Nova geração de atores

James Dean

Marlon Brando, James Dean, Bette Davis…

Jack Nicholson, Meryl Streep, Paul Newman…

Sean Penn, Daniel Day-Lewis, Cate Blanchett…

Quais atores podem preencher seus lugares? Ou melhor: Existe esperança para o futuro? Particularmente, tenho uma visão apocalíptica, pois toda vez que um ator de qualidade nos abandona, bate logo um desânimo em mim: “Paul Newman nos deixa e sobra um Orlando Bloom…”

Mas é por causa desse pessimismo que resolvi escrever este post na tentativa de me convencer de que pode haver talento para as próximas gerações de cinéfilos admirarem. Claro que ninguém vai conseguir se equiparar a um Marlon Brando ou James Dean, mas ao analisar o trabalho de atores mais jovens, é possível perceber que há semelhanças que, se bem desenvolvidas, podem amadurecer o profissional.

Além disso, para classificar bem um ator, não basta conferir suas habilidades de interpretação ou se ele manda bem no método Stanislávski. Ele precisa saber escolher bem seus papéis em busca de novos desafios, afinal o ator que opta sempre pelos mesmos tipos de papéis acaba rotulado e limitado. É claro que vez ou outra, o ator pode (e deve) assinar um contrato milionário para pagar as contas (ainda mais se ganhou ou foi indicado ao Oscar recentemente), mas sua ânsia e ambição como intérprete deve ser sua prioridade.

Obviamente, essas “regras” que mencionei acima valem para o ator ideal, que sabe equilibrar trabalhos mais autorais com comerciais. A alternância entre ambos se mostra bastante saudável, pois em muitos trabalhos autorais, o ator esgota suas forças em nome de um personagem mais intenso, e um filme comercial em seguida tende a aliviar a pressão.

Heath Ledger (by Wireimage)

Minha melhor aposta dessa geração era Heath Ledger. Com seu constante progresso, acreditava que ele poderia ser o James Dean do século XXI, mas assim como o ídolo, acabou partindo cedo demais. Ledger alternava trabalhos comerciais com autoriais: fazia comédias comerciais como 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999) e Coração de Cavaleiro (2001) e dramas autorais como O Segredo de Brokeback Mountain (2005), Candy (2006) e Não Estou Lá (2007). Contudo, tratava qualquer trabalho com muita seriedade, mesmo se tratando de um blockbuster como O Patriota (2000) ou tendo um papel menor como em A Última Ceia (2001). Infelizmente, teve seu maior reconhecimento postumamente por sua incrível atuação como Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) pelo qual ganhou o Oscar.

A lista a seguir não está em ordem de qualidade ou preferência, mas Michael Fassbender merecia estar no topo por tratar a profissão de forma mais séria.

Michael Fassbender

MICHAEL FASSBENDER

Nascido em 02 de abril de 1977 – Baden-Württemberg, Alemanha

Melhores performances: Fome (2008), X-Men: Primeira Classe (2011), Shame (2011) e Prometheus (2012)

O ator alemão tem se tornado o talento mais almejado por diretores renomados como Ridley Scott e Steven Soderbergh. Apesar do currículo ainda ser pequeno, Fassbender tem procurado selecionar papéis mais densos que possa explorar seus limites como ator.

Em seu primeiro papel de destaque no filme independente Hunger, ele vive o ativista político Bobby Sands que faz greve de fome na prisão. Assim como fez Christian Bale no thriller O Operário, Fassbender perdeu muito peso para dar mais verossimilhança ao personagem. Ele chegou a perder 14 quilos, ficando com 59kg, ou seja, dedicação do nível de Robert De Niro.

Depois de ser descoberto, preferiu ser eclético em suas escolhas. No filme britânico Fish Tank (2009), interpretou Connor, um homem que tem um relacionamento com uma mãe solteira e com a filha adolescente dela. Já no cult de Tarantino, Bastardos Inglórios, dá vida ao Tenente Archie Hicox numa das melhores cenas do filme que se passa num bar.

E mesmo aceitando uma proposta alta para um blockbuster como X-Men: Primeira Classe, Michael Fassbender não desaponta. Ele encarna Erik Lensherr, o mutante Magneto, com muita propriedade e seriedade (que muitas vezes faltam a atores que consideram histórias em quadrinhos algo infantil). A atuação dele como Magneto em nada perde para a interpretação do veterano Ian McKellen na trilogia anterior dos X-Men e ainda lhe serve de complemento. Toda a dor e angústia do personagem que teve seus pais mortos no campo de concentração transborda em seu olhar do início ao fim do filme.

Em 2011, foi bastante elogiado por sua coragem e atuação em sua segunda parceria com o diretor Steve McQueen, Shame. Nele, Fassbender faz um viciado em sexo (paquera no metrô, pornografia na internet, prostitutas) que vê sua rotina interrompida quando sua irmã mais nova passa uns dias em seu apartamento. Shame se mostra um ótimo estudo de personagem e possibilita o público de acompanhar sua degradação até o fundo do poço, e felizmente, não tem a intenção de julgar e dar lição de moral. Como um solitário numa metrópole como Nova York, o ator explora a linguagem corporal e de olhares, tendo que abdicar de diálogos.

Recentemente, foi escolhido para dar vida ao ciborgue David em Prometheus (2012), considerado um prequel de Alien – O Oitavo Passageiro (1979), do mesmo Ridley Scott. Seguindo uma tradição de ciborgues na série Alien, Fassbender consegue apresentar algumas sutilezas que o tornam no melhor personagem do filme. Seu lado mecânico é quase imperceptível, seja através do tom de voz, pelas pausas entre as frases, por algum movimento de sua cabeça e em seu cabelo arrumadinho (!).

Fique de olho em: 12 Years a Slave (2013) e O Conselheiro do Crime (2013).

BEN FOSTER

Nascido em 29 de outubro de 1980 – Massachusetts, EUA

Melhores performances:Os Indomáveis (2007), O Mensageiro (2009)

Para o grande público, talvez a participação mais destacada dele seja como o mutante Anjo em X-Men 3 – O Confronto Final, mas para quem conferiu o bom western Os Indomáveis, sabe que ele está longe de ser um ator de rostinho bonito. Foster, assim como o grande ator Daniel Day-Lewis, abre mão de sua imagem para construir a do personagem. Com dois bons atores como Russell Crowe e Christian Bale, ele consegue roubar a cena ao viver o pistoleiro letal Charlie Prince. Para incrementar sua performance, foi treinado por um renomado especialista em armas de Hollywood.

Mas para chegar ao patamar das estrelas, Ben Foster teve um longo caminho desde o final dos anos 90, quando começou a atuar em filmes, vivendo o irmão do então desconhecido Adrien Brody em Ruas da Liberdade (1999) e conquistando seu papel de protagonista no drama Bang, Bang! Você Morreu! (2002), cujo personagem é um estudante que sofre de bullying.

Porém, o filme que lhe trouxe certa projeção foi em Refém (2005), estrelado por Bruce Willis. Ben Foster não fazia o tipo físico que o papel exigia (era bem forte e pesado), mas ele decidiu compensar a aparência seguindo uma outra direção. Baseou seu personagem num assassino real que viu seus pais morrerem e passou a ter um fetiche por meninas e observar pessoas morrerem.

Em 2009, já mais experiente, no drama de guerra O Mensageiro, o ator impressiona pela economia e as nuances. Seu personagem, o sargento Will Montgomery, é incumbido da ingrata tarefa de informar aos familiares a morte de soldados na guerra. Como o protocolo manda, não deve haver sentimento ou qualquer contato físico no momento do aviso, mas ele acaba se envolvendo com a viúva interpretada por Samantha Morton. Ambos juntamente com Woody Harrelson formam uma fortíssima trinca de atores, o que acabou valorizando ainda mais Ben Foster.

Recentemente, fez dois filmes de ação. Um ao lado do veterano cara-de-pedra Jason Statham em Assassino a Preço Fixo (2011) e outro com Mark Whalberg em Contrabando (2012), nos quais deve aprimorar sua técnica com armas de fogo e forma física (pra não se limitar aos papéis de homens magrelos!). Também trabalhou sob o comando de Fernando Meirelles no inédito por aqui 360, que contou com Anthony Hopkins, Jude Law e Rachel Weisz.

Fique de olho em: Kill Your Darlings (2013), Ain’t Them Bodies Saints (2013)

James Franco

JAMES FRANCO

Nascido em 19 de abril de 1978 – Califórnia, EUA

Melhores performances: Trilogia de Homem-Aranha (2002/2004/2007), Segurando as Pontas (2008), Milk – A Voz da Igualdade (2008) e 127 Horas (2010)

A primeira vez que vi James Franco, ele estava subindo ao palco do Globo de Ouro para receber o prêmio de melhor ator em minissérie. Ele interpretou a lenda James Dean (que aliás tem uma aparência bem semelhante) na série James Dean e ganhou notoriedade juntamente com o sucesso da série Freaks & Geeks, sobre a vida colegial. Atualmente, faz sucesso com sua participação em General Hospital.

Já no cinema, aceitou o papel de Norman Osborn, melhor amigo de Peter Parker, nos 3 filmes do Homem-Aranha e sua carreira decolou. Dirigido por Sam Raimi, seu personagem foi se tornando mais denso até o terceiro filme, quando tem de confrontar o fantasma de seu pai, o Duende Verde, e destruir seu outrora melhor amigo, Peter Parker (Tobey Maguire).

Mais recentemente, foi indicado ao Oscar pelo ciclista aventureiro de 127 Horas, Aaron Ralston. Foi um grande teste de fogo para o talento de Franco, que segurou praticamente o filme todo sozinho, uma vez que seu personagem (verídico) fica preso a uma rocha nos Canyons em Utah.

Sua escolha de papéis tem sido bem eclética. Além de Franco ter feito comédias como Segurando as Pontas e Sua Alteza?, foi bastante elogiado pelo papel do ativista homossexual Scott Smith de Milk – A Voz da Igualdade e provou ter carisma necessário para estrelar o Planeta dos Macacos: A Origem.

Talvez sua melhor qualidade seja seu lado eclético em relação a gêneros (dramas, comédias, romances, ficção científica) e linguagem (cinema, TV e minissérie).

Fique de olho em: Spring Breakers: Garotas Perigosas (2013), Lovelace (2013) e Oz: Mágico e Poderoso (2013)

RYAN GOSLING

Nascido em 12 de novembro de 1980 – Ontário, Canadá

Ryan Gosling

Melhores performances: Half Nelson (2006), A Garota Ideal (2007), Tudo Pelo Poder (2011), Drive (2011)

Para quem conheceu este ator canadense pelo filme romântico Diário de uma Paixão (2004), pode ter se levado pelas aparências. “Lá vem mais um galã sem talento de Hollywood”. Ledo engano. Gosling é o ator mais preciso de sua geração. Cada gesto, cada olhar, cada movimento tem um peso significante para a cena. Se você piscar, pode perder muita coisa.

Isso certamente se reflete em suas escolhas. A maioria de seus personagens possui um comportamento mais introspectivo. O motorista-dublê de Drive, o assessor político Stephen Meyers de Tudo Pelo Poder e obviamente, o tímido Lars que encontra sua paixão numa boneca inflável em A Garota Ideal apresentam essa característica em comum. O silêncio, assim como a distância emocional, costuma ser um item relevante para  a escolha do próximo trabalho de Gosling, que faz valer aquele velho ditado: “Menos é mais”. Enquanto tem ator “se esgoelando e se esperneando” sem necessidade, ele resolve com minúcias.

Foi indicado ao Oscar em 2007 pela interpretação do professor de colégio Dan Dunne que tem o hábito de se drogar de Half Nelson – Encurralados.

Fique de olho em: Caça aos Gângsteres (2012), Only God Forgives (2012)

Carey Mulligan

CAREY MULLIGAN

Nascida em 28 de maio de 1985 – Londres, Inglaterra

Melhores performances: Educação (2009), Não me Abandone Jamais (2010), Shame (2011), Drive (2011)

Esta jovem inglesa começou no cinema sem grande alarde num papel menor em Orgulho e Preconceito (2005). Seus traços de menina ajudaram a conquistar a vaga da protagonista Jenny de Educação, mas foi graças ao seu talento que pôde interpretar o momento de amadurecimento de sua personagem e consequentemente ter sido reconhecida com uma indicação ao Oscar.

Em seguida, foi escalada pelo veterano Oliver Stone para atuar na sequência de Wall Street como a filha de Michael Douglas. Muita gente fala do Shia LaBeouf, protagonista dessa sequência, mas sinceramente vejo Mulligan como uma das grandes descobertas dos últimos anos.

Como seu parceiro de tela Ryan Gosling, Carey soube trabalhar nuances com sua personagem quieta e acanhada de Drive, como já fizera no drama futurista de Mark Romanek, Não me Abandone Jamais. E já em Shame, foi a falastrona e carente irmã do personagem de Michael Fassbender. Esse trabalho pôde comprovar a consistência do talento de Mulligan. Voltar a ser indicada e ganhar o Oscar é mera questão de tempo.

Fique de olho em: O Grande Gatsby (2012) e Inside Llewyn Davis (2013)

CHLOE GRACE MORETZ

Nascida em 10 de fevereiro de 1997 – Georgia, EUA

Chloë Grace-Moretz

Melhores performances: Kick-Ass – Quebrando Tudo (2010), Deixe-me Entrar (2010), A Invenção de Hugo Cabret (2011)

Eu sei que ainda pode ser cedo demais para incluir uma menina como Moretz aqui, mas ela muito me lembra Jodie Foster, que foi um prodígio aos 12 anos trabalhando com Martin Scorsese em Alice Não Mora Mais Aqui (1974) e em Taxi Driver (1976), que surpreendeu a todos como a prostituta Iris.

Apesar de ainda não ter vivido uma prostituta, Moretz costuma escolher papéis adultos para crianças. A postura de suas personagens têm maturidade avançada que lhe cai como uma luva. Mesmo em sua curta participação na comédia romântica (500) Dias com Ela, sua jovem Rachel parece bem mais preparada para o romance do que Tom, o protagonista adulto vivido por Joseph Gordon-Levitt.

Na refilmagem do sueco Let the Right One In, intitulado Deixe-me Entrar, ela vive uma vampira de 12 anos, cuja idade real supera os 60 anos. Sua interpretação foi elogiada pela crítica e graças a ela, ofereceram o papel da problemática Carrie White da refilmagem Carrie (1976).

Seu trabalho tem atraído a atenção de diretores renomados como Tim Burton, que a chamou para viver Carolyn Stoddard em Sombras da Noite. A trajetória de sucesso de Chloë Grace Moretz parece bem traçada, mas como se trata de uma garota, precisa ser bem amparada pelos pais e agente para que não tome rumos obscuros como o de Macaulay Culkin ou Edward Furlong.

Fique de olho em: Carrie – A Estranha (2013), The Drummer (2013)

Jennifer Lawrence

JENNIFER LAWRENCE

Nascida em 15 de Agosto de 1990 – Kentucky, EUA

Melhores performances: Inverno da Alma (2010), X-Men: Primeira Classe (2011)

Um dos primeiros trabalhos de Jennifer no cinema foi com o roteirista mexicano Guillermo Arriaga no drama Vidas que se Cruzam (2008). Apesar de ter atuado ao lado de atrizes experientes como Charlize Theron e Kim Basinger, ela só conseguiu se destacar com o drama independente Inverno da Alma (2010), no qual interpretou uma jovem em busca do pai traficante em terrenos perigosos a fim de tentar manter a casa de sua família. Para viver Ree Dolly, Lawrence abdicou de qualquer beleza e glamour (filmado no estilo documentário), reforçando seu comprometimento com a personagem. Além disso, mesmo sua atuação sendo bastante contida, consegue demonstrar a frieza e determinação que o papel exigia. Acabou indicada para o Oscar de melhor atriz, que a levaria a assinar contratos milionários com a série nova dos X-Men e a adaptação dos best-sellers Jogos Vorazes.

Como a substituta de Rebecca Romjin-Stamos, trouxe a instabilidade e insegurança da mutante Mística na juventude, especialmente em relação à sua aparência física. Era possível enxergar a personagem imatura e indecisa sobre que lado ela defenderia com seus poderes. Recentemente, assinou para a sequência de X-Men: Primeira Classe, previsto para 2014.

E em outras produções, mesmo atuando como coadjuvante, Jennifer Lawrence rouba suas cenas. Em Like Crazy (2011), como a namorada preterida de Jacob, que encara os sentimentos de forma silenciosa. Ou em Um Novo Despertar (2011), onde vive a líder de torcida Norah, que não consegue digerir a morte de seu irmão. Numa entrevista de making of, a atriz e diretora do filme, Jodie Foster, confessa que gostaria de ter descoberto o talento de Jennifer, mas que sua escolha para o papel foi mais do que acertada.

Fique de olho em: Serena (2013), Jogos Vorazes: Em Chamas (2013), Trapaça (2013)

EMMA STONE

Emma Stone

Nascida em 06 de novembro de 1988 – Arizona, EUA

Melhores performances: A Mentira (2010), Histórias Cruzadas (2012)

Apesar de ter feito trabalhos mais dramáticos, Emma Stone claramente tem uma veia cômica que deve ser melhor explorada. Mesmo em meio ao clima tenso de racismo do Mississipi no drama Histórias Cruzadas, sua personagem Skeeter consegue aliviar e divertir com seus modismos fora dos padrões da sociedade e consegue conquistar o público.

Mas o forte mesmo de Emma Stone são as comédias, tanto que seu histórico não nega: Superbad – É Hoje (2007), O Roqueiro (2008), A Casa das Coelhinhas (2008), Minhas Adoráveis Ex-Namoradas (2009) e Zumbilândia (2009). Desde sua estréia em Superbad, ela se mostra mais inclinada para o gênero, pois é bastante desinibida e como muitos atores que marcaram pela comédia, a ruiva não se importa em se expôr ao rídiculo.

Emma conquistou muitos fãs depois que atuou na comédia teen A Mentira (2010). Com muitas caras e bocas, a atriz gera o carisma necessário para que o público apoie sua personagem em suas boas intenções e mentiras brancas. Stone assume a visão divertida da história, possibilitando que a comédia dê certo. E a Associação de Imprensa Estrangeira viu esse dom da atriz e reconheceu seu trabalho com uma indicação ao Globo de Ouro.

No blockbuster deste ano, O Espetacular Homem-Aranha, apesar de não haver muito espaço, ela se desdobra numa sequência aparentemente simples para esconder Peter de seu pai que está escondido em seu quarto. Também apresentou boa química com Andrew Garfield e deve estar na sequência.

Fique de olho em: Caça aos Gângsteres (2012), Os Croods (2013)

Jeremy Renner

JEREMY RENNER

Nascido em 07 de janeiro de 1971 – Califórnia, EUA

Melhores performances: Guerra ao Terror (2008), Atração Perigosa (2010), Os Vingadores (2012)

Curiosamente, desde a época da escola, Renner gostava de atuar como policial em peças de teatro, pois estava dividido entre seguir a carreira de ator e agente da lei. Desde meados dos anos 90, o ator participou de produções menores como a comédia Senior Trip (1995), mas só captou a atenção dos críticos como o serial killer Jeffrey Dahmer em Dahmer (2002), que lhe rendeu uma indicação no Independent Spirit Award.

Cansado da época das vacas magras, Jeremy aceitou atuar na adaptação da série de TV da década de 70, S.W.A.T. – Comando Especial (2003) ao lado de um ascendente Colin Farrell e experiente Samuel L. Jackson. Seguindo seu treinamento (e provavelemente sede) por armas de fogo, viveu o atirador de elite de zumbis Doyle em Extermínio 2 (2007) e como coadjuvante no faroeste O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford (2007).

Apesar de suas habilidades policiais e bélicas, a diretora Kathryn Bigelow ficou impressionada com a interpretação humanista dele como serial killer no independente Dahmer e ofereceu o papel que mudou sua carreira: o sargento William James de Guerra ao Terror (2008). Ao dar profundidade ao especialista em desarme de bombas, Jeremy Renner foi indicado ao Oscar de melhor ator e felizmente, esse reconhecimento lhe trouxe melhores oportunidades que logo abraçou.

Aceitou participar do segundo filme dirigido por Ben Affleck, Atração Perigosa (2010), mas desta vez num papel do outro lado da lei: um assaltante de bancos. De volta a um personagem coadjuvante, Jeremy imprime tridimensionalidade ao seu personagem em poucas cenas, trabalhando como ninguém o comportamento violento e instável. Novamente foi indicado ao Oscar.

Agora, com seu talento mais do que provado, o ator passa a colher frutos. Nesse ano, viveu o herói Gavião Arqueiro no mega-sucesso Os Vingadores – The Avengers, demonstrando segurança e a frieza necessárias para um arqueiro, e neste segundo semestre, ele assume o papel de protagonista nos filmes do agente Jason Bourne em O Legado Bourne. Não, ele não toma o papel que era de Matt Damon, mas um outro agente que participou do mesmo programa do governo. À princípio, fiquei meio receoso por achar que se tratava apenas de uma produção que se aproveitaria da fama do personagem, mas se você conferir o trailer, deve mudar de idéia.

Fique de olho em: O Legado Bourne (2012), Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas (2013), Trapaça (2013)

MARK RUFFALO 

Mark Ruffalo

Nascido em 22 de novembro de 1967 – Wisconsin, EUA

Melhores performances: Conte Comigo (2000), Colateral (2004), Zodíaco (2007), Minhas Mães e Meu Pai (2010)

No meio de tantos jovens, Mark já parece um veterano. Começou a atuar em filmes desde 1993, mas foi só em 200o que passou a chamar a atenção. Sua atuação como Terry, um irmão há muito sumido que aparece para pedir dinheiro emprestado da irmã (Laura Linney) em Conte Comigo mostrou que uma nova face de atores contidos estava surgindo no horizonte. Ruffalo conquistou alguns prêmios na época como coadjuvante e inclusive o New Generation Award da Associação de Críticos de Los Angeles.

Em seus próximos trabalhos, ele continuou atuando como coadjuvante em bons dramas como Minha Vida Sem Mim (2003) da diretora espanhola Isabel Coixet, no polêmico Em Carne Viva (2005) de Jane Campion e até em filmes de ação como A Última Fortaleza (2001) e Códigos de Guerra (2002).

Felizmente, novas oportunidades surgiram para que Mark Ruffalo pudesse mostrar seu talento. Tornou-se aquilo que os diretores chamam de “coadjuvante de luxo”, ou seja, ótimo ator para servir de apoio para o protagonista. E foi exatamente isso que ele fez com maestria em: Colateral, vivendo um policial mais malandro que investiga os crimes de Vincent (Tom Cruise); Em Zodíaco, vive o inspetor Toschi que está obstinado pela busca do serial killer Zodíaco por décadas (particularmente, considero esta sua melhor atuação); E no drama familiar Minhas Mães e Meu Pai, interpretando o solteirão Paul que enfrenta a paternidade de forma inusitada. Por este papel, Ruffalo finalmente recebeu uma indicação ao Oscar.

Também vale ressaltar que, apesar de Mark parecer estar sempre aguardando uma oportunidade para ser um ator-protagonista, tem um imenso carisma que pode ser conferido nas comédias De Repente 30 (2004) e E se Fosse Verdade… (2005). E agora que roubou a cena no blockbuster de 2012, Os Vingadores, vivendo Bruce Banner, poderiam finalmente produzir um filme solo do Hulk para ele, certo?

Fique de olho em: Thanks for Sharing (2012), Now You See Me (2013), The Normal Heart (2014)

Saoirse Ronan

SAOIRSE RONAN (pronuncia-se “Sãr-shã”)

Nascida em 12 de abril de 1994 – Nova York, EUA

Melhores performances: Desejo e Reparação (2007), Um Olhar do Paraíso (2009), Hanna (2011)

Aos 13 anos, Saoirse Ronan abraçou sua personagem dedo-duro Briony Tallis do drama Desejo e Reparação, baseado no ótimo romance de Ian McEwan, Atonement, e deixou de ser mais uma atriz-mirim para alcançar o estrelato com uma merecida indicação ao Oscar de atriz coadjuvante. Ao contrário da maioria dos jovens talentos, ela não partiu para os papéis destinados a crianças e pré-adolescentes. Não. Saoirse tinha fome de desafios e foi o que Peter Jackson lhe propôs no drama extraordinário Um Olhar do Paraíso, uma vez que interpreta uma jovem assassinada, que assiste do céu à degradação de sua família após seu assassinato. Curiosamente, ainda desconhecida na época, ela enviou uma fita de teste da Irlanda (país que morou desde os 3 anos). Todos ficaram tão impressionados que ela foi escolhida sem ter que encontrá-la antes.

Continuando sua escalada de desafios, foi chamada novamente pelo diretor Joe Wright (de Desejo e Reparação) para ser a protagonista de Hanna. No filme, Saoirse é uma jovem de 16 anos treinada pelo pai para ser a assassina perfeita para cumprir uma missão na Europa. Ela é perseguida incansavelmente pela agente Marissa (Cate Blanchett) e busca sua sobrevivência do início ao fim. Devido ao alto nível de exigência física, a atriz se submeteu a um rigoroso treinamento de 4 horas diárias por 2 meses para alcançar o patamar necessário da personagem. Saoirse Ronan não decepciona, sendo um equilíbrio de frieza e delicadeza que a história precisava.

Também se mostra bem dedicada ao ofício em se tratando de idiomas. Pelo filme de fuga e guerra de Peter Weir, Caminho da Liberdade (2010), ela aprendeu a falar russo e comprovou seu dom para sotaques.

Nesses aspectos, ela lembra bastante uma jovem Cate Blanchett que, além do forte comprometimento para viver as personagens, seja através de pesquisa e/ou mudanças físicas, busca papéis sérios de mulheres fortes e seguras. Podem anotar: Saoirse Ronan tem um futuro brilhante pela frente.

Fique de olho em: Byzantium (2012), A Hospedeira (2013), Noah (2014)

ROONEY MARA

Rooney Mara

Nascida em 17 de abril de 1985 – Nova York, EUA

Melhores performances: A Rede Social (2010), Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011)

Apesar da família da jovem Rooney Mara ser envolvida com time de futebol americano (seu pai é executivo do New York Giants), ela seguiu carreira de atriz como sua irmã, Kate Mara, tanto que ambas estrelaram o filme Lenda Urbana 3 – A Vingança de Mary (2005). Porém, foi só 2 anos depois que ganhou o papel principal no drama Tanner Hall (2009). Originalmente, ela seria escalada para um personagem coadjuvante, mas a diretora ficou impressionada e a tornou protagonista. E, de degrau em degrau, Rooney finalmente conseguiu estrelar uma grande produção: a refilmagem do clássico de terror A Hora do Pesadelo (2010).

Como em 90% das refilmagens, o filme do novo Freddy Kruger desapontou o público. Contudo, a culpa do fracasso passou longe do trabalho de Rooney Mara. Ela faz o que pode com o papel, tentando atualizar e criar novas dificuldades. Felizmente, alguns críticos enxergaram isso e ela acabou escolhida para viver a universitária Erica Albright que dá um pé na bunda do criador do Facebook, Mark Zuckerberg, no filme que definiu uma geração: A Rede Social (2010).

Sua personagem tem apenas 2 cenas chaves: o diálogo rápido sobre classes sociais no começo do filme e a discussão fria num bar com o mesmo Zuckerberg. Pouco tempo em cena, mas suficiente para comprovar o talento da moça que ficou com o tão almejado papel da hacker Lisbeth Salander em outra refilmagem (desta vez do sueco) Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011). Pra se ter uma idéia da briga por esse papel, pelo menos 17 atrizes famosas tiveram seus nomes relacionados, sendo alguns de destaque: Carey Mulligan, Ellen Page, Eva Green, Kristen Stewart, Natalie Portman, Scarlett Johansson, Anne Hathaway e até da própria atriz sueca Noomi Rapace, que atuou na trilogia original.

Para quem viu a atuação de Rapace, fica difícil não comparar com Rooney Mara, mas a americana reproduz a face sem expressão da personagem e um pouco também da aparência andrógina, mantendo uma aura de mistério importante para o andamento da trama. E de forma geral, Rooney costuma emprestar uma forte intensidade muito característica sua em cada personagem que vive, me fazendo lembrar de Gena Rowlands.

Fique de olho em: The Bittel Pill (2013), Ain’t them Bodies Saints (2013), Brooklyn (2014).

Tom Hardy

TOM HARDY

Nascido em 15 de setembro de 1977 – Londres, Inglaterra

Melhores performances: Bronson (2008), A Origem (2010), Guerreiro (2011)

Hardy começou no cinema com alguns papéis menores em filmes de relevância como Falcão Negro em Perigo (2001), Maria Antonieta (2006) e até viveu o vilão Shinzon de Star Trek: Nêmesis (2002). Após essas conquistas, ele passou a ter problemas de alcoolismo e drogas, tendo como consequência o término de um casamento de 5 anos. Mas esses tempos chuvosos não impediram Tom Hardy de voltar a exercer a profissão; pelo contrário, fortaleceram suas energias e inspirações.

Em 2003, já voltou aos palcos londrinos e nos 5 anos seguintes, participou de algumas séries televisivas como Elizabeth I: A Rainha Virgem (2005) e Oliver Twist (2007). Seu retorno ao cinema ficou marcado por dois personagens que comprovaram seu alcance físico e psicológico como profissional: o gay Handsom Bob do badalado filme de Guy Ritchie, Rock’n Rolla – A Grande Roubada (2008) e o lutador careca e bigodudo Charles Bronson de Bronson (2008. Em ambos os filmes, o ator se mostra irreconhecível, o que inevitavelmente chama a atenção de críticos e diretores de cinema.

Entre esse grupo de interessados no talento dele, felizmente, estava um dos melhores diretores e roteiristas da atualidade: Christopher Nolan, que o chamou para ingressar a trupe de atores de A Origem (2010). Apesar de contar com inúmeras estrelas como Leonardo DiCaprio, Michael Caine e Marion Cotillard, foi Tom Hardy que mais chamou a atenção nesse blockbuster com neurônios e isso já lhe rendeu um excelente reconhecimento: foi escalado novamente por Nolan para dar vida ao vilão Bane no terceiro filme do Homem-Morcego: Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), que estréia neste dia 27 de julho por aqui.

Com certeza, sua atuação deve receber incontáveis e merecidos elogios, até mesmo pela repercussão mundial que a tão aguardada sequência de Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) terá, o que certamente colaborará para que o público se interesse por seus trabalhos anteriores como no bom filme de luta Guerreiro (2011). Mesmo intepretando um anti-herói, ele conquista o espectador com sua postura quieta e introspectiva, ganhando torcedores até a luta final da trama. E tais características são perfeitas para sua nova performance no filme Mad Max: Fury Road, dirigido pelo mesmo George Miller dos filmes anteriores da série protagonizada por Mel Gibson.

Só uma observação: é impressão minha ou ele tem um olhar meio Marlon Brando?

Fique de olho em: Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), Mad Max: Fury Road (2013)

***

Obviamente, ainda existem inúmeros novos talentos surgindo no âmbito do Cinema e com certeza absoluta, serei crucificado aqui por ter me esquecido de fulano e ciclano, e ainda posso ser acusado de ter dado preferência aos americanos. Mas em minha defesa, queria dizer que escolhi esses treze atores porque acredito que todos já apresentaram trabalhos de alto nível e têm potencial enorme para assumir postos de astros de Hollywood dessa geração. Se o ator ou atriz que você realmente admira não consta na lista, provavelmente significa que não conferi trabalhos suficientes para inclui-lo(a).

Inicialmente, alguns nomes como Ellen Page, Andrew Garfield, Elle Fanning, Hailee Steinfeld, Shailene Woodley, Jesse Eisenberg, Rebecca Hall, Sam Riley e Abigail Breslin foram lembrados com carinho, mas não passaram da peneira por talvez ser um pouco cedo pra apostar. Frequentemente, muitos começam com o pé direito, mas se revelam atores de um papel só. Os 13 selecionados já mataram essa dúvida.

É claro que tem aqueles que (ainda) não acho nada e são tratados como grandes esperanças, tipo um tal de Shia LaBeouf…

Espero que tenham gostado do post e gostaria de fazer novas listas promissoras num futuro não tão distante. Aguardo comentários e não esqueça de votar na enquete abaixo!

Vencedores do Oscar 2012

Turma de O Artista: virada no Oscar

Ok, confesso. Não fui tão bem nas minhas previsões do Oscar este ano. Mas pelo menos ganhei o bolão da minha turma! Das 20 categorias que postei aqui, acertei apenas 9. Como iria adivinhar que o filme A Invenção de Hugo Cabret iria morrer na praia? Começou ganhando tudo e depois foi entregar tudo de mão beijada para O Artista! Pena que não postei minhas apostas para os curtas. Acertei todos os 3: curta, curta-documentário e curta de animação!

Billy Crystal: Talvez esteja na hora de se aposentar do Oscar?

Bom, antes de começar a comentar os resultados, não curti tanto o Billy Crystal. Ele está meio enferrujado nas músicas e na língua, que era mais afiada antes. Não acreditei que ele fosse cantar “It’s aaaaa wonderful night for Oscar! Oscar! Oscar! Who will win?” com 9 (nove!) filmes indicados a Melhor Filme, mas no fim nem fez tanta diferença porque foi tudo muito rápido. Não é de hoje que defendo a volta de Jon Stewart (do Daily Show), que apresentou muito bem em 2006 e 2008. Também gostaria de ver a Ellen DeGeneres pelo menos mais uma vez. Mas dá pra dar um desconto para o Billy Crystal porque ele foi chamado às pressas para substituir Eddie Murphy, que teve que pular fora do barco por causa do cabeça-oca do Brett Ratner, ex-produtor do Oscar que andou falando mais do que devia em programas de entrevistas.

Mas minha maior crítica talvez seja a produção do Oscar em si. Achei que o produtor Brian Grazer estava tão preocupado em respeitar o horário do show que esqueceu dos demais atrativos. Sabe aquela expressão “by the book”? A cerimônia em si ficou quadrada e fraquinha. Nem sequer teve bons clipes (aquele da opinião de O Mágico de Oz tinha boa intenção, mas parou por aí), os diálogos dos apresentadores estavam batidos e aquele número do Cirque du Soleil estava parecendo um repeteco genérico de 2002. Poxa, custava fazer algo mais inovador? Ah sim, tinha as moças jeitosas (cigarette girls) servindo saquinhos de pipocas nos corredores! Aliás, vou repassar essa ótima idéia para a Rede Cinemark (que é “muito mais que cinema”).

Ok, vamos aos resultados. O balanço final ficou assim:

O Artista e A Invenção de Hugo Cabret empataram com 5 Oscars, sendo que o primeiro ficou com os principais prêmios da noite.

Direção de Arte esplendorosa de Hugo: recriação e criação

A Dama de Ferro com 2 Oscars.

Os Descendentes, Histórias Cruzadas, Meia-Noite em Paris, Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Toda Forma de Amor, Rango, A Separação e Os Muppets todos levaram uma estatueta para casa, confirmando assim uma espécie de distribuição democrática de prêmios.

Talvez os maiores perdedores da noite foram o filme de beisebol, O Homem que Mudou o Jogo, e o drama bélico, Cavalo de Guerra, que saíram de mãos vazias da cerimônia. As duas produções são boas e não mereciam ficar de fora do Oscar democrático. Enquanto o filme de Brad Pitt tinha um roteiro forte com diálogos rápidos e bons atores, o filme de Spielberg tem um classicismo à la John Ford que ressalta a boa e velha catarse com uma bela fotografia e enquadramento do pôr-do-sol. Porém, em ambos os casos, acabaram não ganhando porque tiveram fortes concorrentes em suas categorias.

A fotografia intimista de A Árvore da Vida

Apesar de ter gostado de A Invenção de Hugo Cabret, não concordo em tanto reconhecimento técnico. Por exemplo, gosto da fotografia, mas não dava para esnobar o trabalho de Emmanuel Lubezki em A Árvore da Vida. Não somente pelo aspecto National Geographic das cenas da Natureza, mas pela forma intimista que Lubezki trata a família, como uma espécie de entidade divina, que faz com que o filme de Malick seja interpretado desta maneira. Além disso, os efeitos visuais de Planeta dos Macacos: A Origem mereciam o prêmio pelo ótimo realismo dos personagens símios (e seria uma excelente forma de compensar toda a série e o trabalho excepcional de maquiagem). E para finalizar, o Oscar de som poderia ter ido para Cavalo de Guerra, que trabalha minuciosamente os sons dos armamentos da Primeira Guerra Mundial.

Já a direção de arte de A Invenção de Hugo Cabret é um trabalho primoroso de Dante Ferretti e Francesca LoSchiavo, pois consegue recriar os sets de filmagens de Georges Méliès de forma majestosa e cria toda uma estação de trem da Paris dos anos 30. Esse Oscar ninguém tirava…

Meryl Streep e o Oscar: feitos um para o outro.

Se a cerimônia em si foi meio previsível, pelo menos duas surpresas me agradaram bastante. Quer dizer, não dá pra classificar exatamente como “surpresa”, mas acho que a vitória de Woody Allen e Meryl Streep me agradaram bastante. Até pouco antes de começar o Oscar, achava que a Viola Davis roubaria a 3ª estatueta de Meryl Streep, mas felizmente eu estava errado. Até a Meryl Streep estava mais confiante desta vez, usando um vestido todo dourado! Mas parabéns a ela, pois trata-se de uma das maiores e melhores atrizes em atividade no mundo. Espero que ela consiga ganhar um quarto ou quinto Oscar, pois a longevidade de sua carreira muito se assemelha à recordista do Oscar de atriz: a grande Katharine Hepburn, vencedora 4 vezes como melhor atriz.

E Woody Allen sempre é uma boa surpresa. Mesmo que seja um outsider e não goste de marcar presença em premiações (apesar que ele estava presente no último Festival de Cannes), o cineasta é muito querido pelo seu público e com este filme, Meia-Noite em Paris, ele consegue atingir uma gama ainda maior de espectadores com a sua inatingível paixão por Paris e por seus escritores. Gostaria muito de ter visto Woody recebendo o prêmio, sendo aplaudido de pé por todos e dando um discurso belíssimo e bem-humorado. Mas seu filme já faz isso por ele e nós, cinéfilos, só temos que agradecer à Academia por premiá-lo depois de tanto tempo.

Asghar Farhadi recebendo o 1º Oscar do Irã das mãos da poliglota Sandra Bullock

Jean Dujardin, Octavia Spencer e Christopher Plummer confirmaram seus favoritismos, assim como o diretor Michel Hazanavicius. Rango e o iraniano A Separação também ganharam em suas categorias e merecidamente. Aliás, foi a primeira produção iraniana a ganhar um Oscar! Quem diria? O cinema iraniano pode não ter grandes recursos, estrelas e nem trabalho de direção de arte (pois segue a escola neo-realista italiana), mas tem bons atores e um intenso roteiro. Pode soar banal dizer isso, mas são justamente os problemas do cinema brasileiro. Ok, temos um ótimo Tropa de Elite 2, Cidade de Deus, Central do Brasil e outros filmes bons, mas ainda há muito a progredir. Como muitos filmes ainda dependem demais da captação de recursos de leis de incentivo e de empresas, o cinema fica restrito à opinião de terceiros para que saia do papel. Então, materiais mais alternativos como filmes de terror, suspense, fantasia, épicos são poucos ou quase inexistentes no cenário nacional. Espero e torço para que filmes mais ousados consigam recursos e que criem escolas de atuação PARA CINEMA, pois o que me incomoda são atores “globais” atuando no cinema como se estivessem fazendo novela, com caras e bocas! Isso precisa parar. São dois meios de comunicação completamente diferentes.

Jim Henson e seus filhos

E fazendo um adendo, infelizmente, a canção de Rio não ganhou. Perdemos para os Muppets! A canção deles não era tão boa, mas entendo que a Academia queria premiar o legendário e falecido criador dos Muppets, Jim Henson, que foi o pioneiro em produções envolvendo bonecos como Labirinto – A Magia do Tempo.

Bom, mas voltando aos vencedores, gostei que a Academia premiou 2 ótimos filmes que tratam justamente do Cinema em seus primórdios. Enquanto A Invenção de Hugo Cabret presta uma bela homenagem ao pioneiro dos efeitos visuais, Georges Méliès, através de um filme em 3D, o filme francês O Artista discute os efeitos da chegada do som no cinema mudo, sempre valorizando um cinema de qualidade independente dos recursos técnicos, deixando nítido uma crítica em relação ao cinema atual, repleto de pirotecnias, efeitos de computador e estrelas, mas vazios de conteúdo. A Academia pode ser considerada muito conservadora, mas nesse aspecto de apoiar filmes que têm essa perspectiva sai ganhando pontos valiosos de nós, cinéfilos e espectadores de Cinema.

E fechando, os vestidos do tapete vermelho do Oscar:

Jessica Chastain: acertou em tudo...

Jessica Chastain não acertou só no vestido. Acertou nos cabelos um pouco presos (valorizando seu belo cabelo ruivo) e seus brincos. A cor preta do vestido valoriza sua pele bastante alva e os bordados em dourado dão o tom de festa. Não sou especialista em moda, mas da minha opinião masculina, a atriz foi a mais bela do tapete vermelho. Um essshpetáculo!!!

... e errou tudo: Viola Davis

E por outro lado, quem errou completamente em tudo foi a atriz Viola Davis. Não entendi até agora seu traje. Seu vestido a deixou com um ar meio vulgar por deixar seus seios muito… (caham!) cheios e à mostra. E seu cabelo curtinho e tingido de uma cor que não combina com nada ficou muito bizarro… Ok, eu cheguei a cogitar uma defesa para Viola. Quem sabe ela não está filmando uma produção em que a personagem dela tem esse cabelo? Sim, é possível, mas mesmo assim, acho que cabia uma peruquinha ou aplique, não? Sinto muito, Viola Davis. Você é uma excelente atriz, mas está precisando de uma consultora de moda urgente!

Lista dos vencedores do Oscar 2012:

Christopher Plummer é como vinho: Melhora com o tempo

Melhor Filme: O Artista (The Artist)

Melhor Atriz: Meryl Streep (A Dama de Ferro)

Melhor Ator: Jean Dujardin (O Artista)

Melhor Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

Ator Coadjuvante: Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

Melhor Diretor: Michel Hazanavicius (O Artista)

Melhor Edição: Millennium – Os Homens Que Não Amavam as Mulheres

Melhor Documentário: Undefeated, de Daniel Lindsay, T.J. Martin e Rich Middlemas

Melhor Animação: Rango, de Gore Verbinski

Melhor Trilha Musical: O Artista, Ludovic Bource

Melhor Canção Original: Man or Muppet, Os Muppets (Bret McKenzie)

Melhor Roteiro Original: Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

Melhor Roteiro Adaptado: Alexander Payne, Nat Faxon e Jim Rash (Os Descendentes)

Melhor Som: A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Efeitos Sonoros: A Invenção de Hugo Cabret

Melhores Efeitos Visuais: A Invenção de Hugo Cabret

Melhor Documentário-Curta: Saving Face

Melhor Curta-Metragem: The Shore, de Terry George e Oorlagh George

Melhor Curta-Metragem de Animação: The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce, Brandon Oldenburg

Melhor Filme Estrangeiro: A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)

Melhor Maquiagem: A Dama de Ferro

Melhor Figurino: O Artista, Mark Bridges

Melhor Direção de Arte: A Invenção de Hugo Cabret, Dante Ferretti e Francesco LoSchiavo

Melhor Fotografia: A Invenção de Hugo Cabret, Robert Richardson

Alexander Payne saiu com o Oscar de Roteiro Adaptado: mericidíssimo!

Indicações ao Oscar 2012!

Jennifer Lawrence e Tom Sherak anunciam os Indicados

As indicações ao Oscar foram anunciadas esta manhã, com um ligeiro atraso. Aqui no Brasil, o anúncio foi transmitido pelo canal Globo News. Mas para quem piscou e perdeu, confira no youtube pelo canal oficial da Academia:

http://www.youtube.com/watch?v=ODy4Z2Lp_jE&feature=g-all-u&context=G22f03c4FAAAAAAAAAAA

Infelizmente, Jennifer Lawrence não contribuiu muito para os americanos acordarem melhor. Sua roupa não favoreceu muito… E o presidente da Academia, Tom Sherak, se enrolou na pronúncia do nome de Michel Hazanavicius.

MELHOR FILME (Best Motion Picture of the Year)

– O Artista (The Artist)

– Os Descendentes (The Descendants)

– Tão Forte e Tão Perto (Extremely Loud & Incredibly Close)

– Histórias Cruzadas (The Help)

– A Invenção de Hugo Cabret (Hugo)

– Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris)

– O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)

– A Árvore da Vida (The Tree of Life)

– Cavalo de Guerra (War Horse)

MELHOR DIRETOR (Achievement in Directing)

– Michel Hazanavicius (O Artista)

– Alexander Payne (Os Descendentes)

– Martin Scorsese (A Invenção de Hugo Cabret)

– Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

– Terrence Malick (A Árvore da Vida)

MELHOR ATOR (Performance by an Actor in a Leading Role)

– Demián Bichir (A Better Life)

– George Clooney (Os Descendentes)

– Jean Dujardin (O Artista)

– Gary Oldman (O Espião que Sabia Demais)

– Brad Pitt (O Homem que Mudou o Jogo)

MELHOR ATRIZ (Performance by an Actress in a Leading Role)

Glenn Close (Albert Nobbs)

– Viola Davis (Histórias Cruzadas)

– Rooney Mara (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)

– Meryl Streep (A Dama de Ferro)

– Michelle Williams (Sete Dias com Marilyn)

MELHOR ATOR COADJUVANTE (Performance by an Actor in a Supporting Role)

Kenneth Branagh (Sete Dias com Marilyn)

– Jonah Hill (O Homem que Mudou o Jogo)

– Nick Nolte (Guerreiro)

– Christopher Plummer (Toda Forma de Amor)

– Max Von Sydow (Tão Forte e Tão Perto)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE (Performance by an Actress in a Supporting Role)

– Bérénice Bejo (O Artista)

– Jessica Chastain (Histórias Cruzadas)

– Melissa McCarthy (Missão Madrinha de Casamento)

– Janet McTeer (Albert Nobbs)

– Octavia Spencer (Histórias Cruzadas)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL (Screenplay Written Directly for the Screen)

– Michel Hazanavicius (O Artista)

– Kristen Wiig, Annie Mumolo (Missão Madrinha de Casamento)

– J. C. Chandor (Margin Call – O Dia Antes do Fim)

– Woody Allen (Meia-Noite em Paris)

– Asghar Farhadi (A Separação)

ROTEIRO ADAPTADO (Screenplay Based on Material Previously Produced or Published)

– Alexander Payne, Nat Faxon, Jim Rash (Os Descendentes)

– John Logan (A Invenção de Hugo Cabret)

– George Clooney, Grant Heslov, Beau Willimon (Tudo Pelo Poder)

– Steven Zaillian, Aaron Sorkin, Stan Chervin (O Homem que Mudou o Jogo)

– Bridget O’Connor, Peter Straughan (O Espião que Sabia Demais)

MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO (Best Animated Feature Film of the Year)
– Um Gato em Paris, de Alain Gagnol e Jean-Loup Felicioli
– Chico & Rita, de Fernando Trueba, Javier Mariscal
– Kung Fu Panda 2, de Jennifer Yuh
– Gato de Botas, de Chris Miller
– Rango, de Gore Verbinski
MELHOR FILME ESTRANGEIRO (Best Foreign Language Film of the Year)
– Bullhead, de Michael R. Roskan (Bélgica)
– Footnote, de Joseph Cedar (Israel)
– In Darkness, de Agnieszka Holland (Polônia)
– Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau (Canadá)
– A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)
MELHOR FOTOGRAFIA (Best Achievement in Cinematography) 
– Guillaume Schiffman (O Artista)
– Jeff Cronenweth (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Robert Richardson (A Invenção de Hugo Cabret)
– Emmanuel Lubezki (A Árvore da Vida)
– Janusz Kaminski (Cavalo de Guerra)
MELHOR MONTAGEM (Best Achievement in Editing)
– Anne-Sophie Bion, Michel Hazanavicius (O Artista)
– Kevin Tent (Os Descendentes)
– Angus Wall, Kirk Baxter (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Thelma Schoonmaker (A Invenção de Hugo Cabret)
– Christopher Tellefsen (O Homem que Mudou o Jogo)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE (Best Achievement in Art Direction)
– Laurence Bennett, Robert Gould (O Artista)
– Stuart Craig, Stephenie McMillan (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Dante Ferretti, Francesca LoSchiavo (A Invenção de Hugo Cabret)
– Anne Seibel, Hélène Dubreuil (Meia-Noite em Paris)
– Rick Carter, Lee Sandales (Cavalo de Guerra)
MELHOR FIGURINO (Best Achievement in Costume Design)
– Lisy Christl (Anonymous)
– Mark Bridges (O Artista)
– Sandy Powell (A Invenção de Hugo Cabret)
– Michael O’Connor (Jane Eyre)
– Arianne Phillips (W.E. – O Romance do Século)
MELHOR MAQUIAGEM (Best Achievement in Makeup)
– Martial Corneville, Lynn Johnson, Matthew W. Mungle (Albert Nobbs)
– Nick Dudman, Amanda Knight, Lisa Tomblin (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Mark Coulier, J. Roy Helland (A Dama de Ferro)
MELHOR TRILHA MUSICAL (Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Score)
– John Williams (As Aventuras de Tintim)
– Ludovic Bource (O Artista)
– Howard Shore (A Invenção de Hugo Cabret)
– Alberto Iglesias (O Espião que Sabia Demais)
– John Williams (Cavalo de Guerra)
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL (Best Achievement in Music Written for Motion Pictures, Original Song)
– “Man or Muppet”, de Bret McKenzie (Os Muppets)
– “Real in Rio”, de Sergio Mendes, Carlinhos Brown, Siedah Garrett (Rio)
MELHOR SOM (Best Achievement in Sound Mixing)
– David Parker, Michael Semanick, Ren Klyce, Bo Persson (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Tom Fleischman, John Midgley (A Invenção de Hugo Cabret)
– Deb Adair, Ron Bochar, David Giammarco, Ed Novick (O Homem que Mudou o Jogo)
– Greg P. Russell, Gary Summers, Jeffrey J. Haboush, Peter J. Devlin (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
– Gary Rydstrom, Andy Nelson, Tom Johnson, Stuart Wilson (Cavalo de Guerra)
MELHORES EFEITOS SONOROS (Best Achievement in Sound Editing)
– Lon Bender, Victor Ray Ennis (Drive)
– Ren Klyce (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres)
– Philip Stockton, Eugene Gearty (A Invenção de Hugo Cabret)
– Ethan Van der Ryn, Erik Aadahl (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
– Richard Hymns, Gary Rydstrom (Cavalo de Guerra)
MELHORES EFEITOS VISUAIS (Best Achievement in Visual Effects)
– Tim Burke, David Vickery, Greg Butler, John Richardson (Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2)
– Robert Legato, Joss Williams, Ben Grossmann, Alex Henning (A Invenção de Hugo Cabret)
– Erik Nash, John Rosengrant, Danny Gordon Taylor, Swen Gillberg (Gigantes de Aço)
– Joe Letteri, Dan Lemmon, R. Christopher White, Daniel Barrett (Planeta dos Macacos: A Origem)
– Scott Farrar, Scott Benza, Matthew E. Butler, John Frazier (Transformers: O Lado Oculto da Lua)
MELHOR DOCUMENTÁRIO (Best Documentary, Features)
– Hell and Back Again, de Danfung Dennis, Mike Lerner
– If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front, de Marshall Curry, Sam Cullman
– Paradise Lost 3: Purgatory, de Joe Berlinger, Bruce Sinofsky
– Pina, de Wim Wenders, Gian-Piero Ringel
– Undefeated, de Daniel Lindsay, T. J. Martin, Rich Middlemas
MELHOR DOCUMENTÁRIO-CURTA (Best Documentary, Short Subjects)
– The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement, de Robin Fryday, Gail Dolgin
– God is the Bigger Elvis, de Rebecca Cammisa, Julie Anderson
– Incident in New Baghdad, de James Spione
– Saving Face, de Daniel Junge, Sharmeen Obaid-Chinoy
– The Tsunami and the Cherry Blossom, de Lucy Walker, Kira Cartensen
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO (Best Short Film, Animated)
– Dimanche, de Patrick Doyon
– The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce, Brandon Oldenburg
– La Luna, de Enrico Casarosa
– A Morning Stroll, de Grant Orchard, Sue Goffe
– Wild Life, de Amanda Forbis, Wendy Tilby
MELHOR CURTA-METRAGEM (Best Short Film, Live Action)
– Pentecost, de Peter McDonald
– Raju, de MaxZähle, Stefan Gieren
– The Shore, de Terry George, Oorlagh George
– Time Freak, de Andrew Bowler, Gigi Causey
– Tuba Atlantic, de Hallvar Witzø
Nove para Melhor Filme? No post anterior, comentei a forte possibilidade de indicarem um número incomum como 7 ou 9. Dito e feito. Foram nove filmes que passaram da nova nota de corte do Oscar. O filme de Stephen Daldry, Tão Forte e Tão Perto conseguiu uma vaga e só mais uma outra indicação: ator coadjuvante. Curiosamente, no anúncio dos indicados, o filme foi deixado propositadamente por último, realçando que se tratava do nono filme.
Agora, se a Academia resolvesse arredondar para 10 filmes, provavelmente a comédia Missão Madrinha de Casamento teria entrado na briga.

Tão Forte e Tão Perto: O nono filme

Recordista de Indicações: Como previsto, o filme de Martin Scorsese, A Invenção de Hugo Cabret, levou 11 indicações e foi o recordista, o que aumenta muito suas chances de ganhar Melhor Filme. Logo em seguida, vem O Artista com 10 indicações. Nesse quesito de número de indicações, Os Descendentes sai um pouco atrás porque levou apenas 5.
Atores na Lista e Outros Esquecidos: Nunca é possível agradar a todos nas categorias de atuação. Sempre fica faltando alguém que acaba se juntando ao grupo “Os injustiçados do Oscar”.  Talvez a maior surpresa tenha ficado por conta do veterano Max von Sydow, que foi indicado para ator coadjuvante, batendo nomes como Albert Brooks, Viggo Mortensen e Armie Hammer. Sydow ficou mundialmente conhecido pelo papel de Padre Merrin em O Exorcista e foi parceiro fiel do diretor Ingmar Bergman nas produções suecas. O mexicano Démian Bichir também pode ser considerado uma surpresa na categoria de Melhor Ator, mesmo tendo sido indicado pelo SAG Awards.

Max von Sydow: já era idoso desde 1973 em O Exorcista

A ausência que mais senti foi do ator Michael Fassbender pelo drama Shame. O ator alemão vem conquistando público e crítica desde seu trabalho no filme independente Hunger e mais recentemente em Um Método Perigoso e no blockbuster X-Men: Primeira Classe. Merecia uma indicação, mas talvez o fato de seu filme apresentar cenas de nudez frontal tenha assustado os membros mais reservados da Academia. Uma pena…
Pelo lado feminino, senti a falta da Tilda Swinton pelo drama Precisamos Falar Sobre o Kevin. Sua atuação foi bastante elogiada e vem conquistando alguns prêmios importantes, mas provavelmente pelo fato do filme tratar de um tema forte (Kevin é um jovem que matou colegas na escola), Swinton tenha perdido sua chance mais pelo conservadorismo. Outro erro da Academia…
Dos nomes mais frequentes em premiações, a jovem Shailene Woodley pelo filme Os Descendentes também ficou de fora na disputa de atriz coadjuvante. Melissa McCarthy roubou a cena na comédia Missão Madrinha de Casamento e sua vaga, aparentemente. Mas Shailene é um rosto jovem e novo no mercado e acredito que terá muitas oportunidades. Só espero que ela não desande em refilmagens de terror teenagers.

Shailene Woodley: Que seu talento não seja desperdiçado em tranqueiras

Ryan Gosling foi outro nome que apareceu bastante nas listas, mas não conseguiu chegar à final. Apesar de ter feito 3 trabalhos em 2011: Drive, Tudo Pelo Poder e Amor à Toda Prova, Gosling fica de mãos abanando. Mas se ele apresentar um bom trabalho em 2012, certamente ele voltará ao Oscar no ano que vem.
Pra não dizerem que só reclamo, gostei da indicação de Gary Oldman. O ator britânico já tem uma extensa filmagrafia e com essa nova ascensão, merecia um reconhecimento por parte da Academia. Espero que sua carreira decole ainda mais e papéis mais interessantes cheguem mais à sua mesa.
Dois Robôs nos Efeitos: Não botava fé que o terceiro filme do Transformers fosse conseguir uma vaga na categoria de efeitos visuais. OK, votei no quarto filme do Piratas do Caribe, mas pelo menos os efeitos sempre apresentam algo diferente, tipo criaturas feitas de vegetais ou com tentáculos como barba. E fizeram uma campanha tão forte para que o último filme do Harry Potter vingasse em categorias principais, mas não deu certo. Tiveram que se contentar com direção de arte, efeitos visuais e maquiagem. E deve ganhar pela maquiagem, mais como conjunto da obra dos 8 filmes.
Filmes Estrangeiros Estranhos: Cadê a França, Itália, Japão, Alemanha e Espanha? O representante alemão, Pina, de Wim Wenders foi compensando da eliminação pela indicação na categoria de documentário (sim, veja como a mágica do planejamento do Oscar funciona). Se em edições anteriores, o Oscar de Filme Estrangeiro foi uma surpresa, este ano não deve escapar do favorito: o iraniano A Separação.
Animações Estranhas: Lembram-se dos filmes franceses e espanhóis que faltaram na categoria de Filme Estrangeiro? Mudaram-se para a categoria de Melhor Animação! Um Gato em Paris e Chico & Rita. Conhecem? Prazer! Fiquei com a mesma cara de dúvida no anúncio dos indicados. “Que raio de animações são essas?” Mas não sei se é porque a categoria de animação é nova, mas o Oscar tem mantido uma tradição boa de trazer alguns trabalhos meio desconhecidos para o holofote e revelar novos talentos.

Chico & Rita: Trabalho mais da linha adulta

Um Gato em Paris: produção francesa com traços fortes

Indicações ao Oscar 2012 amanhã!

Em 2011, Mo’Nique divide a tarefa de anunciar os indicados

Todo ano o anúncio das indicações ocorre numa terça de manhã. Lá em Los Angeles às 5h30 e aqui, em São Paulo, em horário de verão, às 11h30. Já tive algumas oportunidades de assistir ao vivo pela TV pelos canais Telecine e CNN, mas hoje em dia, pela internet, é possível acompanhar em tempo real (streaming).

Parece idiotice eu dizer que, apesar de todo ano se repetir esse ritual do Oscar, ainda sinto um friozinho na barriga. Por mais que eu reclame dos filmes atuais, das porcarias que são lançadas nos cinemas e da covardia dos produtores de Hollywood, gosto de acompanhar o Cinema, porque sempre surgem novos talentos em todos os campos, em todos os países e em todos os gêneros de filme. Nem sempre aquele que a mídia lança como um novo talento realmente se mostra tão promissor, mas o que seria da Arte se apenas os bons trabalhassem? (Eu sei, eu sei… tem gente com a resposta na ponta da língua!)

E com o anúncio das indicações amanhã, talvez o mais importante seja que a vida de muita gente pode mudar para melhor. Uma indicação ao Oscar representa um reconhecimento internacional do trabalho de um artista, seja ele um ator ou um sound mixer. Uma indicação significa um upgrade na carreira de qualquer um e automaticamente no salário! E, se o indicado (e talvez futuro vencedor) do Oscar for inteligente, ele aproveitará as várias oportunidades que lhe serão oferecidas para buscar um desafio ainda maior, afinal, um Oscar (e sua indicação) pode muito bem acabar se tornando uma maldição e enterrar a carreira também.

Mas, no geral, o Oscar melhora e muito a vida do artista. E por isso, que muitos deles estarão acordados às 5h30 para acompanhar o anúncio (ou se estiverem dormindo, certamente seus agentes estarão com os olhos grudados na TV para já contabilizar a fortuna que vem adiante). Eu mesmo adoraria assistir ao anúncio, mas pelo horário deve ficar difícil. Quem sabe não passo na frente de uma TV pra pelo menos ver como a Jennifer Lawrence vai estar vestida?

Bom, quanto às probabilidades, dá pra adiantar que tem muita gente com o nome praticamente garantido na lista amanhã. Quem não apostaria que o George Clooney e a Meryl Streep não estarão entre os nomes indicados? Seria loucura total! Vamos analisar algumas categorias e medir as chances de alguns atores, diretores, roteiristas…

MELHOR FILME

Ah sim, este ano a coisa muda. Sim, de novo! Se a partir de 2010, 10 filmes foram indicados, agora é assim: 5 filmes no mínimo e 10 no máximo. O que isso quer dizer? Que 5 filmes estão garantidos, mas pode figurar um número não-convencional de filmes indicados como 7 ou 9. Nove filmes indicados a Melhor Filme? Sim. Dependendo da porcentagem que um filme consegue, ele pode não conseguir ultrapassar essa espécie de nota de corte do Oscar e sequer competir porque suas chances seriam ínfimas.

Quais os 5 que estão praticamente garantidos? Vejamos:

1. Os Descendentes

2. A Invenção de Hugo Cabret

3. Meia-Noite em Paris

4. Histórias Cruzadas

5. O Artista

São filmes que praticamente apareceram em todas as listas e têm chances reais de ganhar Melhor Filme. Além disso, todos devem colecionar um bom número de indicações, principalmente A Invenção de Hugo Cabret, que apresenta uma ótima direção de arte, um esplêndido trabalho de efeitos visuais e fotografia, sem contar as categorias de som e efeitos sonoros.

Aliás, também sempre fica essa questão no ar: Qual filme será o recordista de indicações? Todo ano tem um campeão. Nos últimos 20 anos, 15 recordistas do ano levaram Melhor Filme. Ano passado, O Discurso do Rei foi o recordista com 12 indicações.

Algumas apostas correm por fora como Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres, O Homem que Mudou o Jogo, Cavalo de Guerra, Missão Madrinha de Casamento e A Árvore da Vida. Sendo que este último tem perdido muito de seu fôlego para esta reta final do Oscar, pois nem figurou entre os indicados ao Globo de Ouro, nem no SAG Awards.

Gary Oldman em O Espião que Sabia Demais

CATEGORIAS DE ATUAÇÃO

Na ala masculina, George Clooney, Brad Pitt, Jean Dujardin e até mesmo Michael Fassbender têm chances bastante concretas de indicação. A briga ficaria mais acirrada pela quinta e última vaga. Muitos especialistas estão apostando nessa briga entre Leonardo DiCaprio (por J. Edgar) e Gary Oldman (por O Espião que Sabia Demais). Particularmente, acredito que DiCaprio tem conseguido mudar sua imagem de bom mocinho e queridinho das meninas do então Jack de Titanic e até de Diário de um Adolescente, mas sinceramente, ainda tem que comer muito arroz e feijão para chegar ao nível de Gary Oldman. Ao contrário do jovem, Oldman sempre buscou se entregar ao máximo em cada papel, não se limitando às transformações físicas e de maquiagem, tanto que seus personagens não apresentam semelhança. O Drácula de Drácula de Bram Stoker, o Comissário Gordon dos filmes do Batman, o assassino frio Stansfield de O Profissional, o vilão engraçado de O Quinto Elemento e como Sid Vicious em Sid & Nancy. Gary Oldman sempre foi um coringa, nunca sendo maior do que o papel. E nesse trabalho como espião, seu trabalho merece ser coroado pela Academia pela primeira vez! Leonardo DiCaprio já foi indicado 3 vezes e nunca teve chances reais de ganhar.

Rooney Mara em Millennium

Já na ala feminina, fica a dúvida se a jovem Rooney Mara conseguirá uma vaga como Melhor Atriz. Há 2 questões em se tratando de Mara. Primeiro: Ela vai concorrer como atriz ou como atriz coadjuvante? Se para as associações de críticos, ela foi coadjuvante, para o Globo de Ouro e o BAFTA, Rooney foi considerada para atriz principal. Pelo histórico de confusões desse tipo, acredito que se forem indicá-la, será como coadjuvante pois suas chances serão concretas. Olha só o nível de competição na categoria principal: Meryl Streep, Viola Davis, Tilda Swinton, Michelle Williams e Glenn Close. Pense a respeito.

Outra dúvida que muitos aguardam uma resposta positiva é uma possível indicação para Andy Serkis. Em 2011, apesar de ter trabalhado na animação de As Aventuras de Tintim, Serkis brilhou ao dar vida ao macaco Cesar em Planeta dos Macacos: A Origem. Nenhum ator já conquistou o que Serkis conseguiu no campo do motion capture. Ele foi descoberto na pele do atormentado Gollum em O Senhor dos Anéis – As Duas Torres, criando o novo Kong em King Kong, voltando sua parceria de sucesso com Peter Jackson. Muito se especula sobre uma indicação como coadjuvante, mas a Academia sempre teve essa barreira de conservadorismo que a impede de dar passos largos. Acho pouco provável, mas não impossível, afinal a mesma Academia criou novas categorias ao longo dos anos como Melhor Maquiagem na década de 80 e Melhor Animação em 2001.

MELHOR DIRETOR

Martin Scorsese, Alexander Payne e Michel Hazanavicius podem passar. As poltronas já estão reservadas. Woody Allen pode aparecer na lista e deve causar um frisson em muita gente se isso se confirmar. Talvez o único porém seja o lado anti-social do diretor, que prefere tocar seu clarinete no pub. Mas suas chances são melhores este ano do que com Vicky Cristina Barcelona. Fica a última vaga aberta, disputada a tapa entre David Fincher (Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres), Nicolas Winding Refn (Drive), George Clooney (Tudo Pelo Poder) e até Tate Taylor (Histórias Cruzadas), sendo que Fincher teve leve vantagem por ter sido indicado ao DGA – Directors Guild of America. O veterano Terrence Malick corre ainda, mas muito por fora por A Árvore da Vida, que agora parece com mais cara de filme de festival do que competição.

MELHORES EFEITOS VISUAIS

Saiu a lista de 10 finalistas. Os títulos que escaparam do risco são minha aposta para as 5 indicações.

Capitão América – O Primeiro Vingador

– Harry Potter e as Relíquias Macabras – Parte 2

– A Invenção de Hugo Cabret

Missão: Impossível 4 – Protocolo Fantasma

– Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas

– Gigantes de Aço

– Planeta dos Macacos: A Origem

Transformers – O Lado Oculto da Lua

A Árvore da Vida

X-Men: Primeira Classe

Fiquei na dúvida se eliminaria o Transformers, mas como não acredito que a categoria terá 2 filmes com robôs, aposto mais em Gigantes de Aço, que parece saber mesclar melhor efeitos digitais de computação com efeitos especiais no estúdio. Além disso, quem quer ver mais filmes de Transformers? Pra mim já poderia ter parado no primeiro…

MELHOR FILME ESTRANGEIRO

Assim como efeitos visuais, a categoria passa por peneiras. Quatro finalistas cairão amanhã.

Bullhead, de Michael R. Roskam (Bélgica)

Footnote, de Joseph Cedar (Israel)

Pina, de Wim Wenders

In Darkness, de Agnieszka Holland (Polônia)

Monsieur Lazhar, de Philippe Falardeau (Canadá)

Omar Killed Me, de Roschdy Zem (Marrocos)

Pina, de Wim Wenders (Alemanha)

A Separação, de Asghar Farhadi (Irã)

Superclásico, de Ole Christian Madsen (Dinamarca)

Warriors of the Rainbow: Seediq Bale, de Te-Sheng Wei (Taiwan)

Explico. O filme polonês é sobre resgate de refugiados judeus. Ponto. Já os representantes israelense e iraniano apresentam temática de conflitos familiares que a Academia adora, além disso, o primeiro ganhou Melhor Roteiro em Cannes, enquanto o segundo tem sido um papa-prêmio e levou o Urso de Ouro em Berlim. Enquanto o alemão Wim Wenders já é um cineasta consagrado que nunca levou o Oscar, mas já foi indicado para Melhor Documentário pela fabuloso Buena Vista Social Club. E, sempre rola uma mega produção asiática e este ano, esse filme taiwanês tem tudo para ocupar a vaga.

Ryan Gosling em Drive

No geral, apesar do Oscar ficar cada vez mais previsível devido ao grande número de prêmios que o antecedem, sempre apreciei uma surpresa. De repente, um indicado que não estava figurando nas listas anteriores, mas que muitos se esqueceram de incluir nos Melhores do Ano é sempre bem-vindo. Normalmente, a “surpresa” não ganha o Oscar, mas por outro lado, constrói uma boa imagem inesperada que pode criar um sucesso como num passe de mágica. Um exemplo disso foi a indicação do jovem Ryan Goslin pelo filme Half Nelson em 2007. Ele concorreu com nomes de peso como Peter O’Toole e perdeu para Forest Whitaker, mas hoje está aproveitando ótimas oportunidades e estrelou pelo menos 3 filmes de sucesso em 2011: Drive, Amor à Toda Prova e Tudo Pelo Poder.

Indicados ao PGA e Encurtando a lista de VFX (Visual Effects)

PGA

PGA

Assim como o SAG Awards, prêmio do Sindicato de Atores, serve como uma prévia para as categorias de atuação no Oscar, o PGA (Producers Guild of America) serve da mesma maneira para a categoria de Melhor Filme. Hoje, saíram os 10 indicados, revelando algumas surpresas e confirmações.

Contudo, antes de revelar os indicados, vale lembrar que este ano, a Academia decidiu que, dependendo da votação, pode não haver 10 filmes finalistas concorrendo a Melhor Filme. Se antes, 10 filmes eram obrigados a preencher as vagas, hoje a regra mudou. Por quê? Na humilde opinião deste cinéfilo e “Oscar freak” (apelido dado pelo meu amigo), a Academia percebeu que nesses 2 anos de 10 indicados, houve um ou outro filme que não merecia concorrer e possivelmente ganhar, mesmo que fosse uma chance em 100 mil. Você, fã de Cinema, que acompanha a cerimônia todo ano, há de concordar que seria quase impossível preencher merecidamente 10 indicações a Melhor Filme, e todos com grandes chances de ganhar. Se às vezes com 5 filmes já é difícil eleger um bom, imagina com 10?!

Obviamente, a Academia, em sua ampla sabedoria, teve essa idéia de aumentar de 5 para 10 filmes indicados a Melhor Filme com o intuito de promover mais filmes, estendendo ainda mais o marketing. Como muitos devem se lembrar, o grande causador dessa mudança foi a ausência de Batman – O Cavaleiro das Trevas na categoria em 2009, uma vez que tinha conseguido 8 indicações. Mas quando anunciaram essa mudança, o então presidente da Academia, Sid Gannis, vendeu essa idéia como uma “volta às origens do Oscar”, já que até 1944, 10 filmes concorriam a Melhor Filme.

Mas este ano, a Academia volta um pouco atrás por causa dessa falta de qualidade nos filmes que podem preencher as cobiçadas vagas, deixando em aberto a quantidade de filmes na categoria de acordo com a porcentagem dos votos (por exemplo, se um filme sequer atingir 5% dos votos, nem deve figurar).

Fazendo um balanço desses 2 anos, tivemos os seguintes indicados a Melhor Filme:

Em 2010

1. Avatar (idem) 2. Um Sonho Possível (The Blind Side) 3. Distrito 9 (District 9) 4. Educação (An Education) 5. Guerra ao Terror (The Hurt Locker) 6. Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds) 7. Preciosa (Precious) 8. Um Homem Sério (A Serious Man) 9. Up – Altas Aventuras (Up) 10. Amor Sem Escalas (Up in the Air)

Gostei que Distrito 9, um filme de ficção científica sobre extraterrestres na África do Sul, foi indicado, mas Um Sonho Possível?? Eu também tiraria Preciosa, um melodrama choroso e supérfluo, e Up – Altas Aventuras por já concorrer como Melhor Animação e também por não ser um trabalho tão primoroso da Pixar.

Em 2011

1. 127 Horas (127 Hours) 2. Cisne Negro (Black Swan) 3. O Vencedor (The Fighter) 4. A Origem (Inception) 5. Minhas Mães e Meu Pai (The Kids Are All Right) 6. O Discurso do Rei (The King’s Speech) 7. A Rede Social (Social Network) 8. Toy Story 3 (idem) 9. Bravura Indômita (True Grit) 10. Inverno da Alma (Winter’s Bone)

O remake de Bravura de Indômita só esteve indicado por causa da importância dos irmãos Coen e porque coletou mais 9 indicações, mas não acho que mereça estar na lista. Quem viu o original sabe que tem muita coisa copiada e que, com todo respeito ao Jeff Bridges, ninguém se compara a John Wayne. Mas a menina Hailee Steinfeld consegue superar Kim Darby no papel de Mattie Ross. Já o drama Inverno da Alma, apesar de ter sua qualidade de filme independente, nitidamente está apenas preenchendo uma vaga.

É claro que em se tratando de escolhas, nunca dá pra agradar a todos. Mas a Academia quer, com essa decisão de reduzir os indicados, tentar evitar uma catástrofe acidental. Vamos imaginar a seguinte hipótese: digamos que o filme Alvin e os Esquilos 3 preencheu uma das 10 vagas para Melhor Filme. Automaticamente, ele terá chances reais de ganhar, mas improvavéis se considerarmos o trabalho. Mas vai que os membros da Academia ficam indignados e se juntam pra votar no Alvin e os Esquilos 3 como forma de protesto (assim como elegeram o Tiririca deputado)? A Academia perderia todo o prestígio e fecharia no dia seguinte!

Então, talvez a solução ideal seria essa de indicar apenas a quantidade de filmes que passaram dessa “nota de corte”. Apesar de poder soar bastante estranho, por exemplo, 7 indicados a Melhor Filme, evitaria acidentes de percurso. Mas, para isso acontecer de forma harmoniosa, os membros devem votar com bastante critério fílmico (e não comercial). Impossível também?

Os indicados do PGA Awards são:

– O Artista (The Artist)

– Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids)

– Os Descendentes (The Descendants)

– Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl With the Dragon Tattoo)

– Histórias Cruzadas (The Help)

– A Invenção de Hugo Cabret (Hugo)

– Tudo Pelo Poder (The Ides of March)

– Meia-Noite em Paris (Midnight in Paris)

– O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)

– Cavalo de Guerra (War Horse)

Meia-Noite em Paris: Woody Allen de volta com estilo

Apesar de só ter visto da lista Meia-Noite em Paris, que aliás é bastante merecedor da indicação e traz Woody Allen em forma, acredito que muitos pensaram como eu: Missão Madrinha de Casamento? Ok, já ouvi boas críticas em relação ao filme, mas acho que ficou um pouco deslocado. Não que A Árvore da Vida fosse o melhor substituto para a comédia, mas pelos prêmios que vem recebendo, o filme de Terrence Malick (ou melhor, a ausência dele) foi a maior surpresa. Tudo bem, se formos parar pra pensar, A Árvore da Vida seria mais um filme autoral de Malick do que de um produtor.

Já na categoria de Melhor Filme de Animação, temos:

– As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin)

Rango: Referências a Sergio Leone

– Carros 2 (Cars 2)

– O Gato de Botas (Puss in Boots)

– Kung Fu Panda 2 (idem)

– Rango (idem)

A briga deve ficar entre Tintim e Rango. Vi recentemente Rango e se mostrou uma animação muito boa, repleta de referências do mundo western, além de contar com o inestimável carisma de Johnny Depp, que dubla o protagonista camaleão. Falta conferir a adaptação feita com motion capture do personagem famoso do belga Hergé, dirigida por Steven Spielberg. Não gostei da técnica em O Expresso Polar, de Robert Zemeckis, por causar uma impressão um tanto artifical de movimentos, mas gostei em A Casa Monstro, de Gil Kenan. Como terá se saído Spielberg? De qualquer forma, as imagens do trailer impressionam pela qualidade dos efeitos utilizados.

Bom, como reportado num post anterior, 15 filmes tinham sido pré-selecionados para competir na categoria Melhores Efeitos Visuais. Contudo, com a nova lista divulgada hoje, 5 filmes dão adeus à indicação. Os 10 filmes finalistas são:

– Capitão América – O Primeiro Vingador

– Harry Potter e as Relíquias Macabras – Parte 2

– A Invenção de Hugo Cabret

– Missão: Impossível 4 – Protocolo Fantasma

– Piratas do Caribe – Navegando em Águas Misteriosas

– Gigantes de Aço

– Planeta dos Macacos: A Origem

– Transformers – O Lado Oculto da Lua

– A Árvore da Vida

– X-Men: Primeira Classe

Saíram da competição: 1. Cowboys & Aliens 2. Sherlock Holmes 2 3. Sucker Punch – Mundo Surreal 4. Super 8 5. Thor. Muita gente elegeu em fóruns de discussão que os efeitos de Sucker Punch – Mundo Surreal eram os melhores. Discordo. Os efeitos lembram aqueles de Capitão Sky e o Mundo do Amanhã (2004), no qual tudo parece estar envolto numa neblina e escuridão para disfarçar as deficiências. Curiosamente, os efeitos de Sucker Punch lembram os de 300, ambos do mesmo diretor Zack Snyder, que adora um blue/green screen para lotar de efeitos, que nem sempre são necessários.

Alguns dados curiosos dos 10 finalistas: 2 dos 7 filmes do Harry Potter receberam indicação de efeitos, mas nunca ganharam nada, por isso mesmo, pode ser considerado o grande favorito. Todos os 3 filmes anteriores da série Piratas do Caribe foram indicados, mas apenas o segundo, Piratas do Caribe – O Baú da Morte (2006), ganhou. Já as séries Missão: Impossível, X-Men e Planeta dos Macacos nunca foram indicadas.

Andy Serkis dando vida ao chimpanzé Cesar

Contudo, vale ressaltar que os macacos dos filmes anteriores da série Planeta dos Macacos eram todos feitos com excelente trabalho de maquiagem, que chegou a ganhar um Oscar Honorário em 1969, recebido pelo criador do design de maquiagem, John Chambers. E agora, este Planeta dos Macacos: A Origem passa a utilizar a mesma técnica para criar o Gollum da trilogia O Senhor dos Anéis e o recente King Kong para criar o macaco Cesar. Como na foto acima, a técnica motion capture aplica pontos de expressão de um ator, no caso o ótimo Andy Serkis (que fez o Gollum e King Kong), e transpõe num personagem animado em 3D. O guru desta técnica, Joe Letteri, já ganhou 4 Oscar por O Senhor dos Anéis – As Duas Torres (2002), O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei (2003), King Kong (2005) e Avatar (2009), ou seja, nome de peso para enfrentar Harry Potter.

Os 5 indicados da categoria só serão conhecidos no dia 24 de janeiro de 2012, quando as indicações ao Oscar serão divulgadas. A cerimônia ocorre no dia 26 de Fevereiro, com Billy Crystal  como host.