick, Tick … Boom!) 
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)  
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth) 

MELHOR ATRIZ

Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)  
Olivia Colman (A Filha Perdida)  
Lady Gaga (Casa Gucci) 
Jennifer Hudson (Respect: A História de Aretha Franklin)  
Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos) 

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Ben Affleck (Bar Doce Lar)  
Bradley Cooper (Licorice Pizza)  
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)  
Jared Leto (Casa Gucci)  
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Caitríona Balfe (Belfast)
Cate Blanchett (O Beco do Pesadelo)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Ruth Negga (Identidade)

MELHOR EQUIPE DE DUBLÊS – FILME

Viúva Negra
Duna
Matrix Resurrections
007 Sem Tempo Para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

TV OU STREAMING

MELHOR ELENCO – SÉRIE DRAMÁTICA

The Handmaid’s Tale (Hulu) 
The Morning Show (Apple TV Plus) 
Round 6 (Netflix) 
Succession (HBO) 
Yellowstone (Paramount Network) 

MELHOR ATOR – SÉRIE DRAMÁTICA

Brian Cox (Succession) 
Billy Crudup (The Morning Show) 
Kieran Culkin (Succession)  
Lee Jung-Jae (Round 6)  
Jeremy Strong (Succession)

MELHOR ATRIZ – SÉRIE DRAMÁTICA

Jennifer Aniston (The Morning Show) 
Jung Ho-yeon (Round 6)
Elizabeth Moss (The Handmaid’s Tale)  
Sarah Snook (Succession) 
Reese Witherspoon (The Morning Show)

MELHOR ELENCO – SÉRIE DE COMÉDIA

The Great (Hulu)  
Hacks (HBO Max)  
The Kominsky Method (Netflix)
Only Murders in the Building (Hulu)  
Ted Lasso (Apple TV Plus)

MELHOR ATOR – SÉRIE DE COMÉDIA

Michael Douglas (The Kominsky Method)  
Brett Goldstein (Ted Lasso) 
Steve Martin (Only Murders in the Building)  
Martin Short (Only Murders in the Building)  
Jason Sudeikis (Ted Lasso)  

MELHOR ATRIZ – SÉRIE DE COMÉDIA

Elle Fanning (The Great)
Sandra Oh (The Chair)
Jean Smart (Hacks)
Juno Temple (Ted Lasso)
Hannah Waddingham (Ted Lasso)

MELHOR ATOR – MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Murray Bartlett (The White Lotus)  
Oscar Isaac (Scenes From a Marriage)  
Michael Keaton (Dopesick) 
Ewan McGregor (Halston)  
Evan Peters (Mare of Easttown) 

MELHOR ATRIZ – MINISSÉRIE OU FILME PARA TV

Jennifer Coolidge (The White Lotus)  
Cynthia Erivo (Genius: Aretha)  
Margaret Qualley (Maid)  
Jean Smart (Mare of Easttown)  
Kate Winslet (Mare of Easttown)  

MELHOR EQUIPE DE DUBLÊS – SÉRIE

Cobra Kai
Falcão Negro e o Soldado Invernal
Loki
Mare of Easttown
Round 6

‘ATAQUE DOS CÃES’ VENCE COMO MELHOR FILME – DRAMA em GLOBO DE OURO SEM CERIMÔNIA

HFPA ANUNCIOU VENCEDORES ATRAVÉS DO SITE OFICIAL E REDES SOCIAIS

Não é que no final das contas, o Globo de Ouro saiu beneficiado? Com o aumento de casos de Covid nos EUA, a cerimônia do Critics’ Choice Awards, marcada para o mesmo horário, foi adiada indefinidamente. E mesmo sem poder contar cerimônia televisionada e com celebridades para anunciar os vencedores, o Globo de Ouro assumiu certo protagonismo, já que não havia competição.

Particularmente, consideramos tudo uma grande hipocrisia, pois todos já sabiam que o grupo da HFPA era pequeno e possivelmente não tinha diversidade alguma e que alguns membros aceitavam “propinas” para votar, então tudo não passa de um circo montado. Certamente impedidos por seus agentes, as celebridades foram obrigadas a boicotar o evento (pra “não manchar suas reputações”), mas com certeza serão beneficiadas por seus nomes serem lidos como vencedores. Duvidamos que alguém pose com o prêmio esta semana em sua conta de Instagram, mas eles serão agradecidos a HFPA. Muitos deles devem ter pensado: “Nossa, quando finalmente ganho um Globo de Ouro, não tem a festa! É muito azar!”

A partir das 23h, horário de Brasília, o site oficial da HFPA passou a atualizar os vencedores em sua página inicial, com foto dos premiados e pequenos textos como se fossem tweets. Na ausência de celebridades, poderiam ter reunido os próprios membros do grupo para ler os vencedores da categoria num vídeo de meia hora, mas preferiram se esconder ainda mais numa divulgação tosca e barata no site.

NÚMEROS DO GLOBO DE OURO

Embora Ataque dos Cães e Amor, Sublime Amor tenham sido os recordistas de vitórias (cada um com três estatuetas), os prêmios foram bem pulverizados entre os filmes. Belfast, Duna, King Richard, Tick, Tick… BOOM!, Apresentando os Ricardos, 007 Sem Tempo Para Morrer, Encanto e Drive My Car ficaram todos com apenas um prêmio cada.

Já na ala das séries, Succession acumulou três prêmios, incluindo Melhor Série Dramática, enquanto Hacks levou Melhor Série de Comédia e Atriz para Jean Smart. Vale destacar a primeira vitória de uma atriz trans no Globo de Ouro que foi para Michael Jaé (MJ) Rodriguez pela série Pose. Ela já havia sido indicada no Emmy, mas não ganhou o prêmio. E a vitória do sul-coreano Oh Yeong-su, o personagem idoso que veste o uniforme nº 1 na série Round 6, da Netflix.

SURPRESAS

Honestamente, não houve muitas surpresas no anúncio dos vencedores. Dá pra destacar duas: a vitória de Nicole Kidman como Melhor Atriz – Drama por Apresentando os Ricardos, por interpretar a comediante Lucille Ball, batendo as favoritas Kristen Stewart (Spencer) e Olivia Colman (A Filha Perdida). Como todos sabem, a HFPA ama Nicole Kidman desde os anos 90 e este foi seu 5º Globo de Ouro na carreira, mas pode ter havido uma divisão de votos entre as favoritas que beneficiou Kidman. E a vitória de Belfast na categoria de Roteiro, já que havia uma forte expectativa de que Paul Thomas Anderson levaria esse prêmio de consolação por seu Licorice Pizza, que saiu do evento de mãos abanando.

DESDOBRAMENTOS DO GLOBO DE OURO

Como os estúdios também boicotaram suas campanhas publicitárias, as vitórias anunciadas hoje não devem repercutir tanto quanto nos últimos anos, pois não devem incluir em pôsteres e anúncios publicitários o famosos “Vencedor do Globo de Ouro” para atrair a atenção do público, mas ainda assim é um dos prêmios mais reconhecidos da indústria do Cinema e TV… Bom, na verdade, já me desmentiram aqui:

Boicotam o Globo de Ouro, mas não deixam de colher os frutos, né? Ah Hollywood…

É possível que o musical de Steven Spielberg melhore seus números nas bilheterias. Em sua 5ª semana em cartaz nos EUA, Amor, Sublime Amor rendeu apenas 32 milhões de dólares. Já Rachel Zegler e Ariana DeBose, que conquistaram os prêmios de Atriz e Atriz Coadjuvante, respectivamente, certamente alavancaram suas campanhas para a temporada de premiações. Caso confirmem indicações ao SAG Awards, que serão anunciadas na próxima quarta-feira (12), estarão no próximo Oscar.

Na ala masculina, Will Smith (King Richard), Andrew Garfield (Tick, tick… BOOM!) e Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães) já eram nomes bem cotados para o Oscar pela quantidade de indicações e prêmios que vêm acumulando até o momento, resta saber se vão manter o alto nível de favoritismos até as indicações ao Oscar, que acontecem no dia 08 de Fevereiro.

A briga lá em cima entre Kenneth Branagh, Jane Campion e Steven Spielberg ficou ainda mais acirrada, já que seus três filmes foram premiados nesta edição, com Ataque dos Cães e Amor, Sublime Amor um pouco mais à frente de Belfast, que ficou apenas com o prêmio de Roteiro. Apesar da vitória, ainda é um pouco difícil acreditar numa possível primeira vitória da Netflix para Melhor Filme com Ataque dos Cães.

Embora tenha a forte concorrência do dinamarquês Flee, a vitória de Encanto, da Disney, era esperada, principalmente para quem viu Carros bater A Casa Monstro em 2007. A HFPA adora puxar uma sardinha para a Disney ou Pixar… quer dizer, até a Academia. E nas categorias musicais, Hans Zimmer ganha um gás ao vencer Melhor Trilha Musical por Duna (será que finalmente vai ganhar seu 2º Oscar depois de O Rei Leão em 1995?), assim como Billie Eilish e sua canção-tema de James Bond, “No Time to Die”, em 007 Sem Tempo Para Morrer, que tem tudo para se tornar a 3ª canção da franquia a ganhar um Oscar consecutivamente após “Skyfall” e “Writings on the Wall”.

VENCEDORES DO 79º GLOBO DE OURO (vencedores em negrito):

CINEMA

MELHOR FILME – DRAMA
Belfast (Focus Features)
No Ritmo do Coração (CODA) (Apple)
Duna (Dune) (Warner Bros.)
King Richard: Criando Campeãs (King Richard) (Warner Bros.)
Ataque dos Cães (The Power of the Dog) (Netflix)

MELHOR ATRIZ – DRAMA
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (A Filha Perdida)
Nicole Kidman (Apresentando os Ricardos)
Lady Gaga (Casa Gucci)
Kristen Stewart (Spencer)

MELHOR ATOR – DRAMA
Mahershala Ali (Swan Song)
Javier Bardem (Apresentando os Ricardos)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
Cyrano (MGM)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Licorice Pizza (MGM/United Artists Releasing)
tick, tick… BOOM! (Netflix)
Amor, Sublime Amor (West Side Story) (20th Century Studios)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Marion Cotillard (Annette)
Alana Haim (Licorice Pizza)
Jennifer Lawrence (Não Olhe Para Cima)
Emma Stone (Cruella)
Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Leonardo DiCaprio (Não Olhe Para Cima)
Peter Dinklage (Cyrano)
Andrew Garfield (Tick, tick… Boom!)
Cooper Hoffman (Licorice Pizza)
Anthony Ramos (Em um Bairro de Nova York)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Encanto (Walt Disney Pictures)
Flee (Neon)
Luca (Pixar)
My Sunny Maad
Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon) (Walt Disney Pictures)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Compartment No.6 – FINLÂNDIA
Drive My Car – JAPÃO
A Mão de Deus – ITÁLIA
A Hero – IRÃ
Parallel Mothers – ESPANHA

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Caitríona Balfe (Belfast)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Ruth Negga (Identidade)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Ben Affleck (The Tender Bar)
Jamie Dornan (Belfast)
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR DIREÇÃO
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Maggie Gyllenhaal (A Filha Perdida)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)
Denis Villeneuve (Duna)

MELHOR ROTEIRO
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Adam McKay (Não Olhe Para Cima)
Aaron Sorkin (Being the Ricardos)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Alexandre Desplat (A Crônica Francesa)
Germaine Franco (Encanto)
Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
Alberto Iglesias (Parallel Mothers)
Hans Zimmer (Duna)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Be Alive” – Beyoncé Knowles-Carter, Dixson (King Richard: Criando Campeãs)
“Dos Orugitas” – Lin-Manuel Miranda (Encanto)
“Down to Joy” – Van Morrison (Belfast)
“Here I Am (Singing My Way Home)” – Jamie Alexander Hartman, Jennifer Hudson, Carole King (Respect)
“No Time to Die” – Billie Eilish, Finneas O’Connell (007 – Sem Tempo Para Morrer)


TELEVISÃO/STREAMING

MELHOR SÉRIE – DRAMA
Lupin
The Morning Show
PostM
Squid Game
Succession

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – DRAMA
Uzo Aduba (In Treatment)
Jennifer Aniston (The Morning Show)
Christine Baranski (The Good Fight)
Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
Michaela Jaé (MJ) Rodriguez (Pose)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – DRAMA
Brian Cox (Succession)
Lee Jung-jae (Squid Game)
Billy Porter (Pose)
Jeremy Strong (Succession)
Omar Sy (Lupin)

MELHOR SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
The Great (Hulu)
Hacks (HBO Max)
Only Murders in the Building (Hulu)
Reservation Dogs (FX on Hulu)
Ted Lasso (Apple TV Plus)

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Hannah Einbinder (Hacks)
Elle Fanning (The Great)
Issa Rae (Insecure)
Tracee Ellis Ross (Black-ish)
Jean Smart (Hacks)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Anthony Anderson (Black-ish)
Nicholas Hoult (The Great)
Steve Martin (Only Murders in the Building)
Martin Short (Only Murders in the Building)
Jason Sudeikis (Ted Lasso)

MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Dopesick (Hulu)
Impeachment: American Crime Story (FX)
Maid (Netflix)
Mare of Easttown (HBO)
The Underground Railroad (Amazon Prime Video)

MELHOR ATRIZ DE MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Jessica Chastain (Scenes From a Marriage)
Cynthia Erivo (Genius: Aretha)
Elizabeth Olsen (WandaVision)
Margaret Qualley (Maid)
Kate Winslet (Mare of Easttown)

MELHOR ATOR DE MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Paul Bettany (WandaVision)
Oscar Isaac (Scenes From a Marriage)
Michael Keaton (Dopesick)
Ewan McGregor (Halston)
Tahar Rahim (The Serpent)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE DE SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Jennifer Coolidge (White Lotus)
Kaitlyn Dever (Dopesick)
Andie MacDowell (Maid)
Sarah Snook (Succession)
Hannah Waddingham (Ted Lasso)

MELHOR ATOR COADJUVANTE DE SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Billy Crudup (The Morning Show)
Kieran Culkin (Succession)
Mark Duplass (The Morning Show)
Brett Goldstein (Ted Lasso)
Oh Yeong-su (Squid Game)

ACADEMIA DIVULGA PRÉ-LISTAS SEM ‘TITANE’ e ‘DESERTO PARTICULAR’

PELA PRIMEIRA VEZ, PRÉ-LISTA SE ESTENDE À CATEGORIA DE MELHOR SOM

Nest terça-feira (21/12), a Academia divulgou as pré-listas de dez categorias. Foram 15 pré-selecionados para Melhor Documentário, Filme Internacional, Trilha Musical Original e Canção Original, enquanto foram 10 nas categorias de Maquiagem e Penteado, Efeitos Visuais, Som, Documentário-Curta, Curta-Metragem e Curta de Animação. Apenas os filmes dessas listas poderão seguir adiante na disputa pelas 5 indicações nessas categorias, que serão divulgadas apenas no dia 08 de Fevereiro.

Embora torcida não falte, o representante brasileiro, Deserto Particular, de Aly Muritiba, não avançou na disputa por uma das 5 cobiçadas vagas da categoria Filme Internacional. O Brasil permanece estacionado em 1999, quando Central do Brasil foi indicado, e em 2007, quando O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias chegou na pré-lista. Havia uma expectativa razoável do Cinema Brasileiro voltar ao tapete vermelho caso 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto, tivesse sido selecionado pelo comitê da Academia Brasileira de Cinema, pois o filme já contava com o aporte da Netflix e dos produtores indicados ao Oscar, Fernando Meirelles e Ramin Bahrani, mas agora jamais saberemos como seria. O jeito é continuar apoiando o cinema nacional em tempos difíceis e torcer para que esse comitê selecione com maior preparo, antecipação e embasamento, e não apenas por gostos pessoais.

Se não houve espaço para o Brasil em Filme Internacional, sobrou uma vaguinha para Curta-Metragem para o filme Seiva Bruta, de Gustavo Milan, ou Under the Heavens como ficou conhecido internacionalmente. A história acompanha uma jovem venezuelana que ajuda um casal em dificuldades amamentando a filha deles após imigrar ao Brasil. Se não me engano, o último curta brasileiro indicado ao Oscar foi em 2001 com Uma História de Futebol, de Paulo Machline.

Abaixo, seguem as pré-listas das dez categorias e um breve panorama e comentário.

DOCUMENTÁRIO

  • “Ascension” (MTV Documentary Films) – dir. Jessica Kingdon
  • “Attica” (Showtime) – dir. Stanley Nelson
  • “Billie Eilish: The World’s a Little Blurry” (Apple Original Films) – dir. RJ Cutler
  • “Faya Dayi” (Janus Films) – dir. Jessica Beshir
  • “The First Wave” (National Geographic) – dir. Matthew Heineman
  • “Flee” (Neon) – dir. Jonas Poher Rasmussen
  • “In the Same Breath” (HBO Documentary Films) – dir. Nanfu Wang
  • “Julia” (Sony Pictures Classics) – dir. Julie Cohen, Betsy West
  • “President” (Greenwich Entertainment) – dir. Camilla Nielsson
  • “Procession” (Netflix) – dir. Robert Greene
  • “The Rescue” (National Geographic) – dir. Jimmy Chin, Elizabeth Chai Vasarhelyi
  • “Simple as Water” (HBO Documentary Films) – dir. Megan Mylan
  • “Summer of Soul (…Ou, Quando a Revolução Não Pode Ser Televisionada)” (Searchlight Pictures) – dir. Quest Love
  • “The Velvet Underground” (Apple Original Films) – dir. Todd Haynes
  • “Writing with Fire” (Music Box Films) – dir. Rintu Thomas

Houve um redução considerável do número de documentários inscritos este ano se compararmos ao ano de 2020: de 238 para 138, mas ainda assim há bons documentários que merecem estar no Oscar. O primeiro destaque fica por conta do dinamarquês Flee, que se tornou o primeiro exemplar de filme elegível nas categorias de Documentário, Filme Internacional e Longa de Animação, e é bem possível que possa ser triplamente indicado.

Até o momento, um dos documentários mais bem comentados e elogiados foi Summer of Soul, dirigido pelo DJ Questlove, o mesmo que proveu música para a última cerimônia do Oscar. Ele recupera imagens sagradas de um festival de música e cultura afro no Harlem em 1969, e em tempos pós-Black Lives Matter, está com a passagem praticamente garantida para o Dolby Theater.

Procession, que acompanha um grupo de vítimas de abuso sexual de padres católicos, recentemente foi indicado ao Independent Spirit e ficou em 2º lugar na seleção do LAFCA. E existem as possibilidades da diretora chinesa Nanfu Wang, que foi esnobada pelo ótimo One Child Nation, ser indicada por In the Same Breath, que disseca a ligação da pandemia de Wuhan com o Partido Comunista Chinês; e do aclamado Todd Haynes, diretor de Longe do Paraíso e Carol, ser indicado pelo documentário The Velvet Underground, sobre uma das bandas de rock mais influentes de seu tempo.

FILME INTERNACIONAL

  • “Great Freedom” (Áustria) – dir. Sebastian Meise
  • “Playground” (Bélgica) – dir. Laura Wandel
  • “Lunana: A Yak in the Classroom” (Butão) – dir. Pawo Choyning Dorji
  • “Flee” (Dinamarca) – dir. Jonas Poher Rasmussen
  • “Compartment No. 6” (Finlândia) – dir. Juho Kuosmanen
  • “O Homem Ideal” (Alemanha) – dir. Maria Schrader
  • “Lamb” (Islândia) – dir. Valdimar Jóhannsson
  • “A Hero” (Irã) – dir. Asghar Farhadi
  • “A Mão de Deus” (Itália) – dir. Paolo Sorrentino
  • “Drive My Car” (Japão) – dir. Ryusuke Hamaguchi
  • “Hive” (Kosovo) – dir. Blerta Basholli
  • “Prayers for the Stolen” (México) – dir. Tatiana Huezo
  • “The Worst Person in the World” (Noruega) – dir. Joachim Trier
  • “Plaza Catedral” (Panamá) – dir. Abner Benaim
  • “The Good Boss” (Espanha) – dir. Fernando León de Aranoa

Como no ano anterior, foram 93 filmes inscritos. Desde a última temporada, devido à pandemia, o comitê especial que elegia três dos nove filmes pré-listado foi suspenso, mas por outro lado, os pré-selecionados passaram de nove para quinze filmes. Claro que isso é ótimo para esses filmes, pois podem trabalhar com mais tempo em suas campanhas em solo americano, mas existem chances bem maiores de filmes premiados e aclamados serem esnobados como foi o caso do francês Titane, de Julia Ducournau, que se tornou a segunda mulher a vencer a Palma de Ouro em Cannes. Apesar do prêmio, e do suporte da distribuidora NEON, o filme possui uma característica bastante divisiva (como era dos filmes do início da carreira de David Cronenberg como Crash – Estranhos Prazeres) que acaba prejudicando a média na hora da votação.

Dentre os filmes que praticamente estão dentre da lista final estão o japonês Drive My Car, o iraniano A Hero, o norueguês The Worst Person in the World (também da NEON) que, curiosamente, foram todos premiados no Festival de Cannes. Sob essa perspectiva, o finlandês Compartment No. 6 também estaria garantido, ainda mais por poder contar com a boa campanha da Sony Pictures Classics, que não pôde fazer campanha para o espanhol Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar, pois foi preterido pelo comitê espanhol por The Good Boss, que também está nesta pré-lista.

Para a última vaga, poderíamos apostar as fichas no dinamarquês Flee, mas sendo elegível também nas categorias de Longa de Animação e Documentário, os votos podem se dividir e prejudicá-lo. O italiano A Mão de Deus conta com o prestígio do vencedor do Oscar Paolo Sorrentino e do apoio da Netflix, mas a crítica tem sido bem conturbada, inclusive com frases do tipo “ele pensa que é Fellini”. E existem chances da Academia surpreender como tem feito nos últimos anos e indicar fora da lista dos previsíveis e indicar o austríaco Great Freedom ou o mexicano Prayers for the Stolen, mas não acredito que vá nos inéditos da pré-lista como o filme do Butão, Lunana: A Yak in the Classroom, do Panamá, Plaza Catedral, ou de Kosovo, Hive.

Só para citar alguns excluídos da lista além do Brasil, destaco o colombiano Memoria, de Apichatpong Weerashetakul (estrelado por Tilda Swinton) e o russo Unclenching the Fists, de Kira Kovalenko.

MAQUIAGEM E PENTEADO

  • “Um Príncipe em Nova York 2” (Amazon Studios)
  • “Cruella” (Walt Disney Pictures)
  • “Cyrano” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Os Olhos de Tammy Faye” (Searchlight Pictures)
  • “Casa Gucci” (MGM/United Artists Releasing)
  • “O Beco do Pesadelo” (Searchlight Pictures)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “O Esquadrão Suicida” (Warner Bros)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

Dentre os dez da lista, aquela transformação bisonha de Jared Leto em Casa Gucci chama bastante atenção. Se fosse alguns anos atrás, diríamos sem pestanejar que seria indicado e que ganharia, mas os tempos mudaram e a maquiagem tem sido um pouco como trilha musical, pois quanto mais sutil, melhor para a Academia. De qualquer forma, acreditamos que entra na lista final, porque Leto estampa os pôsteres e fica marcado. O mesmo pode ser dito para Os Olhos de Tammy Faye, já que Jessica Chastain nitidamente se transforma na personagem com o auxílio da maquiagem e penteado.

Duna deve estar entre os indicados e tem as melhores chances de ganhar a estatueta por se tratar da recriação de um universo renomado. Por causa dos penteados de Emma Stone, Cruella tem chances de aparecer na lista final, contando com o aporte da Disney. Já a última vaga poderia ficar entre Cyrano e Amor, Sublime Amor.

Apesar da qualidade da maquiagem transformativa de Um Príncipe em Nova York 2 ser notável, o filme foi muito mal recebido e, se o filme original não ganhou o Oscar em 1989, não é o segundo que vai. Destaque para os três filmes da MGM nessa lista: Casa Gucci, Cyrano e 007 Sem Tempo Para Morrer. Dentre os ausentes mais sentidos estão Apresentando os Ricardos e o mundo colorido de Wes Anderson em A Crônica Francesa.

TRILHA MUSICAL ORIGINAL

  • “Apresentando os Ricardos” (Amazon Studios) – Daniel Pemberton
  • “A Lenda de Candyman” (Universal Pictures) – Robert Aiki Aubrey Lowe
  • “Não Olhe Para Cima” (Netflix) – Nicholas Britell
  • “Duna” (Warner Bros) – Hans Zimmer
  • “Encanto” (Walt Disney Pictures) – Germaine Franco
  • “A Crônica Francesa” (Searchlight Pictures) – Alexandre Desplat
  • “O Cavaleiro Verde” (A24) – Daniel Hart
  • “Vingança e Castigo” (Netflix) – Jeymes Samuel
  • “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros) – Kris Bowers
  • “O Último Duelo” (20th Century Studios) – Harry Gregson-Williams
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing) – Hans Zimmer
  • “Madres Paralelas” (Sony Pictures Classics) – Alberto Iglesias
  • “Ataque dos Cães” (Netflix) – Jonny Greenwood
  • “Spencer” (Neon/Topic Studios) – Jonny Greenwood
  • “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24) – Carter Burwell

Primeiro, gostaríamos de ressaltar a inclusão da trilha de A Lenda de Candyman, de Robert Aiki Aubrey Lowe. Como é tão raro filmes de terror no Oscar, não poderíamos deixar de valorizar. Claro que não podemos nos iludir, pois a Academia adora dar o doce e depois tirá-lo, como foi o caso do ano passado com a inclusão da trilha de O Homem Invisível, que na hora das indicações, foi totalmente esnobado.

Pelas estatísticas, é importante destacar Germaine Franco como a única mulher na lista por Encanto (ela foi indicada ao Globo de Ouro), e Robert Aiki Aubrey Lowe se junta a Kris Bowers (aquele compositor do documentário-curta indicado este ano A Concerto is a Conversation) por King Richard: Criando Campeãs, e Jeymes Samuel por Vingança & Castigo como os três compositores negros da lista.

Dito isso, dois compositores têm a chance de serem duplamente indicados: Hans Zimmer por Duna e 007 Sem Tempo Para Morrer (provavelmente será indicado pelo primeiro) e Jonny Greenwood por Ataque dos Cães e Spencer (também com maiores chances de ser indicado pelo primeiro). Além deles, por enquanto apostamos em indicações para Alberto Iglesias (Madres Paralelas), Germaine Franco (Encanto) e Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima).

CANÇÃO ORIGINAL

  • “So May We Start?” de “Annette” (Amazon Studios) por Ron Mael, Russell Mael (Sparks)
  • “Down To Joy” de “Belfast” (Focus Features) por Van Morrison
  • “Right Where I Belong” de “Brian Wilson: Long Promised Road” (Screen Media Films) por Brian Wilson, Jim James
  • “Automatic Woman” de “Bruised” (Netflix) por H.E.R. (outros compositores a serem determinados)
  • “Dream Girl” de “Cinderela” (Amazon Studios) por Idina Menzel, Laura Veltz
  • “Beyond The Shore” de “No Ritmo do Coração” (Apple Original Films) por Nicholai Baxter, Matt Dahan, Sian Heder, Marius de Vries
  • “The Anonymous Ones” de “Querido Evan Hansen” (Universal Pictures) por Benj Pasek, Justin Paul, Amandla Stenberg
  • “Just Look Up” de “Não Olhe Para Cima” (Netflix) por Nicholas Britell, Ariana Grande, Scott Mescudi, Tara Stinson
  • “Dos Oruguitas” de “Encanto” (Walt Disney Pictures) por Lin-Manuel Miranda
  • “Somehow You Do” de “Four Good Days” (Vertical Entertainment) por Diane Warren
  • “Guns Go Bang” de “Vingança e Castigo” (Netflix) por Jeymes Samuel, Scott Mescudi, Shawn Carter
  • “Be Alive” de “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros) por Beyoncé Knowles-Carter, Dixson
  • “No Time To Die” de “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing) por Billie Eilish, Finneas O’Connell
  • “Here I Am (Singing My Way Home)” de “Respect: A História de Aretha Franklin” (MGM/United Artists Releasing) por Jamie Alexander Hartman, Jennifer Hudson, Carole King
  • “Your Song Saved My Life” de “Sing 2” (Illumination/Universal Pictures) por Bono, The Edge, Adam Clayton, Larry Mullen, Jr.

A maior publicidade desta pré-lista é a possibilidade de marido e mulher serem indicados e competirem entre si pela primeira vez na história da Academia. Sim, Jay-Z (por Vingança & Castigo) disputa uma indicação com sua esposa Beyoncé (por King Richard: Criando Campeãs). As celebridades musicais não param por aí. Ariana Grande (Não Olhe Para Cima), Billie Eilish (007 Sem Tempo Para Morrer), e Van Morrison (Belfast) podem chegar ao tapete vermelho.

Nossa querida Diane Warren novamente aparece na lista com a canção “Somehow You Do’ do drama Four Good Days, estrelado por Glenn Close e Mila Kunis. Será que ela consegue sua 13ª indicação? E o Oscar finalmente vai pra ela? Pro azar dela, a vencedora deste ano que ganhou dela, H.E.R., está de volta com o filme da Netflix Ferida, estrelado e dirigido por Halle Berry. Por enquanto, acreditamos que o Oscar fica entre Beyoncé e Billie Eilish.

EFEITOS VISUAIS

  • “Viúva Negra” (Marvel Studios)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Eternos” (Marvel Studios)
  • “Free Guy: Assumindo o Controle” (20th Century Studios)
  • “Ghostbusters: Mais Além” (Sony Pictures)
  • “Godzilla vs. Kong” (Warner Bros)
  • “Matrix Resurrections” (Warner Bros)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” (Marvel Studios)
  • “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” (Sony Pictures)

Quatro filmes da Marvel Studios estão na lista: Viúva Negra, Eternos, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis e o recém-lançado Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Particularmente achamos bem sofríveis os efeitos do dragão na parte final de Shang-Chi, mas pelo visto o lobby fala mais alto. Duna e Eternos são apostas mais seguras, enquanto Free Guy: Assumindo o Controle está quase lá pela sua natureza de efeitos de video-game.

As outras duas vagas devem ser preenchidas por Matrix Ressurections e 007 Sem Tempo Para Morrer, mas pode haver abertura para Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa pelo estrondoso sucesso nas bilheterias.

SOM

  • “Belfast” (Focus Features)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “Noite Passada no Soho” (Focus Features)
  • “Matrix Resurrections” (Warner Bros)
  • “007 Sem Tempo Para Morrer” (MGM/United Artists Releasing)
  • “Ataque dos Cães” (Netflix)
  • “Um Lugar Silencioso: Parte II” (Paramount Pictures)
  • “Homem-Aranha: Sem Caminho Para Casa” (Sony Pictures)
  • “Tick, Tick … Boom!” (Netflix)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

Pela primeira vez, a Academia decidiu fazer a pré-lista da categoria de Som, que foi unificada desde 2021 e vencida pelo minucioso O Som do Silêncio. A disputa deve ficar entre o barulhento Duna e o musical Amor, Sublime Amor. Falando em musicais, Tick, Tick… BOOM! deve conquistar uma das vagas. Um Lugar Silencioso: Parte II deve ser lembrado pelo uso criativo e chamativo do som, e um filme mais barulhento deve ficar com a última vaga como Matrix, 007 ou Homem-Aranha. A presença de Noite Passada em Soho é surpreendente aqui, mas bem-vinda.

CURTA DE ANIMAÇÃO

  • “Affairs of the Art”
  • “Angakusajaujuq: The Shaman’s Apprentice”
  • “Bad Seeds”
  • “Bestia”
  • “Boxballet”
  • “Flowing Home”
  • “Mum Is Pouring Rain”
  • “The Musician”
  • “Namoo”
  • “Only a Child”
  • “Robin Robin”
  • “Souvenir Souvenir”
  • “Step into the River”
  • “Us Again”
  • “The Windshield Wiper”

DOCUMENTÁRIO-CURTA

  • “Águilas”
  • “Audible”
  • “A Broken House”
  • “Camp Confidential: America’s Secret Nazis”
  • “Coded: The Hidden Love of J. C. Leyendecker”
  • “Day of Rage”
  • “The Facility”
  • “Lead Me Home”
  • “Lynching Postcards: “Token of a Great Day”
  • “The Queen of Basketball”
  • “Sophie & the Baron”
  • “Takeover”
  • “Terror Contagion”
  • “Three Songs for Benazir”
  • “When We Were Bullies”

CURTA-METRAGEM

  • “Ala Kachuu – Take and Run”
  • “Censor of Dreams”
  • “The Criminals”
  • “Distances”
  • “The Dress”
  • “Frimas”
  • “Les Grandes Claques”
  • “The Long Goodbye”
  • “On My Mind”
  • “Please Hold”
  • “Stenofonen”
  • “Tala’vision”
  • “Seiva Bruta” (Under the Heavens)
  • “When the Sun Sets”
  • “You’re Dead Helen”

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O anúncio dos indicados ao Oscar 2022 será no dia 08 de Fevereiro.

‘BELFAST’ e ‘AMOR, SUBLIME AMOR’ LIDERAM INDICAÇÕES ao CRITICS’ CHOICE AWARDS

NO MESMO DIA, DRAMA ‘BELFAST’ LIDEROU GLOBO DE OURO

Neste mesmo dia 13 de Dezembro, o Critics’ Choice Awards anunciou sua lista de indicados poucas horas depois da fragilizada HFPA anunciar os indicados ao Globo de Ouro. Em comum, Belfast foi o recordista de indicações e, desta forma, o drama autobiográfico do britânico Kenneth Branagh vem conquistando seu favoritismo até o Oscar com 11 indicações, incluindo Melhor Filme, Direção, Roteiro Original, Fotografia, além de 4 indicações nas categorias de atuação.

Já o outro filme com 11 indicações foi o remake do musical Amor, Sublime Amor, de Steven Spielberg, que estreou recentemente nos EUA com uma bilheteria bem abaixo do esperado apesar das boas críticas. Vale lembrar que o filme tinha previsão inicial para lançamento em 2020, mas devido ao escândalo sexual envolvendo o nome do protagonista Ansel Elgort, houve um adiamento de um ano. Em entrevistas, o diretor tem defendido o filme como uma mensagem de amor e união, ambos muito necessários em tempos de polarização. Recentemente, a novata Rachel Zegler recebeu o prêmio de Melhor Atriz no National Board of Review e aqui, foi indicada na categoria de Ator/Atriz Jovem, com grandes chances de vitória. E vale ressaltar a indicação de Rita Moreno, que recentemente completou 90 anos, e pode ser novamente reconhecida pela Academia 50 anos depois do original de Robert Wise e Jerome Robbins.

Logo em seguida, com 10 indicações, Ataque dos Cães e Duna se mostram protagonistas desta temporada, enquanto Licorice Pizza e O Beco do Pesadelo acumularam 8 indicações cada. O novo filme de Guillermo del Toro finalmente tem um reconhecimento à altura de suas ambições e tem boas chances de premiação nas categorias de Design de Produção e Figurino. Já King Richard: Criando Campeãs e Não Olhe Para Cima coletaram 6 indicações cada.

A indicação que mais surpreendeu foi a de Nicolas Cage na categoria de Melhor Ator por um filme mega independente chamado Pig. Alguns certamente já viram o trailer e outros já viram o filme e a reação da maioria foi unânime: “Por que Nicolas Cage não faz mais filmes assim?”. Depois de tanta porcaria que o ator participou nos últimos anos (certamente pra pagar as contas), foi bom ver que Cage continua um bom ator se lhe derem um bom papel. Em Pig, ele vive isolado numa floresta com uma porca que caça trufas até o dia em que ela é sequestrada. Parece a sinopse de um filme à la Liam Neeson, mas o filme subverte as expectativas e entrega um drama de luto. Achamos bem difícil ele voltar ao Oscar com um filme tão pequeno, ainda mais com tantos concorrentes em alta, mas já valeu pelo retorno do reconhecimento do ator.

Já na categoria de atriz, uma ausência comentada foi a de Penélope Cruz por Madres Paralelas, que lhe rendeu o Volpi Cup de Melhor Atriz no último Festival de Veneza. Como muitos já sabem, o filme não pode concorrer ao Oscar de Filme Internacional, pois não foi o selecionada do comitê espanhol, mas apesar da ausência de Cruz, ainda há expectativa de que Pedro Almodóvar consiga triunfar no Oscar.

Confira todos os indicados da 27ª edição do Critics’ Choice:

MELHOR FILME

Belfast
No Ritmo do Coração (CODA)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Duna (Dune)
King Richard: Criando Campeãs (King Richard)
Licorice Pizza
O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
tick, tick…Boom!
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR ATOR
Nicolas Cage (Pig)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Peter Dinklage (Cyrano)
Andrew Garfield (tick, tick…Boom!)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)

MELHOR ATRIZ
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (The Lost Daughter)
Lady Gaga (Casa Gucci)
Alana Haim (Licorice Pizza)
Nicole Kidman (Being the Ricardos)
Kristen Stewart (Spencer)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Jamie Dornan (Belfast)
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Jared Leto (Casa Gucci)
J.K. Simmons (Being the Ricardos)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Caitriona Balfe (Belfast)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Ann Dowd (Mass)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Rita Moreno (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR/ATRIZ JOVEM
Jude Hill (Belfast)
Cooper Hoffman (Licorice Pizza)
Emilia Jones (No Ritmo do Coração)
Woody Norman (C’mon C’mon)
Saniyya Sidney (King Richard: Criando Campeãs)
Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ELENCO
Belfast
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Vingança & Castigo (The Harder They Fall)
Licorice Pizza
Ataque dos Cães (The Power of the Dog)
Amor, Sublime Amor (West Side Story)

MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Guillermo del Toro (O Beco do Pesadelo)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)
Denis Villeneuve (Duna)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Zach Baylin (King Richard: Criando Campeãs)
Kenneth Branagh (Belfast)
Adam McKay, David Sirota (Não Olhe Para Cima)
Aaron Sorkin (Being the Ricardos)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Maggie Gyllenhaal (The Lost Daughter)
Siân Heder (No Ritmo do Coração)
Tony Kushner (Amor, Sublime Amor)
Jon Spaihts, Denis Villeneuve, Eric Roth (Duna)

MELHOR FOTOGRAFIA
Bruno Delbonnel (The Tragedy of Macbeth)
Greig Fraser (Duna)
Janusz Kaminski (Amor, Sublime Amor)
Dan Laustsen (O Beco do Pesadelo)
Ari Wegner (Ataque dos Cães)
Haris Zambarloukos (Belfast)

MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
Jim Clay, Claire Nia Richards (Belfast)
Tamara Deverell, Shane Vieau (O Beco do Pesadelo)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (A Crônica Francesa)
Adam Stockhausen, Rena DeAngelo (Amor, Sublime Amor)
Patrice Vermette, Zsuzsanna Sipos (Duna)

MELHOR MONTAGEM
Sarah Broshar and Michael Kahn (Amor, Sublime Amor)
Úna Ní Dhonghaíle (Belfast)
Andy Jurgensen (Licorice Pizza)
Peter Sciberras (Ataque dos Cães)
Joe Walker (Duna)

MELHOR FIGURINO
Jenny Beavan (Cruella)
Luis Sequeira (O Beco do Pesadelo)
Paul Tazewell (Amor, Sublime Amor)
Jacqueline West, Robert Morgan (Duna)
Janty Yates (Casa Gucci)

MELHOR PENTEADO E MAQUIAGEM
Cruella
Duna
The Eyes of Tammy Faye
Casa Gucci
O Beco do Pesadelo

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Duna
The Matrix Resurrections
O Beco do Pesadelo
Sem Tempo Para Morrer
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis

MELHOR COMÉDIA

Duas Tias Loucas de Férias (Barb & Star Go to Vista Del Mar)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Free Guy: Assumindo o Controle (Free Guy)
A Crônica Francesa (The French Dispatch)
Licorice Pizza

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Encanto
Flee
Luca
A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (The Mitchells vs the Machines)
Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
A Hero
Drive My Car
Flee
The Hand of God
The Worst Person in the World

MELHOR CANÇÃO
Be Alive (King Richard: Criando Campeãs)
Dos Oruguitas (Encanto)
Guns Go Bang (Vingança & Castigo)
Just Look Up (Não Olhe Para Cima)
No Time to Die (Sem Tempo Para Morrer)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Nicholas Britell (Não Olhe Para Cima)
Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
Jonny Greenwood (Spencer)
Nathan Johnson (O Beco do Pesadelo)
Hans Zimmer (Duna)

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A cerimônia do Critics’ Choice Awards será transmitida peloa TNT no dia 9 de Janeiro.

‘ATAQUE DOS CÃES’ e ‘BELFAST’ LIDERAM INDICAÇÕES ao GLOBO DE OURO

EMBORA CERIMÔNIA AINDA NÃO ESTEJA GARANTIDA, HFPA ANUNCIA INDICADOS

Recapitulando para quem perdeu o bonde: Em 2021, a HFPA (Hollywood Foreign Press Association), grupo formado por jornalistas estrangeiros e responsável pela premiação do Globo de Ouro, foi alvo de acusações de jornais tais como a ausência total de jornalistas negros, e a forte suspeita de compra de votos por estúdios através de diárias caríssimas de hotéis na França para reconhecer a série Emily in Paris. Com a perda da credibilidade, a rede NBC cancelou a transmissão da cerimônia de 2022 e inúmeros estúdios anunciaram que não investiriam na campanha junto ao Globo de Ouro, pelo menos até arrumarem a casa. Inicialmente, os responsáveis pela HFPA acreditavam que essa reformulação seria rápida e eficiente, mas passados 8 meses, o Globo de Ouro ainda está repercutindo a crise. Recentemente, decidiram anunciar os indicados (afinal, são 78 anos de história de cinema e TV), mas a cerimônia, bem como a transmissão, ainda estão pendentes.

Na Live ocorrida no canal Golden Globes no YouTube, a presidente da HFPA, Helen Hoehne, começou com um discurso esperançoso, pontuando as mudanças já realizadas nos últimos meses como a inclusão de 21 novos membros jornalistas de mais de 50 países, e uma nova conduta da organização ao não aceitar mais presentes dos estúdios como forma de mimos, mas nenhuma palavra sobre a transmissão, o que se mostrou um erro. Deveriam ter firmado já alguma parceria com outra emissora ou pelo menos transmitir no próprio YouTube, já que a cerimônia já ocorre no próximo dia 09 de Janeiro. Pra quem não conferiu o anúncio dos indicados, segue link abaixo:

Já vimos vários anúncios de indicados ao longo dos anos, mas esta certamente foi uma das piores já vistas. Não dá pra entender. A nova presidente da HFPA se apresenta repleta de espírito de inovação, mas quando ela introduz Snoop Dogg pra ler os indicados, tudo vira motivo pra piada! Longe de nós querer debochar do músico, que até tem um histórico no cinema como sua participação em Dia de Treinamento e na animação da Dreamworks, Turbo, mas todos sabem que seu nome está atribuído às drogas. Snoop Dogg claramente não é a pessoa mais indicada para ler nomes às 6 horas da manhã (sem falar na possiblidade de ele estar chapado), então foi um festival de erros bizarros como ler o nome do diretor Denis Villeneuve como “Denis Villenueva” (de francês virou espanhol) e a atriz francesa Marion Cotillard virou “Marian Cottier”. Dogg fez Tiffany Haddish uma professora de Inglês! Tudo bem que nenhuma celebridade hollywoodiana queimaria sua reputação aceitando o convite da HFPA, mas se Dogg fosse a única opção, teria sido melhor outro membro da organização ler os indicados. Ficaria minimamente mais respeitoso!

E uma última coisa que gostaríamos de pontuar é que a mundo das premiações de cinema também é cruel. Enquanto o Globo de Ouro está em frangalhos (mas pelo menos está se esforçando para retomar seu prestígio), a nossa querida “bolha assassina”, ou como muitos conhecem Critics’ Choice Awards, resolveu roubar na cara dura o lugar do Globo de Ouro, agendando as datas de anúncio e premiação nos mesmos dias: 13 de Dezembro as indicações, e 09 de Janeiro a premiação. Particularmente não gostamos muito do Critics’ Choice porque sempre foi algo muito genérico, que faz de tudo para agradar os estúdios e celebridades (como estender para 8 indicados uma categoria), o que fez com que associemos esse prêmio a uma falta de personalidade. Só vamos dizer uma coisa ao Critics’: O mundo dá voltas.

NÚMEROS DO GLOBO DE OURO

Os recordistas desta 79ª edição foram Belfast, de Kenneth Branagh, e Ataque dos Cães, de Jane Campion, ambos com 7 indicações cada. Por enquanto, caminhamos para uma premiação dividida entre eles: Melhor Filme para o drama autobiográfico de Branagh, e Direção para Campion para reconhecer um trabalho ousado e delicado. Em 2º lugar, empatados com 4 indicações para cada: o drama King Richard: Criando Campeãs, que pode alavancar a campanha de Melhor Ator para Will Smith, as comédias Não Olhe Para Cima e Licorice Pizza, e o musical de Spielberg, Amor, Sublime Amor.

SURPRESAS

Pra quem estava antenado com este início de temporada, as escolhas da HFPA não chegaram a surpreender. Claro que houve alguns momentos estranhos como a inesperada indicação de Mahershala Ali a Melhor Ator – Drama por Swan Song. Embora o nome de Ali esteja longe de ser desconhecido, o filme havia passado desapercebido até então. Nele, seu personagem decide fazer um clone de si mesmo quando descobre ter uma doença terminal.

E embora The Lost Daughter tenha vencido os principais prêmios na última edição do Gotham Awards, havia a expectativa de que Maggie Gyllenhaal fosse indicada apenas a Melhor Roteiro, mas ela ficou entre os finalistas a Melhor Direção. Ela integra uma enxuta lista de diretoras indicadas ao Globo de Ouro ao lado de Jane Campion, que já havia sido indicada em 1994 por O Piano. Pelo filme, Olivia Colman também recebeu uma nova indicação a Melhor Atriz.

Dentre as ausências, talvez a mais sentida tenha sido a de O Beco do Pesadelo, novo filme do mexicano Guillermo del Toro, estrelado por Bradley Cooper, Cate Blanchett, Rooney Mara, Toni Collette e Willem Dafoe. Alguns especulam que a data tardia de lançamento, dia 17 de Dezembro, tenha sido o motivo da esnobada. Embora tenha grandes nomes no elenco e o próprio prestígio do diretor, algo nos diz que o filme deve coletar indicações apenas nas categorias artísticas como Design de Produção, Figurino e Fotografia.

A Variety mencionou as ausências de Rita Moreno como Coadjuvante e Ansel Elgort como Ator de Comédia ou Musical, ambos por Amor, Sublime Amor, mas não víamos boas possibilidades no Globo de Ouro. É possível que Moreno seja reconhecida pela Academia, ainda mais por ter vencido o Oscar de Coadjuvante pelo musical original de 1961.

Poderíamos incluir Jennifer Hudson ausente da lista, mas a cinebiografia de Aretha Franklin, Respect, não foi bem recebida pela crítica e pelo público. Por outro lado, vale ressaltar a dupla indicação para Jessica Chastain, que concorre pelo filme The Eyes of Tammy Faye e pela série Scenes from a Marriage.

Sobre as categorias de TV, o maior destaque fica por conta de Squid Game (ou Round 6, como ficou conhecida no Brasil), da Netflix. Além de ter se tornado a série mais vista em 90 países, tornou-se a primeira série em língua estrangeira a receber indicação para Melhor Série, já que o regulamento da HFPA não aceitava produções de fora dos EUA e por isso, sofria duras críticas. Além dessa indicação, a série sul-coreana foi reconhecida nas categorias de Melhor Ator e Melhor Ator Coadjuvante.

INDICADOS AO 79º GLOBO DE OURO:

CINEMA

MELHOR FILME – DRAMA
Belfast (Focus Features)
No Ritmo do Coração (CODA) (Apple)
Duna (Dune) (Warner Bros.)
King Richard: Criando Campeãs (King Richard) (Warner Bros.)
Ataque dos Cães (The Power of the Dog) (Netflix)

MELHOR ATRIZ – DRAMA
Jessica Chastain (The Eyes of Tammy Faye)
Olivia Colman (The Lost Daughter)
Nicole Kidman (Being the Ricardos)
Lady Gaga (Casa Gucci)
Kristen Stewart (Spencer)

MELHOR ATOR – DRAMA
Mahershala Ali (Swan Song)
Javier Bardem (Being the Ricardos)
Benedict Cumberbatch (Ataque dos Cães)
Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Denzel Washington (The Tragedy of Macbeth)

MELHOR FILME – COMÉDIA OU MUSICAL
Cyrano (MGM)
Não Olhe Para Cima (Don’t Look Up)
Licorice Pizza (MGM/United Artists Releasing)
tick, tick… BOOM! (Netflix)
Amor, Sublime Amor (West Side Story) (20th Century Studios)

MELHOR ATRIZ – COMÉDIA OU MUSICAL
Marion Cotillard (Annette)
Alana Haim (Licorice Pizza)
Jennifer Lawrence (Não Olhe Para Cima)
Emma Stone (Cruella)
Rachel Zegler (Amor, Sublime Amor)

MELHOR ATOR – COMÉDIA OU MUSICAL
Leonardo DiCaprio (Não Olhe Para Cima)
Peter Dinklage (Cyrano)
Andrew Garfield (Tick, tick… Boom!)
Cooper Hoffman (Licorice Pizza)
Anthony Ramos (Em um Bairro de Nova York)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
Encanto (Walt Disney Pictures)
Flee (Neon)
Luca (Pixar)
My Sunny Maad
Raya e o Último Dragão (Raya and the Last Dragon) (Walt Disney Pictures)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Compartment No.6 – FINLÂNDIA
Drive My Car – JAPÃO
The Hand of God – ITÁLIA
A Hero – IRÃ
Parallel Mothers – ESPANHA

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Caitriona Balfe (Belfast)
Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Kirsten Dunst (Ataque dos Cães)
Aunjanue Ellis (King Richard: Criando Campeãs)
Ruth Negga (Passing)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Ben Affleck (The Tender Bar)
Jamie Dornan (Belfast)
Ciarán Hinds (Belfast)
Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Kodi Smit-McPhee (Ataque dos Cães)

MELHOR DIREÇÃO
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Maggie Gyllenhaal (The Lost Daughter)
Steven Spielberg (Amor, Sublime Amor)
Denis Villeneuve (Duna)

MELHOR ROTEIRO
Paul Thomas Anderson (Licorice Pizza)
Kenneth Branagh (Belfast)
Jane Campion (Ataque dos Cães)
Adam McKay (Não Olhe Para Cima)
Aaron Sorkin (Being the Ricardos)

MELHOR TRILHA MUSICAL
Alexandre Desplat (A Crônica Francesa)
Germaine Franco (Encanto)
Jonny Greenwood (Ataque dos Cães)
Alberto Iglesias (Parallel Mothers)
Hans Zimmer (Duna)

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“Be Alive” – Beyoncé Knowles-Carter, Dixson (King Richard: Criando Campeãs)
“Dos Orugitas” – Lin-Manuel Miranda (Encanto)
“Down to Joy” – Van Morrison (Belfast)
“Here I Am (Singing My Way Home)” – Jamie Alexander Hartman, Jennifer Hudson, Carole King (Respect)
“No Time to Die” – Billie Eilish, Finneas O’Connell (007 – Sem Tempo Para Morrer)


TELEVISÃO/STREAMING

MELHOR SÉRIE – DRAMA
Lupin
The Morning Show
Post
Squid Game
Succession

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – DRAMA
Uzo Aduba (In Treatment)
Jennifer Aniston (The Morning Show)
Christine Baranski (The Good Fight)
Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)
Michaela Jaé (MJ) Rodriguez (Pose)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – DRAMA
Brian Cox (Succession)
Lee Jung-jae (Squid Game)
Billy Porter (Pose)
Jeremy Strong (Succession)
Omar Sy (Lupin)

MELHOR SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
The Great (Hulu)
Hacks (HBO Max)
Only Murders in the Building (Hulu)
Reservation Dogs (FX on Hulu)
Ted Lasso (Apple TV Plus)

MELHOR ATRIZ DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Hannah Einbinder (Hacks)
Elle Fanning (The Great)
Issa Rae (Insecure)
Tracee Ellis Ross (Black-ish)
Jean Smart (Hacks)

MELHOR ATOR DE SÉRIE – COMÉDIA OU MUSICAL
Anthony Anderson (Black-ish)
Nicholas Hoult (The Great)
Steve Martin (Only Murders in the Building)
Martin Short (Only Murders in the Building)
Jason Sudeikis (Ted Lasso)

MELHOR MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Dopesick (Hulu)
Impeachment: American Crime Story (FX)
Maid (Netflix)
Mare of Easttown (HBO)
The Underground Railroad (Amazon Prime Video)

MELHOR ATRIZ DE MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Jessica Chastain (Scenes From a Marriage)
Cynthia Erivo (Genius: Aretha)
Elizabeth Olsen (WandaVision)
Margaret Qualley (Maid)
Kate Winslet (Mare of Easttown)

MELHOR ATOR DE MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Paul Bettany (WandaVision)
Oscar Isaac (Scenes From a Marriage)
Michael Keaton (Dopesick)
Ewan McGregor (Halston)
Tahar Rahim (The Serpent)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE DE SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Jennifer Coolidge (White Lotus)
Kaitlyn Dever (Dopesick)
Andie MacDowell (Maid)
Sarah Snook (Succession)
Hannah Waddingham (Ted Lasso)

MELHOR ATOR COADJUVANTE DE SÉRIE, MINISSÉRIE OU FILME PARA TV
Billy Crudup (The Morning Show)
Kieran Culkin (Succession)
Mark Duplass (The Morning Show)
Brett Goldstein (Ted Lasso)
Oh Yeong-su (Squid Game)

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A 79ª cerimônia do Globo de Ouro está marcada para o dia 09 de Janeiro.

LICORIZE PIZZA é ELEITO o MELHOR FILME pelo NBR

ORGANIZAÇÃO DE CRÍTICOS TEM GARANTIDO UM DOS INDICADOS A MELHOR FILME NO OSCAR

Formado por cineastas, profissionais, acadêmicos, estudantes e entusiastas de cinema, o seleto grupo do National Board of Review elegeu o novo filme de Paul Thomas Anderson, Licorice Pizza, como o Melhor Filme do ano. “Em tempos de transição e incertezas, não há nada como Licorice Pizza para nos lembrar da alegria, esperança e satisfação que o grande cinema pode inspirar”, defendeu a presidente da NBR Annie Schulhof. O filme ainda levou o prêmio de Atuação Revelação para a dupla Alana Haim e Cooper Hoffman (filho do saudoso Philip Seymour Hoffman). Será lançado no dia 25/12 nos EUA e tem previsão de estreia no Brasil no dia 22 de Janeiro.

O cineasta californiano já havia vencido dois prêmios no NBR: Roteiro Adaptado em 2014 por Vício Inerente, e Roteiro Original em 2017 por Trama Fantasma. Com este reconhecimento como Melhor Filme e Direção inéditos, já começam especulações dos fãs se finalmente chegou a hora de Anderson levar um Oscar. Já são 8 indicações e nenhuma vitória.

Nos últimos 30 anos, a NBR tem conseguido incluir seus vencedores na lista de indicados a Melhor Filme no Oscar, com apenas uma exceção por década: O Ano Mais Violento (2014), Contos Proibidos do Marquês de Sade (2000), Deuses e Monstros (1998). Dificilmente Licorice Pizza será uma dessas exceções se depender do prestígio do diretor na Academia.

Nas categorias de atuação, Will Smith já vinha crescendo nas últimas semanas por sua performance em King Richard: Criando Campeãs como o pai das tenistas Venus e Serena Williams. Mesmo em início de temporada de premiações, este prêmio eleva bastante as chances de sua 3ª indicação ao Oscar após Ali e À Procura da Felicidade. Pelo mesmo filme, Aunjanue Ellis levou o prêmio de Atriz Coadjuvante ao interpretar a mãe delas, mas vale ressaltar que a categoria tem tudo para ser uma das mais disputadas dos últimos anos.

O irlandês Ciarán Hinds, que já trabalhou com vários diretores consagrados como John Boorman, Sam Mendes, Steven Spielberg e Jonathan Demme, foi reconhecido como Melhor Ator Coadjuvante no drama familiar de Kenneth Branagh, Belfast, que conquistou o prestigiado prêmio do público no Festival de Toronto. Caso Belfast seja um dos favoritos ao Oscar 2022, Hinds pode ser a âncora necessária assim como Mahershala Ali foi para Moonlight e Green Book. Já como Melhor Atriz, a maior surpresa desta edição: Rachel Zegler, uma jovem americana de ascendência colombiana, descoberta por Spielberg após ficar conhecida por fazer vídeos com covers como da canção Shallow, de Lady Gaga. Ela interpreta Maria, papel consagrado por Natalie Wood no original Amor, Sublime Amor (1961).

Os estúdios das plataformas de streaming podem não ter levado os prêmios principais que foram para a MGM e United Artists, mas a Amazon Studios levou dois pelo iraniano A Hero, de Asghar Farhadi: Melhor Roteiro Original e Filme em Língua Estrangeira, enquanto a Apple Original Films ficou com Roteiro Adaptado e Fotografia para The Tragedy of Macbeth, de Joel Coen. A Netflix teve de se contentar com Melhor Elenco por Vingança & Castigo, de Jeymes Samuel.

O National Board of Review tem o costume de fazer seu top 10 e top 5 para filmes, filmes independentes, filmes em língua estrangeira e documentário para dar mais visibilidade e beneficiar mais produções. Dentre alguns destaques do ano que devem ganhar mais espaço na temporada estão Duna, Não Olhe Para Cima, Nightmare Alley e o independente No Ritmo do Coração, que há poucos dias levou dois prêmios no Gotham Awards. Vale destacar também o prêmio de Diretor Estreante para Michael Sarnoski do drama intimista Pig, no qual Nicolas Cage vai atrás de seu porco de estimação.

A cerimônia de premiação acontece no próximo dia 11 de Janeiro em Nova York.

CONFIRA TODOS OS VENCEDORES DO NBR:

MELHOR FILME
“Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR DIRETOR
Paul Thomas Anderson, “Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR ATOR
Will Smith, “King Richard” (Warner Bros)

MELHOR ATRIZ
Rachel Zegler, “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
Ciarán Hinds, “Belfast” (Focus Features)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Aunjanue Ellis, “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Joel Coen, “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Asghar Farhadi, “A Hero” (Amazon Studios)

MELHOR PERFORMANCE REVELAÇÃO
 Alana Haim e Cooper Hoffman, “Licorice Pizza” (MGM/United Artists Releasing)

MELHOR ESTREIA NA DIREÇÃO
Michael Sarnoski, “Pig” (Neon)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
“Encanto” (Walt Disney Pictures)

MELHOR FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
 “A Hero” (Amazon Studios) – Irã

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“Summer of Soul (…Or, When the Revolution Could Not Be Televised)” (Searchlight Pictures)

PRÊMIO NBR DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO: “Flee” (Neon & Participant)
MELHOR ELENCO: “Vingança & Castigo” (The Harder They Fall) (Netflix)
MELHOR FOTOGRAFIA: 
Bruno Delbonnel, “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)

TOP FILMES (em ordem alfabética)

  • “Belfast” (Focus Features)
  • “Não Olhe Para Cima” (Netflix)
  • “Duna” (Warner Bros)
  • “King Richard: Criando Campeãs” (Warner Bros)
  • “The Last Duel” (20th Century Studios)
  • “Nightmare Alley” (Searchlight Pictures)
  • “Red Rocket” (A24)
  • “The Tragedy of Macbeth” (Apple Original Films/A24)
  • “Amor, Sublime Amor” (20th Century Studios)

TOP 5 FILMES EM LÍNGUA ESTRANGEIRA (em ordem alfabética)

  • “Benedetta”
  • “Lamb”
  • “Lingu, The Sacred Bonds”
  • “Titane”
  • “The Worst Person in the World”

TOP 5 DOCUMENTÁRIOS (em ordem alfabética)

  • “Ascension” (MTV Documentary Films)
  • “Attica” (Showtime)
  • “Flee” (Neon & Participant)
  • “The Rescue” (National Geographic)
  • “Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain” (Focus Features)

TOP 10 FILMES INDEPENDENTES (em ordem alfabética)

  • “The Card Counter” (Focus Features)
  • “C’mon C’mon” (A24)
  • “CODA” (Apple Original Films)
  • “The Green Knight” (A24)
  • “Holler” (IFC Films)
  • “Jockey” (Sony Pictures Classics)
  • “Old Henry” (Shout! Factory)
  • “Pig” (Neon)
  • “Shiva Baby” (Utopia)
  • “The Souvenir Part II” (A24)

CAMPION, ALMODÓVAR e SORRENTINO na DISPUTA pelo LEÃO DE OURO. ‘DUNA’ e ‘O ÚLTIMO DUELO’ COMPETEM por FORA

Benedict Cumberbatch em The Power of the Dog

FESTIVAL ITALIANO PROCURA REPETIR PRÉVIA DO OSCAR DAS ÚLTIMAS EDIÇÕES

Logo após o término de um prorrogado Festival de Cannes, o festival de cinema mais tradicional de todos acaba de divulgar seus filmes selecionados da sua 78ª edição. Para quem não se recorda, nos últimos quatro anos, Veneza premiou dois vencedores do Oscar de Melhor Filme: Nomadland e A Forma da Água, e dois fortes indicados: Coringa e Roma. Pelo calendário, Veneza divide as atenções com o Festival de Toronto, mas não há dúvidas que tem se tornado um ótimo chamariz para estúdios lançarem seus filmes e iniciarem a temporada de premiações.

Contudo, apesar de um boa seleção oficial, filmes altamente aguardados como Duna, de Denis Villeneuve, O Último Duelo, de Ridley Scott, e Last Night in Soho, de Edgar Wright, serão exibidos fora de competição. Teria sido alguma ordem dos estúdios, dos realizadores ou simplesmente não qualificaram para a disputa principal pelo Leão de Ouro?

Já dentre os filmes na competição oficial, Pedro Almodóvar abre o festival com Parallel Mothers, teremos também a neozelandesa Jane Campion com The Power of the Dog, Paul Schrader com uma história de vingança The Card Counter, Paolo Sorrentino com The Hand of God, Michael Franco (que venceu o Grande Prêmio do Júri no ano passado por New Order) com Sundown, o retorno do único venezuelano vencedor do Leão de Ouro Lorenzo Vigas com La Caja, a estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal com The Lost Daughter, adaptação do romance de Elena Ferrante, e a iraniana-americana Ana Lily Amirpour, conhecida por Garota Sombria Caminha Pela Noite, com Mona Lisa and the Blood Moon.

Obviamente, há nomes de atores conhecidos nessas produções que podem levar o Volpi Cup de interpretação. Pelo filme de Gyllenhaal, temos “só” Olivia Colman, Ed Harris, Jessie Buckley e Peter Sarsgaard, enquanto pelo filme de Campion, Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst e Jesse Plemons. A disputa entre as atrizes também ganha os nomes de Penélope Cruz (que compete por Parallel Mothers, de Almodóvar, e Official Competition, da dupla Mariano Cohn e Gastón Duprat), e Kristen Stewart que viveu a Princesa Diana em Spencer, de Pablo Larraín.

Assim como em Cannes, haverá uma mostra paralela intitulada Horizontes Extra, que tem o intuito de acolher mais produções que sofreram com a pandemia e perderam espaço em festivais. Aliás, é nessa mostra que está o único representante do Brasil: 7 Prisioneiros, de Alexandre Moratto, filme sobre tráfico humano com Rodrigo Santoro e Christian Malheiros, que disputou o Independent Spirit Award de Melhor Ator por Sócrates em 2019.

Vale lembrar que este ano, Veneza concederá um Leão de Ouro Honorário pela carreira dos atores Jamie Lee Curtis, que estrela o novo Halloween Kills, que será exibido fora de competição, e Roberto Benigni, que recentemente foi Gepeto na nova adaptação de Pinóquio.

A 78ª edição do Festival de Veneza começa no dia 1º de Setembro e termina no dia 11. O júri será presidido pelo diretor de Parasita, Bong Joon Ho, que contará também com Chloé Zhao (atual vencedora do Oscar e Leão de Ouro por Nomadland), a atriz Virginie Efira (Benedetta), Cynthia Erivo (Harriet), atriz e produtora canadense Sarah Gadon (O Homem Duplicado), o diretor italiano Saverio Costanzo (Hungry Hearts) e documentarista romeno Alexander Nanau, recém-indicado ao Oscar por Collective.

Confira a seleção completa de Veneza:

COMPETIÇÃO

Parallel Mothers, Pedro Almodovar (Espanha) – FILME DE ABERTURA
Mona Lisa and the Blood Moon, Ana Lily Amirpour (EUA)
Un Autre Monde, Stephane Brizé (França)
The Power of the Dog, Jane Campion (Nova Zelândia, Austrália)
America Latina, Damiano D’Innocenzo, Fabio D’Innocenzo (Itália, França)
L’Evenement, Audrey Diwan (França)
Official Competition, Gaston Depart, Mariano Cohn (Espanha, Argentina)
Il Buco, Michelangelo Frammartino (Itália, France, Alemanha)
Sundown, Michel Franco (México, França, Suécia)
Lost Illusions, Xavier Giannoli (França)
The Lost Daughter, Maggie Gyllenhaal (Grécia, EUA, Reino Unido, Israel)
Spencer, Pablo Larrain (Alemanha, Reino Unido)
Freaks Out, Gabriele Mainetti (Itália, Bélgica)
Qui Rido Io, Mario Martone (Itália, Espanha)
On The Job: The Missing 8, Eric Matti (Filipinas)
Leave No Traces, Jan P. Matuszyski (Polônia, França, República Tcheca)
Captain Volkonogov Escaped, Yuriy Borisov (Rússia, Estônia, França)
The Card Counter, Paul Schrader (EUA, Reino Unido, China)
The Hand of God, Paolo Sorrentino (Itália)
Reflection, Valentin Vasyanovych (Ucrânia)
La Caja, Lorenzo Vigas (México, EUA)

FORA DE COMPETIÇÃO – Ficção

Il Bambino Nascosto, Roberto Andò (Itália) – FILME DE ENCERRAMENTO
Les Choses Humaines, Yvan Attal (França)
Ariaferma, Leonardo Di Costanzo (Itália, Suíça)
Halloween Kills, David Gordon Green (EUA)
La Scuola Cattolica, Stefano Mordini (Itália)
Old Henry, Potsy Ponciroli (EUA)
The Last Duel, Ridley Scott (EUA, Reino Unido)
Dune, Denis Villeneuve (EUA, Hungria, Jordânia, Emirados Árabes, Noruega, Canadá)
Last Night in Soho, Edgar Wright (Reino Unido)

FORA DE COMPETIÇÃO – Não-Ficção

Life of Crime 1984-2020, Jon Albert (EUA)
Tranchées, Loup Bureau (França)
Viaggio Nel Crepuscolo, Augusto Contento (França, Itália)
Republic of Silence, Diana El Jeiroudi (Alemanha, França, Síria, Catar)
Hallelujah: Leonard Cohen, A Journey, A Song, Daniel Geller, Dayna Goldfine (EUA)
DeAndré#Deandré Storia di un Impiegato, Roberta Lena (Itália)
Django & Django, Luca Rea (Itália)
Ezio Bosso. Le Cose Che Restano, Giorgio Verdelli (Itália)

FORA DE COMPETIÇÃO – Série de TV

“Scenes From a Marriage” (episodes 1-5), Hagai Levi (EUA)

HORIZONTES

Les Promesses, Thomas Kruithof (França) – FILME DE ABERTURA
Atlantide, Yuri Ancarani (Itália, França, EUA, Catar)
Miracle Bogdan George Apetri (Romênia, República Tcheca, Letônia)
Pilgrims, Laurynas Bareisa (Lituânia)
The Peackock’s Paradise, Laura Bispuri (Itália, Alemanha)
The Falls, Chung Mong-Hong (Taiwan)
El Hoyo En La Cerca, Joachin Del Paso (México, Polônia)
Amira, Mohamed Diab (Egito, Jordânia, Emirados Árabes, Arábia Saudita)
A Plein Temps, Eric Gravel (França)
107 Mothers, Peter Kerkekes (Eslovênia, República Tcheca, Ucrânia)
Vera Dreams of the Sea, Kaltrina Krasniqi (Albânia, Macedônia do Norte)
White Building, Kavich Neang (Camboja, França, China, Catar)
Anatomy of Time, Jakrawal Nilthamrong (Tailândia, França, Holanda, Singapura, Alemanha)
El Otro Tom, Rodrigo Pla, Laura Santullo (México, EUA)
El Gran Movimiento, Kiro Russo (Bolívia, França, Catar, Suíça)
Once Upon a Time in Calcutta, Adita Vikram Sengupta (Índia, França, Noruega)
Rhino, Oleg Sentsov (Ucrânia, Polônia, Alemanha)
True Things, Harry Wootliff (Reino Unido)
Inu-Oh, Yuasa Masaaki (Japão, China)

HORIZONTES EXTRA

Land of Dreams, Shirin Neshat, Shoja Azari (EUA, Alemanha, Catar) — FILME DE ABERTURA
Costa Brava, Mounia Akl (Líbano, França, Espanha, Suécia, Dinamarca, Noruega, Catar)
Mama, I’m Home, Vladimir Bitokov (Rússia)
Ma Nuit, Antoinette Boulot (França, Bélgica)
La Ragazza Ha Volato, Wilma Labate (Itália, Eslovênia)
7 Prisoners, Alexandre Moratto (Brasil)
The Blind Man Who Did Not Want to See Titanic, Teemu Nikki (Finlândia)
La Macchina Delle Immagini di Alfredo C, Roland Sejko (Itália)

RETROSPECTIVA 2020: CINEMA vs. PANDEMIA

PANDEMIA NOS MOSTROU COMO O CINEMA E AS ARTES SÃO FUNDAMENTAIS PARA A HUMANIDADE

Olá a todos! Chegou aquele momento que consigo escrever o post mais pessoal do ano, no qual consigo expor melhor algumas idéias e opiniões. Antigamente, eu costumava fazer isso com mais frequência, mas com o passar dos anos, vi que as opiniões próprias estavam sendo apedrejadas de forma brutal na internet. Cada vez mais havia menos espaço e paciência para ler ou ouvir o que o outro tem a dizer, e muitos adotaram a política da tolerância zero, e isso justifica a polarização política que vivemos.

Este ano, a pandemia mudou bastante as nossas vidas, e vimos o quão frágil somos diante de uma ameaça biológica. Apesar de entender que uma quarentena bem-sucedida 100% seja impossível, ainda mais em cidades grandes, fiquei estupefato ao ver o quanto algumas pessoas estão pouco se lixando para a saúde coletiva. Desde discussões por não querer usar uma máscara até festas clandestinas que certamente contribuíram enormemente para o aumento de casos e mortes.

Voltando mais ao nosso tema de Cinema, gostaria de aproveitar e fazer um desabafo. Muitos indivíduos, como eu, que optaram por estudar e trabalhar no ramo artístico muitas vezes são humilhadas e tachadas de vagabundas aqui no Brasil. Para muitas pessoas, profissão boa mesmo é advogado, engenheiro, arquiteto, médico… Quantas vezes não fomos marginalizados por várias dessas pessoas, parentes e até família por nossas escolhas! A pandemia pode ter sido horrível em inúmeros aspectos, mas ela fez com que muitos percebessem a importância do Cinema e das artes em geral.

Em plena quarentena, trabalhando de home office, milhões ficaram aprisionados em casa, e nesse cenário, os filmes e séries que podemos acompanhar nos trazem diversão, entretenimento, assunto novo e uma distração perante um cenário caótico. Por isso, não menospreze e valorize aqueles que decidiram se dedicar às artes. São eles que continuam trabalhando para prover conteúdo novo todos os dias para que desfrutemos no conforto de nossos lares.

Eu mesmo poderia ter desistido de manter o blog, a página do Facebook e o perfil do Instagram, mas foi justamente esse trabalho que me permitiu manter minha sanidade em tempos de quarentena. A partir de Maio, comecei a recomendar dois filmes por semana no intuito de trazer um pouco de alegria, diversão e distração em tempos difíceis. Como não li nenhuma reclamação até o momento, espero conseguir manter esse quadro pelo menos até a vacinação alcançar a maioria da população.

OSCAR 2020: HISTÓRICO!

Como já rolou em muitos memes, o ano de 2020 começou muito bem com a vitória de Parasita, mas depois descambou com a pandemia e o fechamento das salas de cinema… talvez melhorando apenas nos últimos meses do ano com a vitória de Joe Biden na Casa Branca e o início da vacinação. Particularmente, fiquei bastante feliz com os 4 Oscars conquistados pelo filme sul-coreano, ainda mais num ano bastante competitivo com grandes concorrentes como Dor e Glória, O Irlandês, História de um Casamento e Era uma Vez em… Hollywood, e sem contar que tudo levava a crer que 1917 seria o grande vencedor após levar o DGA, PGA e o BAFTA. O discurso do diretor Bong Joon Ho após levar o Oscar de Direção foi o melhor momento da noite, principalmente por ele saudar a importância que Martin Scorsese para novos cineastas.

Talvez impulsionado pela derrota de Roma perante Green Book no ano anterior, a Academia sentiu necessidade de votar mais consciente, e claramente o filme de Bong Joon Ho era disparado o melhor filme do ano após vencer a Palma de Ouro em Cannes. Parasita quebrou inúmeros tabus, dentre eles o fato de nenhum filme em língua estrangeira ter conquistado o Oscar de Melhor Filme em 92 anos de Oscar, e obviamente nenhum filme levar a dobradinha Melhor Filme e Filme Internacional. A vitória de Parasita no Oscar também representa um protesto contra o governo xenófobo de Trump (que chegou a zombar da vitória no palanque), e principalmente que é possível fazer filmes em nossos próprios países e sermos reconhecidos pela Academia nas categorias principais, e não somente como Filme Estrangeiro.

Em relação aos demais resultados, preferi Klaus a Toy Story 4 como Melhor Longa de Animação, Parasita a Ford vs. Ferrari como Melhor Montagem, e Honeyland a Indústria Americana como Melhor Documentário. Apesar de não haver bem melhores opções, todas as quatro categorias de atuação me decepcionaram pela previsibilidade, já que todos ganharam Globo de Ouro, SAG e BAFTA, o que nos faz repensar novas formas para que a Academia não fique tão refém dos prêmios anteriores. Apesar de gostar de Brad Pitt no filme de Tarantino, teria votado para Joe Pesci por O Irlandês pra ganhar seu segundo Oscar de Coadjuvante.

PANDEMIA: CINEMAS FECHADOS

Em Março, os cinemas de todo o mundo começaram a fechar suas portas. Na época, pouco se sabia sobre o vírus, e ninguém usava máscara ainda. Inicialmente, não senti muita falta de cinema porque Março e Abril são meses que não frequento muito as salas pelo tipo de filme que costuma estrear: aqueles blockbusters que interessam para grupos mais jovens como Dois Irmãos, Bloodshot, Um Lugar Silencioso II e Mulan, mas com o passar dos meses, passei a ficar preocupado com os lançamentos mais interessantes do 2º semestre de 2020. Enquanto isso, foi curioso ver o ressurgimento do filme Contágio (2011), de Steven Soderbergh, nas plataformas de streaming sendo altamente visto, revisto e comentado dadas as semelhanças da trama com o real vírus da Covid que se espalha a partir da China e dá origem a uma onda de contágio mundial e o desespero da ciência em buscar uma vacina.

Com as salas de cinemas fechadas, os serviços de streaming foram bastante valorizados. Embora a Netflix lançasse suas produções novas como Resgate, Destacamento Blood, The Old Guard, e mais recentemente os candidatos ao Oscar Os 7 de Chicago, Mank e A Voz Suprema do Blues, foi definitivamente um ano pra assistir aqueles filmes que você tinha botado na watchlist há anos, mas nunca achava tempo para conferir.

Em Novembro, foi a vez da Disney Plus chegar ao Brasil e oferecer títulos de seu gigantesco acervo, já que nos últimos anos engoliu (comprou o estúdios) a Pixar, a Marvel Studios, Lucasfilms e Fox. Embora a maioria das pessoas já tenha visto boa parte desse catálogo, que estava presente nos concorrentes poucos meses antes, um dos grandes atrativos de assinar esse serviço foi a dublagem clássica de inúmeras animações e filmes infantis para entreter tanto o público infantil quanto o adulto.

Vale destacar também o retorno dos cinemas de Drive In, que marcaram a época romântica dos nossos pais e avós. A partir de Junho, as telas grandes passaram a marcar presença em estacionamentos de shoppings e em locais de eventos como o Memorial da América Latina em São Paulo. A programação inicial era composta por clássicos como Apocalypse Now, 2001: Uma Odisséia no Espaço e O Iluminado, mas aproveitavam para incluir filmes de grande sucesso nas bilheterias como Mad Max: Estrada da Fúria, Matrix, Kill Bill, além de filmes brasileiros como Turma da Mônica: Laços. Claro que acaba sendo uma barreira para quem não tem carro, mas demonstra o quanto as pessoas já sentiam falta das telas grandes.

FESTIVAL de CANNES CANCELADO

Por ter acontecido no início do ano, o Festival de Berlim e o Oscar não sofreram alterações bruscas por causa da pandemia, mas o evento francês não teve a mesma sorte. O presidente Thierry Fremaux até tentou fazer o festival acontecer e segurou até o último minuto, mas tudo o que conseguiu foi manter o mercado de venda de filmes através de reuniões online com compradores de distribuidoras.

No início de Junho, com o evento já cancelado de forma presencial, eles divulgaram uma lista de 56 filmes que fariam parte da seleção oficial, mas sem estipular quais disputariam a Palma de Ouro ou o Un Certain Regard, por exemplo. O intuito era conceder o selo oficial de Cannes para que esses filmes pudessem ser melhor promovidos em campanhas de marketing e que pudessem automaticamente fazer parte da seleção dos festivais de Telluride e Toronto.

O Brasil foi representado pelo filme Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria, e por isso se tornou um forte candidato a ser o representante do Brasil no Oscar 2021, mas em Novembro, o comitê da Academia Brasileira de Cinema optou pelo filme Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, da estreante Bárbara Paz. Apesar de ser um documentário em preto-e-branco sobre o cineasta Hector Babenco, o objetivo dessa escolha parece ter sido a classificação automática para disputar o Oscar de Melhor Documentário. Vamos aguardar pra ver se essa previsão se realiza e termos o segundo documentário brasileiro consecutivo disputando o Oscar após Democracia em Vertigem.

…E O VENTO LEVOU BANIDO do STREAMING

Em junho, o serviço de streaming da HBO Max foi pressionado pela onda de protestos contra o racismo e por um artigo escrito pelo roteirista John Ridley (que venceu o Oscar por 12 Anos de Escravidão) no jornal Los Angeles Times a retirar do catálogo o clássico de 1939 …E o Vento Levou, de Victor Fleming. Segundo Ridley, o filme “perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor”. Entendemos os protestos por causa da morte de George Floyd, mas faltou alguém explicar para o roteirista revoltado que o filme foi feito nos anos 30, adaptado de um livro sobre o período da Guerra da Secessão, e que bani-lo agora não ajuda em absolutamente nada, como também piora a polarização política no país e no mundo. Infelizmente, a História não se apaga com uma borracha, então ela deve servir para nos lembrar sempre das atrocidades do passado para que não voltem a se repetir. Manter essas obras nos proporciona diálogos e debates de conscientização, além de estimular novas obras sob a perspectiva da cultura negra.

Certamente foi um episódio muito triste de 2020 que demonstrou a fragilidade de um estúdio perante a opinião pública. É preciso debater, conversar sobre o assunto, e não simplesmente banir ou censurar. Como as demais artes, o Cinema existe para proporcionar reflexão e empatia.

LANÇAMENTO SIMULTÂNEO da WARNER no HBO MAX

Aproveitando a pisada de bola da HBO Max no episódio de …E o Vento Levou, a Warner Bros cometeu outra atrocidade na base do impulso. Com a Netflix lançando inúmeros produções próprias e a Disney Plus estreando lançamentos blockbusters como Mulan direto no streaming por causa das salas de cinema fechadas, a Warner se sentiu pressionada a tomar uma decisão, e esta foi: lançar simultaneamente os grandes lançamentos de 2021 na plataforma HBO Max. Com a pandemia ainda longe de acabar nos EUA, o estúdio não quis manter Godzilla vs. Kong, Matrix 4, O Esquadrão Suicida, Duna e Tom & Jerry por mais tempo na geladeira e decidiu oferecer essa opção doméstica para seus assinantes.

O problema foi que não consultaram os diretores desses filmes antes de baterem o martelo, e assim Denis Villeneuve, que já teve seu Duna prorrogado para 2021, ficou pistola com os executivos do estúdio por não querer seu filme de proporções épicas lançado na telinha. Claro que, à princípio, essa postura parece resultado de um preciosismo estético do diretor apenas, mas trata-se de grana! Sim, nos contratos assinados, existe uma porcentagem maior caso os filmes atinjam uma meta de espectadores nos cinemas, e isso seria perdido caso o streaming competisse com as salas. A única exceção ao caso por enquanto foi a sequência Mulher-Maravilha 1984, que foi lançado recentemente nos cinemas. Com expectativas de ultrapassar a barreira de 1 bilhão de dólares na bilheteria mundial, o estúdio se sentiu na obrigação de manter o lançamento exclusivo nas telas grandes.

Não querendo abrir uma discussão interminável aqui, mas não considero a decisão da Warner de toda ruim. Há vários anos, o cinema tem perdido uma batalha contra a ascensão da TV com suas séries milionárias e mais recentemente, contra o crescimento dos serviços de streaming. O ingresso do cinema é caro para a maioria da população mundial, o que dificulta o crescimento da bilheteria (com exceção dos filmes da Disney-Marvel-Pixar-Star Wars-Fox), e com o passar dos anos, cinema tem se tornado cada vez mais um programa de luxo. Em São Paulo mesmo, se você leva sua namorada ou namorado para ver um filme numa sala de shopping, você paga uns 60 reais por 2 ingressos (podendo chegar a 150 se for filme 3D), paga entre 20 a 40 reais de estacionamento e mais uns 40 reais de refrigerante e pipoca.

As salas de cinema não vão deixar de existir, como muitos profetizaram, mas deverão passar por algumas modificações para manter seu público fiel, começando pela redução do valor de ingresso. E não se trata apenas de preços, tem muita gente que trabalha bastante ou cuida de filhos e não tem tempo hábil para se programar para ir ao cinema. O streaming veio para ajudar essa fatia do público que consome cinema. O único porém que vemos no momento é a nossa situação de refém dos serviços de streaming. Por exemplo, se quisermos assistir Mulan, temos que assinar o Disney Plus. Se quisermos ver o lançamento A Voz Suprema do Blues, temos que ter Netflix. Para ver o novo filme do Borat, temos que assinar Prime Video e etc. Se formos assinar tudo, gastaríamos mais do que indo ao cinema, portanto sugiro que você tenha amigos que possa fazer um compartilhamento de senhas: o Pedro assina Netflix, a Mônica assina Prime, a Viviane assina Disney Plus, entende?

CRÍTICAS

META 2020

Não estipulei nenhuma meta específica, mas eu queria ultrapassar a marca de 268 filmes assistidos em 2019 pelo menos. Com a quarentena, acabou ficando mais fácil bater essa meta, mas confesso que na reta final do ano, tive mais dificuldades de manter a frequência semanal de filmes. Até o momento, 280 filmes, ou seja, meta batida.

Dentre alguns títulos que finalmente consegui assistir estão alguns clássicos como A Batalha da Argel (1966), O Medo Consome a Alma (1974) e Paixões que Alucinam (1963) que me fizeram lembrar porque o Cinema me encantou.

PIORES DO ANO

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. ROSA E MOMO (La Vita Davanti a Sé/ The Life Ahead). Dir: Edoardo Ponti
Claro que é sempre bom contarmos com o retorno de uma grande estrela do passado como Sophia Loren. Além de ela ter se tornado a primeira atriz a vencer o Oscar por uma atuação em língua estrangeira por Duas Mulheres em 1962, já trabalhou com grandes mestres do ofício como Ettore Scola, Vittorio De Sica, Charles Chaplin e Anthony Mann. Porém aqui temos uma refilmagem de Madame Rosa (197), repleta de clichês de vítimas de Holocausto, que poderia ter se aprofundado na questão da imigração ilegal na Europa para revitalizar a história antiga, mas que prefere oferecer cenas fúteis na tentativa de promover Loren para uma nova indicação ao Oscar. O diretor Edoardo Ponti, que é filho da atriz, até consegue extrair bons momentos no início, mas depois é ladeira abaixo. Nem a boa química entre Loren e o jovem Ibrahima Gueye salva o filme.

4. O DILEMA DAS REDES (The Social Dilemma). Dir: Jeff Orlowski
O fato de ser um documentário feito pela Netflix para ser exibido somente nas plataformas digitais não implica que o filme tenha permissão ou liberdade para ser um documentário ralo e descartável. A impressão que tive é que os realizadores estavam mais do que satisfeitos com a escolha do tema (o alarmante impacto das redes sociais no controle da humanidade), e por isso mesmo, não fizeram questão de desenvolvê-lo mais a fundo. Além de entrevistarem apenas pessoas que tinham uma versão da história, não apresentou possíveis e palatáveis soluções para o problema. Filmar umas duas sessões parlamentares onde o tema é discutido superficialmente não ajuda em nada, assim como aquelas dramatizações chulas da família que proíbe o uso de celular à mesa.

3. OS NOVOS MUTANTES (The New Mutants). Dir: Josh Boone
Trata-se de um projeto natimorto. Bem antes de seu lançamento, houve tantos problemas que já fizeram com que prevíssemos uma tragédia anunciada. Primeiro, não entendi a contratação de Josh Boone como diretor. Só porque ele dirigiu A Culpa é da Estrelas que tem personagens com problemas de saúde? Se confiavam tanto no talento dele, por que refilmar as cenas após o término das filmagens? Além disso, a Fox já estava em negociações para ser vendida para a Disney, que tinha zero de interesse em tocar esse projeto, já que certamente fará sua própria versão de filmes de mutantes do universo dos X-Men. Como se não bastasse, o filme apanhou da pandemia no calendário, pois foi adiado. A Disney só lançou mesmo porque teve pena, porque sabia que era quase impossível recuperar o investimento.

2. HOLLY SLEPT OVER. Dir: Joshua Friedlander
Lembra quando havia o Cine Privé na Band? Soft porns que apresentavam uma trama escrita por um adolescente com ebulição de hormônios com cenas que existiam somente para justificar desejo e sexo? Aqui temos um casal com problemas matrimoniais que recebe a visita de uma amiga, personificada pela bela Nathalie Emmanuel. Claro que botam ela para ser a amiga do ménage a trois. Consegue ser pior do que os vídeos do Porn Hub… ouvi dizer rs.

1. O GRITO (The Grudge). Dir: Nicolas Pesce
Todo mundo já sabe que estamos vivendo ainda em tempos de remakes, reboots e sequências, porém essa falta de criatividade costuma vir acompanhada de pelo menos uma razão, nem que seja o dinheiro das bilheterias. No caso de O Grito, nem isso é possível contabilizar. Na falta de uma trama minimamente convincente e sem lógica, inserem inúmeros jump scares gratuitos pra pelo menos não terem o público reclamando da falta de sustos de um filme de terror.

MELHORES DO ANO

5. PALM SPRINGS (Palm Springs). Dir: Max Barbacow
Depois de fazer um tremendo sucesso em Sundance, esta comédia caiu nas graças do público quando estreou no serviço de streaming da Hulu nos EUA. O roteiro pega a mesma premissa de time loop de O Feitiço do Tempo (1993) e expande esse universo com a colaboração essencial da personagem feminina Sarah. Enquanto a química do casal Nyles e Sarah nos diverte, o filme tem muito a nos dizer sobre as diferenças de maturidade entre os homens e as mulheres, especialmente como eles estão deslocados no tempo.

4. O REI DE STATEN ISLAND (The King of Staten Island). Dir: Judd Apatow
Apesar de se tratar de uma comédia, este novo filme de Apatow tem uma profundidade bastante humana por se basear na vida pessoal do ator Pete Davidson, que perdeu seu pai bombeiro aos 7 anos enquanto ele salvava vidas no 11 de Setembro. Não sabia que ele tinha veia cômica há anos no Saturday Night Live, então me surpreendi com o humor natural do ator. Todos os personagens secundários apresentam boas atuações, o que reforça o tratamento sério do tema do deslocamento de geração do protagonista. Indo mais à fundo, isso cria uma ligação mais forte com o meu livro favorito “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger.

3. FIRST COW. Dir: Kelly Reichardt
Este foi o terceiro filme que vi de Kelly Reichardt, então já tinha aderido à direção minimalista dela, assim como o trabalho das temáticas femininas em universos masculinos. Dá pra dizer que Reichardt é uma das melhores diretoras mulheres da atualidade justamente por saber trabalhar o feminino sem fazer muito barulho e levantar a bandeira muito alto. Aqui ela escolhe um personagem chinês para dizer que a América foi feita por estrangeiros, e um cozinheiro desvalorizado pela própria equipe, para contar uma história de amizade, de política social e de amor à natureza. Definitivamente é um filme para se ver mais de uma vez, porque é possível pegar significados e simbolismos em pequenos detalhes.

2. A ASSISTENTE (The Assistant). Dir: Kitty Green
Quando fiquei sabendo desse filme no último Festival de Sundance, previa um filme bastante oportunista ao ir na onda do #MeToo e da recente prisão do produtor Harvey Weinstein, esperando ainda um filme repleto de escândalos e discussões acaloradas que Hollywood adora. Mas encontrei um filme bastante lúcido, com uma direção minimalista e atuações bem discretas. Esse trabalho de sutilezas serve justamente para tornar a mensagem ainda mais poderosa. A diretora nos mostra que os assédios no ambiente de trabalho começam nas pequenas coisas, nos pequenos detalhes e vão se tornando uma bola de neve. Definitivamente um filme que reflete bem os nossos tempos e comprova que há muito a se fazer ainda para mudar esse cenário.

1.O HOMEM INVISÍVEL (The Invisible Man). Dir: Leigh Whannell
A primeira vez que vi o nome de Leigh Whannell foi nos filmes de James Wan, Jogos Mortais e Sobrenatural, como roteirista. Quando vi sua estréia na direção em Sobrenatural: A Origem, pensei: “Esse cara estragou a franquia”. Isso só foi mudar depois que vi Upgrade, três anos mais tarde. Ali, Whannell demonstrava personalidade numa ficção científica com poucos recursos. Quando assisti a O Homem Invisível, vi que aquele diretor promissor havia se firmado. Não apenas conseguiu ótimo retorno nas bilheterias (que só não foi maior por causa da pandemia), mas finalmente revitalizou o universo dos monstros clássicos da Universal Pictures que há tantos anos o estúdio almejava. No roteiro, Leigh trouxe a trama original dos anos 30 para algo bastante contemporâneo: um relacionamento abusivo. Com a invisibilidade do traje do vilão, o diretor soube explorar os vazios das cenas como combustível para a paranóia na cabeça de Cecilia (uma inspirada Elisabeth Moss). Um filme que revitaliza uma história clássica, conta com ótimas cenas e atuações, e dialoga perfeitamente com nossos tempos de #MeToo.

TOP 5 MELHORES em MÍDIA DIGITAL OU STREAMING

5. TAMPOPO: OS BRUTOS TAMBÉM COMEM SPAGHETTI (Tampopo, 1985). Dir: Jûzo Itami
Imaginem um western sobre cozinhar e a arte de comer. São histórias divertidas que exploram a relação dos personagens com a comida, principalmente de Tampopo, que quer revitalizar seu restaurante com a ajuda de um caminhoneiro.

4. O REFLEXO DO MAL (The Reflecting Skin, 1990). Dir: Philip Ridley
Talvez o filme mais esquisito que vi este ano, mas que tem uma aura muito bonita vindo dos personagens e de suas situações do pós-guerra. Passado num ambiente rural dos anos 50, um menino acredita que sua vizinha viúva é uma vampira e é responsável pelo desaparecimento de crianças na região. Fotografia lindíssima de Dick Pope com atuação tocante de Lindsay Duncan.

3. UM CAMINHO PARA DOIS (Two for the Road, 1967). Dir: Stanley Donen
Quando se olha o pôster e vê Audrey Hepburn beijando Albert Finney, é impossível não querer achar que se trata de mais uma comédia romântica boba, mas estamos falando de Stanley Donen, um dos diretores mais marcantes da Hollywood dos anos 50 e 60. Acompanhamos o casal improvável Joanna e Mark numa viagem e imediatamente nos apaixonamos por eles, porque o roteiro e a montagem explora as ironias do casal em flashbacks. Hepburn e Finney tornam tudo mais apaixonante tamanho o carisma que eles compartilham do início ao fim. Impossível não se identificar e se emocionar com as situações que o casal passa ao longo do filme.

2. A BATALHA DE ARGEL (La Battaglia di Algeri, 1966). Dir: Gillo Pontecorvo
É impressionante a forma como Pontecorvo filmou essa história sobre o crescimento dos movimentos que lutam pela independência da Argélia nos anos 50. Temos a impressão de que o diretor realmente se infiltrou numa guerrilha e está filmando um documentário. Seu trabalho com atores não-profissionais também é formidável. Com a colaboração da ótima trilha de Ennio Morricone, existe uma tensão crescente do início ao fim. Até hoje, A Batalha de Argel é uma referência para o cinema de conflitos sociais.

  1. ONDE FICA A CASA DO MEU AMIGO? (Khane-ye doust kodjast?, 1987). Dir: Abbas Kiarostami
    Honestamente, nunca fui muito fã do cinema iraniano, mas este filme de Kiarostami demonstra com muita simplicidade e bom humor o povo iraniano. Com uma história boba de um menino que precisa devolver o caderno que pegou sem querer de seu amigo, acompanhamos sua jornada, que se assemelha à Odisséia de Homero, enquanto topamos com personagens inusitados que explicitam o conservadorismo extremo interferindo na educação infantil. É impossível não torcer pelo jovem protagonista, já que o ator mirim que o interpreta, Babek Ahmed Poor, é introvertido mas bem carismático. Um filme com uma carga humana altíssima que pode ser apreciado por qualquer país ou cultura e enxergar o poder que o Cinema tem como fonte de empatia.

IN MEMORIAM

Relembrando as pessoas que perdemos em 2020, é impossível não lamentar a morte de milhares de vítimas da Covid-19. Aqui no Brasil, estamos beirando os 200 mil mortos. Porém, o mais alarmante é ver a desumanidade de inúmeras pessoas em redes sociais, espalhando fake news, desacreditando a ciência (não vou nem mencionar os “terraplanistas”), fazendo festas e espalhando um vírus altamente contagioso sem ligar para a saúde coletiva, nem mesmo da própria família. Não vou prolongar a crítica, mas gostaria de homenagear os profissionais da saúde que estão se arriscando para salvar vidas (muitas das quais não querem tomar vacina) ao redor do mundo, e conceder meus profundos sentimentos às famílias que perderam entes queridos nessa pandemia.

Essa sessão In Memoriam parece desnecessária, mas acho importante relembrar artistas e profissionais do Cinema que perdemos. Eles não estão mais conosco, mas seus trabalhos certamente contribuíram e sempre vão contribuir para o nosso desenvolvimento como seres humanos. Gostaria de começar pela realeza de Hollywood. Este ano perdemos dois ícones da era de ouro: Olivia de Havilland e Kirk Douglas. Ela foi a última atriz viva do elenco do clássico …E o Vento Levou, acumulou 5 indicações ao Oscar e levou 2 estatuetas de Melhor Atriz por Só Resta uma Lágrima e Tarde Demais. Foi de extrema importância nos anos 40 quando enfrentou o estúdio Warner Bros. que queria controlá-la ao suspendê-la por 6 meses e ainda descontar esse período do pagamento. Havilland foi à corte e venceu a batalha contra o estúdio, beneficiando inúmeros outros atores que tinham contratos longos. Já Kirk demonstrou um enorme senso de justiça e moral em tempos complicados de McCarthismo e Guerra Fria. O ator fez questão de dar créditos a roteiristas que tinham seus nomes na Lista Negra e eram obrigado a inventarem pseudônimos para continuarem trabalhando. Sua influência e insistência pesaram na decisão e os condenados voltaram a ter dignidade no ofício. Em 1996, Kirk Douglas acabou ganhando o Oscar Honorário por sua força moral e criativa em Hollywood, e claro, por ter sido indicado 3 vezes sem nunca ter levado a estatueta.

Não apenas cinéfilos, mas músicos ao redor do mundo ficaram entristecidos pela morte do maestro italiano Ennio Morricone. Honestamente, não acredito que haverá outro compositor como ele. Desde o início da carreira, ele buscou desafiar os paradigmas do gênero western com instrumentos pouco ortodoxos como guitarra elétrica, sinos, gaitas e até as vozes femininas, e isso fez com que seu nome se tornasse sinônimo de um western moderno. Além de Sergio Leone, trabalhou com inúmeros diretores de prestígio como Brian De Palma, Pier Paolo Pasollini, Gillo Pontecorvo, Giuseppe Tornatore, John Carpenter e Terrence Malick, obteve 6 indicações ao Oscar, ganhou pela última por Os Oito Odiados, além do Oscar Honorário concedido em 2007. Suas composições engrandecem qualquer filme e conseguem a proeza de serem independentes de seus filmes e agradarem qualquer músico ou fã de música.

Dentre os atores que perdemos este ano, destaco Sir Sean Connery que imortalizou o agente secreto britânico James Bond e não se contentou em ser um ator de um papel só; o sueco Max von Sydow que ficou marcado pela parceria com o mestre Ingmar Bergman e pelo personagem do Padre Merrin em O Exorcista (é incrível como todas as suas aparições evidenciam sua credibilidade na tela); e Chadwick Boseman, que apesar de ser eternamente lembrado como o Pantera Negra, demonstrou uma vivacidade digna de orgulho diante de um câncer que estava enfrentando. Se você assistir a qualquer filme com o ator, perceberá que ele trata seu personagem como se fosse seu último. Aliás, seu derradeiro papel em A Voz Suprema do Blues pode lhe conceder um Oscar póstumo em 2021. Entre outras perdas irreparáveis de atores, lembro Brian Dennehy, Shirley Knight, Irrfan Kahn, Michel Piccoli, Ian Holm e Diana Rigg.

Já entre os diretores que perdemos, destaque para Terry Jones (que dirigiu e co-dirigiu os filmes da trupe Monty Python), Alan Parker (dividido entre filmes musicais e de violência extrema), Jirí Menzel (diretor tcheco que trabalhou com a sátira e contornou a censura), Kim Ki-duk (sul-coreano que conquistou crítica e público com personagens calados), e Joel Schumacher, que apesar de ter sido marcado injustamente pelos mamilos nos uniformes de Batman & Robin, é carinhosamente lembrado por cults da juventude como O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, Os Garotos Perdidos e Linha Mortal. Lembramos também dos roteiristas Ronald Harwood (O Pianista) e Buck Henry (A Primeira Noite de um Homem), os diretores de fotografia Allen Daviau (E.T. o Extraterrestre) e Michael Chapman (Taxi Driver e Touro Indomável), e o diretor de arte Peter Lamont (Titanic e 007: O Espião que me Amava).

José Mojica Marins, o nosso querido Zé do Caixão, a diretora Suzana Amaral e a atriz Nicette Bruno foram as grandes perdas do nosso Cinema Brasileiro. Lembramos também aqui as perdas lastimáveis da juíza Ruth Bader Ginsburg, que lutou pelos direitos femininos e estrelou o documentário RBG, o cartunista argentino Quino que criou a amada personagem Mafalda, o jogador de basquete Kobe Bryant que ganhou o Oscar de curta de animação sobre sua vida Dear Basketball, e o autor britânico John le Carré, que inspirou inúmeros filmes como O Espião que Saiu do Frio (1965), O Jardineiro Fiel (2005) e O Espião que Sabia Demais (2011).

VOTOS PARA 2021

No ano passado, desejei um ano de mais empatia e vou continuar nessa tecla. É preciso reduzir essa polarização que tanto nos divide, pois fica parecendo que somos de torcidas de clubes de futebol inimigas. Quantas vezes não li este ano em redes sociais: “Adivinha pra quem ele votou”, “Como não votei em ladrão, não falo com você”, “Alugo vagas de quarto, exceto para quem votou no Bozo” etc. Não é porque a pessoa tem uma opinião política que não seja a sua que ela será sua inimiga. Existem pessoas muito boas de ambos os lados e estamos recusando qualquer contato por termos nossos preconceitos. Claro que não é uma tarefa fácil, mas peço para que todos possamos praticar a nossa civilidade, conversando, trocando idéias, e acima de tudo, respeitando o outro, pois você estará respeitando a si mesmo também.

Desejo um Feliz Natal e Próspero Ano Novo para todos que seguem o blog, a página do Facebook e o nosso Instagram. Agradeço muito por terem me acompanhado neste ano difícil de 2020, mas espero que possamos manter nosso trabalho e nossa apreciação pelos filmes que tanto amamos. Cuidem-se bem, pensem nas suas famílias e no próximo que logo sairemos dessa situação juntos!