COMITÊ SELECIONA DOCUMENTÁRIO ‘BABENCO’, de BÁRBARA PAZ, para REPRESENTAR o BRASIL no OSCAR 2021

ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA FEZ A SELEÇÃO DENTRE 19 FILMES

Em reunião virtual realizada nesta manhã, o Comitê de Seleção votou o próximo filme que disputará uma das cinco vagas na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2021. Evitando novas interferências políticas do governo como aconteceu em 2016, com a exclusão de Aquarius, a Academia reconheceu oficialmente a Academia Brasileira de Cinema como o único órgão responsável pela seleção. Dessa forma, o comitê contou com sete profissionais da área: Viviane Ferreira (diretora e roteirista) – presidente do comitê, André Ristum (diretor e roteirista), Clélia Bessa (produtora), Leonardo Monteiro de Barros (produtor de cinema e TV), Lula Carvalho (diretor de fotografia), Renata Maria de Almeida Magalhães (produtora) e Toni Venturi (diretor).

Dezenove longas se inscreveram para representar o Brasil no Oscar:

A Divisão, de Vicente Amorim e Rodrigo Monte
A Febre, de Maya Werneck Da-Rin
Alice Júnior, de Gil Baroni
Aos Olhos de Ernesto, de Ana Luiza Azevedo
Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz
Casa de Antiguidades, de João Paulo Miranda Maria
Cidade Pássaro, de Matias Mariani
Jovens Polacas, de Alex Levy-Heller
M8 – Quando a Morte Socorre a Vida, de Jeferson De
Macabro, de Marcos Prado
Marighella, de Wagner Moura
Minha Mãe é uma Peça 3, de Susana Garcia
Narciso em Férias, de Renato Terra e Ricardo Calil
Pacarrete, de Allan Deberton
Pureza, de Renato Barbieri
Sertânia, de Geraldo Sarno
Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra
Três Verões, de Sandra Kogut
Valentina, de Cássio Pereira Dos Santos

Apesar de não haver um franco-favorito, alguns filmes tinham maiores chances como Casa de Antiguidades, que foi selecionado pelo Festival de Cannes, e Todos os Mortos, que foi indicado ao Urso de Ouro em Berlim. Mas vale lembrar que Babenco: Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer Parou ganhou o prêmio de Melhor Documentário no Festival de Veneza de 2019.

O documentário aborda a carreira autoral do diretor argentino naturalizado brasileiro, que teve uma passagem vitoriosa em Hollywood com filmes como O Beijo da Mulher-Aranha e Ironweed, trabalhando com atores renomados como Jack Nicholson, Meryl Streep, Willem Dafoe e William Hurt, dirigiu um dos melhores filmes brasileiro intitulado Pixote: A Lei do Mais Fraco (1981), e claro, aborda a vida pessoal do cineasta, sua natureza controversa e polêmica, incluindo os últimos anos de vida em que encarou uma luta contra o câncer, mas acabou morrendo de ataque cardíaco. Em preto-e-branco, em tom de despedida, o filme busca uma imersão poética numa abordagem lírica, já que foi dirigido por sua esposa e viúva Bárbara Paz.

trailer

Após o anúncio, muitos se perguntaram: “Mas documentário tem chances nesta categoria?”. As estatísticas não são muito animadoras, afinal desde sua concepção nos anos 40 e 50, a categoria de Filme em Língua Estrangeira só indicou três documentários: Valsa com Bashir (2008), A Imagem que Falta (2013) e Honeyland (2019). Felizmente, os três são produções recentes, o que ajuda na campanha, mas vale ressaltar que foram todos abordagens voltadas ao ficcional. Vamos aguardar e torcer para que Babenco seja o quarto nesta lista, o que não é tarefa nada impossível diante de um ano atípico da pandemia no mundo. Assim como Honeyland, Babenco pode também concorrer na categoria de Melhor Documentário.

Em 2019, A Vida Invisível foi o escolhido para representar o Brasil no Oscar, mas apesar do prestigiado prêmio Un Certain Regard em Cannes, ficou de fora da disputa. O último filme que chegou ao Oscar nesta categoria continua sendo Central do Brasil, em 1999.

‘O Som ao Redor’ representará o Brasil no Oscar 2014! Confira representantes de outros países

Cena de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho

Cena de O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho

Nesta sexta-feira, dia 20 de setembro, o Ministério da Cultura anunciou a escolha de O Som ao Redor, Kleber Mendonça Filho como representante do Brasil para concorrer a uma das 5 cobiçadas vagas do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A seleção do filme representa mais do que uma vitória para o diretor, uma vez que, no início do ano, ele abriu uma discussão contra o diretor-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues, com a seguinte declaração: “A Globo Filmes faz mal à idéia de cultura no Brasil, atrofia o conceito de diversidade no cinema brasileiro e adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema institucional e morto”. Entre os 13 derrotados, estavam três produções da Globo Filmes: Faroeste Caboclo, Gonzaga: De Pai para Filho e O Tempo e o Vento.

Confira os 14 filmes que participaram da votação:

Faroeste Caboclo, de Rene Sampaio: a melhor aposta da Globo Filmes perdeu

Faroeste Caboclo, de René Sampaio: a melhor aposta da Globo Filmes perdeu

1) Cine Holliúdy
2) Colegas
3) Cores
4) Elena
5) Faroeste Caboclo
6) Gonzaga: De Pai para Filho
7) Meu Pé de Laranja Lima
8) O Dia que Durou 21 Anos
9) O Que se Move
10) O Som ao Redor
11) O Tempo e o Vento
12) Porto dos Mortos
13) Uma História de Amor e Fúria
14) Xico Stokinger

Existe uma espécie de abismo entre produções caras da Globo Filmes e as várias independentes, que costumam ficar em cartaz de uma a duas semanas em São Paulo, tanto em relação ao orçamento e divulgação, quanto à qualidade fílmica. Apesar da declaração de Kléber, um crítico de cinema que estreou como diretor, ser um pouco radical, tem sua pertinência no cenário cultural do país. Como boa parte dos filmes da Globo se assemelham a telefilmes ou até novelas (tecnicamente inferior e roteiros ralos), ele quis fazer um apelo para que haja mais diversidade.

Embora não tenha uma bilheteria de sucesso, O Som ao Redor (ou Neighbouring Sounds, como é conhecido fora do país) tinha um trunfo na manga: a crítica internacional. Foi premiado na Mostra Internacional de São Paulo de 2012, no Festival de Nova York 2013, no Festival de Roterdã de 2012 e foi considerado um dos 10 melhores filmes de 2012 pelo jornal The New York Times.

Pôster internacional de O Som ao Redor (photo by www.diversita.blog.br)

Pôster internacional de O Som ao Redor (photo by http://www.diversita.blog.br)

Segundo a distribuidora, Vitrine Filmes, o longa foi lançado em onze países até o momento. No Brasil, entrou em cartaz no dia 4 de janeiro deste ano e foi assistido por 100 mil pessoas nos cinemas, número que pode se multiplicar se resolverem relançar o filme.

Além disso, trata-se de uma produção pernambucana que foge da ponte Rio-São Paulo e discute a questão da insegurança numa comunidade em Recife com a contratação de uma empresa de segurança privada. Vale a pena dar uma olhada e ver que o Cinema nacional pode surpreender com uma perspectiva diferenciada sem perder seu poder de crítica social. Confira o trailer abaixo:

“Essa indicação sempre traz mais visibilidade ao filme. É muito cedo para dizer se vai ganhar ou se chegará a ser escolhido [como um dos finalistas da categoria de melhor filme de língua estrangeira]. Eu nunca fico esperando um prêmio, mas muita coisa boa aconteceu com esse filme. Eu não descartaria essa possibilidade [de vencer o Oscar]”, disse Kleber Mendonça Filho ao jornal Folha de S. Paulo.

“Acho que ‘O Som ao Redor’ é um filme muito pessoal, relativamente pequeno, que teve uma repercussão muito grande aqui e também fora do Brasil, então eu fico tranquilo. Se acontecer, beleza. Eu achava que fosse um filme quase paroquial, local, mas foi a partir de Roterdã [o filme ganhou o prêmio da crítica internacional no festival, em 2012] que entendi que o filme parecia ter um caráter universal.”

O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho (photo by www.posfacio.com.br)

O diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho (photo by http://www.posfacio.com.br)

Se O Som ao Redor se tornar um dos 5 finalistas, esta será a quinta indicação do Brasil na categoria de Filme Estrangeiro. As outras quatro foram em: 1999 com Central do Brasil, 1998 com O Que é Isso, Companheiro?, 1996 com O Quatrilho e em 1963 com O Pagador de Promessas.

O Brasil esteve entre os indicados também quando Cidade de Deus conquistou 4 nomeações: Melhor Diretor, Roteiro Adaptado, Montagem e Fotografia em 2004. Mesmo não se tratando de produções brasileiras, vale lembrar também o Oscar de Canção Original para Diários de Motocicleta, de Walter Salles, e Oscar de Melhor Ator para William Hurt por O Beijo da Mulher Aranha em 1986, do diretor argentino radicado no Brasil Hector Babenco.

Mas quais as chances de O Som ao Redor conquistar essa vaga? Claro que isso não dependerá apenas da qualidade do filme, mas da divulgação e da promoção em solo americano. Como já ganhou alguns prêmios, pode haver um pouco mais de facilidade para atrair o público e os votantes da Academia. Porém, vale a pena ressaltar que a concorrência está crescendo e se formando.

O representante romeno, Child’s Pose, venceu o Urso de Ouro, e o chileno Gloria foi reconhecido por alguns prêmios no último Festival de Berlim e sua atriz, Paulina García recebeu o prêmio de performance feminina. Já o mexicano Heli, rendeu o prêmio de Direção para Amat Escalante no Festival de Cannes, que também indicou o holandês Borgman para a Palma de Ouro. Aliás, uma pena: Blue is the Warmest Color, de Abdellatif Kechiche, que ganhou a Palma de Ouro esse ano não poderá representar a França por uma bobagem de data de estréia permitida no regulamento da Academia…

Outro país que perde muito devido ao regulamento arcaico da Academia de escolher apenas um representante por nação é a Espanha. Tudo bem que a comédia Amantes Passageiros teria poucas chances de figurar na lista de indicados, mas por Almodóvar ter muito prestígio na Academia (ele venceu dois Oscars), alguns consideraram sua ausência um ultraje. Além disso, ele já foi preterido na seleção pelo ótimo A Pele que Habito em 2011.

Nomes consagrados do Cinema merecem destaque: o chinês Wong Kar-Wai representará Taiwan por The Grandmaster, que abriu o Festival de Berlim. Trata-se de uma excelente oportunidade da Academia poder premiar um dos maiores diretores da atualidade (claro que levando em consideração que o filme seja bom também, e não apenas pela “grife”); o mestre polonês Andrzej Wajda volta a concorrer o prêmio por Walesa (lembrando que os votantes judeus adoram filmes poloneses); Vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro por Terra de Ninguém em 2002, Danis Tanovic pode voltar ao tapete vermelho por An Episode in the Life of an Iron Picker; Outro diretor que tem grandes chances de retornar é o iraniano Asghar Farhadi (vencedor do Oscar por A Separação) com o filme The Past, que rendeu o prêmio de atriz para a bela Bérénice Bejo.

Meu favorito da lista até o momento é o representante da Dinamarca: A Caça (Jagten), de Thomas Vinterberg. A trama gira em torno de um professor de uma creche, que se torna vítima de uma acusação de abuso sexual infantil e tem sua vida destruída. A produção já possui um dos melhores históricos em premiações: foi indicado ao BAFTA de Melhor Filme em Língua Estrangeira, à Palma de Ouro em Cannes, de onde saiu com o prêmio de melhor ator para Mads Mikkelsen (em ótima performance).

Confira os representantes do países:

AFEGANISTÃO: Wajma (An Afghan Love Story), de Barmak Akram
ÁFRICA DO SUL: Four Corners, de Ian Gabriel
ALBÂNIA: Agon, de Robert Budina
ALEMANHA: Two Lives, de Georg Maas
ARÁBIA SAUDITA: O Sonho de Wadjda, de Haifaa Al Mansour
ARGENTINA: Wakolda, de Lucía Puenzo
AUSTRÁLIA: The Rocket, de Kim Mordaunt
ÁUSTRIA: The Wall, de Julian Polsler
AZERBAIJÃO: Steppe Man, de Shamil Aliyev
BANGLADESH: Television, de Mostofa Sarwar Farooki
BÉLGICA: Broken Circle Breakdown, de Felix Van Groeningen
BÓSNIA E HERZEGOVINA: An Episode in the Life of an Iron Picker, de Danis Tanovic
BRASIL: O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho
BULGÁRIA: The Colour of the Chameleon, de Emil Hristov
CAMBOJA: The Missing Picture, de Rithy Panh
CANADÁ: Gabrielle, de Louise Archambault
CAZAQUISTÃO: The Old Man, de Ermek Tursunov
CHADE: GriGris, de Mahamat-Saleh Haroun
CHILE: Gloria, de Sebastián Lelio
CHINA: Back to 1942, de Feng Xiaogang
COLÔMBIA: La Playa DC, de Juan Andrés Arango Garcia
CORÉIA DO SUL: Juvenile Offender, de Kang Yi-kwan
CROÁCIA: Halima’s Path, de Arsen A. Ostojic
DINAMARCA: A Caça (Jagten), de Thomas Vinterberg
EGITO: Winter of Discontent, de Ibrahim El-Batout
EQUADOR: Porcelain Horse, Javier Andrade
ESLOVÁQUIA: My Dog Killer, de Mira Fornay
ESLOVÊNIA: Class Enemy, de Rok Biček
ESPANHA: 15 Years Plus a Day, de Gracia Querejeta
ESTÔNIA: Free Range, de Veiko Õunpuu
FRANÇA: Renoir, de Gilles Bourdos
FILIPINAS: Transit, de Hannah Espia
FINLÂNDIA: Disciple, de Ulrika Bengts
GEÓRGIA: In Bloom, de Nana Ekvtimishvili e Simon Gros
GRÃ-BRETANHA: Metro Manila, de Sean Ellis
GRÉCIA: Boy Eating the Bird’s Food, de Ektoras Lygizos
HOLANDA: Borgman, de Alex van Warmerdam
HONG KONG: The Grandmaster, de Wong Kar-wai
HUNGÁRIA: The Notebook, de Janosz Szasz
ÍNDIA: The Good Road, de Gyan Correa
INDONÉSIA: Sang Kiai, de Rako Prijanto
IRÃ: The Past, de Asghar Farhadi
ISLÂNDIA: Of Horses and Men, de Benedikt Erlingsson
ISRAEL: Bethlehem, de Yuval Adler
ITÁLIA: The Great Beauty, de Paolo Sorrentino
JAPÃO: The Great Passage, de Ishii Yûya
LETÔNIA: Mother I Love You, de Janis Nords
LÍBANO: Ghadi, de Amin Dora
LITUÂNIA: Conversations on Serious Topics, de Giedre Beinoriute
LUXEMBURGO: Blind Spot, de Christophe Wagner
MARROCOS: God’s Horses, de Nabil Ayouch
MÉXICO: Heli, de Amat Escalante
MOLDÁVIA: All God’s Children, de Adrian Popovici
MONTENEGRO: Bad Destiny, de Draska Djurovic
NEPAL: Soongava: Dance of the Orchids, de Subarna Thapa
NORUEGA: I Am Yours, de Iram Haq
NOVA ZELÂNDIA: White Lies, de Dana Rotberg
PALESTINA: Omar, de Hany Abu-Assad
PAQUISTÃO: Zinda Bhaag, de Meenu Gaur e Farjad Nabi
PERU: The Cleaner, de Adrian Saba
POLÔNIA: Walesa, de Andrzej Wajda
PORTUGAL: Lines of Wellington, de Valeria Sarmiento
REINO UNIDO: Metro Manila, de Sean Ellis
REPÚBLICA DOMINICANA: Who’s the Boss?, de Ronni Castillo
REPÚBLICA TCHECA: Burning Bush, de Agnieszka Holland
ROMÊNIA: Child’s Pose, de Calin Peter Netzer
RÚSSIA: Stalingrad, de Fedor Bondarchuk
SÉRVIA: Circles, de Srdan Golubovic
SINGAPURA: Ilo Ilo, de Anthony Chen
SUÉCIA: Eat Sleep Die, de Gabriela Pichler
SUÍÇA: More Than Honey, de Markus Imhoof
TAILÂNDIA: Countdown, de Nattawut Poonpiriya
TAIWAN: Soul, de Chung Mong-Hong
TURQUIA: The Butterfly’s Dream, de Yilmaz Erdogan
UCRÂNIA: Paradjanov, de Serge Avedikian e Olena Fetisova
URUGUAI: Anina, de Alfredo Soderguit
VENEZUELA: Breach in the Silence, de Luis Rodríguez e Andrés Rodríguez

O vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2013 foi o austríaco Amor, de Michael Haneke. As indicações ao Oscar 2014 serão divulgadas no dia 16 de janeiro.

Cena do representante holandês Borgman (photo by www.OutNow.CH)

Cena do representante holandês Borgman (photo by http://www.OutNow.CH)