RETROSPECTIVA 2018: O ANO da NETFLIX?

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Normalmente, eu posto um vídeo promocional da próxima edição do Oscar que o futuro host publica na internet, mas depois da confusão e demissão de Kevin Hart…

Olá, pessoal! Mais um ano se foi! Foi um ano bom ou ruim pra você?
Queria agradecer a todos que acompanharam o blog e a página do Facebook. Se comentaram, se leram, ou se apenas deram aquela passadinha, obrigado por seu apoio! Estou realizando este trabalho por puro prazer há 7 anos e sendo recompensado pelos seus views e participações. Agradeço bastante ao meu colaborador assíduo Hugo Cancela, aos amigos Bruna Martins, Flávia Fernandes, Antonio Lopes, Karoline Alves e Alice Ayres, e frequentadores assíduos como a rainha do Oscar Frame, Elisieli Rodrigues, Cristiano Filiciano, Miriam Moldes, Henrique Cereja, Fummanation Bonsucesso, Berto Leno, Tiago Bistaffa, Elza Vieira, Amélia Cassis, Yuri Dias, Lília Ricardo, Kátia Nunes e Verinha Dau, enfim, são tantos nomes que daria uma lista extensa! Peço desculpas por não poder incluir todos aqui!

Queria aproveitar para agradecer ao crítico Chico Fireman por me possibilitar trabalhar com as cabines de lançamentos de filmes, e pela sua generosidade e atenção!

META DE 2018

Continuando minha meta de 2017, procurei assistir mais àqueles filmes clássicos ou cults pra reduzir um pouco minha watchlist. Um que tenho orgulho de finalmente ter conferido é o clássico italiano , de Federico Fellini. Sério, eu não estava aguentando mais ver esse filme no topo da minha lista me olhando e perguntando: “E aí? Quando você vai me ver?” Eu lembro a última vez que viajei pra fora do país em 2014, eu jurava: “Antes de pegar esse avião, eu vou ver o filme do Fellini. Vai que eu morro…” Enfim, tomei coragem e assisti. Eu achava que o filme me daria uma dor de cabeça enorme, mas vi uma belíssima homenagem do diretor às mulheres que amou na vida. Ainda tenho vários do Fellini pra ver como Julieta dos Espíritos e A Doce Vida, mas quem sabe em 2019?

Falando em mestres do cinema, estou satisfeito por ter acrescido mais três obras do sueco Ingmar Bergman. Finalmente assisti a Através de um EspelhoSonata de Outono e Gritos e Sussurros. Depois de assistir aos filmes dele, é inevitável não parar pra refletir sobre a vida e a família, que são temas bem fortes na filmografia dele. O quanto realmente nos importamos com familiares diante de situações difíceis. Além do diretor levantar esses questionamentos, ainda cria obras visuais extremamente poderosas com a ajuda inestimável de atrizes do calibre de Ingrid Bergman, Liv Ullmann e Harriet Andersson.

Também consegui assistir pela primeira vez a A Mulher Faz o Homem (1939). Nunca fui muito fã do Frank Capra porque ele entrega uma visão demasiada otimista. Não que isso seja um defeito, mas sempre tive preferência por um cinema que expõe defeitos e falhas humanas, seja para o bem ou para o mal. É louvável acompanhar a luta de um jovem senador idealista contra um sistema corrupto, ainda mais hoje num Brasil que revela um novo caso de corrupção a cada dia, mas alguns personagens se tornam bidimensionais nessa visão, mesmo James Stewart.

8 Autumn Mr Smith

8½, Sonata de Outono e A Mulher Faz o Homem

Revisitei alguns diretores renomados como François Truffaut com Jules e Jim – Uma Mulher Para Dois (1962), Wim Wenders com Asas do Desejo (1987), Billy Wilder com Testemunha de Acusação (1957), e Dario Argento com Suspiria (1977), que fiz questão de conferir antes de assistir à refilmagem, que nunca estréia aqui no Brasil! E vi uma obra-prima pouco conhecida aqui intitulada O Segundo Rosto (1966), de John Frankenheimer, que apresenta uma trama de ficção científica na qual uma organização secreta oferece uma segunda chance aos ricos, alterando suas aparências e encenando a morte das pessoas que foram. Rock Hudson, que sempre teve imagem de cowboy machão mas era homossexual, caiu como uma luva no papel principal e entrega a performance de sua vida.

PIORES DO ANO

Eu tinha o costume de comentar uns dois ou três filmes que foram decepcionantes, mas a partir deste ano, já dá pra formar uma lista dos 5 piores. Reparem que todos os filmes da lista são parte de uma franquia (considerando que Venom faz parte do universo do Homem-Aranha) ou é uma refilmagem. Quando Hollywood só pensa nos números lucrativos, o Cinema perde.

Por pouco Jogador Nº 1 não entra na lista. Depois de me desapontar muito com The Post: A Guerra Secreta, vejo que Steven Spielberg deveria dar um break na carreira, sei lá, tirar um ano sabático, pra refletir sobre o que cinema representa pra ele, porque parece que ele tem feito mais filmes com cabeça de produtor ultimamente… E pior é que dos três projetos futuros dele, um é a sequência de Indiana Jones com Harrison Ford (taí outro que precisa de uma pausa longa) e o outro é a refilmagem (totalmente desnecessária) do clássico musical Amor Sublime Amor (1961). Claro que posso queimar minha língua, mas Spielberg, cadê sua criatividade?

E apesar de querer assistir de tudo, sempre dou mais prioridade aos filmes que acho que podem ser bons, afinal, se tenho pouco tempo pra ver filmes, por que gastar as horinhas preciosas com filmes que tenho quase certeza de que serão meia-boca? Nesse quesito, deixei de assistir aos possíveis candidatos desta lista: Han Solo: Uma História Star Wars (que pelo histórico de produção conturbado, só pode ser um resultado desastroso) e o Fenda no Tempo, a mega produção politicamente correta da Disney.

TOP 5 PIORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Venom (Venom)
Dir: Ruben Fleischer

4. Halloween (Halloween)
Dir: David Gordon Green

3. Tomb Raider: A Origem (Tomb Raider)
Dir: Roar Uthaug

2. A Freira (The Nun)
Dir: Corin Hardy

1. Jurassic World: Reino Ameaçado (Jurassic World: Fallen Kingdom)
Dir: J.A. Bayona

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Chris Pratt em cena da desastrosa sequência Jurassic World: O Reino Ameaçado (pic by OutNow.CH)

OSCAR 2018: POLITICAMENTE CORRETO NUMA CERIMÔNIA MORNA

Os produtores da cerimônia resolveram dar uma colher de chá para Jimmy Kimmel e o convidaram novamente para ser host após aquela lambança do envelope errado no ano passado. Apesar de ter acertado naquela premiação do jet ski para o discurso mais curto, ainda cometeu equívocos como aquela chocha invasão à sala de cinema do outro lado da rua, na vã tentativa de aproximar o público comum das estrelas de Hollywood.

Contudo, não dá pra culpá-lo. Os próprios organizadores resolveram baixar o tom da festa e correr risco zero para evitar erros e polêmicas. Desde o monólogo politicamente correto de Kimmel, até os números musicais bastante contidos no palco comprovaram a postura que a Academia impôs ao evento.

Quanto aos resultados, chegamos ao limite do previsível, principalmente em relação aos atores. Com Gary Oldman, Frances McDormand, Sam Rockwell e Allison Janney ganhando todos os prêmios importantes anteriores, ficou difícil surpreender o público com algum resultado inesperado. Por isso mesmo, a partir da próxima cerimônia, a data será adiantada para o mês de fevereiro com o intuito de reduzir o impacto dos prêmios que o antecedem.

Sobre os resultados, torci bastante para Corra! levar Melhor Filme, Diretor e Roteiro Original, que felizmente Jordan Peele acabou levando. Gostei das premiações de James Ivory pelo Roteiro Adaptado de Me Chame Pelo Seu Nome, de Roger Deakins finalmente levando seu Oscar por Blade Runner 2049, e de Sebastián Lelio levando o primeiro Oscar de Filme em Língua Estrangeira para o Chile por Uma Mulher Fantástica.

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Da esquerda para a direita: Jordan Peele leva o Oscar de Roteiro Original por Corra!, Roger Deakins de Fotografia por Blade Runner 2049, e Sebastián Lelio de Filme em Língua Estrangeira por Uma Mulher Fantástica.

Em relação às categorias de atuação, os votantes da Academia deveriam repensar melhor seu modo de avaliar as interpretações. Este ano, tivemos duas performances clichês e rotuladas levando o Oscar mais por causa dos efeitos de maquiagem transformativa: Gary Oldman com próteses esbravejando como um cachorro, e Allison Janney como a mãe amarga e envelhecida pela maquiagem. Timothée Chalamet e Lesley Manville trabalharam muito mais as nuances de seus personagens, e com pouco esforço, superaram os vencedores.

NETFLIX NOS FESTIVAIS E NO OSCAR

Claro que ainda não é oficial, mas Roma pode se tornar o primeiro filme da NETFLIX indicado ao Oscar de Melhor Filme, e por que não o primeiro a ganhar a estatueta? É inevitável o espaço e a importância que a Netflix e outras plataformas de streaming como a Amazon e a Hulu estão conquistando no mercado. Já é uma realidade de trabalho para inúmeros profissionais, assim como de alto consumo.

Diante desse cenário, eu faço a seguinte indagação: “Até quando vão ficar de birra, distribuidores franceses e organizadores do Festival de Cannes?”. Enquanto essa turma ficar discutindo a permanência de um sistema ultrapassado e a linguagem cinematográfica da Netflix, a empresa está dando risada, lucrando e ainda ganhando prêmios em outros festivais! Roma ganhou o Leão de Ouro em Veneza.

Obviamente, preferi assistir ao filme de Alfonso Cuarón numa sala de cinema com projeção em tela grande e som de qualidade, mas se não pudesse, assistiria na TV de casa mesmo (com um volume que meus vizinhos reclamariam), mas assistiria! A Netflix veio para suprir um tipo de cinema que os produtores de Hollywood já não querem mais fazer, pois estão visando apenas os lucros sem margem para erros ou riscos, por isso só temos blockbusters e adaptações de best-sellers nas salas de cinema.

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Foto que tirei na sessão especial de Roma no Kinoplex Itaim

Eu gostaria apenas que a Netflix e outras plataformas fizessem um esforço para colocar filmes selecionados para salas de cinema. Tipo, não faço questão de ver Para Todos os Garotos que Já Amei no cinema, mas Roma é outro nível de cinema que merece uma boa projeção. Isso certamente valorizaria ainda mais os profissionais e acabaria atraindo outros a trabalhar para a empresa.

TWITTER DESTRUINDO CARREIRAS

Sabe aquele ditado “O passado não perdoa”? Graças ao Twitter, o passado voltou para atormentar e destruir as carreiras profissionais de algumas personalidades. A mais comentada foi do diretor e roteirista James Gunn, que foi demitido pela Disney de Guardiões da Galáxia Vol. 3. Quando seus tuítes de vários anos atrás voltaram à tona, viram que ele não batia muito bem. Quer dizer, as piadas de humor negro eram chocantes demais para qualquer executivo da Disney que quer preservar a imagem família feliz da empresa global. Eu entendo o lado da Disney, que seria atacada pela imprensa se não demitisse Gunn e correria sério risco de ter suas ações em queda, mas demitir por piada estúpida de Twitter de 10 anos atrás? Não poderiam dar uma chance do diretor se retratar publicamente? O cara ganhou bilhões de dólares com os dois Guardiões da Galáxia!

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Tweets antigos de James Gunn e Kevin Hart que ocasionaram em suas demissões

E no início de dezembro, o Twitter fez uma nova vítima: o ator e comediante Kevin Hart, que foi convidado pela Academia para ser host do Oscar 2019. No dia seguinte, porém, tuítes antigos dele, que denotavam uma figura pública homofóbica, foram descobertos. Certos de que ele seria crucificado, principalmente pela comunidade LGBT, os organizadores da Academia lançaram um ultimato para ele se desculpar, o que acabou não acontecendo. E dois dias depois do anúncio, Hart desistiu do cargo.

Sou totalmente contra qualquer tipo de censura. Mas os tempos são outros. Hoje, as empresas demitem por qualquer comportamento impróprio. Qualquer um. Não existe perdão de declarações do passado também, por isso, no caso do Twitter, onde os tuítes são “deletáveis”, melhor apagá-los. Evitaria desgastes como esse que a Academia passou agora.

Esses acontecimentos reabrem a velha discussão da separação entre pessoa e artista. Por exemplo, com o escândalo de Woody Allen que foi acusado de abusar da filha, inúmeras pessoas passaram a avaliar seus filmes de forma negativa por causa da acusação. Inclusive, achei patético a declaração da atriz Mira Sorvino, que alegou arrependimento de ter trabalhado com Allen no filme Poderosa Afrodite (1995), que lhe rendeu o Oscar de Atriz Coadjuvante e lançou seu nome em Hollywood. Cuspir no prato que comeu é fácil. Não aprova o comportamento dele? Basta não trabalhar mais com ele.

CRÍTICAS

Apesar da lista coroar os meus 5 favoritos do ano, obviamente é preciso mencionar outras produções que se destacaram de alguma forma. Dos blockbusters, vale citar Vingadores: Guerra Infinita, que foi a maior bilheteria do ano. Deixando meu lado de fã de quadrinhos, é preciso reconhecer esse trabalho estratégico e paciente de dez anos da Marvel Studios que culmina nesta produção, que soube contar com vários personagens sem ser maçante, e ainda apresenta com propriedade um vilão de alto nível como Thanos.

Ainda destacaria Missão: Impossível – Efeito Fallout, que pode não apresentar nada inovador, mas sem sombra de dúvida foi o melhor filme de ação do ano. É notável a entrega de Tom Cruise à franquia e como ele luta para se superar a cada filme. Falando em notabilidade, preciso mencionar o trabalho minucioso de stop motion da animação nova de Wes Anderson, Ilha dos Cachorros. Além da técnica impecável, trata-se de um design de personagens sublime. Só acho que carece um pouco mais de alma, mas talvez a Academia recompense Anderson pelas derrotas anteriores com este Oscar de Animação…

Também gostei do singelo Poderia Me Perdoar?. A história verídica me pegou pelo identificação com a protagonista: uma escritora em decadência que falsifica cartas de autores para pagar suas contas básicas. A dupla formada por Melissa McCarthy e Richard E. Grant é a melhor do ano. Espero que ambos estejam indicados no próximo Oscar. E ainda no campo do singelo, destaco também o drama Mais Uma Chance, que é da Netflix. É basicamente sobre um casal na casa dos 40 que luta para ter filho, chegando a recorrer aos ovários da sobrinha. Todos os três atores estão bem: Paul Giamatti, Kathryn Hahn e Kayli Carter.

Uma boa surpresa foi a ficção científica Upgrade. Jamais imaginei que o roteirista Leigh Whannel, de Sobrenatural e Jogos Mortais, criaria esse universo futurista onde a tecnologia seria debatida de forma divertida mas também incisiva. Infelizmente, não há previsão de estréia no Brasil, mas de qualquer forma, tem tudo para se tornar um cult movie.

E, por último, gostei de ver a nova loucura de Lars von Trier no cinema. A Casa que Jack Construiu tem um tema interessantíssimo que questiona a inteligência humana através da filosofia de um serial killer inescrupuloso. Só faço dois adendos: deveria ter abusado mais do humor negro da primeira metade, e apesar de entender os motivos do diretor, cortaria a sequência em que ele insere imagens dos filmes anteriores dele, pois não colabora com a trama e ainda abre brecha para críticas de auto-indulgência depois daquele episódio de Persona Non Grata no Festival de Cannes.

TOP 5 MELHORES LANÇAMENTOS DO ANO

5. Hereditário (Hereditary/ 2018)
Dir: Ari Aster

4. Oitava Série (Eighth Grade/ 2018)
Dir: Bo Burnham

3. Roma (Roma/ 2018)
Dir: Alfonso Cuarón

2. Asako I & II (Netemo Sametemo/ 2018)
Dir: Ryûsuke Hamaguchi

1. Em Chamas (Beoning/ 2018)
Dir: Chang-dong Lee

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1º LUGAR: EM CHAMAS (Beoning), de Lee Chang-dong

TOP 5 MELHORES EM MÍDIA DIGITAL

5. O Silêncio do Lago (Spoorloos/ 1988)
Dir: George Sluizer

4. Através de um Espelho (Såsom i en spegel/ 1961)
Dir: Ingmar Bergman

3. 8½ (8½/ 1963)
Dir: Federico Fellini

2. O Parque Macabro (Carnival of Souls/ 1962)
Dir: Herk Harvey

1. O Segundo Rosto (Seconds/ 1966)
Dir: John Frankenheimer

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1º LUGAR: O SEGUNDO ROSTO (Seconds), de John Frankenheimer

IN MEMORIAN

Este ano, perdemos diretores icônicos e vencedores do Oscar. Milos Forman (venceu por Um Estranho no Ninho e Amadeus) e Bernardo Bertolucci (venceu por O Último Imperador), mas no caso dele, ficou mais famoso por filmes polêmicos como O Conformista, O Último Tango em Paris e Os Sonhadores. Outro diretor que entregou importantes filmes foi Nicolas Roeg, que destaco Inverno de Sangue em Veneza, O Homem que Caiu na Terra e Bad Timing. E agora no dia 17, a diretora Penny Marshall, mais conhecida pelas comédias Quero Ser Grande e Uma Equipe Muito Especial nos deixou.

Entre os atores, indicados ao Oscar nos deixaram: Burt Reynolds (que mais chama a atenção por uma vida repleta de arrependimentos por recusa de papéis importantes), Sondra Locke (ex-mulher de Clint Eastwood), Barbara Harris e a vencedora do Oscar de Coadjuvante em 1957 por Palavras ao Vento, Dorothy Malone. Também vale citar Margot Kidder, a eterna Lois Lane do Superman do saudoso Christopher Reeve.

Dos profissionais brasileiros, demos adeus às lendas Nelson Pereira dos Santos (diretor de Vidas Secas e Rio 40 Graus), Roberto Farias (diretor de Assalto ao Trem Pagador e dos filmes do cantor Roberto Carlos como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura), e as atrizes Beatriz Segall (a eterna Odete Roitman da novela Vale Tudo) e Tônia Carrero, que brilhou nos filmes do extinto estúdio da Vera Cruz como Tico-Tico no Fubá.

Vale lembrar a perda das cantoras Aretha Franklin, cujas músicas sempre estarão em trilhas sonoras de vários filmes, e pra mim, em especial, Dolores O’Riordan, vocalista do grupo The Cranberries. A morte dela aos 46 anos (!) por afogamento após uma intoxicação alcóolica me deixou abatido por uns dias.

Demos adeus aos escritores Neil Simon, que apesar de ter sido indicado ao Oscar quatro vezes sem nenhuma vitória, tinha carreira consolidada e venerada no teatro como dramaturgo; e o roteirista William Goldman, vencedor de duas estatuetas do Oscar por Butch Cassidy e Todos os Homens do Presidente.

E não poderia falar de escritores sem mencionar Stan Lee. Embora os filmes da Marvel Studios sejam um sucesso pela estratégia de mesclar universos do produtor Kevin Feige, nada seria possível sem a inestimável contribuição criativa de Lee. Ele foi o pioneiro nos quadrinhos que enxergou a humanidade nos personagens de super-heróis, que eles poderiam ser falhos também e assim, facilitar a identificação com os leitores. Foi essa chave que até hoje gera essa conexão dos filmes com o grande público.

Stan Lee

VOTOS PARA 2019

Acho que o grande assunto no Brasil este ano foram as eleições para presidente. E o que mais fiquei chocado foi a defesa ferrenha que muitos faziam para candidatos que sequer mereciam o mínimo de confiança. Acho que depois de acompanhar tanto tempo a política brasileira, só defendo uma coisa: Nenhum político merece nossa confiança. Talvez o político em si seja até uma pessoa honesta, mas o sistema é muito corrupto e parece enraizado. Não vou nem entrar na questão das propostas, porque tem cada absurdo… Acho que o Brasil só vai pra frente com uma Reforma na Educação contando com um alto investimento.

Enfim, torço para que algo dê certo neste próximo governo. Que, de alguma forma, consigam afastar o país dessa crise, gerando mais emprego, renda e segurança, que é um problema crônico, mas sem esquecer da educação e da nossa cultura!

Apoio a diversidade de autores brasileiros, especialmente no cinema. Este ano, contamos com filmes bem distintos e alternativos como Café com Canela, As Boas Maneiras, O Animal Cordial, Arábia e Benzinho. O Cinema Brasileiro deixou de ser aquele recluso de favelas e seca no Nordeste. Se vamos ganhar o Oscar? Se dependesse apenas dos filmes, não teria dúvidas de que vai chegar a hora do Brasil, mas se a política continuar interferindo… vamos ver o cinema do Camboja, Cazaquistão e Paraguai ganhar antes da gente.

Desejo Feliz Ano Novo para todos que acompanham o blog e a página do Facebook! Que seja um ano repleto de alegrias, conquistas, saúde e paz!

Compartilhe seus melhores e/ou piores filmes que viu em 2018 nos comentários!

O QUE A MARVEL DE STAN LEE REPRESENTOU

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Stan Lee quando foi homenageado com sua estrela na Calçada da Fama em 2011. Pic by Mario Anzuoni (Reuters)

Stanley Martin Lieber, mais conhecido por STAN LEE, faleceu nesta última segunda, dia 12/11. Ele sofria de pneumonia e problema nos olhos, e acabou falecendo no hospital Cedars Sinai em Los Angeles. Ele tinha 95 anos.

Lee era uma lenda viva. Se Bob Kane já era considerado uma por ter criado apenas o Batman, imagine o homem responsável pela origem do Quarteto Fantástico, Homem-Aranha (com Steve Ditko), Hulk, X-Men, Homem de Ferro, Thor, Demolidor, Capitão América, e Os Vingadores?

Stan Lee, Lou Ferrigno, Eric Kramer

Stan Lee entre Eric Allan Kramer e Lou Ferrigno, os atores que interpretavam Thor e Hulk nas séries e telefilmes dos anos 80.

Nascido em Nova York em 1922, serviu o exército americano durante a Segunda Guerra Mundial, e na década de 40, ingressou na Timely Publications. Nos anos 60, foi de extrema importância ao modernizar os super-heróis de quadrinhos, tornando-os mais humanos e realistas, com suas inseguranças e questionamentos de caráter.

Foi desta forma, trazendo personagens com super-poderes para o chão, que Stan Lee e a sua Marvel Comics conquistou uma legião de novos leitores e fãs, que se identificam com os mesmos problemas de seus personagens favoritos, em especial o Homem-Aranha, já que ele era um estudante, com contas para pagar e dificuldades de conquistar a garota por quem é apaixonado. Contudo, seu lema era de gente grande: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”, que ele aprendeu a duras penas com a morte de seu tio Ben.

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Stan Lee posa com o cartaz do primeiro filme do Homem-Aranha (2002), dirigido por Sam Raimi (pic by smashmexico.com.mx)

Tenho orgulho de dizer que fui leitor da Marvel Comics desde minha pré-adolescência. Frequentava mais a banca de jornal da minha cidade do que a própria escola! Comecei lendo X-Men, e logo percebi que não se tratava de uma simples equipe de super-heróis como a Liga da Justiça. Os membros, que são mutantes em sua maioria, lutavam por harmonia entre os povos, combatendo o preconceito que tanto os atingia por serem diferentes.

Seus personagens-chave, o professor Charles Xavier e Magneto, foram baseados em figuras reais: Marthin Luther King e Malcolm X, respectivamente. Ambos lutavam na defesa dos direitos civis dos negros nos EUA, porém, enquanto o primeiro se utilizava do poder do discurso e da diplomacia, o segundo preferia os protestos mais violentos. Foi uma tacada de mestre de Stan Lee que, de quebra, ainda abrangeu nesse universo todas as minorias étnicas e sexuais que começavam a ganhar espaço naquela década.

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Stan Lee entre Professor Xavier (Marthin Luther King) e Magneto (Malcolm X). Art by STP Design (Paco Taylor)

Com esse reflexo dos problemas sociais, os quadrinhos da Marvel passaram a atrair um público mais sofisticado e seus personagens tiveram seus diálogos mais eloquentes. Stan Lee teria dito então: “Se uma criança tem que recorrer a um dicionário, não é a pior coisa que pode acontecer.” Foi um importante passo para que os quadrinhos deixassem de ser apenas material infanto-juvenil.

Depois de colecionar tudo relacionado aos X-Men, fui atraído pelo universo do Homem-Aranha, quando li todas as primeiras histórias do personagem escritas por Stan Lee e desenhadas por Steve Ditko. Foi ali que entendi como o herói foi alçado ao mais alto patamar das HQs. Peter Parker era um aluno nerd com problemas de interação social e que carregava uma paixão tremenda pela bela Mary Jane Watson. Quando ganha seus poderes através de uma picada de uma aranha radioativa, ele se torna uma outra pessoa e é consumido por sua ambição, quando seu tio é baleado e morto indiretamente por sua causa. Stan Lee nos provou que não é nada fácil ser um super-herói.

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Quando o Homem-Aranha se dá conta que o bandido que ele deixou escapar foi o responsável pela morte de seu tio (pic by Villains Wiki)

Como leitor, também presenciei o pior momento da editora. Nos anos 90, a Marvel Comics abriu falência, tendo que vender direitos autorais de inúmeros personagens para os grandes estúdios para poder continuar viva. Assim, os direitos do Quarteto Fantástico e X-Men foram para a Fox Pictures, e os direitos do Homem-Aranha passaram a pertencer à Sony Pictures. 

Porém, foi graças a esse momento turbulento, que a Marvel passou a ser mais conhecida no mundo todo, já que suas criações invadiram as telinhas de TV (o desenho animado dos X-Men foi um grande sucesso comercial) e depois as telas dos cinemas, com os filmes Blade – O Caçador de Vampiros (1998), X-Men: O Filme (2000) e Homem-Aranha (2002).

A partir de 2008, com a criação da Marvel Studios, e com a inestimável colaboração do produtor e visionário Kevin Feige, as adaptações cinematográficas pertenciam a um planejamento colossal como nunca feito na história. Com o lançamento de Homem de Ferro (2008) e O Incrível Hulk (2008), os filmes começaram a apresentar cenas pós-créditos estreladas por Nick Fury (Samuel L. Jackson), que abordava os personagens centrais para convidá-los a participar de um projeto chamado Vingadores.

Dez anos depois, aqui estamos com o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) atingindo números que a Marvel dos anos 90 nunca imaginou. Só no ano de 2018, Pantera Negra conquistou mais de 1.3 bilhões de dólares, e Vingadores: Guerra Infinita bateu o recorde com astronômicos 2.04 bilhões de dólares. Esse sucesso indiscutível provou de uma vez por todas que as criações humanistas de Stan Lee tinham esse dom de falar diretamente com o público.

Como retribuição, Lee obteve crédito como produtor executivo e fazia suas pontas nas produções. Confira todas as aparições dele, desde a TV até o último Vingadores: Guerra Infinita.

Stan Lee nos deixa um legado inestimável. Ele criou um universo habitado por personagens que os leitores e espectadores podem se relacionar através do humanismo deles. Afinal, não se trata de qual personagem é mais poderoso ou não numa luta de bem contra o mal, mas dos questionamentos do caráter e dos ideais por quais cada um luta. Precisamos de heróis assim, que questionem o sistema, reflitam sobre a vida, tomem decisões corajosas e encarem as consequências. Quem não conseguiria se inspirar com figuras assim?

Obrigado por tudo o que nos proporcionou, Stan Lee! Que descanse em paz!

 

‘A BELA E A FERA’ leva Melhor Filme e ‘STRANGER THINGS’ Melhor Show de TV no MTV Movie & TV Awards 2017

Emma Watson, Josh Gad e o diretor Bill Condon aceitam o prêmio de Melhor Filme do Ano (pic by yahoo!)

MTV MOVIE AWARDS PASSA POR ALTERAÇÕES EM BUSCA DE SOBREVIVÊNCIA

Sim, você não leu errado. A MTV passou a premiar programas de TV e streaming como Netflix a partir deste ano. Mas inovou ao misturar tudo, ao invés de criar inúmeras categorias como faz a “Bolha Assassina” do Critics’ Choice Awards com seus 487 prêmios. Dessa forma, indicados de cinema concorriam com indicados de TV nas mesmas categorias. Como todos sabem, a premiação da MTV vinha sofrendo uma decadência sem fim desde meados dos anos 2000, então interpreto essa mudança como estratégia de sobrevivência. Portanto, nada melhor do que contar também com celebridades de TV e séries para atrair mais a atenção do público.

A série mais premiada foi Stranger Things, que foi um sucesso de crítica e público da Netflix. Levou Melhor Série e Melhor Atuação em Série para a garota prodígio Millie Bobby Brown.

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Os atores mirins Millie Bobby Brown, Gaten Matarazzo, Finn Wolfhard e Caleb McLaughlin em cena de Stranger Things (pic by moviepilot.de)

Outra mudança bastante positiva e exclusiva foi nas categorias de atuação. Agora existe apenas UMA, que abrange atores, atrizes e futuramente, transgêneros. Talvez essa inspiração tenha vindo do Oscar do ano passado, quando o host Chris Rock havia feito o seguinte comentário: “Prêmio de atuação é o único que não precisa ser dividido entre homens e mulheres”. Realmente, qual a diferença entre sexos em atuações? A primeira vencedora deste prêmio foi Emma Watson por A Bela e a Fera, que enalteceu a importância do reconhecimento neutro da MTV.

Emma Watson recebe o primeiro prêmio de atuação sem gênero do MTV Movie and TV Awards pelas mãos de Asia Kate Dillon, uma atriz sem gênero (pic by Digital Spy)

Sempre fui fã do prêmio da MTV desde minha adolescência por causa dessa essência despojada. Como todos os outros prêmios são levados muito à sério, esse cativa pelo humor e por que não reconhecer qualidades em filmes bem comerciais? Se tem alguma coisa que não pode ser falado do prêmio é que ele não é flexível. A cada ano, eles criam novas categorias, assim como retiram de acordo com a safra anual de conteúdo.

Por mim, deveriam trazer de volta os prêmios de Most Desirable Female e Male, porque sensualidade na tela deveria ser reconhecido sempre! Mas acredito que ele tenha sido extinto pelos tempos politicamente corretos demais… E falando em politicamente correto, achei que os prêmios de Melhor História Americana e Melhor Luta Contra o Sistema foi um pouco “forçação de barra”, e o prêmio de Documentário ficou meio deslocado pra ser MTV…

A respeito dos vencedores: em relação aos indicados de TV e streaming, sou Glória Pires (“não posso opinar”), mas em relação a cinema, honestamente, achei que Logan e Quase 18 seriam mais bem votados. O primeiro dialoga bem com os meninos (mais crescidos) e os nerds de quadrinhos como moi. E o segundo é uma espécie de bela homenagem ao universo de John Hughes e seus personagens adolescentes perdidos em seus questionamentos da própria existência.

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Hailee Steinfeld como a protagonista problemática em Quase 18 (pic by moviepilot.de)

Mas enfim, o grande vencedor da noite foi a refilmagem de A Bela e a Fera. Boa parte da crítica e pessoal entendido costuma dizer “versão live-action” de A Bela e a Fera. Eu digo “refilmagem” mesmo, porque trata-se do mesmo material, mas filmado com atores de carne e osso. A meu entender, esgotou-se a criatividade da Disney e agora eles só querem fazer refilmagens de animações (preparem-se que estão por vir os “live-actions de O Rei LeãoMulan e A Pequena Sereia) e continuações, seja do universo Marvel, seja do universo Star Wars ou seja do universo Piratas do Caribe.

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A cena da dança entre Bela e Fera, um momento que foi brilhantemente capturado na animação de 1991, agora versão “live-action”. Pic by moviepilot.de

Eu absolutamente entendo os motivos: 1º Querem mergulhar em dinheiro. 2º Não querem se arriscar com material novo. 3º Querem refilmar para contar a mesma história para o público jovem que não conhece o original. MAS PORRA! Se for pra revisitar o universo pré-existente, por que não fazem como o Malévola? Eles trouxeram a história de A Bela Adormecida, que já tinha a animação de 1959, mas recontaram sob a perspectiva da vilã da história. Aliás, essa onda de live-action começou com o sucesso desse filme estrelado pela Angelina Jolie.

Sei lá, não sei se sou crítico demais com essa preguiça de material novo, mas já que estamos nessa era de ruminar, por que não trazer novas perspectivas para a história conhecida? Nesse A Bela e a Fera, contrataram até um ator idêntico ao personagem animado Gaston! Por isso que o MTV Movie Awards está cedendo espaço para a TV: é onde está a criatividade.

VENCEDORES DO MTV MOVIE & TV AWARDS 2017:

FILME DO ANO:
* A Bela e a Fera (Beauty and the Beast)
Corra (Get Out)
Logan (Logan)
Rogue One: Uma História Star Wars (Rogue One: A Star Wars Story)
Quase 18 (The Edge of Seventeen)

MELHOR ATUAÇÃO EM FILME:
* Emma Watson (A Bela e a Fera)
Daniel Kaluuya (Corra)
Hailee Steinfeld (Quase 18)
Hugh Jackman (Logan)
James McAvoy (Frgamentado)
Taraji P. Henson (Estrelas Além do Tempo)

SÉRIE DO ANO:
* Stranger Things
Atlanta
Game of Thrones
Insecure
Pretty Little Liars
This Is Us

MELHOR ATUAÇÃO EM SÉRIE:
Millie Bobby Brown (Stranger Things)
Donald Glover (Atlanta)
Emilia Clarke (Game of Thrones)
Gina Rodriguez (Jane the Virgin)
Jeffrey Dean Morgan (The Walking Dead)
Mandy Moore (This Is Us)

MELHOR BEIJO:
Ashton Sanders e Jharrel Jerome (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
Emma Stone and Ryan Gosling (La La Land: Cantando Estações)
Emma Watson and Dan Stevens (A Bela e a Fera)
Taraji P. Henson and Terrence Howard (Empire)
Zac Efron and Anna Kendrick (Mike & Dave Need Wedding Dates)

MELHOR VILÃO:
Jeffrey Dean Morgan (The Walking Dead)

Allison Williams (Corra)
Demogorgon (Stranger Things)
Jared Leto (Esquadrão Suicida)
Wes Bentley (American Horror Story)

MELHOR HOST:
Trevor Noah (The Daily Show)
Ellen DeGeneres (The Ellen DeGeneres Show)
John Oliver (Last Week Tonight with John Oliver)
RuPaul (RuPaul’s Drag Race)
Samantha Bee (Full Frontal with Samantha Bee)

MELHOR DOCUMENTÁRIO:  
A 13ª Emenda (13th)
Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro)
O.J.: Made in America
This is Everything: Gigi Gorgeous
TIME: The Kalief Browder Story

MELHOR REALITY SHOW:
RuPaul’s Drag Race
America’s Got Talent
MasterChef Junior
The Bachelor
The Voice

MELHOR COMEDIANTE:
Lil Rel Howery (Corra)
Adam Devine (Workaholics)
Ilana Glazer e Abbi Jacobson (Broad City)
Seth MacFarlane (Uma Família da Pesada)
Seth Rogen (Festa da Salsicha)
Will Arnett (LEGO Batman: O Filme)

MELHOR HERÓI:
Taraji P. Henson (Estrelas Além do Tempo)
Felicity Jones (Rogue One: Uma História Star Wars)
Grant Gustin (The Flash)
Mike Colter (Luke Cage)
Millie Bobby Brown (Stranger Things)
Stephen Amell (Arrow)

MELHOR CHORORÔ:
This Is Us – Jack (Milo Ventimiglia) e Randall (Lonnie Chavis) no caratê
Game of Thrones – A morte de Hodor (Kristian Nairn)
Grey’s Anatomy – Meredith conta aos filhos sobre a morte de Derek (Ellen Pompeo)
Como Eu Era Antes de Você – Will (Sam Claflin) conta a Louisa (Emilia Clarke) que ele não pode ficar com ela
Moonlight: Sob a Luz do Luar – Paula (Naomie Harris) conta a Chiron (Trevante Rhodes) que o ama

PRÓXIMA GERAÇÃO:
Daniel Kaluuya
Chrissy Metz
Issa Rae
Riz Ahmed
Yara Shahidi

MELHOR DUPLA:     
Hugh Jackman e Dafne Keen (Logan)
Adam Levine and Blake Shelton (The Voice)
Daniel Kaluuya and Lil Rel Howery (Corra)
Brian Tyree Henry and Lakeith Stanfield (Atlanta)
Josh Gad and Luke Evans (A Bela e a Fera)
Martha Stewart and Snoop Dogg (Martha & Snoop’s Potluck Dinner Party)

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Hugh Jackman e Dafne Keen reinterpretando seus personagens de Logan no palco (pic by People.com)

MELHOR HISTÓRIA AMERICANA:
Blackish
Fresh Off the Boat
Jane the Virgin
Moonlight
Transparent

MELHOR LUTA CONTRA O SISTEMA:
Estrelas Além do Tempo
Corra
Loving
Luke Cage
Mr. Robot

TRENDING:
“Run The World (Girls)” Channing Tatum and Beyonce – “Lip Sync Battle”
“Sean Spicer Press Conference” feat. Melissa McCarthy – “Saturday Night Live”
“Lady Gaga Carpool Karaoke” – “The Late Late Show with James Corden”
“Cash Me Outside How Bout Dat” – “Dr. Phil”
“Wheel of Musical Impressions with Demi Lovato” – “The Tonight Show Starring Jimmy Fallon”
Winona Ryder’s Winning SAG Awards Reaction – 23rd Annual SAG Awards

MELHOR MOMENTO MUSICAL:
“You’re the One That I Want” – Ensemble (Grease: Live)
“Beauty and the Beast” – Ariana Grande and John Legend (A Bela e a Fera)
“Can’t Stop the Feeling” – Justin Timberlake (Trolls)
“How Far I’ll Go” – Auli’i Cravalho (Moana: Um Mar de Aventuras)
“City of Stars” – Ryan Gosling and Emma Stone (La La Land: Cantando Estações)
“You Can’t Stop” The Beat – Ensemble – (Hairspray Live!)
“Be That As It May” – Herizen Guardiola (The Get Down)

WGA indica favoritos ‘Boyhood’, ‘O Jogo da Imitação’, ‘Foxcatcher’ e ‘Garota Exemplar’ mesmo com sua rigidez costumeira

 

WGA: Writers Guild Awards 2013 (logo in theartsyfilmblog.com)

WGA: Writers Guild Awards 2015 (logo in theartsyfilmblog.com)

MESMO COM TANTA RIGIDEZ, FAVORITOS SÃO INDICADOS

Se existe um prêmio de sindicato maldoso, este é o Writers Guild of America (WGA). Sem cerimônia, ele elimina incontáveis ótimos candidatos estrangeiros, animações e produções independentes simplesmente por questão de eligibilidade de um regulamento pré-globalização que parou no século XX (Eles não têm nem categoria de roteiro de animação!!!). Assim, bons concorrentes como Uma Aventura Lego, Birdman, A Teoria de Tudo e Selma foram pro saco num piscar de olhos, totalizando o número ridículo de 60 concorrentes na categoria de roteiro original, e 48 na de roteiro adaptado.

Com tamanha rigidez, só o fato de ser indicado, realmente já se trata de uma vitória. Mas em termos de credibilidade, uma vitória “parcial”? Injusta? Em 2013, o roteiro de Quentin Tarantino de Django Livre também não tinha sido qualificado para o WGA só porque o diretor-roteirista não é membro do sindicato (e não paga as devidas taxas), mas isso não o impediu de ganhar o Oscar no mesmo ano. Esse sentimento de injustiça e indignação pelo alto nível de burocracia é o mesmo que sinto em relação à categoria de Filme em Língua Estrangeira. Enquanto 23 prêmios da Academia interessam à comunidade cinéfila e hollywoodiana, a de Filme Estrangeiro é aquela almejada pelo mundo inteiro, aquela que é possível qualquer país do mundo ganhar de fato. Então, deveriam dar mais atenção e coerência à categoria. Uma das alterações que sou a favor é a inclusão de mais de um filme do mesmo país, afinal, nem sempre haverá apenas um bom filme por país.

Enfim, após esse breve desabafo, vamos aos indicados deste ano. Mesmo se considerando a série de eliminações por eligibilidade, houve pouca surpresa. Em extrema ascensão depois das indicações consecutivas no Art Directors Guild (ADG), Eddie Awards e Producers Guild (PGA), o novo filme de Clint Eastwood, Sniper Americano, obteve mais um êxito que deve incluí-lo na lista final dos indicados a Melhor Filme no Oscar. Já a indicação de Guardiões da Galáxia chama a atenção por se tratar de uma ficção científica (gênero raro no prêmio – os únicos três que ganharam foram A Origem, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças e E.T. – O ExtraTerrestre) e ainda mais por ser baseado numa história em quadrinhos da Marvel, comprovando que existe qualidade além das fronteiras dos gêneros e convenções artísticas.

Zoe Saldana e Chris Pratt em cena de Guardiões da Galáxia (photo by outnow.ch)

Zoe Saldana e Chris Pratt em cena de Guardiões da Galáxia (photo by outnow.ch)

Uma curiosidade interessante é que dos cinco indicados a Roteiro Original, quatro são os diretores dos filmes também: Richard Linklater, Wes Anderson, Dan Gilroy e Damien Chazelle, o que denota característica de iniciativa dos mesmos. E caso alguns deles venham a ser indicados a Melhor Diretor no Oscar e não ganhem, o Oscar de Roteiro muitas vezes acaba se tornando uma espécie de prêmio de consolação.

Seguem todos os indicados ao WGA:

CINEMA

ROTEIRO ORIGINAL

– Richard Linklater (Boyhood: Da Infância à Juventude)
– 
E. Max Frye, Dan Futterman (Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo)
– Wes Anderson, Hugo Guinness (O Grande Hotel Budapeste)
– 
Dan Gilroy (O Abutre)
– 
Damien Chazelle (Whiplash: Em Busca da Perfeição)

ROTEIRO ADAPTADO

– Jason Hall (Sniper Americano) – Baseado no livro de Chris Kyle, Scott McEwen e Jim DeFelice
– Gillian Flynn (Garota Exemplar); Baseado em seu romance
– James Gunn, Nicole Perlman (Guardiões da Galáxia); Baseado nos quadrinhos da Marvel por Dan Abnett e Andy Lanning
 Graham Moore (O Jogo da Imitação); Baseado no livro Alan Turing: The Enigma, de Andrew Hodges
– Nick Hornby (Livre); Baseado no livro de Cheryl Strayed

Reese Witherspoon em cena de Livre (photo by outnow.ch)

Reese Witherspoon em cena de Livre (photo by outnow.ch)

ROTEIRO DE DOCUMENTÁRIO

– John Maloof, Charlie Siskel (A Fotografia Oculta de Vivian Maier)
– Brian Knappenberger (O Menino da Internet: A História de Aaron Swartz)

– 
Mark Bailey, Kevin McAlester (Last Days in Vietnam)
– 
Gabe Polsky (Red Army)

Cena do documentário A Fotografia Oculta de Vivian Maier (photo by outnow.ch)

Cena do documentário A Fotografia Oculta de Vivian Maier (photo by outnow.ch)

TELEVISÃO

SÉRIE DE TV – DRAMA

– David Benioff, Bryan Cogman, George R.R. Martin, D.B. Weiss (Game of Thrones)
– Leonard Dick, Keith Eisner, Ted Humphrey, Michelle King, Robert King, Erica Shelton Kodish, Matthew Montoya, Luke Schelhaas, Nichelle Tramble Spellman, Craig Turk, Julia Wolfe (The Good Wife)
– Bill Cain, Laura Eason, Sam R. Forman, William Kennedy, Kenneth Lin, John Mankiewicz, David Manson, Beau Willimon (House of Cards)
– Lisa Albert, Heather Jeng Bladt, Semi Chellas, Jonathan Igla, David Iserson, Janet Leahy, Erin Levy, Patricia Resnick, Tom Smuts, Matthew Weiner, Carly Wray (Mad Men)
– Nic Pizzolatto (True Detective)

SÉRIE DE TV – COMÉDIA

– Pamela Adlon, Louis C.K. (Louie)
– Stephen Falk, Sian Heder, Tara Herrmann, Sara Hess, Nick Jones, Jenji Kohan, Lauren Morelli, Alex Regnery, Hartley Voss (Orange is the New Black)
– John Altschuler, Alec Berg, Matteo Borghese, Jessica Gao, Mike Judge, Dave Krinsky, Carson Mell, Dan O’Keefe, Clay Tarver, Rob Turbovsky, Ron Weiner (Sillicon Valley)
– Bridget Bedard, Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster, Ethan Kuperberg, Ali Liebegott, Faith Soloway, Jill Soloway (Transparent)
– Simon Blackwell, Kevin Cecil, Roger Drew, Sean Gray, Armando Iannucci, Ian Martin, Georgia Pritchett, David Quantick, Andy Riley, Tony Roche, Will Smith (Veep)

SÉRIE DE TV NOVA

– Dan LeFranc, Hagai Levi, Melanie Marnich, Eric Overmyer, Kate Robin, Sarah Treem (The Affair)
– Jack Amiel, Michael Begler, Steven Katz (The Knick)
– John Altschuler, Alec Berg, Matteo Borghese, Jessica Gao, Mike Judge, Dave Krinsky, Carson Mell, Dan O’Keefe, Clay Tarver, Rob Turbovsky, Ron Weiner (Sillicon Valley)
– Bridget Bedard, Micah Fitzerman-Blue, Noah Harpster, Ethan Kuperberg, Ali Liebegott, Faith Soloway, Jill Soloway (Transparent)
– Nic Pizzolatto (True Detective)

SÉRIE ORIGINAL

– Melissa Carter (Deliverance Creek)
– Sean Hanish (Return to Zero)

SÉRIE ADAPTADA

– Nicholas Meyer; Baseado no livro Houdini: A Mind in Chains: A Psychoanalytic Portrait, de Bernard C. Meyer, M.D. (Houdini)
– Paul T. ScheuringJosh Goldin, Rachel Abramowitz; Baseado no livro Gold Diggers, de Charlotte Gray (Klondike)
– Larry Kramer; Baseado na peça The Normal Heart (The Normal Heart)
– Jane Anderson; Baseado no romance de Elizabeth Strout (Olive Kitteridge)
Damon Lindelof, Tom Perrotta; Baseado no livro de Tom Perrotta (The Leftlovers)

SHORT FORM NEW MEDIA – ORIGINAL

– “Apocalypse No” (Bad Shorts), escrito por Ben Zelevansky; luckybirdsmedia.com
– “City of Angles” (Caper), escrito por Amy Berg, Mike Sizemore; hulu.com
– “Episode 1 – Nurture” (F To 7th), escrito por Ingrid Jungermann; youtube.com
– “Episode 113: Rachel” (High Maintenance), escrito por Katja Blichfeld & Ben Sinclair; helpingyoumaintain.com
– “Episode 204” (Vicky and Lysander), escrito por Damon Cardasis, Shannon Walker; youtube.com
– “Episode 207” (Vicky and Lysander), escrito por Damon Cardasis, Shannon Walker; youtube.com

ANIMAÇÃO

– Greg Thompson (Bob’s Burgers) – Episódio: “Bob and Deliver”
– Brian Kelley (The Simpsons) – Episódio: “Brick Like Me”
– Matt Selman (The Simpsons) –  Episódios: “Covercraft”
– David H. Steinberg (The Simpsons) – Episódio: “Pay Pal”
– J. Stewart Burns (The Simpsons) – Episódio: “Steal This Episode”
– Nora Smith (Bob’s Burgers) – Episódio: “Work Hard or Die Trying, Girl”

EPISODIC DRAMA

– Jonathan Igla, Matthew Weiner (Mad Men) – Episódio: “A Day’s Work”
– Howard Korder (Boardwalk Empire) – Episódio: “Devil You Know”
– Kate Powers, Ray McKinnon (Rectify) Episódio: “Donald the Normal”
– Riccardo DiLoreto, Cristine Chambers, Howard Korder (Boardwalk Empire) – Episódio: “Friendless Child”
– Robert King, Michelle King (The Good Wife) – Episódio: “The Last Call”
– George R.R. Martin (Game of Thrones) – Episódio: “The Lion and the Rose”

EPISODIC COMEDY

– Rick Wiener, Kenny Schwartz (Modern Family) – Episódio: “The Cold”
– Rob Rosell (New Girl) – Episódio: “Landline” (New Girl)
– Nick Jones (Orange is the New Black) – Episódio: “Low Self Esteem City”
– Louis C.K. (Louie) – Episódio: “So Did the Fat Lady”
– Abraham Higginbotham, Steven Levitan, Jeffrey Richman (Modern Family) – Episódio: “Three Dinners”
– Ethan Kuperberg (Transparent) – Episódio: “The Wilderness”

COMEDY / VARIETY (INCLUDING TALK) – SERIES

– Rory Albanese, Dan Amira, Steve Bodow, Tim Carvell, Travon Free, Hallie Haglund, JR Havlan, Elliott Kalan, Matt Koff, Adam Lowitt, Dan McCoy, Jo Miller, John Oliver, Zhubin Parang, Owen Parsons, Daniel Radosh, Lauren Sarver, Jon Stewart, Delaney Yeager (The Daily Show with Jon Stewart)
– Kevin Avery, Tim Carvell, Dan Gurewitch, Geoff Haggerty, Jeff Maurer, John Oliver, Scott Sherman, Will Tracy, Jill Twiss, Juli Weiner (Last Week Tonight with John Oliver)
– Jessi Klein, Emily Altman, Jeremy Beiler, Neil Casey, Kyle Dunnigan, Kurt Metzger, Christine Nangle, Dan Powell, Amy Schumer (Inside Amy Schumer)
– Michael Brumm, Nate Charny, Aaron Cohen, Stephen Colbert, Rich Dahm, Paul Dinello, Eric Drysdale, Rob Dubbin, Ariel Dumas, Glenn Eichler, Gabe Gronli, Barry Julien, Jay Katsir, Sam Kim, Matt Lappin, Opus Moreschi, Tom Purcell, Meredith Scardino, Max Werner (The Colbert Report)
– Molly McNearney, Danny Ricker, Gary Greenberg, Jack Allison, Tony Barbieri, Jonathan Bines, Joelle Boucai, Josh Halloway, Sal Iacono, Eric Immerman, Bess Kalb, Jimmy Kimmel, Jeff Loveness, Bryan Paulk, Rick Rosner, Bridger Winegar (Jimmy Kimmel Live)
– Seth Meyers, Colin Jost, Rob Klein, Bryan Tucker, James Anderson, Alex Baze, Michael Che, Mikey Day, Steve Higgins, Leslie Jones, Zach Kanin, Chris Kelly, Erik Kenward, Lorne Michaels, Claire Mulaney, Josh Patten, Paula Pell, Katie Rich, Tim Robinson, Sarah Schneider, Pete Schultz, John Solomon, Kent Sublette, Lakendra Tookes (Saturday Night Live)
– Billy Martin, Scott Carter, Adam Felber, Matt Gunn, Brian Jacobsmeyer, Jay Jaroch, Chris Kelly, Bill Maher, Danny Vermont (Real Time with Bill Maher)

COMEDY / VARIETY – MUSIC, AWARDS, TRIBUTES – SPECIALS

– The 68th Annual Tony Awards, escrito por Dave Boone; Special Material by Jon Macks; CBS
71st Annual Golden Globe Awards, escrito por Barry Adelman; Special Material by Alex Baze, Dave Boone, Robert Carlock, Tina Fey, Jon Macks, Sam Means, Seth Meyers, Amy Poehler, Mike Shoemaker; NBC
2014 Film Independent Spirit Awards, escrito por Gerry Duggan, Wayne Federman, Patton Oswalt, Erik Weiner; IFC
Bill Maher: Live from D.C., escrito por Bill Maher; HBO
Sarah Silverman: We Are Miracles, escrito por Sarah Silverman; HBO

QUIZ AND AUDIENCE PARTICIPATION

– Hollywood Game Night, escrito por Grant Taylor, Alex Chauvin, Ann Slichter; NBC
Jeopardy!, escrito por John Duarte, Harry Friedman, Mark Gaberman, Debbie Griffin, Michele Loud, Robert McClenaghan, Jim Rhine, Steve D. Tamerius, Billy Wisse; ABC

DAYTIME DRAMA

– Days of Our Lives, escrito por Lorraine Broderick, David Cherrill, Carolyn Culliton, Richard Culliton, Rick Draughon, Christopher Dunn, Janet Iacobuzio, Ryan Quan, Dave Ryan, Melissa Salmons, Christopher Whitesell; NBC
General Hospital, escrito por Ron Carlivati, Anna Theresa Cascio, Suzanne Flynn, Kate Hall, Elizabeth Korte, Daniel James O’Connor, Elizabeth Page, Katherine Schock, Scott Sickles, Chris Van Etten; ABC

CHILDREN’S SCRIPT – EPISODIC AND SPECIALS

– “Girl Meets 1961” (Girl Meets World), Written by Matthew Nelson; Disney Channel
– “Haunted Heartthrob” (Haunted Hathaways), Written by Bob Smiley; Nickelodeon
– “Haunted Sisters” (Haunted Hathaways), Written by Boyce Bugliari & Jamie McLaughlin; Nickelodeon

DOCUMENTARY SCRIPT – CURRENT EVENTS

– “Losing Iraq” (Frontline), escrito por Michael Kirk & Mike Wiser; PBS
– “United States of Secrets: Privacy Lost (Part Two)” (Frontline), escrito por Martin Smith; PBS
– “United States of Secrets: The Program (Part One)” (Frontline); PBS; escrito por Michael Kirk & Mike Wiser; PBS

DOCUMENTARY SCRIPT – OTHER THAN CURRENT EVENTS

– “Episode Five: The Rising Road (1933-1939)” (The Roosevelts: An Intimate History), escrito por Geoffrey C. Ward; PBS
– “League of Denial: The NFL’s Concussion Crisis” (Frontline), escrito por Michael Kirk & Mike Wiser; PBS
– “Standing Up in the Milky Way (Episode 1)” (COSMOS: A Space Time Odyssey), escrito por Ann Druyan and Steven Soter; Fox

TV NEWS SCRIPT – REGULARLY SCHEDULED, BULLETIN, OR BREAKING REPORT

– “50th Anniversary of JFK’s Assassination” (CBS Evening News with Scott Pelley), escrito por Jerry Cipriano, Joe Clines; CBS News
CBS This Morning, escrito por Duane Tollison, Chip Sorrentino, Bruce Meyer, Bill Crowley; CBS News
– “Nelson Mandela: A Man Who Changed the World” (World News with Diane Sawyer), escrito por Diane Sawyer, Lisa Ferri, Dave Bloch; ABC News

TV NEWS SCRIPT – ANALYSIS, FEATURE, OR COMMENTARY

– “Nowhere to Go” (60 Minutes), escrito por Scott Pelley, Oriana Zill de Granados, Michael Rey; CBS

Os vencedores serão conhecidos no dia 14 de fevereiro em cerimônias que acontecem em Los Angeles e Nova York.

Definidos os dez finalistas de Efeitos Visuais para o Oscar 2015

Motion capture ao quadrado na sequência Planeta dos Macacos: O Confronto (photo by outnow.ch)

Motion capture ao quadrado na sequência Planeta dos Macacos: O Confronto (photo by outnow.ch)

ACADEMIA AFUNILA CANDIDATOS PARA A CATEGORIA DE EFEITOS QUE CRESCE A CADA ANO

Como de costume, logo depois da definição das animações finalistas, chegou a vez dos efeitos visuais que concorrerão às cobiçadas cinco indicações ao Oscar 2015. É bastante comum ter nessa lista produções milionárias que estiveram em cartaz no verão americano, pois elas visam atingir seu público-alvo como prioridade. Se vier, o Oscar seria um mero adendo que, se bobeasse, nem seria incluso no texto da capinha do blu-ray: “Vencedor do Oscar de Efeitos Visuais”.

Segue a lista das dez produções em ordem alfabética:

Capitão América: O Soldado Invernal (Captain America: The Winter Soldier)

Godzilla (Godzilla)

Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)

Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)

Interestelar (Interstellar)

O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit: The Battle of the Five Armies)

Malévola (Maleficent)

Uma Noite no Museu 3: O Segredo da Tumba (Night at the Museum: Secret of the Tomb)

Transformers: Era da Extinção (Transformers: Age of Extinction)

X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (X-Men: Days of Future Past)

Cena semelhante a de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (photo by outnow.ch)

Cena semelhante a de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos (photo by outnow.ch)

Entre os excluídos mais comentados estão dois filmes bíblicos: Noé e Êxodo: Deuses e Reis. Enquanto o primeiro recria incontáveis animais adentrando a arca e o dilúvio, o segundo utiliza a tecnologia moderna para partir o Mar Vermelho ao meio assim como fez Charlton Heston em Os Dez Mandamentos. Aliás, em 1957, esses efeitos ganharam o Oscar. Recriar animais em computação gráfica não é uma tarefa fácil, mesmo para experts em softwares de 3D, e os animais de Noé confirmam essa dificuldade, pois aparentam fakes demais. Por mais trabalhoso que possa ser, o diretor Darren Aronofsky deveria fazer como Steven Spielberg em Cavalo de Guerra e misturar cenas do cavalo real com cavalo robótico, aliado com o cavalo recriado digitalmente.

Quanto às previsões, está uma briga bem acirrada para dizer com certeza quais serão os cinco indicados, mas dá pra praticamente garantir uma vaga para Planeta dos Macacos: O Confronto. Por mais que não tenha vencido pelo primeiro filme deste reboot da série, os efeitos melhoraram e cresceram em quantidade de personagens símios. E o responsável pelo crescimento da tecnologia do motion capture, Joe Letteri, que ganhou “só” 4 Oscars nos últimos 11 anos, também assina pelos efeitos pela trilogia do Hobbit, podendo ser um duplo indicado em 2015. Lembrando ainda que Letteri está por trás dos efeitos das continuações Avatar 2 (2016), Avatar 3 (2017) e Avatar 4 (2018), além de Batman e Superman: Alvorecer da Justiça (2016).

Toby Kebbell em trajes de motion capture interpretando Koba (photo by nuzzel.com)

Toby Kebbell em trajes de motion capture interpretando Koba em Planeta dos Macacos: O Confronto (photo by nuzzel.com)

Como os filmes do diretor Christopher Nolan costumam frequentar as categorias técnicas (Batman: O Cavaleiro das Trevas foi indicado a Efeitos Visuais em 2009, e A Origem venceu o prêmio em 2011), e Interestelar é uma ficção científica com efeitos inovadores, acredito que também terá indicação confirmada em janeiro. E ainda aposto que o trecho mostrado na cerimônia será a da visita ao planeta das ondas aquáticas.

Não há uma fotografia realmente boa pra mostrar os efeitos desta cena do resgate no planeta das ondas, mas dá pra ver o robô TARS, uma espécie de R2D2 moderno de Interestelar (photo by idigitaltimes.com)

Não há uma fotografia realmente boa pra mostrar os efeitos desta cena do resgate no planeta das ondas, mas dá pra ver o robô TARS, uma espécie de R2D2 moderno de Interestelar (photo by idigitaltimes.com)

Grandes sucessos comerciais podem não garantir uma indicação ao Oscar, mas com certeza ajudam, e muito! Guardiões da Galáxia, nova adaptação dos quadrinhos da Marvel Comics, foi considerado o blockbuster do ano pelo prêmio Hollywood Film Awards e até ganhou o prêmio de Melhor Maquiagem. Além das naves e das várias explosões contidas no filme, os destaques de efeitos ficam por conta dos personagens Groot (um ser vegetal que só fala “I’m Groot”, dublado por Vin Diesel) e Rocket (um guaxinim falante, bem dublado por Bradley Cooper). Como fã, torço para que Guardiões da Galáxia ganhe um Oscar, independente se seja Efeitos Visuais ou Maquiagem.

Rocket e Groot em ação em Guardiões da Galáxia (photo by outnow.ch)

Rocket e Groot em ação em Guardiões da Galáxia (photo by outnow.ch)

E os efeitos por trás do filme na mesma cena (photo by outnow.ch)

E os efeitos por trás do filme na mesma cena de Guardiões da Galáxia (photo by outnow.ch)

E a última vaga, na minha opinião de quem conhece a Academia, deve ir para o quarto filme dos robôs de Transformers: A Era da Extinção. Dos 3 filmes anteriores, o primeiro e o terceiro receberam indicações de efeitos visuais. O segundo, de efeitos sonoros. Não sei o que tem de tão bom assim nesses efeitos, mas os americanos adoram. Eu gostaria de defender mais os efeitos de X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, mas no geral, só gosto da cena do personagem Mercúrio correndo no Pentágono. E não gosto do remake de Godzilla, nem dos efeitos, nem dos personagens, e muito menos do tom do filme.

Jurassic Park? Não. Transformers: A Era da Extinção já está se adiantando num reboot da franquia da série dos dinossauros (photo by outnow.ch)

Jurassic Park? Não. Transformers: A Era da Extinção já está se adiantando num reboot da franquia da série dos dinossauros (photo by outnow.ch)

Então, por enquanto, minhas apostas são:

– Guardiões da Galáxia
– O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
– Interestelar
– Planeta dos Macacos: O Confronto
– Transformers: A Era da Extinção

Os membros da comissão de Efeitos Visuais da Academia terão acesso a trechos de 10 minutos de cada um dos concorrentes no dia 10 de janeiro, e então votar nos cinco indicados da categoria, que serão anunciadas no dia 15 de janeiro. Já a cerimônia da 87ª edição do Oscar será transmitida no dia 22 de fevereiro de 2015.

Homem de Ferro 3 (Iron Man 3), de Shane Black (2013)

Pôster de Homem de Ferro 3

Pôster de Homem de Ferro 3

NOVO FILME DE HERÓI PROCURA LEVANTAR QUESTÕES ATUAIS DA SOCIEDADE

Que material preencheria a terceira parte de uma das maiores franquias de sucesso do cinema atual? Muitos produtores de Hollywood responderiam sem hesitar: “Colocaremos um vilão novo, cenas de ação repletas de efeitos visuais e um final feliz”, e teríamos aí mais um produto. Mas não a Marvel. A produtora sabe que o nível de expectativa para este filme estava nas alturas devido ao estrondoso êxito dos filmes anteriores e de The Avengers – Os Vingadores no ano passado, e desse modo, procurou levantar novos questionamentos para o universo do personagem e uniu com algumas reflexões da sociedade.

Aliás, nessa nova estratégia do produtor Kevin Feige, chefe da Marvel Studios, o entrelaçamento das adaptações dos quadrinhos tem sido uma excelente forma de entreter e promover ao mesmo tempo. Apesar de The Avengers – Os Vingadores ser um filme à parte das franquias solos de Capitão América, Thor, Hulk e Homem de Ferro, os eventos ocorridos não são deixados de lado. A invasão dos alienígenas em Nova York que quase causou a morte do Homem de Ferro gerou uma espécie de crise de ansiedade no personagem, criando uma nova fragilidade em Tony Stark.

Além disso, a bordo da nave da SHIELD num momento tenso, temos uma briga entre dois personagens:
Capitão América: Grande homem numa armadura. Tire isso e o que você é?
Tony Stark: Gênio, bilionário, playboy, filantropo.

Apesar de ter rebatido a ofensa com sua língua afiada, Stark sabe que depende demais de sua tecnologia. E nesse terceiro filme da franquia, esse vício é analisado de forma mais profunda. O roteiro de Drew Pearce e Shane Black questiona o que seria do protagonista sem sua armadura ao lançá-lo numa cidade distante sem dispôr de sua tecnologia. Quem é o herói? O homem ou a própria armadura? Essa paixão frenética que ele tem por tecnologia acaba atrapalhando seu relacionamento com sua amada Pepper Potts (Gwyneth Paltrow), que ainda sofre sérias ameaças diretas.

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Cria e criador. Robert Downey Jr. fica sem seu vício (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Claro que num nível mais tresloucado dessa análise, poderíamos até interpretar esse vício hi-tech de Tony Stark como uma forma de crítica ao modo como vivemos hoje. Quem se interessa por comunicação sabe que a internet causou uma reviravolta na rotina de qualquer cidadão, especialmente os que vivem nas grandes metrópoles. Existem estudos que comprovam que a internet, disponível em qualquer celular smartphone, acaba reforçando o individualismo e o isolamento. Obviamente, não defendo a exclusão da tecnologia em nenhum momento, afinal seria como voltar à época das cavernas, mas, sim, seu uso moderado. Resumidamente, se trocássemos a armadura pelo Facebook, esta análise seria pertinente.

Voltando ao roteiro, essa cidade mais tranquila e a total ausência da tecnologia faz bem para o personagem. Ele chega a fazer amizade com um garotinho! Por mais que seja baseado no bom e velho quid pro quo, esse relacionamento tem como objetivo demonstrar a humanidade que existe no Homem de Ferro, e assim como todos os personagens da Marvel Comics, este é o grande sucesso da editora de quadrinhos: tirar a máscara do herói e enxergar a pessoa por trás dela.

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O garoto Ty Simpkins consegue falar mais do que Tony Stark (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Embora o diretor tenha mudado (Jon Favreau, que dirigiu os dois primeiros filmes cedeu espaço para Shane Black, criador dos policiais de Máquina Mortífera), conseguiram imprimir esta qualidade do personagem sem que o astro Robert Downey Jr. fique menos à vontade, pois ele já havia trabalhado com Black no bom filme Beijos e Tiros (Kiss Kiss Bang Bang, 2005), ao lado de Val Kilmer. A parceria se mostra certeira, e a dupla volta a trabalhar elementos de espionagem nesta nova trama.

Em depoimento, Robert Downey Jr. era todo elogios ao diretor: “… bringing in Shane Black to write and direct the film is basically the only thing that Favreau and the audience and Marvel and I could ever actually sign off on. (trazer Shane Black para escrever e dirgir o filme é basicamente a única coisa que Favreau, o público, a Marvel e eu poderíamos estar de acordo)”.

Shane Black dirige Robert Downey Jr. em set de filmagem (photo by www.outnow.ch)

Shane Black (à dir.) dirige Robert Downey Jr. em set de filmagem (photo by http://www.outnow.ch)

Essa inclusão de Shane Black como roteirista e diretor permitiu uma repaginada no universo do personagem. Aproveitando-se de uma minissérie de quadrinhos intitulada “Extremis”, escrita por Warren Ellis, a história que gira em torno dessa descoberta científica do Dr. Aldrich Killian (vivido no filme por Guy Pearce), que possibilita a regeneração de órgãos humanos reabre essa discussão ética e moral a respeito do estudo das células-tronco para cura de doenças. No início do filme, o Dr. Killian oferece sua descoberta para a empresa Stark, mas Pepper recusa alegando haver potencial bélico enorme caso caia em mãos erradas.

Além disso, a crítica se completa com a personagem Maya Hansen (Rebecca Hall), que inicialmente se tratava de uma cientista biológica pró-natureza e humanidade, mas que acaba se vendendo como forma de sobrevivência e um pouco de egocentrismo de sua parte.

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Capa de Iron Man – Saga Extremis (parte 5 de 6). Roteiro de Warren Ellis e arte de Adi Granov. (photo by http://www.marvel.com)

Considerado o vilão principal do filme, o Mandarim teve uma reviravolta surpreendente na versão cinematográfica, o que causou descontentamento geral entre os fãs do personagem nas páginas da HQ. Com origem ligada a uma tecnologia alienígena que lhe concede poderes em forma de anéis, o Mandarim ganhou uma nova história e um novo propósito ao conceito dos filmes. Claramente, torna-se um líder terrorista de uma nação do Oriente Médio (mas com referências chinesas como os dragões em seu figurino), estrelando vídeos de ameaças e de execuções como um certo Osama Bin Laden.

Ben Kingsley como o Mandarim (photo by www.beyondhollywood.com)

Será que existe alguma semelhança entre Sir Ben Kingsley como o Mandarim… (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Osama Bin Laden em um de seus vídeos (photo by eslbrazil.blogspot.com)

…com Osama Bin Laden? Ou é apenas impressão minha? (photo by eslbrazil.blogspot.com)

Contudo, assim como a própria execução de Bin Laden é rodeada de incertezas (ainda mais que seu corpo foi jogado ao mar sem ter sido divulgado ao público), o filme busca explorar essa questão da própria existência do líder terrorista. De acordo com o produtor Kevin Feige, eles tentaram retratar um homem sem uma nação específica, afinal, nada pior do que isso para causar uma polêmica gratuita e ainda prejudicar as bilheterias.

Página de Iron Man 273 – Saga Dragon Seed. Roteiro de John Byrne e arte de Paul Ryan. (photo by jetstor.wordpress.com)

Segundo ele ainda, os símbolos chineses seriam uma homenagem ao personagem originalmente do país comunista, mas também sua obsessão pela obra literária “A Arte da Guerra” de Sun Tzu. Há ainda uma inspiração vinda da personagem Coronel Kurtz de Apocalyse Now. “Ele quer representar essa espécie de protótipo de terrorista, alguém que trabalhou para a inteligência americana, mas que enlouqueceu e se tornou esse devoto das táticas de guerra”, defende Feige.

Dependência tecnológica, exploração econômica de descoberta científica, líder terrorista e até uma ameaça ao presidente dos EUA denotam forte aproximação de Homem de Ferro 3 em relação às atualidades globais. Infelizmente, o diretor peca no ritmo moroso que deixa o filme pesado em dados momentos, mas tem cenas ótimas como o fã de Homem de Ferro que trabalha como técnico de TV.

Importante destacar também a penetração do blockbuster em território chinês, onde raros 34 filmes hollywoodianos conseguem ser liberados pela censura e exibidos por ano. Além disso, a política chinesa aplica altos impostos como forma de proteger seu mercado cinematográfico, considerado um dos mais lucrativos, afinal, qual o país mais populoso do mundo?

Por outro lado, para agradar a China, os produtores de Homem de Ferro 3 fizeram uma versão alternativa (e exclusiva), onde uma das atrizes mais importantes, Fan Bingbing, atua num papel secundário, que fora cortado do versão internacional, e há cenas adicionais filmadas em Pequim, mostrando mais sobre a cultura do país asiático.

Bingbing Pictures

A atriz Fan Bingbing, que faz a esposa do Dr. Wu na versão chinesa. Não sei… tenho a leve sensação de que perdi muita coisa asssistindo à versão internacional… (photo by nidoworth.blogspot.com.br)

Claro que, visando um lucro ainda mais colossal, pediram (praticamente obrigaram) a presença de Robert Downey Jr. na premiere chinesa. Se você esperava que ele seria mal visto por se tratar de um americano que interpreta um herói pop e patriota, veja a imagem abaixo:

Robert Downey Jr. conquista até os chineses em participação "discreta" (photo by www.beyondhollywood.com)

Robert Downey Jr. conquista até os chineses em participação “discreta” (photo by http://www.beyondhollywood.com)

Homem de Ferro 3 teve estréia recorde em mais de 200 salas só em São Paulo. Nos EUA, estreou com arrecadação de 174 milhões de dólares no primeiro fim de semana. Se alguém ainda acredita que as adaptações de quadrinhos para o cinema são apenas modinhas, os resultados extremamente positivos garantem que essa moda deve levar mais uns vinte anos no mínimo.

Este ano, pela Marvel, ainda teremos Thor: O Mundo Sombrio (previsto para novembro). Em 2014, Capitão América 2: O Retorno do Primeiro Vingador, e no ano seguinte, a sequência Os Vingadores 2 e O Homem-Formiga. Pelo estúdio Twentieth Century Fox, Wolverine – Imortal tem estréia prevista para julho deste ano, e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (sequência de X-Men: Primeira Classe) para julho de 2014. Sem contar ainda com a nova tentativa da DC Comics de adaptar Superman em O Homem de Aço.

Claro que Homem de Ferro 3 tem suas falhas e seus furos de roteiro, mas para o público que está muito mal acostumado a assistir filmes blockbusters desprovidos de neurônios, a Marvel entrega um bom filme para fechar uma trilogia de sucesso comercial. E não deixe de ficar até o final dos créditos para ver a participação especial de Mark Ruffalo como Bruce Banner.

AVALIAÇÃO: BOM

Vencedores do MTV Movie Awards 2013

MTV Movie Awards 2013

MTV Movie Awards 2013

Em sua 22ª edição, o prêmio MTV Movie Awards pode não ter mais aquele prestígio que tinha nos primeiros anos, quando ainda eram novidades as categorias de Melhor Beijo, Melhor Vilão e os injustamente extintos Mais Gostosa e Gostoso (Most Desirable Female e Male), contudo ainda tem importância estratégica no cenário cultural americano e internacional. Afinal, enquanto todos os demais prêmios reconhecem e bajulam atores de drama como o Oscar e os grupos de críticos, o MTV Movie Awards trata de destacar filmes com perfil de puro entretenimento, ou seja, os esquecidos que enriquecem as bilheterias mundiais.

Para quem não conhece, os vencedores do MTV Movie Awards são selecionados por votos de internautas pelo site da MTV, portanto, não espere por muito critério de qualidade. Já rolou muito prêmio para sagas cinematográficas como O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Crepúsculo e agora Jogos Vorazes. Excetuando a saga dos hobbits, que faturou várias estatuetas do Oscar, as demais sagas arrecadaram bilhões de dólares, portanto esse reconhecimento em forma de pipoca dourada tem seus méritos.

Além disso, a entrega dos prêmios se tornou uma forma ótima de promover os grandes lançamentos do verão americano. Clipes exclusivos de blockbusters aguardados como Homem de Ferro 3, Além da Escuridão – Star Trek e Jogos Vorazes: Em Chamas invadiram as telas do palco. E sobrou tempo até para a cantora pop Selena Gomez divulgar seu novo single “Come and Get it”.

Homem de Ferro 3: como se precisasse promover... (photo by BeyondHollywood.com)

Homem de Ferro 3: como se precisasse promover mais… (photo by BeyondHollywood.com)

Claro que tudo é showbusiness. Mas é assim que Hollywood ganha seu pão de cada dia e, por isso, leva tudo muito à sério. Aqui no Brasil, premiação é algo considerado um luxo desnecessário. Em 2012, o prestigiado Festival de Paulínia foi cancelado pelo prefeito José Pavan Junior (PSB), retirando o investimento do evento para programas sociais que estariam carentes na cidade do interior de São Paulo.“Foi uma decisão muito difícil, mas tivemos que priorizar o trabalho social que vem sendo realizado na cidade. Suspender não significa acabar”, defendeu o prefeito.

Ok, tem muita gente que defende que tem incontáveis pessoas morrendo de fome, que não tem casa, escola e saúde. Sim, realmente tem, mas se a cultura deste país (que já é muito desrespeitada e desvalorizada) parar por causa de problemas sociais, seria melhor declarar falência do Brasil e distribuir as terras para algum país que tenha verba! Não… hoje eu vou poupar o Lula e os 53 bolsas-caridade que ele criou, inclusive para presidiários (!).

Voltando aos premiados da noite, o blockbuster de 2012, The Avengers – Os Vingadores, foi o grande vencedor, levando Melhor Filme, Vilão e Luta. Apesar de sua vitória ter sido considerada uma surpresa pelos apresentadores da MTV brasileira (Didi e a belíssima Titi Müller), se lembrarmos que os votantes são em sua maioria internautas viciados em quadrinhos, a adaptação dos heróis da Marvel era uma das franco-favoritas. Apesar da terceira parte da trilogia de Batman também se encaixar nesse favoritismo, o filme foi bastante criticado pelos fãs.

Indicados e vencedores do Oscar desse ano, O Lado Bom da Vida, Django Livre e As Aventuras de Pi também levaram prêmios, comprovando que, embora eles prefiram não misturar, não existe nenhum preconceito em aliar filmes bem conceituados pela crítica com filmes bem menos expressivos, afinal, qualidade existe em todo lugar.

Vale ressaltar a escolha da atriz e comediante Rebel Wilson para ser a hostess do MTV Movie Awards. Australiana e coadjuvante de comédias de sucesso como Missão Madrinha de Casamento e Quatro Amigas e um Casamento, Wilson acaba de estrelar a comédia musical A Escolha Perfeita, que acabou lhe rendendo 2 prêmios na noite: Melhor Revelação e Momento Musical.

Rebel Wilson em foto de divulgação do MTV Movie Awards

Rebel Wilson em foto de divulgação do MTV Movie Awards

MELHOR PERFORMANCE MASCULINA
• Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

MELHOR MOMENTO QUE PORRA É ESSA? (WTF: What the fuck)
• Jamie Foxx e Samuel L. Jackson (Django Livre)

MELHOR DUPLA
• Mark Wahlberg e Seth MacFarlane (Ted)

MELHOR PERFORMANCE ASSUSTADA (Best Scared-as-Shit Performance)
• Suraj Sharma (As Aventuras de Pi)

MELHOR PERFORMANCE FEMININA
• Jennifer Lawrence (O Lado Bom da Vida)

MELHOR HERÓI
• Martin Freeman (O Hobbit: Uma Jornada Inesperada)

SUMMER’S BIGGEST TEEN BAD ASS (promovido pela revista americana Seventeen)
• Chloë Grace Moretz (Kick-Ass 2)

MELHOR LUTA
• Robert Downey Jr., Chris Evans, Mark Ruffalo, Chris Hemsworth, Scarlett Johansson e Jeremy Renner VS. Tom Hiddleston (The Avengers – Os Vingadores)

MELHOR BEIJO
• Jennifer Lawrence e Bradley Cooper (O Lado Bom da Vida)

Bradley Cooper levou dois prêmios, mas teve que receber o de Melhor Beijo sozinho. Jennifer Lawrence não compareceu... (photo by zimbio.com)

Bradley Cooper levou dois prêmios, mas teve que receber o de Melhor Beijo sozinho. Jennifer Lawrence não compareceu… (photo by zimbio.com)

BREAKTHROUGH PERFORMANCE
• Rebel Wilson (A Escolha Perfeita)

MELHOR PERFORMANCE SEM CAMISA
• Taylor Lautner (A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2: Final)

MELHOR VILÃO
• Tom Hiddlestone (The Avengers – Os Vingadores)

MOMENTO MUSICAL
• Anna Kendrick, Rebel Wilson, Anna Camp, Brittany Snow, Alexis Knapp, Ester Dean e Hana Mae Lee (A Escolha Perfeita)

MELHOR FILME DO ANO
• The Avengers – Os Vingadores (Marvel’s The Avengers)

Emma Watson leva o Trailblazer award aos 22 anos

Emma Watson leva o Trailblazer award aos 22 anos

MTV GENERATION AWARD
• Jamie Foxx

MTV TRAILBLAZER
• Emma Watson

COMEDIC GENIUS AWARD
• Will Ferrell

Preview Cinema 2013

Fila de Cinema (Ilustração por estudandosampa.zip.net)

Fila de Cinema (Ilustração por estudandosampa.zip.net)

Como todo ano afirmo que a safra de filmes piora, este post pode tentar me provar do contrário. Como os Maias estavam enganados e o ano não acabou em 2012, parece que Hollywood quer nos convencer de que desse ano não passa o apocalipse. Pelo menos sete produções focam num futuro sombrio, seja com zumbis ou com invasões alienígenas. Minha preocupação pessoal nessa questão é que os americanos destruíam tantas vezes Nova York nos filmes que Bin Laden acabou concretizando esse desejo. Agora, com tantas previsões do fim do mundo, outro gênio da lâmpada pode aparecer.

Para quem não quer ver mortos-vivos ou cenários de destruição, não se preocupe. Temos uma nova enxurrada de adaptações de quadrinhos. Três filmes devem confirmar o ápice do reinado Marvel Comics: Homem de Ferro 3, Wolverine – Imortal e Thor: The Dark World, enquanto a DC Comics busca um recomeço depois do fim da trilogia de Batman com um novo reboot de Super-Homem. Dizem que se este filme for bem recebido, existe a possibilidade de haver um filme da Liga da Justiça, como houve com Os Vingadores.

Dos filmes considerados blockbuster, se pudesse escolher apenas um, acredito que Star Trek Into Darkness seja a melhor aposta. Mesmo não sendo um fã desse universo, o trabalho de J.J. Abrams impressiona já pelo trailer. Ao contrário de 80% dos filmes, o 3D realmente está sendo bem utilizado. Além disso, existe uma certa expectativa quanto à performance de Benedict Cumberbatch como o novo vilão Khan.

Também acho que vale a pena conferir o primeiro trabalho do diretor sul-coreano Chan-wook Park nos EUA com atores americanos como Nicole Kidman e o britânico Matthew Goode. Além da aguardada adaptação do romance de F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby, pelas idéias mirabolantes de Baz Luhrmann.

Independente de seu gosto cinematográfico, espero que a safra 2013 seja melhor do que anos anteriores e que o Cinema possa sair mais fortalecido como Arte, e menos como produto comercial. Bons filmes!

CAÇA AOS GÂNGSTERES (Gangster Squad)

Dir: Ruben Fleischer

Elenco: Sean Penn, Ryan Gosling, Josh Brolin, Emma Stone

Previsão de estréia: 01/02 (Brasil)

The-Gangster-Squad-2012

Caça aos Gângsteres: Adiamento para 2013

Curiosamente, Caça aos Gângsteres estava previsto para estrear em setembro de 2012. Seu trailer foi retirado dos cinemas depois que houve o atentado em Colorado, pois havia uma cena em que gângsteres atiravam dentro da sala de cinema. Aproveitaram o adiamento para filmar novas sequências para o lançamento em janeiro. Sem querer menosprezar, mas não entendi o motivo de entregarem um filme grande desse com elenco de estrelas nas mãos de um diretor novato e sem experiência no gênero como Ruben Fleischer, que havia dirigido apenas a comédia Zumbilândia. Inicialmente, Caça aos Gângsteres era tratado como material para Oscar, mas seu lançamento em janeiro comprova que os produtores perderam a fé no filme.

MEU NAMORADO É UM ZUMBI (Warm Bodies)

Dir: Jonathan Levine

Elenco: Nicholas Hoult, Teresa Palmer, John Malkovich

Previsão de estréia: 01/02 (Brasil e EUA)

Meu Namorado é um Zumbi, título brasileiro que visa maiores bilheterias (photo by BeyondHollywood.com)

Meu Namorado é um Zumbi, tradução que visa vender o filme através do título brasileiro (photo by BeyondHollywood.com)

Um tempo atrás, existia a “ondinha” do cinema de terror japonês, que trouxe títulos como O Chamado e O Grito. Recentemente, as salas de cinema do mundo foram invadidas por vampiros e lobisomens (uma tal Saga Crepúsculo), dando continuidade na TV com séries como True Blood e Vampire Diaries. Atualmente, a moda são os zumbis, outrora criação do mestre do terror George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos, de 1968). Além de dúzias de filmes como Extermínio, Madrugada dos Mortos e Resident Evil, nossos amigos sedentos por cérebro estão fazendo sucesso com a série The Walking Dead. Por se tratar de um tipo de história muito propício ao humor, já surgiram boas sátiras como Zumbilândia (2009), e esse Meu Namorado é um Zumbi tem tudo pra se tornar outro sucesso para agradar jovens de ambos os sexos. A grande idéia do filme é mostrar que o amor pode destruir barreiras, inclusive sobrenaturais. Pode um zumbi se apaixonar por uma mulher? O título original Warm Bodies (Corpos Quentes) já responde a pergunta. Muita gente acredita que as sátiras são um tipo de filme inútil. Ok, concordo que a maioria atual é uma perda de tempo (mesmo se tratando de 80 a 90 minutos por filme). Mas é uma qualidade única do cinema norte-americano que, desde os anos 80 com Apertem os Cintos… o Piloto Sumiu, sabe fazer uma auto-análise como nenhum outro país e tirar sarro do próprio cinema e da sua indústria.

SIDE EFFECTS

Dir: Steven Soderbergh

Elenco: Jude Law, Rooney Mara, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones

Previsão de estréia: 08/02 (EUA)

Pôster de Side Effects, de Steven Soderbergh (photo by beyondhollywood.com)

Pôster que copia uma receita médica de Side Effects, de Steven Soderbergh (photo by beyondhollywood.com)

O diretor Steven Soderbergh, que ficou conhecido pelo ótimo trabalho com elenco numeroso e histórias alternadas de Traffic, volta a reunir bons atores em prol de uma trama envolvendo relacionamentos, medicamentos e crime. Devido ao lançamento do filme no começo do ano, acredita-se que não há pretensões de Oscar, mas em se tratando de um filme de Soderbergh, sempre existe essa possibilidade de reconhecimento, ainda mais que temos uma Rooney Mara inspirada, fazendo o papel de uma mulher que toma remédios controlados para reduzir sua ansiedade com a liberação de seu marido da prisão. E Channing Tatum em ascensão através de papéis mais profundos. Vale ressaltar que este pode ser o último filme lançado no cinema de Soderbergh, uma vez que ele está em busca de meios mais alternativos de fazer cinema direto para a TV.

DURO DE MATAR: UM BOM DIA PARA MORRER (A Good Day to Die Hard)

Dir: John Moore

Elenco: Bruce Willis, Mary Elizabeth Winstead, Patrick Stewart

Previsão de estréia: 15/02 (EUA) e 22/02 (Brasil)

Bruce Willis e Jai Courtney (McClane pai e McClane filho) em Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer (photo by BeyondHollywood.com)

Bruce Willis e Jai Courtney (McClane pai e McClane filho) em Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer (photo by BeyondHollywood.com)

Para quem já não acreditava que haveria um Duro de Matar 4.0 (2007), doze anos depois do terceiro filme da série, não deve mais se incomodar com o lançamento do quinto, certo? Bruce Willis, que vive o azarado e persistente policial John McClane, retorna depois de alguns anos bastante produtivos em sua carreira. Participou de Planeta Terror, Red – Aposentados e Perigosos, Looper: Assassinos do Futuro e Moonrise Kingdom, que gerou um burburinho de premiação. Ao lado de colegas de gênero como Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Willis ainda mostra disposição para ação e aventura. A presença deles nas bilheterias americanas denota um certo saudosismo daquele cinema americano dos anos 80 e 90 em que tudo era mais politicamente incorreto. Era possível chamar o vilão de mother fucker nigger e dar boas risadas. Desta vez, seu personagem vai à Rússia, onde se alia a seu filho, agente da CIA, para frustrar planos com armas nucleares.

A GLIMPSE INSIDE THE MIND OF CHARLES SWAN III

Dir: Roman Coppola

Elenco: Charlie Sheen, Bill Murray, Mary-Elizabeth Winstead, Jason Schwartzman

Previsão de estréia nos EUA: 15/02 (EUA)

A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan III: Charlie Sheen bebendo ao lado de mulheres. Two and a Half Men no cinema?

A Glimpse Inside the Mind of Charles Swan III: Charlie Sheen bebendo ao lado de mulheres. Two and a Half Men no cinema? (photo by cinemagia.ro)

Há um bom tempo Charlie Sheen ficou associado ao Charlie de Two and a Half Men, sitcom da Warner. Com o fim de seu contrato por motivos de briga com o produtor da série, ele retorna aos filmes a pedido de Roman Coppola, colaborador de Wes Anderson no roteiro de Moonrise Kingdom, e filho de um certo diretor chamado Francis Ford Coppola… Acostumado a ser diretor de segunda unidade dos filmes da irmã Sofia Coppola e de Wes Anderson, Roman dirige seu segundo longa com traços bastante non-sense semelhantes ao humor de seu colaborador. Quando via seu nome nos créditos, já imaginava que Roman iria seguir seu próprio caminho, afinal seu sobrenome tem um peso muito forte na indústria hollywoodiana. Aos cinéfilos cabe decidir se o jovem tem talento ou foi uma criação de produtores e agentes. A Glimpse Inside the Mind of Charlie Swann III conta uma história de término de relacionamento, mas como tende a estrear apenas em salas mais cults em São Paulo, não tem previsão de estréia por aqui.

STOKER

Dir: Chan-wook Park

Elenco: Nicole Kidman, Matthew Goode, Mia Wasikowska, Jacki Weaver

Previsão de estréia nos EUA: 01/03

Stoker: Mia Wasikowska e Matthew Goode em clima familiar estranho

Stoker: Mia Wasikowska e Matthew Goode em clima familiar estranho (photo by BeyondHollywood.com)

A primeira vez que ouvi falar de Stoker, acreditava que se tratava de uma trama envolvendo o criador de Drácula, Bram Stoker. Contudo, quando li a sinopse e vi o trailer, o filme mais se assemelhava ao clássico de Alfred Hitchcock, A Sombra de uma Dúvida (1943). Ambos têm um personagem misterioso chamado Tio Charlie, que surge do nada e esconde alguns segredos da família. Talvez exista alguma inspiração livre sobre Hitchcock, porém não creditada do roteiro de Wentworth Miller (sim, o protagonista da série Prison Break). Além dessa curiosa ligação, Stoker apresenta um diferencial chamativo: o diretor sul-coreano Chan-wook Park, de Oldboy (2003) e Lady Vingança (2005). Quanta violência coreana Hollywood estaria disposta a liberar? Além disso, o elenco é bastante promissor: Nicole Kidman (que quando quer ser bizarra, ela consegue), Jacki Weaver, Mia Wasikowska e um intrigante Matthew Goode. A produção também conta o ótimo compositor Clint Mansell, colaborador de Darren Aronosfky (Cisne Negro).

JACK – O MATADOR DE GIGANTES (Jack the Giant Slayer)

Dir: Bryan Singer

Elenco: Nicholas Hoult, Ewan McGregor, Stanley Tucci, Bill Nighy, Ian McShane

Previsão de estréia nos EUA: 01/03 (EUA) e 22/03 (Brasil)

Jack - O Matador de Gigantes: Bryan Singer pode ter seu barco afundado mais uma vez

Jack – O Matador de Gigantes: Bryan Singer pode ter seu barco afundado mais uma vez (photo by BeyondHollywood.com)

2012 foi o ano de Branca de Neve e os Sete Anões virarem personagens de carne e osso. Este ano, além de João e Maria: Caçadores de Bruxas (que conretiza um futuro sombrio para as crianças que seriam comidas pela Bruxa), aquele conto de fada normalmente intitulada “João e o Pé de Feijão” ganhou finalmente sua versão cinematográfica pelas mãos do talentoso Bryan Singer. Apesar do diretor ter um currículo que inclui sucessos comerciais e de crítica como Os Suspeitos (1995) e X-Men (2000), a super-produção ainda é vista com certa cautela pelos especialistas na mídia devido ao fracasso comercial de algumas adaptações de contos e fada. Acrescento também certo receio devido a qualidade duvidosa dos efeitos digitais que criaram os gigantes. Não se deve esquecer que Singer sujou um pouco sua reputação com o desastre de Superman – O Retorno (2006), e que Nicholas Hoult nunca estrelou de fato um filme desse tamanho. Se a sátira Meu Namorado é um Zumbi for bem, a presença do jovem pode somar pontos.

OZ: MÁGICO E PODEROSO (Oz the Great and Powerful)

Dir: Sam Raimi

Elenco: James Franco, Mila Kunis, Michelle Williams, Rachel Weisz, Bruce Campbell

Previsão de estréia: 08/03 (Brasil e EUA)

Oz: Mágico e Poderoso: Michelle Williams está encantadora com a feiticeira Glinda (photo by BeyondHollywood.com)

Oz: Mágico e Poderoso: Michelle Williams está encantadora com a feiticeira Glinda (photo by BeyondHollywood.com)

Há muito, muito tempo que Hollywood queria refazer um novo O Mágico de Oz, clássico musical de 1939, estrelado pela jovem Judy Garland. Então, já dá pra imaginar as expectativas criadas sobre um projeto desse tamanho. E este aspecto pode custar muito caro ao sucesso do filme, pois não sabemos exatamente o quanto de liberdade artística a Disney, produtora, deu para seu diretor Sam Raimi trabalhar. Ao ver o trailer, as imagens são muito semelhantes ao Alice no País das Maravilhas, de Tim Burton, até mesmo com o mesmo mote: uma terra que aguarda por seu salvador. O elenco está bem escalado com Rachel Weisz, Michelle Williams, James Franco e uma belíssima Mila Kunis, mas apesar de todo o esforço coletivo, Oz: Mágico e Poderoso pode naufragar pelas críticas. O filme também pode servir de ótima prévia para saber qual o tratamento da Disney em relação à nova trilogia de Star Wars.

OBLIVION

Dir: Joseph Kosinski

Elenco: Tom Cruise, Olga Kurylenko, Morgan Freeman, Melissa Leo

Previsão de estréia: 12/04 (Brasil), 19/04 (EUA)

Oblivion: Tom Cruise em nova ficção científica depois de Minority Report (photo by BeyondHollywood.com)

Oblivion: Tom Cruise em nova ficção científica depois de Minority Report (photo by BeyondHollywood.com)

Trata-se do segundo filme do diretor Joseph Kosinski de Tron – O Legado. Mesmo que tenha sido uma sequência de Tron – Uma Odisséia Eletrônica (1982), o trabalho visual de Kosinski foi bastante elogiado pelos especialistas em ficção científica, pois criara um novo universo respeitando o filme original. Originalmente, Oblivion fora concebido como um projeto no formato de graphic novel (quadrinhos) em 2007, mas com o sucesso de Tron e a entrada de Tom Cruise, acabou se tornando um filme no cenário pós-apocalíptico, que promete inovações na área de design e figurino. No elenco, Cruise atuará ao lado de Morgan Freeman, Olga Kurylenko e Andrea Risenborough. Na equipe de roteiro, a colaboração de Michael Arndt pode ter ajudado em sua escalação para ser roteirista de Star Wars: Episode VII, previsto para 2015.

jOBS

Dir: Joshua Michael Stern

Elenco: Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, James Woods, Josh Gad

Previsão de estréia: 19/04 (EUA)

jOBS: Ashton Kutcher como o criador da Apple, Steve Jobs?

jOBS: Ashton Kutcher como o criador da Apple, Steve Jobs? (photo by businessinsider.com)

Nunca acreditei que Ashton Kutcher fosse um bom ator. Nem mesmo boto fé em seu carisma para essas comédias românticas bobas ou como substituto de Charlie Sheen na série Two and a Half Men. É tão nítido seu esforço em fazer rir que chega a cansar o espectador. Então, quando soube que ele pegou o papel de Steve Jobs no cinema, achei que era o fim do mundo. Mas esse mesmo mundo dá voltas, e esta pode ser a oportunidade de ouro que Kutcher estava aguardando para virar o jogo. Pela foto acima e uns trechos do filme, é possível detectar algumas semelhanças físicas entre ambos, mas apesar da barba e o figurino dos anos 70, Kutcher ainda está muito bonito para um nerd. Apesar do tom pessimista dessa prévia, sempre torço para que eu esteja enganado.

HOMEM DE FERRO 3 (Iron Man 3)

Dir: Shane Black

Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Ben Kingsley, Guy Pearce

Previsão de estréia: 03/05 (Brasil e EUA)

Homem de Ferro 3: Sim, o Homem de Ferro consegue cruzar as pernas (photo by OutNow.CH)

Homem de Ferro 3: Sim, o Homem de Ferro consegue cruzar as pernas (photo by OutNow.CH)

Foi graças ao grande sucesso do primeiro filme Homem de Ferro (2008), que a produtora Marvel Comics conseguiu deslanchar as adaptações seguintes como O Incrível Hulk, Capitão América: O Primeiro Vingador e consequentemente Os Vingadores. Os primeiros dois filmes do personagem foram dirigidos pelo carismático Jon Favreau (que vive o motorista de Tony Stark, Happy Hogan), mas esta sequência foi passada para Shane Black. Assim como aconteceu com Favreau, Shane Black se mostra uma aposta um pouco arriscada, pois só dirigiu Beijos e Tiros (2005), um filme policial descontraído com o próprio Robert Downey Jr. e Val Kilmer. Contudo, Black foi responsável pela criação de Máquina Mortífera (1987), um filme que praticamente definiu o gênero policial nos anos 90, e também tem o apoio de Kevin Feige, o jovem produtor por trás do sucesso da Marvel no cinema, que se mostra bastante sensato nas entrevistas contidas nos extras de DVD e Blu-ray. Em Homem de Ferro 3, Stark terá seu mundo destruído pelo arqui-vilão Mandarim (Ben Kingsley) e enfrentará uma jornada para saber se ele pode se virar sem sua armadura. Esta produção deve conter elementos para preparar o público para Os Vingadores 2, previsto para 2015, e com a presença do Homem-Formiga.

O GRANDE GATSBY (The Great Gatsby)

Dir: Baz Luhrmann

Elenco: Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire, Carey Mulligan

Previsão de estréia: 10/05/13 (EUA) e 14/06 (Brasil)

O Grande Gatsby: Lançamento adiado para 2013 será benéfico?

O Grande Gatsby: Lançamento adiado para 2013 será benéfico? (photo by OutNow.CH)

O novo filme de Baz Luhrmann estava previsto para estrear no final de 2012, mas os produtores do estúdio acreditavam que o filme continha elementos jovens que atrairiam o público no verão americano de 2013, aumentando os lucros. Embora considere uma decisão estranha pelo tipo de filme mais sério que O Grande Gatsby deve ser, a mudança no planejamento pode funcionar.  Com um elenco bastante promissor liderado por Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e a talentosa Carey Mulligan, Baz Luhrmann volta a dirigir um longa desde 2008, quando lançou o épico Austrália. Muito apoiado ainda pelo sucesso do musical Moulin Rouge – Amor em Vermelho (2001), o diretor pode surpreender pelo tom mais sério e trágico devido ao romance de F. Scott Fitzgerald, porém pode frustrar aqueles fãs que esperavam por um espetáculo musical.

STAR TREK INTO DARKNESS

Dir: J.J. Abrams

Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Benedict Cumberbatch, Zoe Saldana

Previsão de estréia: 17/05 (EUA) e 23/07 (Brasil)

Star Trek Into Darkness: Cumberbatch (centro) é o novo Khan

Star Trek Into Darkness: Cumberbatch (centro) é o novo Khan (photo by OutNow.CH)

Sabe qual foi a melhor coisa de ter assistido a O Hobbit: Uma Jornada Inesperada no cinema? Ter conferido um trecho do filme Star Trek Into Darkness em ótimo 3D antes! Confesso que nunca fui muito fã da série criada por Gene Roddenberry, mas J.J. Abrams fez um belo trabalho na revitalização da cinessérie com Star Trek (2009) e agora tem tudo para fazer um dos melhores filmes de ficção científica da atualidade. A maioria dos fãs da série e dos filmes anteriores aponta que Jornada nas Estrelas II: A Ira de Khan (1982) foi o melhor filme de todos, portanto existe uma imensa expectativa de que esta sequência represente o mesmo nesta nova geração. Se depender do ator que interpreta o vilão, Benedict Cumberbatch (o novo Sherlock Holmes da série da BBC), Star Trek Into Darkness já é o novo favorito.

DEPOIS DA TERRA (After Earth)

Dir: M. Night Shyamalan

Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Sophie Okonedo

Previsão de estréia: 07/06 (Brasil e EUA)

After Earth: Nova tentativa de Will Smith na ficção científica depois de Eu Sou a Lenda (photo by BeyondHollywood.com)

After Earth: Nova tentativa de Will Smith na ficção científica depois de Eu Sou a Lenda (photo by BeyondHollywood.com)

Ok, todos sabemos que M. Night Shyamalan estourou com O Sexto Sentido (1999) e depois entrou em decadência. Tem gente que odeia Sinais (2002), A Dama na Água (2006) e Fim dos Tempos (2008). Já eu pertenço ao grupo dos que não gostam de A Vila (2004). Alguns amigos e eu já discutimos seriamente sobre a carreira do diretor indiano M. Night Shyamalan, quero dizer, o que aconteceu? Teve apenas um lampejo de inspiração que deu certo? Claro que em proporções bem menores, seria ele uma espécie de Orson Welles, cujo primeiro filme Cidadão Kane fora seu ápice? Talvez a causa resida no fato de Shyamalan trabalhar apenas com roteiros de sua autoria. Nessa teoria, talvez Depois da Terra signifique um recomeço em sua carreira como diretor, pois pela primeira vez, trabalha com roteiro escrito por outro profissional: Stephen Gaghan, que ganhou o Oscar por Traffic (2000). Depois da Terra conta com Will Smith e seu filho Jaden Smith na história de uma nave que cai em um planeta evacuado por humanos há mil anos. Shyamalan tem talento para criar cenas, mas suas idéias como roteirista podem estar atrapalhando há um bom tempo.

MUCH ADO ABOUT NOTHING

Dir: Joss Whedon

Elenco: Nathan Fillion, Clark Gregg, Amy Acker, Alexis Denisof

Previsão de estréia: 05/04 (Brasil) e 07/06 (EUA)

Much Ado About Nothing: filme despretensioso de Joss Whedon (photo by movieplayer.it)

Much Ado About Nothing: filme despretensioso de Joss Whedon (photo by movieplayer.it)

Por que falar apenas sobre grandes produções se há incontáveis gemas na programação? Este pequeno e despretensioso filme baseado numa peça de William Shakespeare foi filmado em segredo em apenas 12 dias logo depois que Joss Whedon acabara de dirigir a mega produção Os Vingadores. Tratava-se de um projeto pessoal há tempos idealizado, mas que só foi concretizado graças à esposa dele, Kai Cole, que decorou a casa onde a ação do filme se passa. Much Ado About Nothing é uma comédia clássica sobre dois casais com diferentes abordagens sobre amor. O filme estreou no último Festival de Toronto e deve criar espectadores fiéis de Whedon, criador da série Firefly e Buffy: A Caça-Vampiros.

O HOMEM DE AÇO (Man of Steel)

Dir: Zack Snyder

Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Russell Crowe, Kevin Costner, Diane Lane, Michael Shannon

Previsão de estréia: 14/06 (EUA) e 12/07 (Brasil)

O Homem de Aço: Depois de Christopher Reeve e Brandon Routh, chegou a vez de Henry Cavill (photo by BeyondHollywood.com)

O Homem de Aço: Depois de Christopher Reeve e Brandon Routh, chegou a vez de Henry Cavill (photo by BeyondHollywood.com)

A idéia da DC Comics é criar um novo Superman – O Filme (1978), mostrando as origens da Kal-El, o alienígena de Krypton mais conhecido como Super-Homem. Para isso, contrataram Zack Snyder, que ficou conhecido por seu estilo com câmeras lentas do épico espartano 300 e da adaptação do clássico graphic novel de Alan Moore, Watchmen. Pessoalmente, não gosto do personagem, nem de seus quadrinhos. Milhares de fãs vão querer me esganar, mas acredito que o mote de Super-Homem é fraco. Ao contrário de seu colega Batman, o personagem criado por Jerry Siegel e Joe Shuster é um alienígena que ganha poderes na Terra e os usa para o bem da humanidade. Ele tem um alter-ego jornalista chamado Clark Kent e seu ponto fraco é kryptonita, que seu vilão Lex Luthor sempre tem uma. Claro que com Zack Snyder como diretor e Christopher Nolan como produtor, esta nova versão de Super-Homem deve entregar sequências de ação memoráveis. O roteiro de David S. Goyer, colaborador na trilogia de Batman, deve buscar recriar o universo do personagem de forma mais realista, mas talvez não seja a melhor pedida num filme com alienígenas. Independente do resultado final, o elenco deve valer a pena: Russell Crowe como o pai de Superman, Amy Adams como Lois Lane, Kevin Costner e Diane Lane como os Kent, e minha maior expectativa: Michael Shannon como o General Zod. O jovem Henry Cavill pode ser uma boa aposta para o papel principal.

UNIVERSIDADE MONSTROS (Monsters University)

Dir: Dan Scanlon

Elenco: (Vozes de) Billy Crystal, John Goodman, Steve Buscemi

Previsão de estréia: 21/06 (Brasil e EUA)

Universidade Monstros: Pixar traz personagens queridos de volta (photo by BeyondHollywood.com)

Universidade Monstros: Pixar traz personagens queridos de volta (photo by BeyondHollywood.com)

Não é porque funcionou com a trilogia Toy Story que vai funcionar com outros sucessos da Pixar. Embora seja muito comum haver sequências de animações, a Pixar costuma rejeitar essa idéia porque acredita que o bom cinema vem de boas histórias e não apenas de lucro. Contudo, depois que o estúdio foi comprado pela Disney, algumas políticas mudaram e logo veio a primeira sequência: Toy Story 3. Tinha tudo para dar errado, afinal fazia 11 anos que Toy Story 2 havia sido lançado e tudo indicava que só queriam fazer a terceira parte por motivos comerciais. Felizmente, eu estava bem enganado. Mas uma continuação de Monstros S.A.?! O original já não tinha história o suficiente para suportar um longa… Espero estar enganado novamente. Universidade Monstros é uma prequência de Monstros S.A., que revela como a amizade entre Mike e Sulley começou.

GUERRA MUNDIAL Z (World War Z)

Dir: Marc Forster

Elenco: Brad Pitt, Matthew Fox, Mireille Enos

Previsão de estréia: 21/06 (EUA) e 28/06 (Brasil)

Guerra Mundial Z: outra produção pós-apocalíptica envolvendo zumbis (photo by BeyondHollywood.com)

Guerra Mundial Z: outra produção pós-apocalíptica envolvendo zumbis (photo by BeyondHollywood.com)

Marc Forster dirigiu dois bons dramas: Gritos na Noite e A Última Ceia. Quando resolveu aceitar a proposta de assumir 007 – Quantum of Solace (2008), arriscou sua reputação de bom diretor de dramas para se aventurar com James Bond. O resultado foi meio catastrófico, pois além de Forster perder a mão na direção, entregando um filme decepcionante depois do sucesso de 007 – Cassino Royale, acabou pedindo desculpas publicamente pelo fracasso. E este Guerra Mundial Z está com cara de repeteco desse pedido de desculpas. Nada contra a presença de Brad Pitt nesse filme-catástrofe, mas fiquei com a impressão de que o ator aceitou a proposta apenas pelo cachê milionário. Tudo bem que tem uns 17 filhos pra cuidar em casa, mas não acho que justifique.

O CAVALEIRO SOLITÁRIO (The Lone Ranger)

Dir: Gore Verbinski

Elenco: Armie Hammer, Johnny Depp, Helen Bonham Carter, Tom Wilkinson

Previsão de estréia: 05/07 (EUA) e 12/07 (Brasil)

O Cavaleiro Solitário: Johnny Depp e Armie Hammer fazem dupla que faz justiça no velho oeste (photo by BeyondHollywood.com)

O Cavaleiro Solitário: Johnny Depp e Armie Hammer fazem dupla que faz justiça no velho oeste (photo by BeyondHollywood.com)

Todo mundo está careca de saber que a parceria entre Johnny Depp e Tim Burton costuma render bons frutos. Contudo, sua colaboração com o diretor Gore Verbinski nos filme de Piratas do Caribe e na criativa animação Rango, Depp passou a firmar essa nova sintonia. Desta vez, eles se unem para trazer uma dupla que fez sucesso na TV durante a década de 50. Tudo parece muito promissor, mas existe uma certa maldição que ronda Hollywood de transpor séries televisivas antigas para o cinema. Alguns exemplos de fracasso são Agente 86 e A Feiticeira. Será que esta parceria resistirá a isso?

CÍRCULO DE FOGO (Pacific Rim)

Dir: Guillermo del Toro

Elenco: Ron Perlman, Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi

Previsão de estréia: 12/07 (EUA) e 09/08 (Brasil)

Círculo de Fogo:

Círculo de Fogo: humanos pilotam robôs em novo filme de Guillermo del Toro (photo by BeyondHollywood.com)

Reconhecido por seus filmes fantasiosos como O Labirinto do Fauno (2006) e dos dois filmes de Hellboy, aparentemente o diretor mexicano Guillermo del Toro também tem paixão por ficção científica. Depois que sua tentativa de dirigir O Hobbit: Uma Jornada Inesperada fracassou, ele decidiu filmar essa aventura pós-apocalíptica em que humanos pilotam robôs gigantes para combater uma raça alienígena que invadiu a Terra. Novamente ele conta com seu ator-fetiche Ron Perlman, e escalou Idris Elba quando Tom Cruise resolveu filmar Oblivion. Pelo fato de não haver uma estrela no elenco, sempre existe uma possibilidade de fracasso comercial, mas acredito que o talento de del Toro compense até demais essa ausência.

WOLVERINE – IMORTAL (The Wolverine)

Dir: James Mangold

Elenco: Hugh Jackman, Will Yun Lee, Tao Okamoto

Previsão de estréia: 26/07 (Brasil e EUA)

Wolverine na terra do sol nascente em Wolverine - Imortal (photo by OutNow.CH)

Wolverine na terra do sol nascente em Wolverine – Imortal (photo by OutNow.CH)

Depois dos créditos finais de X-Men Origens: Wolverine (2009), existe uma cena em que o personagem está num bar no Japão, o que já indicava que o próximo filme do mutante com garras de adamantium se passaria na terra do sol nascente, mais precisamente adaptando uma famosa saga escrita por Frank Miller e Chris Claremont no universo dos quadrinhos dos anos 80. Será a sexta aparição de Hugh Jackman como Wolverine e o primeiro filme sem “X-Men” no título. Nesta aventura, ele treinará com um samurai e terá como oponente o Samurai de Prata.

ELYSIUM

Dir: Neill Blomkamp

Elenco: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga

Previsão de estréia: 09/08 (EUA) e 16/08 (Brasil)

Matt Damon em Elysium (photo by OutNow.CH)

Matt Damon em Elysium (photo by OutNow.CH)

No ano de 2159, os milionários vivem numa estação espacial enquanto o resto da população vive numa Terra arruinada e destruída. Existe uma missão que busca trazer um pouco mais de igualdade nesse abismo social. Este é o segundo longa de Neill Blomkamp, depois do sucesso de Distrito 9, que conquistou quatro indicações no Oscar, incluindo Melhor Filme. De volta ao cenário do futuro, Blomkamp promete uma abordagem diferente (sem alienígenas), mas mantendo um forte senso de crítica sócio-política.

GRAVIDADE (Gravity)

Dir: Alfonso Cuarón

Elenco: George Clooney, Sandra Bullock

Previsão de estréia: 04/10 (EUA)

Drama sobre astronautas que querem voltar para casa após acidente na espaçonave. Sim, você já viu esse filme e tem nome: Apollo 13 (1995). Mas no lugar de Tom Hanks falando “Houston we have a problem”, temos George Clooney e Sandra Bullock. Pouco se sabe ainda sobre o filme, mas só o fato de Alfonso Cuarón estar na cadeira de diretor já podemos esperar algo acima da média pelo menos. Seu último filme, Filhos da Esperança (2006) foi uma das melhores ficções científicas contemporâneas, sem nem mesmo contar com efeitos digitais e altos orçamentos.

OLDBOY

Dir: Spike Lee

Elenco: Josh Brolin, Elizabeth Olsen, Samuel L. Jackson

Previsão de estréia: 11/10 (EUA)

Será engraçado e curioso ver esta refilmagem do sucesso sul-coreano de mesmo título de 2003 querendo surpreender o público com a mesma revelação do final original. Na época, o filme asiático foi muito bem recebido no Festival de Cannes, ganhando o Grande Prêmio do Júri. Por isso, talvez a história de vingança doentia e bem arquitetada tenha que passar por algumas alterações se quiser agradar a todos. Será que a cena das marteladas no corredor vai sobreviver ao corte final? Definitivamente o polvo não fará parte do cardápio de Josh Brolin.

CAPTAIN PHILLIPS

Dir: Paul Greengrass

Elenco: Tom Hanks, Catherine Keener

Previsão de estréia: 11/10 (EUA) e 18/10 (Brasil)

A história verídica do Capitão Richard Phillips e o sequestro de um navio cargueiro americano por piratas somálios em 2009. Como fez nos sucessos de Domingo Sangrento (2002) e Vôo United 93 (2007), ambos baseados em fatos reais, o diretor Paul Greengrass deve abusar de câmeras na mão para nos contar como foi esse crime que mistura o mundo contemporâneo com o mundo antigo dos piratas. Pode se tornar um papel importante para Tom Hanks numa possível indicação ao Oscar 2014.

CARRIE, A ESTRANHA (Carrie)

Dir: Kimberly Peirce

Elenco: Chloë Grace Moretz, Julianne Moore, Judy Greer

Previsão de estréia: 18/10 (EUA)

Pôster da refilmagem Carrie, a Estranha. Sai Sissy Spacek. Entra Chloe Grace-Moretz.

Pôster da refilmagem Carrie, a Estranha. Sai Sissy Spacek. Entra Chloe Grace-Moretz.

Há tempos que essa refilmagem quer sair do papel. Desde 1976, houve uma sequência intitulada A Maldição de Carrie (1999) e o filme feito para TV Carrie, a Estranha (2002), ambos fracassos. Nas mãos da diretora Kimberly Peirce, o romance de Stephen King sobre garota que sofre bullying e tem poderes telecinéticos pode realmente ganhar uma nova roupagem, uma vez que ela trabalhou bem a questão do preconceito em Meninos Não Choram (1999). No elenco, Chloë Grace Moretz e Julianne Moore têm talento para substituírem Sissy Spacek e Piper Perabo, respectivamente.

THE WORLD’S END

Dir: Edgar Wright

Elenco: Simon Pegg, Martin Freeman, Rosamund Pike, Paddy Considine

Previsão de estréia: 25/10 (EUA)

The World's End: nova comédia de Edgar Wright (photo by BeyondHollywood.com)

The World’s End: nova comédia de Edgar Wright (photo by BeyondHollywood.com)

Que tal um pouco de comédia no assunto fim do mundo? Edgar Wright, conhecido por sua sátira inovadora Todo Mundo Quase Morto (2004), volta à questão pós-apocalíptica sobre grupo de cinco amigos que se reúnem num pub há 20 anos e que podem ser a única esperança da humanidade. Como em seus filmes anteriores, diálogos britânicos marcantes e o tipo de comédia física devem predominar nessa aguardada sátira.

THOR: THE DARK WORLD

Dir: Alan Taylor

Elenco: Chris Hemsworth, Natalie Portman, Christopher Eccleston, Anthony Hopkins

Previsão de estréia: 08/11 (EUA) e 22/11 (Brasil)

Thor: The Dark World:

Thor: The Dark World: Terceiro filme da Marvel em 2013

Depois de um início shakespearino com Kenneth Brannagh na direção, Thor ganha um clima mais medieval nas mãos do criador da série de sucesso Game of Thrones. Com todo o elenco de volta, inclusive Natalie Portman (que aceitou o papel por causa de Brannagh) e Tom Hiddleston, Thor: The Dark World apresenta o novo vilão Malekith, vivido por Christopher Eccleston, que controla uma horda de Elfos Negros para destruir a Terra.

JOGOS VORAZES: EM CHAMAS (The Hunger Games: Catching Fire)

Dir: Francis Lawrence

Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Philip Seymour Hoffman

Previsão de estréia: 22/11 (Brasil e EUA)

Jogos Vorazes: Em Chamas: Jennifer Lawrence em ascensão

Jogos Vorazes: Em Chamas: Jennifer Lawrence em ascensão

Depois que o público jovem ficou órfão de Harry Potter, a série Jogos Vorazes entrou em cena para tentar suprir esse consumismo com incontáveis produtos de marketing com a imagem de Katniss, a protagonista defendida por Jennifer Lawrence. Gary Ross, um bom roteirista mas limitado como diretor, dá lugar a Francis Lawrence, mais conhecido por dirigir videoclipes e a adaptação dos quadrinhos do selo Vertigo, Constantine (2005). Felizmente, ele contará com o trabalho do roteirista vencedor do Oscar por Quem Quer Ser um Milionário?, Simon Beaufoy. Outro importante plus nesta sequência é a presença de Philip Seymour Hoffman como Plutarch Heavensbee. Nada como um ator experiente para ensinar algo de valor pra essa garotada.

THE HOBBIT: THE DESOLATION OF SMAUG

Dir: Peter Jackson

Elenco: Martin Freeman, Ian McKellen, Andy Serkis, Benedict Cumberbatch

Previsão de estréia: 13/12 (EUA) e 20/12 (Brasil)

The Hobbit: The Desolation of Smaug: Martin Freeman em meio ao ouro dos duendes (photo by BeyondHollywood.com)

The Hobbit: The Desolation of Smaug: Martin Freeman em meio ao ouro dos duendes (photo by BeyondHollywood.com)

Admito que não sou fã do universo de O Senhor dos Anéis, de J.R.R. Tolkien, mas meu comentário seguinte nada tem a ver com essa opinião: Por que transformar um livro em três filmes de três horas? Eu entendo que a escrita de Tolkien é muito descritiva e minuciosa, mas não justifica essa adaptação desproporcional. Claro que os produtores do estúdio querem lucrar três vezes mais com os filmes, mas acho que Peter Jackson, como diretor e contador de histórias, deveria ter interferido na decisão de fazer três produções longas. Talvez por isso mesmo que Guillermo del Toro tenha saído da cadeira de diretor. E se o primeiro filme desta nova trilogia já se mostrou fraca, a previsão para os próximos dois não é nada boa. Perdoem-me, fãs de Tolkien, mas esse requentadão de O Senhor dos Anéis só teve propósitos nitidamente lucrativos até agora.

Argo (Argo), de Ben Affleck (2012)

Argo, de Ben Affleck. Fortíssimo candidato ao Oscar 2013.

TERCEIRO FILME DE BEN AFFLECK RESGATA HUMOR POLÍTICO

Apesar de ser inspirada em fatos verídicos, a história de Argo contém elementos fictícios que simplificam o contexto de forma que qualquer espectador possa entender e embarcar na arriscada missão. Desde que estreou nos EUA em outubro, vem conquistando elogios da crítica e tem se tornado um dos fortes candidatos ao Oscar.

Logo no início, somos apresentados a uma breve história do Irã, passando pela desavença causada pelo exílio do Xá e a revolta do povo xiita liderado pelo aiatolá Khomeini para invadir a embaixada americana no Teerã com o objetivo de levar o líder político a julgamento. Nesse cenário de caos e barbárie, seis funcionários da embaixada conseguem escapar a tempo e se refugiam na casa do embaixador canadense. Com a pressão política devastando o país, a CIA se vê obrigada a retirá-los do solo iraniano antes que haja uma tragédia e comprometa o diplomata canadense.

Os seis americanos na casa do embaixador canadense.

Incontáveis idéias surgem das cabeças do alto escalão, sendo uma delas conseguir documentos de professores estrangeiros. Nesse momento conturbado, surge o agente Tony Mendez (Ben Affleck), especializado em exfiltração. Numa noite, ao falar com o filho que mora com a mãe por telefone, ele assiste a um dos filmes da série O Planeta dos Macacos e dali nasce o plano mirabolante. Mendez precisa convencer as autoridades do aeroporto do Irã que seus seis refugiados são parte de uma equipe de filmagem canadense para o falso filme de ficção científica intitulado Argo, que teria vindo ao país para pesquisar locações para os cenários de desertos.

Como o agente desconhece o universo fílmico, é enviado para Los Angeles, mais precisamente em Hollywood, onde conhece o maquiador John Chambers (artista verídico, falecido em 2001), vivido por John Goodman, e o produtor fictício Lester Siegel (Alan Arkin). Nessa parte que Argo mais cresce, pois explora o paralelo entre a vida e a arte, e a CIA e Hollywood. Chambers e Siegel brilham na tela ao criticar Hollywood e seu mercenarismo. São deles os melhores diálogos do roteiro de Chris Terrio, jovem escritor nova-iorquino que deve ter inúmeras oportunidades depois do sucesso de Argo.

Quando a idéia vira realidade. Chambers (Goodman), Siegel (Arkin) e Mendez (Affleck) se reunem para discutir a “Opção Hollywood”

Como se tratava de uma operação altamente confidencial, pela mídia, os refugiados conseguiram escapar graças aos esforços do Canadá, que ganharam o crédito do salvamento das vidas. Só depois de 17 anos que o então presidente americano Bill Clinton tornou público todo o planejamento originado na CIA, em parceria com Hollywood, e o cabeça Tony Mendez, que ganhou dinheiro depois ao publicar um livro. Mas ao contrário do que muitos pensam, o roteiro de Chris Terrio nada tem a ver com o livro de Mendez, pois é baseado no artigo de Joshuah Bearman, publicado na revista Wired.

Outra fato que parece ter alguma influência ou ligação com Argo seria o exílio do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na embaixada do Equador em Londres. O abrigo político de Assange, que se iniciou em junho deste ano, ainda continua sem solução. Infelizmente, com a popularidade do filme de Affleck, a estratégia de  sair disfarçado como membro de equipe de filmagem já está batida. Agora vai ter que ser bem mais criativo pra sair de lá…

Julian Assange, fundador do WikiLeaks, exilado na embaixada do Equador. Devido ao vazamento de informações confidenciais de alguns governos, muitos querem entregá-lo às autoridades…

… já outros querem a sua liberdade. O protesto homenageia a graphic novel de Alan Moore, V de Vingança, protagonizada pelo anti-herói anarquista V.

Em seu terceiro longa como diretor, Ben Affleck confirma maturidade com uma trama política, pela qual consegue extrair críticas a Hollywood, aos governos americano e iraniano e ainda entregar um filme tenso do começo ao fim. Com o roteiro altamente abrangedor, ele desvia das armadilhas e salta com leveza entre os gêneros do drama, comédia e suspense, resultando num filme coerente, que agrada a todos os públicos. Sem contar que enquanto cuida desses aspectos, ainda dirige a si mesmo de forma convincente. Affleck queria Brad Pitt para o papel de Tony Mendez, mas como ele estava bastante atarefado, acabou protagonizando.

Em se tratando de atuação, depois de sua aclamada estréia na direção com Medo da Verdade (Gone Baby Gone), Ben Affleck voltou a surpreender os críticos com o drama policial Atração Perigosa (The Town, 2010). Além dos elogios, os filmes renderam duas indicações ao Oscar: Melhor Atriz Coadjuvante para Amy Ryan por Medo da Verdade, e Melhor Ator Coadjuvante para Jeremy Renner por Atração Perigosa.

Mesmo que tenha convencido a todos de suas qualidades no quesito direção de atores, Ben Affleck ainda permanece uma grata surpresa, afinal, ele mesmo nunca se firmou como um dos bons. Na carreira de atuação, Affleck teve algumas performances razoáveis nos filmes de Kevin Smith (Barrados no Shopping, Procura-se Amy e Dogma), participou de alguns filmes em destaque como Shakespeare Apaixonado (1998) e chegou a ganhar o Volpi Cup de Melhor Ator no Festival de Veneza por Hollywoodland – Bastidores da Fama (2006) ao interpretar o ator que foi o Super-Homem na TV, George Reeves. Contudo, a carreira de ator para Affleck não deslanchava porque tentaram vendê-lo como galã nos filmes Armageddon (1998), Pearl Harbor (2001), na refilmagem do sucesso estrelado por Harrison Ford, A Soma de Todos os Medos (2002) e até como o herói da Marvel no fracasso Demolidor – O Homem Sem Medo (2003).

Ben Affleck ao lado de Matt Damon (a esquerda). Vencedores do Oscar de Melhor Roteiro Original por Gênio Indomável (1997).

Embora a estratégia tenha fracassado, especialmente no filme Contato de Risco (2003) quando Ben atingiu o fundo do poço ao lado da então namorada Jennifer Lopez, ele aprendeu bastante com bons diretores. Além do já citado Kevin Smith, Ben Affleck pôde observar de camarote o método de trabalho de Gus Van Sant (Gênio Indomável, pelo qual ganhou o Oscar de Roteiro Original com Matt Damon), Michael Bay (sim, aprendeu como não fazer filmes com Armageddon e Pearl Harbor), John Madden (Shakespeare Apaixonado) e com o falecido John Frankenheimer (sequências de ação e tensão em Jogo Duro). Dessa diversidade de projetos e estilos, Affleck foi criando seu próprio métodos de trabalho que acaba sintetizando muitas das qualidades que ele presenciou nos sets de filmagem, além das suas próprias referências pessoais.

Vale ressaltar que nesses três primeiros filmes, ele soube escolher minuciosamente seu elenco, tarefa nada fácil para um diretor novato. Aí entra também seu trabalho como ator, pois ao longo de sua experiência, pôde ver e conhecer melhor os atores com quem poderia trabalhar no futuro. Logo em seu primeiro projeto, conseguiu escalar Morgan Freeman. Já no segundo, convenceu os veteranos Pete Postlethwaite e Chris Cooper a embarcar na história de ladrões de banco de Atração Perigosa. Em Argo, a façanha se repete devido ao seu alto comprometimento profissional. Alan Arkin, John Goodman e Bryan Cranston fazem parte de um forte grupo que tem grandes chances de ganhar o prêmio de Melhor Elenco (Ensemble Cast in a Movie) do SAG Awards em 2013.

Ben Affleck dirige John Goodman (a esquerda). O jovem diretor vem confirmando seu talento para trabalhar com atores.

O sucesso de Ben Affleck na cadeira de diretor também possibilita novas parcerias por trás das câmeras. Além da diretora de arte Sharon Seymour, que trabalhou nas três produções, Affleck conseguiu colaborações importantes como a do compositor Harry Gregson-Williams e agora com Alexandre Desplat, o montador William Goldenberg (que trabalha frequentemente com Michael Mann), os produtores George Clooney e Grant Heslov para dar mais tranquilidade ao diretor, e apesar de não ter repetido, conseguiu três excelentes diretores de fotografia na ordem: John Toll, Robert Elswitt e Rodrigo Prieto.

Curiosamente, Argo, antes intitulado Escape from Tehran (Fuga de Teerã) estava previsto para ser dirigido por George Clooney e co-escrito por Grant Heslov em 2007 devido ao sucesso de crítica que foi Boa Noite e Boa Sorte (2005). Mas algumas complicações surgiram e o projeto ficou encalhado até 2011, quando Ben Affleck foi apadrinhado por Clooney e desenvolveu o filme com a Warner Bros.

A aposta deu certo. Argo estreou em primeiro lugar nos EUA e se manteve na mesma posição por mais quatro semanas, tendo faturado até o momento, mais de 76 milhões de dólares só em solo americano, fato que só favorece indicações ao Oscar, pois a Academia costuma premiar produções que tiveram pelo menos um sucesso razoável nas bilheterias.

Ainda na questão do Oscar, Alan Arkin e John Goodman podem se tornar indicados na categoria de Melhor Ator Coadjuvante. Infelizmente, seus papéis têm pouco tempo na tela, o que pode atrapalhar no favoritismo, mas certamente ambos roubam a cena por seu lado cômico que satiriza Hollywood. Arkin já venceu na mesma categoria em 2007 pela comédia independente Pequena Miss Sunshine e Goodman pode finalmente ter sua primeira indicação por interpretar uma figura importante como John Chambers, que ficou mundialmente conhecido por ter criado as próteses dos macacos de O Planeta dos Macacos e ter ganhado um Oscar Honorário de Maquiagem em 1969 (a categoria de Melhor Maquiagem foi criada apenas em 1981, quando Rick Baker venceu pelo primoroso trabalho em Um Lobisomem Americano em Londres).

John Chambers (a esquerda) ao lado de sua criação de O Planeta dos Macacos, que lhe renderia um Oscar Honorário de Maquiagem.

Além de Melhor Filme, Argo pode conseguir a primeira indicação para Melhor Diretor para coroar a maturidade de Ben Affleck que, a esse ponto, não passa mais desapercebido pela temporada de premiações. Também deve obter indicações nas categorias Melhor Roteiro Original (Chris Terrio), Melhor Fotografia (Rodrigo Prieto), Melhor Montagem (William Goldenberg) e Melhor Trilha Musical (Alexandre Desplat), podendo totalizar oito indicações. Sem contar as chances no Globo de Ouro, que acontece no dia 13 de janeiro.

Argo é um filme bem dirigido, atuado e com qualidades técnicas, especialmente o roteiro e a montagem. Mas para a avaliação ainda conto o fato do filme trazer questões políticas de volta ao cenário hollywoodiano. E não se trata de mais um filme político chato e quadrado, senão não estaria fazendo o sucesso comercial que vem fazendo. E vem num momento curioso em que o vídeo Inocência dos Muçulmanos, que causou enorme rebuliço no Oriente Médio, ainda estremece a delicada relação entre os EUA e o Irã.

AVALIAÇÃO: MUITO BOM

Prévia do Oscar 2013: Melhor Ator

O último vencedor do Oscar de Melhor Ator: Jean Dujardin por O Artista (foto por ABACA)

Quais atores que merecem ganhar um Oscar, mas nunca ganharam? Sim, essa lista é extensa. Existem casos mais gritantes em que as pessoas soltam um “Como assim Johnny Depp nunca ganhou o Oscar?!” Sem contar os vexames históricos de grandes atores que nunca foram devidamente reconhecidos com o Oscar: Cary Grant (foi indicado duas vezes, mas só levou o Oscar Honorário em 1970), Montgomery Clift (embora seja um dos ícones de atuação e beleza dos anos 50, nunca levou o Oscar apesar das quatro chances que teve), Richard Burton (infelizmente, acabou sendo um dos recordistas de derrotas no Oscar: sete em sete indicações), Peter O’Toole (supera Richard Burton com 8 derrotas, mas em 2003, levou o Oscar Honorário) e James Dean (duas indicações póstumas e só).

Embora nada esteja oficializado, para muitos especialistas na premiação, o Oscar tem essa característica (nem sempre benéfica) de tentar compensar um ator ou atriz por derrotas anteriores. Essa estratégia já ficou evidente com James Stewart, que claramente deveria ter ganhado em 1940 com A Mulher Faz o Homem, mas foi compensado logo no ano seguinte com uma atuação mais light em Núpcias de Escândalo. Compensar acaba se tornando um ciclo vicioso sem fim e muitas vezes acaba prejudicando um profissional que merecia ganhar no ano em que outro foi compensado. Continuando no mesmo exemplo, em 1941, James Stewart compensado bateu alguns nomes meio conhecidos: Laurence Olivier (Rebecca – A Mulher Inesquecível), Charles Chaplin (O Grande Ditador) e Henry Fonda (As Vinhas da Ira).

O queridíssimo Jimmy Stewart com seu Oscar. Levou pelo filme errado.

Seguindo com esse sistema de compensar nomes previamente indicados, já teríamos uma gama bem diversificada para os próximos anos: Gary Oldman, James Franco, Mark Ruffalo, Jeremy Renner, Matt Damon, Robert Downey Jr., Ryan Gosling, só pra citar atores mais contemporâneos. Este ano, um dos nomes mais fortes pertence a essa lista: Bill Murray, o comediante formado pelo Saturday Night Live na década de 70, foi indicado ao Oscar em 2004 pela ótima interpretação em Encontros e Desencontros (2003). Seu nome certamente estará em destaque na temporada de premiação por ter dois bons trabalhos: Moonrise Kingdom, de Wes Anderson, e principalmente Hyde Park on Hudson, de Roger Michell, no qual dá vida ao presidente dos EUA, Franklin D. Roosevelt, durante episódio em que recebe o rei e rainha da Inglaterra.

Outro que deve estar em alta no Oscar 2013 e pode formar a dupla favorita na categoria é o veterano Daniel Day-Lewis, que curiosamente, também interpreta um presidente americano: Abraham Lincoln no drama histórico de Steven Spielberg, Lincoln. Ambos se encaixam nas preferências da Academia: papel biográfico, grande atuação e maquiagem de envelhecimento.

Contudo, como o Oscar sempre tem envelopes com resultados imprevisíveis, Bill Murray e Daniel Day-Lewis podem bater palmas sentados nas poltronas para outro vencedor. A categoria de Melhor Ator sempre é uma das mais aguardadas por sempre apresentar fortes indicados (talvez exceto por aquele ano em que Roberto Benigni ganhou por A Vida é Bela e bancou o palhaço). Dê uma olhada em possíveis nomes que disputam as cinco cobiçadas vagas:

Clint Eastwood em Trouble With the Curve

CLINT EASTWOOD (Trouble With the Curve)

Clint Eastwood havia prometido que sua atuação em Gran Torino (2008) seria sua última da carreira, mas felizmente mudou de idéia com esse Trouble With the Curve. No filme, Clint vive Gus Lobel, um olheiro do beisebol que enfrenta dificuldades quando sua visão começa a falhar. Particularmente, gosto de assistir a um filme com Clint Eastwood, mesmo que seus últimos papéis praticamente tenham os mesmos problemas típicos da terceira idade (desde Os Imperdoáveis, 1992). Ele é uma estrela que aprendeu muito com diretores consagradíssimos como Don Siegel e Sergio Leone, tendo muito ainda a ensinar para esta geração. Aos 83 anos, não busca mais desafios como ator; simplesmente aceita seus papéis por identificação pessoal. Não é do tipo que usa maquiagem para se transformar e sequer muda os sotaques e o jeitão másculo de falar, mas mesmo assim, qualquer trabalho seu vale a pena assistir e curtir.

Ao contrário do que muitos pensam, Trouble With the Curve não foi dirigido por Eastwood, mas por seu assistente de direção de longa data, Robert Lorenz. Provavelmente, o fato de ele aceitar a atuar novamente se deve muito à gratidão a seu aprendiz e, claro, trabalhar com a jovem talentosa Amy Adams.

Já foi indicado duas vezes como Melhor Ator por Os Imperdoáveis e Menina de Ouro, mas nunca levou. Talvez a Academia tente compensar sua não-indicação por Gran Torino como forma de incentivá-lo a atuar.

Jamie Foxx em Django Livre

JAMIE FOXX (Django Livre)

Não que Jamie Foxx seja uma unanimidade para a Academia e seus votantes, mas devemos considerar dois fatos importantes: 1) Apesar de ter histórico maior com comédias, ele ganhou o Oscar merecidamente por interpretar o músico Ray Charles. 2) O diretor do filme Django Livre é Quentin Tarantino, cujo último filme, Bastardos Inglórios, conquistou 8 indicações, incluindo Melhor Filme. Apesar de serem qualificações que inevitavelmente o colocam em listas de possíveis nomes para o Oscar 2013, Jamie Foxx não teria sua maior arma: a transformação num papel biográfico.

Entretanto, seu papel de escravo que busca vingança contra seu dono e procura libertar sua mulher tem aquela alma de superação da trajetória de Russell Crowe em Gladiador, que levou o Oscar em 2001. Também conta a favor a presença de atores consagrados pela Academia: Christoph Waltz, Leonardo DiCaprio, Samuel L. Jackson, Jonah Hill e Bruce Dern.

Jamie Foxx foi indicado duas vezes ao Oscar, no mesmo ano, como Coadjuvante em Colateral (2004) e levando como Melhor Ator por Ray (2004). Sua indicação este ano por Django Livre corre por fora, mas à princípio não seria algo impossível.

John Hawkes em The Sessions

JOHN HAWKES (The Sessions)

Embora John Hawkes ainda não seja um nome bem conhecido fora de Hollywood, ele começou a atuar desde os anos 80 em papéis bem pequenos. Nessa trajetória, Hawkes soube priorizar a diversidade de gêneros que lhe trouxe maturidade. Participou do filmes de ação A Hora do Rush (1998) e Mar em Fúria (2000), filmes de terror Um Drink no Inferno (1996) e Identidade (2003), e dramas como O Gângster (2007) e Martha Marcy May Marlene (2011). Em 2011, foi indicado como Coadjuvante pelo obscuro O Inverno da Alma, fato que certamente lhe abriu muitas portas, e agoratem a grande chance de finalmente dar um salto na carreira com o filme The Sessions.

Nele, interpreta Mark O’Brien que, ao saber que tem seus dias contados, procura perder sua virgindade com uma profissional do sexo com a ajuda de sua terapeuta e um padre. Talvez a temática seja um pouco avançada para o Oscar, mas o filme saiu aplaudido e premiado do último Festival de Sundance e o trio de atores: Hawkes, Helen Hunt e William H. Macy têm sido elogiados pela crítica, o que favorece ainda mais sua indicação.

Para quem conhece alguns de seus trabalhos, sabe que o ator busca versatilidade (basta comparar Inverno da Alma e este filme) e, ao contrário de muitos colegas de profissão, não procura chamar atenção para si, mas para seus personagens. Apesar de já experiente, John Hawkes tende a crescer bastante no cenário artístico e na mídia, e sua segunda indicação ao Oscar (desta vez como ator principal) certamente o ajudará a receber projetos ainda maiores e mais ambiciosos. Não deve ganhar o prêmio este ano, mas quase 100% de certeza de que leva o Independent Spirit Award, que acontece um dia antes do Oscar.

Philip Seymour Hoffman em The Master

PHILIP SEYMOUR HOFFMAN (The Master)

Philip Seymour Hoffman começou a atuar em filmes no começo dos anos 90. Felizmente, nunca foi do tipo galã, então teve que ralar bastante para conquistar seu lugar ao sol. Mesmo em papéis menores, teve oportunidade de conhecer e atuar com grandes atores como Paul Newman, Al Pacino, James Woods e Ellen Burstyn, buscando construir seu próprio estilo de interpretação. Na maioria de seus trabalhos, percebe-se que Hoffman prioriza a atuação mais contida, mesmo com seu trabalho premiado pela Academia em Capote (2005), em que teve que copiar alguns trejeitos típicos do romancista Truman Capote, ele procurou reprimir a sexualidade de seu personagem.

Além do aprendizado com referências de Hollywood, outro fator notável na carreira de Hoffman foi o início de uma parceria forte com o jovem cineasta norte-americano Paul Thomas Anderson que, aos 26 anos, realizou seu primeiro longa, Jogada de Risco (1996). Com o diretor, Philip Seymour Hoffman voltou a trabalhar em Boogie Nights – Prazer Sem Limites (1997), Magnólia (1999), Embriagado de Amor (2002) e agora no tão aguardado The Master, no qual dá vida ao filósofo carismático Lacaster Dodd, que seria baseado na figura do criador da Cientologia, L. Ron Hubbard.

Pelo filme, Philip Seymour Hoffman já ganhou o Volpi Cup de Melhor Ator (compartilhado com seu colega Joaquin Phoenix) no último Festival de Veneza, de onde Paul Thomas Anderson também saiu premiado como Melhor Diretor. Hoffman já foi indicado três vezes ao Oscar: Melhor Ator por Capote (2005), Melhor Ator Coadjuvante por Jogos do Poder (2007) e Dúvida (2008), tendo levado pelo primeiro.

* Existe uma possibilidade dos produtores do filme quererem colocar Philip Seymour Hoffman na disputa de Ator Coadjuvante, pois na teoria aumentariam suas chances.

Anthony Hopkins em Hitchcock

ANTHONY HOPKINS (Hitchcock)

Para muitos que acompanham os trabalhos do ator briânico Anthony Hopkins, há de concordar que faz um tempo que ele não oferece uma atuação de maior relevância. Hoje em dia, é mais conhecido apenas pelo seu papel mais famoso e assustador: o Dr. Hannibal Lecter, com o qual fez três filmes: O Silêncio dos Inocentes (1991), Hannibal (2001) e Dragão Vermelho (2002). Mas apesar do atual rótulo de psicopata e o tratamento de coadjuvante de luxo, Hopkins sempre se mostrou um ator completo desde que trabalhou ao lado de dois gigantes da profissão: Katharine Hepburn e Peter O’Toole em O Leão no Inverno (1968). De lá pra cá, conquistou a confiança de renomados diretores como James Ivory, Alan Parker, Richard Attenborough, Steven Spielberg e mais recentemente, o diretor brasileiro Fernando Meirelles, com quem trabalhou em 360.

Tem muitos atores que depois de atingir seu ponto culminante na carreira, deixa de procurar novos desafios pois não teria mais nada a provar para ninguém. Com este novo filme, Anthony Hopkins comprova que não é um deles. Para isso, engordou muitos quilos e ficou algumas horinhas na cadeira de maquiagem, certamente aperfeiçoando aquele sotaque característico do diretor Alfred Hitchcock e suas expressões frias.

Em Hitchcock, dirigido pelo novato Sacha Gervasi do premiado documentário Anvil: The Story of Anvil (2008), acompanhamos as filmagens do mais famoso longa do mestre do suspense: Psicose (1960). Nele, descobrimos os bastidores do filme coberto por algumas discussões e polêmicas envolvendo desde o uso de dublê de corpo para Janet Leigh (vivida pelo sex symbol Scarlett Johansson) na antológica cena do chuveiro, sua relação de amor e profissional com sua mulher Alma Reville (interpretada por Dame Helen Mirren), as brigas contra a censura que alegava violência excessiva, os problemas financeiros para investir na produção e a superação do próprio diretor que queria provar que ainda tinha muito a ensinar a Hollywood.

Anthony Hopkins já foi indicado quatro vezes para o prêmio da Academia: Melhor Ator por Vestígios do Dia (1993) e Nixon (1995), Melhor Ator Coadjuvante por Amistad (1997) e vencedor com um belo chianti por O Silêncio dos Inocentes (1991).

Hugh Jackman em Les Miserables

HUGH JACKMAN (Les Miserables)

Para muitos, ele pode ser apenas aquele que deu vida a um dos personagens mais queridos da Marvel Comics: Wolverine em cinco filmes, mas existe um ator por trás de tudo, e dos bons. Jackman foi descoberto ao atuar numa peça musical da Broadway intitulada Oklahoma! e depois disso, foi abraçado pelo mundo através dos filmes dos X-Men. Por causa do charme e boa aparência, foi questão de tempo migrar para as comédias românticas, nas quais fez par com Ashley Judd e Meg Ryan. Mas Jackman queria aproveitar seu ápice como celebridade e atuar em filmes blockbuster. Então, além das adaptações de HQs, tentou criar uma franquia rentável com o péssimo Val Helsing – O Caçador de Monstros (2004), trabalhou com Christopher Nolan no imponente O Grande Truque (2006) ao lado de Christian Bale, fez par romântico com Nicole Kidman na grandiosa produção de Baz Luhrmann, Austrália (2008), e estrelou o bom filme de efeitos especiais Gigantes de Aço (2011). Em 2013, ele retorna ao papel que o consagrou em The Wolverine, de James Mangold.

Ainda na veia do espetáculo, Jackman tem a oportunidade de atingir seu auge no musical Les Miserábles, de Tom Hooper, uma vez que ele tem vasta experiência em montagens de palco e nas premiações em que foi anfitrião: o Tony Award e o Oscar, onde ele canta e dança com extrema facilidade. Como o retorno do gênero musical ainda é considerado uma aposta em Hollywood, esta adaptação da obra homônima de Victor Hugo vem sendo chamada de ousada pelas proporções e estrelas. Além de Jackman, o diretor chamou alguns nomes com conhecimentos musicais: Anne Hathaway, Helena Bonham Carter, Sacha Baron Cohen, Amanda Seyfried, Russell Crowe (tem uma banda de rock australiana chamada 30 Odd Foot of Grunts) e Samantha Barks (descoberta num concerto musical do próprio Les Miserábles, interpretando seu papel de Éponine).

Hugh Jackman tem a faca e o queijo na mão para finalmente conseguir sua primeira indicação ao Oscar: musical de grande produção (espera-se que as bilheterias correspondam), diretor vencedor do Oscar, roteiro baseado em antológica obra literária e elenco premiado e/ou indicada pela Academia. Ele já foi indicado para o Globo de Ouro, como Melhor Ator – Comédia ou Musical, pela comédia Kate & Leopold (2001).

Daniel Day-Lewis em Lincoln

DANIEL DAY-LEWIS (Lincoln)

Quando a parceria com Spielberg havia sido anunciada num projeto tão grandioso, Daniel Day-Lewis já estava com uma mão na estatueta do Oscar: sua terceira. Não querendo desmerecer outros atores e suas performances, mas quem conhece o trabalho de Day-Lewis, sabe que ele realmente se aprofunda na personagem (até demais) e sempre entrega uma interpretação no mínimo notável e digna de premiação. Essa colaboração de um dos maiores atores do mundo com um dos maiores diretores do mundo causa expectativas enormes antes mesmo de ver um trailer do filme.

Lincoln tem todos os ingredientes para se sagrar vencedor do Oscar de Melhor Filme, a começar pelo roteiro de Tony Kushner (vencedor do prêmio Pulitzer) que abrange um período de lutas e vitórias do presidente Abraham Lincoln, figura de extrema importância para o nascimento da nação americana. Com Steven Spielberg assumindo o controle do projeto, vários colaboradores oscarizados automaticamente embarcam como o diretor de fotografia Janusz Kaminski, o montador Michael Khan, o compositor John Williams e o diretor de arte Rick Carter. Ainda nesse tabuleiro de xadrez, temos peças de renome como Tommy Lee Jones, Sally Field, Jackie Earle Haley, James Spader, Hal Holbrook, John Hawkes e Joseph Gordon-Levitt.

Com esse cenário colossal por trás, Daniel Day-Lewis, que normalmente já seria um nome provável para o Oscar, tem chances reais de subir pela terceira vez no palco e agradecer novamente pelo Oscar e pela equipe de maquiagem, que fez um trabalho excepcional para deixá-lo com a cara de Lincoln. Suas performances são resultado de extenso trabalho de pesquisa e concentração no set de filmagem. Há quem diga que o ator não sai do personagem até pouco tempo depois das filmagens, como se estivesse possuído. Apesar de ortodoxo, esse método já foi indicado quatro vezes ao Oscar: Em Nome do Pai (1993), Gangues de Nova York (2002), Meu Pé Esquerdo (1989) e Sangue Negro (2007), vencendo duas vezes pelos dois últimos filmes. Se ganhar, Daniel Day-Lewis se torna o maior vencedor de Oscar de Melhor Ator de todos os tempos. Jack Nicholson tem três estatuetas, sendo duas como Melhor Ator e uma como Coadjuvante.

Bill Murray em Hyde Park on Hudson

BILL MURRAY (Hyde Park on Hudson)

Se Bill Murray não tivesse sido indicado por Encontros e Desencontros em 2004, talvez seu nome nem figuraria aqui na lista. Não que seu trabalho não seja digno de reconhecimento, mas como todos sabemos, a Academia costuma desprezar atores de comédia. Felizmente, mesmo que tardia, sua indicação ao Oscar veio, e desde então, todos os projetos em que Murray atua automaticamente se torna uma promessa de reconhecimento.

Murray já foi o carismático Dr. Peter Venkman de Os Caça-Fantasmas, já parou no tempo como o jornalista Phil em O Fetiço do Tempo e já foi Bosley, o chefe das Panteras. Embora não sejam exatamente filmes típicos de material de Oscar, essas comédias exercitaram bastante o timing cômico dele. Qualquer projeto em que Bill Murray participa acaba progredindo com sua presença na tela. Aquele personagem razoável do roteiro se torna uma figuraça na pele do ator-comediante. E, ao contrário de Jim Carrey, a atuação cômica de Bill Murray se mostra no tom da voz, na ironia de suas palavras e principalmente na falta de careta.

Quando esteve na cerimônia do Oscar e perdeu para Sean Penn em 2004, Bill sentiu a derrota porque queria muito ganhar, pois achava que seria muito improvável retornar à premiação. Agora com este Hyde Park on Hudson, drama com humor baseado em fatos reais do presidente Franklin D. Roosevelt durante visita do rei George VI e rainha Elizabeth da Inglaterra em 1939, ele tem a maior chance de sua vida com uma segunda indicação ao Oscar. Apesar do favoritismo de Daniel Day-Lewis, o fato de Bill Murray nunca ter ganhado o prêmio pode pesar a seu favor.

Joaquin Phoenix em The Master

JOAQUIN PHOENIX (The Master)

O irmão mais novo do promissor River Phoenix, Joaquin também teve sua carreira de ator iniciada na infância, tendo sua atuação mais memorável no drama familiar Parenthood – O Tiro que Não Saiu Pela Culatra (1989). Desiludido com os papéis oferecidos a jovens atores, decidiu se afastar da profissão e do país, vivendo no México por três anos ao lado do pai. Em 1993, voltou em circunstâncias trágicas, quando encontrou seu irmão num club em Los Angeles sofrendo de overdose. Apesar de sua ligação pedindo uma ambulância, River Phoenix morreu jovem. E esse acontecimento teve um impacto sobre seu retorno à carreira de ator. Após muita insistência por parte de amigos e familiares, Joaquin aceitou um papel em Um Sonho Sem Limites (1995), dirigido por Gus Van Sant (diretor que trabalhou com River em Garotos de Programa).

Seu retorno recebeu elogios da crítica e Joaquin Phoenix foi se animando novamente, ganhando a confiança de atores e colegas. Em 1999, numa ótima performance no polêmico 8mm – Oito Milímetros, ele havia chamado minha atenção pela frieza do personagem do submundo dos “snuff films” (filmes pornográficos com violência real). Contudo em 2000, pelo épico Gladiador, Phoenix deixou de lado a atuação contida para se acabar em gritos, gestos e expressões fortes como o jovem imperador de Roma que busca a auto-afirmação. Apesar de ter recebido sua primeira indicação pelo papel, o ator só realmente se firmou nos anos seguintes ao interpretar o cantor country Johnny Cash em Johnny & June (2005), que resultou em sua segunda indicação, e principalmente em seu trabalho no ótimo drama Os Amantes (2008), de James Gray, no qual interpreta um homem dividido entre a paixão de duas mulheres.

Não sei se o fato de Joaquin aceitar muitos papéis de personagens depressivos ou em decadência tenha lhe afetado psicologicamente, mas em 2008, ele anunciou que iria se aposentar da carreira e pouco depois, participou do talk show de David Letterman (veja vídeo da entrevista abaixo). Alguns dizem que se trata de uma atuação, outros falam de “puro maketing pessoal” e talvez os mais sensatos digam que o parafuso soltou. Na entrevista, ele chega com um visual alternativo (barba comprida e óculos escuros), parece estar totalmente alienado e indiferente em relação às perguntas de Letterman. Mas, felizmente, Joaquin Phoenix voltou a atuar e este retorno triunfal pode ser premiado pela Academia.

* Se Philip Seymour Hoffman realmente for transferido para a categoria de coadjuvante, as chances de Phoenix certamente triplicam.

Denzel Washington em Flight

DENZEL WASHINGTON (Flight)

Desde que ganhou o Oscar de Melhor Ator em 2002, Denzel Washington nunca mais figurou na lista de indicados. Seria o começo da maldição do Oscar? Entre as décadas de 80 e 90, o ator deu preferência aos personagens engajados, que buscam valores essenciais para a humanidade como a liberdade. Assim, Denzel participou de A Soldier’s Story (1984), de Norman Jewison, Um Grito de Liberdade (1987), de Richard Attenborough, e Tempo de Glória (1989), de Edward Zwick, tornando-o automaticamente uma figura que representa toda uma nação negra pelos direitos de igualdade. E quando ele aceitou trabalhar com um dos diretores mais engajados, Spike Lee, em Malcolm X (1992), todos tinham certeza de que ele seria o segundo negro a ganhar o Oscar de Melhor Ator (o primeiro foi Sidney Poitier na década de 60). Bem, ele acabou sendo o segundo negro, mas não naquele ano, pois perdeu para Al Pacino.

Depois que ganhou por um papel considerado de vilão (um policial corrupto) em Dia de Treinamento (2001), Washington passou a atuar em filmes policiais com o recém-falecido Tony Scott, como Chamas da Vingança (2004) e Déjà vu (2006), e O Gângster (2007) sob a direção do irmão Ridley Scott,  vivendo um período de descanso dos papéis políticos. Este ano, aceitou trabalhar pela primeira vez com Robert Zemeckis (diretor inovador, responsável pela trilogia De Volta para o Futuro, por Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994) e Náufrago (2000)) no filme Flight, de temática mais séria sobre piloto que salva avião de queda e passa a ser tratado como herói nacional até que novas investigações apontam seus defeitos.

Acredito que se o filme for bem recebido pelo público americano, tem grandes chances de Denzel Washington voltar como indicado ao prêmio da Academia, pois ele é uma celebridade muito querida em Hollywood apesar da seriedade política. Já foi indicado cinco vezes: Melhor Ator Coadjuvante por Um Grito de Liberdade e por Tempo de Glória (seu primeiro Oscar), Melhor Ator por Malcolm X, em 2000 por Hurricane: O Furacão e em 2002, vencendo por Dia de Treinamento.